Ponte aérea Rio-São Paulo e suas histórias, seus benefícios e números superlativos

Ponte aérea Rio-São Paulo e suas histórias, seus benefícios e números superlativos

Reduzindo a distância entre os dois principais polos econômicos do país, a Ponte Aérea que liga os aeroportos de Santos Dumont e Congonhas é a mais movimentada da América Latina e certamente a mais charmosa

Conforto, comodidade e rapidez são sinônimos da Ponte Aérea – sem falar no glamour! De avião, os 380 quilômetros que separam São Paulo e Rio de Janeiro são percorridos em cerca de 1 hora. A vista do alto da Cidade Maravilhosa e dos prédios da metrópole paulista são outro bônus dos passageiros para compromissos corporativos ou daqueles que viajam em busca de diversão.

Os números da rota são superlativos. A ligação entre Rio e São Paulo foi a mais movimentada da América Latina durante o primeiro semestre de 2023, de acordo com levantamento da Associação Latino Americana e do Caribe de Transporte Aéreo (ALTA). O trecho entre os aeroportos de Congonhas e Santos Dumont registrou 18.768 voos, cerca de 20% a mais do que a segunda colocada, Bogotá-Medellin. A cada 13 minutos, um voo da Ponte Aérea decola do Santos Dumont. E Latam, Gol e Azul operam a mais disputada rota com suas aeronaves Airbus A320, Boeing 737 e Embraer 195E2.

 

foto Infraero

 

Tudo começou em 1959 – quando as antigas companhias Varig, Cruzeiro do Sul e Vasp oficializaram as várias frequências diárias entre os dois aeroportos. As empresas decidiram coordenar seus voos nesse trajeto para não concorrerem, com partidas acontecendo a cada 60 minutos, e passaram a aceitar entre si os seus bilhetes. Nas décadas de 1970 e 1980, todas operavam o mesmo modelo de avião – o Electra.

O glamour era a tônica nesses tempos áureos. É comum ouvir daqueles que frequentavam o trajeto sobre o lounge dessa aeronave – uma saleta no fundo do avião que era o local ideal para executivos viajarem em fim de expediente na volta para sua cidade de origem. O consumo de bebidas alcoólicas, com whisky e até mesmo champagne, representam uma realidade distante da atual. Além disso, fumar cigarros a bordo era permitido na época – a proibição veio apenas em março de 1997, com a Portaria do DAC (Departamento de Aviação Civil).

Foi também na década de 1990 que o modelo Electra e o som de seus motores turboélice foram aposentados. Nesse mesmo período, novas tecnologias foram implementadas nas pistas, com nova pavimentação, e tanto Santos Dumont passou a ter condições de operar jatos com segurança – quanto Congonhas passou a ter uma pista maior.

 

Fachada do Santos Dumont – foto Infraero

 

Décadas mais tarde, em 2022, Santos Dumont e Congonhas foram os primeiros aeroportos brasileiros a implantar de forma definitiva o embarque facial biométrico 100% digital para passageiros e tripulantes. A tecnologia dispensa a apresentação de cartões de embarque e documentos de identificação dos viajantes de voos domésticos partindo desses terminais. Assim, o Brasil possui a primeira ponte área biométrica de ponta a ponta do mundo.

A joia da coroa

Inaugurado em 30 de novembro de 1936, o Aeroporto Santos Dumont, localizado bem próximo ao Centro do Rio de Janeiro, é um ícone da arquitetura e do setor aéreo brasileiro. O aeroporto passou por diversas obras que ampliaram sua capacidade de movimentação. A primeira grande mudança na infraestrutura aconteceu em 1945, com a abertura do novo terminal de passageiros – atual prédio do desembarque.

 

Vista da pista do aeroporto com o Pão de Açúcar ao fundo – foto Shutterstock

 

Em 1987, o Santos Dumont passou a ser administrado pela Infraero. Logo em seguida, em 1990, o prédio original, onde hoje funciona o terminal de desembarque, foi tombado pelo Instituto de Patrimônio Artístico e Cultural (Inepac). Já em 2007, a operadora inaugurou o novo terminal de embarque, que conta com sala de embarque com a famosa vista para a Baía de Guanabara e oito pontes de embarque.

Segundo a Infraero, outras obras importantes foram realizadas no aeroporto. O pátio de aeronaves foi totalmente reformado e entregue, em 2016, com um novo sistema de drenagem de solo, novo pavimento de concreto, além de sinalização horizontal. Em 2019, a empresa iniciou a implantação da usina solar fotovoltaica do Santos Dumont.

Em recente debate envolvendo a prefeitura e o governo do Rio de Janeiro, a Infraero, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o Tribunal de Contas da União (TCU), as companhias aéreas, as concessionárias e outros estados e municípios, pretendia-se restringir as operações no aeroporto, para aumentar o número de voos no Aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão. De acordo com a primeira resolução, o Santos Dumont apenas poderia receber voos de rotas a até 400 quilômetros, para São Paulo, Belo Horizonte e Vitória, sem ir para terminais internacionais.

Porém o Ministério dos Portos e Aeroportos revogou, em novembro deste ano, a resolução do Conselho Nacional de Aviação Civil (Conac) e, a partir de janeiro de 2024, o terminal passará a operar sem restrição de destinos, mas com um limite de 6,5 milhões de passageiros por ano.

O entorno

Além da rapidez em conectar Rio de Janeiro a São Paulo, o aeroporto Santos Dumont também é a preferência dos cariocas e turistas por sua localização na cidade. Em 2015, foi aberto o primeiro shopping com hotel interligado a um aeroporto no país. O Prodigy Santos Dumont conta com 300 apartamentos e dispõe ainda de um centro de convenções com capacidade para mil pessoas, piscina de borda infinita na cobertura e o restaurante Orla 21, que fica de frente para o Corcovado. O café da manhã do hotel começa em horário estratégico, a partir das 4h para hóspedes e tripulação, e às 7h para visitantes, ideal para quem vai pegar voo logo cedo.

O Bossa Nova Mall, ao lado do aeroporto, tem mais de 4 mil m² e abriga lojas como a carioquíssima Farm, o coworking We Work, e o restaurante Xian – que apresenta em seu menu uma variedade em pequenas porções para que o cliente prove de tudo um pouco da culinária asiática. Destaque paras as entradinhas para beliscar como Edamame com Furikake e Flor de Sal e o Tataki de Atum selado.

 

Área externa do Xian, interligado ao aeroporto – foto Tomas Rangel

 

Mas se a ideia é comer fora de shopping, o Bistrô da Casa, na Casa da Glória, um belíssimo casarão colonial – a 3,5 Km do Santos Dumont – oferece um ambiente incrível para quem quer apreciar um almoço ao ar livre. O chef Christiano Ramalho reforça ingredientes sazonais, como os pratos Bacalhau da Noruega e o arroz de polvo com chouriço espanhol e aioli páprica. Aos sábados e domingos, a aposta é o brunch à la carte, com versão vegetariana.

 

Polvo do restaurante Casa da Glória – foto Rodrigo Azevedo

 

O entorno do aeroporto também reserva endereços importantes para a cultura na cidade. É o caso do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM), que celebra seus 75 anos com a abertura da exposição “Museu-escola-cidade: o MAM Rio em cinco perspectivas”, que segue em cartaz até 17 de dezembro. O público é convidado a olhar para a trajetória do MAM Rio nas suas três primeiras décadas. No dia 27 de janeiro, o museu inaugura ainda a exposição “Lugar de estar: o legado de Burle Marx”. A mostra reunirá cerca de 25 projetos, que integram o acervo do Instituto B. Marx, em diálogo com trabalhos de artistas contemporâneos.

 

Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – foto Fabio Souza

 

Há ainda teatros na região, como o Teatro Riachuelo – tombado pelo patrimônio histórico, o antigo Cine Palácio. Localizado na Cinelândia, o teatro está a poucos passos da estação do metrô e do VLT, na Rua do Passeio, e é um dos pilares da revitalização da região, junto com o Porto Maravilha e todo o centro histórico do Rio de Janeiro. A programação de dezembro inclui “Elis, a Musical”, em cartaz até o dia 10, e em janeiro os destaques são a comédia “King Kong Fran”, nos dias 5 a 7 de janeiro, e “Intimidade Indecente”, com Eliane Giardini e Marcos Caruso, a partir do dia 20.

Projetado por Oscar Niemeyer e com paisagismo assinado por Burle Marx nos anos 1960, o Teatro Prudential – Sala Adolpho Bloch é outro ícone cultural da cidade. A programação de dezembro inclui o espetáculo de dança “Carlota”, entre os dias 1 e 3, uma homenagem à Beth Carvalho, no dia 9 de dezembro, e o show “Me Canta Uma História”, em que a cantora Natália Boere recebe Ivan Lins, no dia 12.

Os personagens

Parte do cotidiano de muitos cariocas e paulistanos, a Ponte Aérea desperta emoções em seus habitués.

“Levantar voo e pousar no Santos Dumont é sempre emocionante. Até mesmo quando estamos na pista, subindo a escada para entrar no avião, o visual já é lindo, com o Pão de Açúcar ao fundo! Os serviços do aeroporto são também diferenciais, sempre uso o ponto de táxi, todo mundo já me conhece, acho bem seguro.” Patricia Wiethaeuper, sócia do Gula Gula, com unidades no Rio de Janeiro e em São Paulo.

 

Patricia Wiethaeuper – foto divulgação

 

“Faço a Ponte Aérea pelo menos de dois em dois meses. Amo São Paulo e geralmente vou para visitar minhas amigas que moram na cidade, a trabalho ou apenas para comer bem e me divertir. São muitas histórias nesses aeroportos, algumas realmente engraçadas, uma vez fui parado por uma cliente que deu um chilique porque não conseguiu horário comigo – em pleno Santos Dumont!” Fil Freitas, dono do salão de beleza Fil, em Ipanema.

 

Fil Freitas – foto divulgação

 

“Sou apaixonada por essa minha vida de ponte aérea, apesar de ser também bastante cansativa. Costumo viajar a trabalho, logo após a minha saída do SBT me mudei para o Rio de Janeiro, porém ainda faço muitos trabalhos em São Paulo. Corro para ver se consigo pegar a cadeira da janela, pois gosto de curtir a paisagem – a vista da enseada de Botafogo me encanta!“ Maria Gal, atriz e apresentadora.

 

Maria Gal – foto Tomas Rangel

 

“Vou sempre a São Paulo. Praticamente todos os meses, às vezes até mais de uma vez por mês, porque a cidade é o centro econômico do Brasil. O Santos Dumont é um aeroporto lindo, dentro da cidade, super prático. Justamente por essa facilidade e rapidez para transitar entre Rio de Janeiro e São Paulo, tenho planos de ter negócios na Terra da Garoa muito em breve!”. Elia Schramm, chef dos restaurantes Babbo Osteria e Sichou (recém-inaugurado), no Rio de Janeiro.

 

Elia Schramm – foto Rodrigo Azevedo

 

“Faço essa viagem desde 2013, quando morava no Rio. Em 2019 voltei a viver em São Paulo, então são 10 anos fazendo mensalmente esse trecho. Percebo uma evolução absurda no aeroporto Santos Dumont. Gosto de ficar na sala VIP da American Express e, às vezes, almoço no aeroporto, já que são muitas as opções com o shopping ao lado.” Yasmin Yonashiro, sommelier, sócia do Jojo Ramen, em São Paulo, e consultora de hospitalidade japonesa nas duas cidades.

 

Yasmin Yonashiro – foto Alex Takaki

 

“Vou a São Paulo em média uma vez por mês. Os motivos que me levam são principalmente os eventos e feiras de hotelaria, as exposições de arte – uma das minhas paixões! – e os amigos. Destaco a localização do Santos Dumont, porque sou um visitante frequente do MAM e dos eventos que acontecem na Marina da Glória, como os shows de música e a ArtRio.” Daniel Gorin, gerente geral do Grupo Arpoador, no Rio de Janeiro.

 

Daniel Gorin – foto divulgação

 

 

Ilustração da capa: Vicky Romano

Marco Nanini encena peça “Traidor”, de Gerald Thomas, e reflete sobre seus 50 anos de carreira

Marco Nanini encena peça “Traidor”, de Gerald Thomas, e reflete sobre seus 50 anos de carreira

Em cartaz no Teatro Antunes Filho, no Sesc Vila Mariana, com o espetáculo “Traidor”, dirigido por Gerald Thomas, Marco Nanini reflete – no palco e nesta entrevista – sobre esse momento pré-apocalíptico que vivemos, mas sempre com a leveza, a emoção e o humor que lhe são peculiares

Na estreia do espetáculo “Traidor”, em novembro, Marco Nanini tropeçou em uma das pedras do cenário, caiu e machucou o nariz, que pôs-se a sangrar abundantemente. A apresentação no teatro do Sesc Vila Mariana foi suspensa e, depois de 20 minutos de atendimento médico, o ator voltou ao palco para terminar a peça. Ao final, foi ovacionado de pé não só por seu talento, mas também por causa de sua garra e sua devoção à sagrada arte do teatro. Um reles calhau cenográfico jamais seria capaz de deter esse gigante ator, que em 2023 está completando 75 anos de vida e 50 de carreira!

 

foto Carlos Cabéra

 

E a plateia paulistana mostrou que se emociona, sim. Ainda mais quando está diante desse fera nascido no Recife e radicado no Rio desde o final da década de 1960, dono de um currículo eclético e recheado de sucessos – seja na TV (onde atuou em dezenas de novelas e, entre 2001 e 2014, brilhou como o Lineu da sitcom “A Grande Família”), no cinema (em produções como “Carlota Joaquina” e “O Bem Amado”) ou no teatro, em comédias como “Doce Deleite” (com Marília Pêra) e “O Mistério de Irma Vap” (contracenando com Ney Latorraca e dirigido por Marília Pêra, ela de novo!) ou em dramas como “ O Burguês Ridículo”, de Molière, e “A Morte do Caixeiro Viajante”, de Arthur Miller .

“O Nanini é o ator mais intenso que eu conheço. Como dirijo em pé, a um metro de distância, sinto cada respiração dele. Depois, chego no hotel e continuo ouvindo a sua voz. Que prazer é escrever para ele e dirigi-lo. Ter Marco Nanini pela frente é tudo”, celebra o diretor. Em entrevista à 29HORAS, Nanini fala de seu ofício, das redes sociais, da miséria e de aquecimento global. Confira essa conversa nas páginas a seguir!

Em maio, você completou 75 anos de idade e mais de cinco décadas de carreira como ator, mas nem a pandemia te impediu de lançar uma biografia (“O Avesso do Bordado”), fazer cinema (“Greta”), TV (a série “João Sem Deus” e uma participação em “Sob Pressão”), teatro filmado (“Cadeiras”) e agora um espetáculo presencial. Você cuida da sua saúde para trabalhar ou o trabalho que é a sua “receita de longevidade”?
A pandemia realmente foi um período difícil para todo mundo. Depois daquele pesadelo inicial, fiz o “Sob Pressão” e o “João de Deus”, que estão disponíveis no streaming. E conseguimos filmar “As Cadeiras” naquele momento em que tudo estava sem horizonte algum para a cultura, sem vacinas… E fomos filmar, seguimos todos os protocolos, o Nando (Fernando Libonati, diretor de ‘As Cadeiras’, meu sócio na produtora Pequena Central e produtor de todos os meus espetáculos) organizou uma maneira de ensaiar e filmar de uma forma em que ficamos completamente isolados, em uma espécie de bolha. Tudo isso foi também um jeito de conseguir seguir trabalhando e fazendo teatro da forma que era possível naquele momento. O trabalho nos dá esse oxigênio, mas é claro que comecei a cuidar mais da saúde, fazer exercícios, parei de fumar há sete anos e hoje cuido da alimentação, não como mais carne de origem alguma. E o processo do teatro, com ensaios, temporada, nos faz ter uma rotina, é preciso estar preparado para enfrentar tudo isso aos 75 anos.

 

Em uma cena da minissérie “João Sem Deus” – foto Mariana Cladas

 

O que te dá mais prazer no teatro, no cinema e na TV? Você tem preferência por alguma dessas formas de expressão? Você acredita que as mídias sociais “estragam” os espectadores e os afastam das salas de espetáculo ao viciá-los em histórias curtas e sem profundidade? Tem gente hoje que acha longuíssimo um episódio de série com 50 minutos…
Cada veículo tem os seus códigos, a sua graça e o seu jeito de fazer bem específico. O “Greta”, que você mencionou, foi rodado em Fortaleza, com uma equipe pequena e amorosa, enquanto outros trabalhos de TV são feitos em grandes estúdios, com um time enorme, um elenco imenso, como o de uma novela. O teatro já traz um processo artesanal, em que a gente consegue se dedicar a estudar cada intenção, cada frase. Meses de ensaio. Com “As Cadeiras”, tivemos um processo de teatro, mas que foi filmado. Foi uma experiência muito interessante! Eu gosto de transitar entre todas essas mídias e descobrir o prazer de atuar em cada uma. Sobre as redes sociais: hoje em dia tenho um Instagram, mas gosto de ver vídeos de natureza, animais e crianças. Gosto de YouTube e faço muita pesquisa por lá. Cada meio tem o seu público também. Acredito que trabalhos de duração mais longa encontrem o seu público, tem filmes e peças de longa duração que fazem sucesso mesmo nesse mundo tão veloz e hiperconectado de hoje.

Com Gerald Thomas, você já fez “Um Circo de Rins e Fígados” e agora se uniu novamente a ele para criar “Traidor”. Dá para dizer que a Marília Pêra foi a sua grande parceira nos tempos em que você focava mais nas comédias e que o Gerald é o seu maior parceiro agora que você se dedica mais a textos dramáticos?
O texto do Gerald tem muito humor, já tinha no “Circo” e agora no “Traidor” também tem. A Marília foi realmente uma parceira em espetáculos de comédia inesquecíveis e na TV, assim como outras atrizes com quem trabalhei muito, como a Marieta, minha companheira nos quatorze anos de “Grande Família” e com quem já dividi o palco diversas vezes. E o Guel Arraes é outro parceirão, com quem já fiz teatro, TV e cinema. Quando me dei conta, o espetáculo anterior com o Gerald já tinha 18 anos –eu achava que tinha sido ontem! Nesse intervalo, a gente continuou se falando, se encontrando e até planejando outros trabalhos juntos, mas que acabaram não saindo, como um filme e uma outra peça. Dessa vez, o processo foi parecido com o do “Circo”, ele mandava e-mails diários com o texto que ia escrevendo e trocávamos impressões, foi uma construção longa, entre o final do ano passado e o início deste.

 

Com Marília Pêra no pôster da comédia “Doce Deleite” – foto reprodução

 

Em “O Traidor”, seu personagem é um camarada atormentado e cheio de angústias, medos e crises de identidade. É a vida contemporânea que enche o planeta de gente assim?
Na peça, meu personagem está inquieto, emenda assuntos e frases que aparentemente não fazem sentido, quase como um esquizofrênico ou alguém que está enlouquecendo nesse mundo de hoje. O personagem tem meu nome e, para o Gerald, representa uma soma de todos os atores do mundo, mas também dialoga com coisas que eu já fiz, como o próprio “Circo”. E tudo naquele exercício de estilo do Gerald, que mistura assuntos contemporâneos, tem uma série de citações e referências. É um espetáculo que fala muito mais da vida do que da morte. Ainda que a seja sobre a vida nesse mundo de hoje, repleto de problemas. O texto diz que pelo menos não estamos queimando nas fogueiras – o aquecimento global está aí, mas com a “vantagem” de que o calor é para todos. Tem uma visão apocalíptica de que estamos em um momento muito complexo para o mundo e para a humanidade, mas com algum humor, com um olhar que não é trágico.

 

Nanini com Gerald Thomas nos ensaios de “Traidor” – foto Instagram

 

E como você, Marco Nanini, é afetado por esses tempos apocalípticos – com fenômenos climáticos extremos, milícias e traficantes brincando com suas armas poderosas nas cidades, terríveis viroses se espalhando pelo ar e ainda guerras na Ucrânia e na Palestina?
Não tem como não se afetar pelo que acontece. A guerra é uma temeridade, algo que nos pegou durante o processo de ensaios. Já o aquecimento global é uma realidade. Quando estreamos, as temperaturas beiravam os 40°C. Voltei a São Paulo após anos e vi dezenas de pessoas morando e dormindo no Trianon, na Paulista, pelo Centro. A miséria é algo que me sufoca e me entristece. Estamos dentro de um momento histórico meio apocalíptico e o Gerald usa muito isso no texto também. O espetáculo tem esse perfume dos dias em que vivemos.

 

No documentário “Mise en Scène”, sobre o ofício do ator – foto divulgação | TV Globo

 

Traidor
Em cartaz até o dia 17 de dezembro no Teatro Antunes Filho, no Sesc Vila Mariana.
Rua Pelotas, 141, Vila Mariana,
Tel. 5080-3000.
Ingressos de R$ 18 a R$ 60.

Diamante Gastrobar, na Tijuca, tem ingredientes sem glamour, mas com muito sabor

Diamante Gastrobar, na Tijuca, tem ingredientes sem glamour, mas com muito sabor

O chef João Diamante já trabalhou com muita lagosta e caviar na cozinha do estrelado Alain Ducasse, em Paris. Agora, no recém-inaugurado Diamante Gastrobar, ele prepara deliciosos petiscos e pratos a partir de miúdos e carnes menos nobres. Esses são os casos dos croquetes de rabada, do tempurá de sardinha, da língua de boi braseada, da moela Bourguignon (releitura do famoso clássico francês normalmente elaborado com músculo bovino) e das pipoquinhas de coração de galinha. A proposta do chef é mostrar a riqueza da gastronomia brasileira – mesmo quando baseada em ingredientes nacionais que são estigmatizados e desprezados por pura falta de conhecimento de seu potencial.

 

Chef João Diamante – foto Fabio Rossi

 

Gastrobar Diamante
Rua Visconde de Itamarati, 42, Tijuca.
Tel. 21 99451-5488.

Dream Tour: etapa final do circuito brasileiro de surfe chega ao Rio de Janeiro

Dream Tour: etapa final do circuito brasileiro de surfe chega ao Rio de Janeiro

A última etapa do Dream Tour ocorre neste mês, na praia da Barra da Tijuca, de 5 e 11 de dezembro, e define os grandes campeões brasileiros de 2023

O novo circuito brasileiro de surfe, o Dream Tour, reúne os melhores surfistas do país e formou uma nova elite para disputar os títulos da temporada, com o total de 88 competidores, sendo 64 homens e 24 mulheres. A primeira etapa da competição aconteceu de 11 a 19 de abril, em Xangri-lá, no Rio Grande do Sul, destacando os atletas Silvana Lima, que conquistou seu quinto título brasileiro no ano passado, e Ian Gouveia. A última etapa ocorre neste mês, na praia da Barra da Tijuca, de 5 e 11 de dezembro, e define os grandes campeões brasileiros de 2023.

 

O surfista Matheus Herdy – fotos @davicastrophotos

 

Para valorizar ainda mais os atletas, a competição traz a maior premiação da história da modalidade no país. Todos os participantes recebem um valor em dinheiro – do primeiro ao último colocado e a premiação é igualitária entre as categorias masculina e feminina. Cada edição movimentou R$ 400 mil e os campeões ganham R$ 40 mil. “O Dream Tour tem como propósitos a valorização dos competidores, a geração de novos ídolos e a atração de novos fãs”, conta Luana Cloper, Head de Produto da Dream Factory, promotora do evento.

 

Silvana Lima, vencedora da primeira etapa do Dream Tour – fotos @davicastrophotos

 

Os campeões da segunda etapa, em Garopaba, no estado de Santa Catarina, foram Yanca Costa e Cauã Gonçalves; da terceira etapa, os destaques foram Sophia Medina e Matheus Herdy, que aconteceu em Florianópolis. Já a quarta etapa, que ocorreu em Maceió, coroou Tainá Hinckel e Peterson Crisanto, e os campeões da penúltima foram Michael Rodrigues e mais uma vez Tainá, em Salvador.

O surfe cresceu nos últimos anos no Brasil. Nos últimos oito anos, a Seleção Brasileira conquistou seis troféus na World Surf League, a principal competição da modalidade. Agora, busca fortalecer, também, a categoria em nível nacional. A Dream Tour é transmitida ao vivo no canal CBSurfPlay do Youtube e no canal Sport TV, da TV por assinatura.

 

Ian Gouveia, vencedor da primeira etapa do Dream Tour – fotos @davicastrophotos

Esquenta para o Natal: uma seleção de lojas de enfeites natalinos em São Paulo

Esquenta para o Natal: uma seleção de lojas de enfeites natalinos em São Paulo

Para se preparar para a época mais iluminada e decorada do ano, algumas lojas especializadas em enfeites natalinos já apresentam suas novidades na cidade

Christmas World
Endereço tradicional no segmento natalino, a Christmas World está no mercado há 20 anos e funciona todos os anos de fevereiro a dezembro. Localizada nos Jardins, busca sempre trazer as tendências atuais e sua lista de itens inclui luzes, árvores já decoradas de 45 cm a 5 metros de altura, guirlandas, bonecos variados e cenários natalinos. O local oferece, ainda, consultoria para a montagem do seu Natal. Rua Estados Unidos, 2219, Jardim Paulista. Tel. 3064-8364. Todos os dias, das 9h às 18h.

 

foto divulgação

 

Mania de Natal
Instalada na Vila Mariana desde 2002, a Mania de Natal começou como fabricante de bolas de vidro e hoje tem de tudo para os apaixonados por Natal, com enfeites, árvores de 60 cm até 5 metros de altura, iluminação, Papai Noel de todos os tipos, bonecos de neve, resinas, guirlandas, presépios e produtos para a ceia de Natal e para o Réveillon. Rua Tutóia, 1.046, Vila Mariana. Tel. 3052-3163. De segunda a sábado, das 9h às 19h, e aos domingos das 10h às 17h.

 

foto divulgação

 

Empório do Papai Noel
Para quem busca comodidade, a Empório do Papai Noel é uma ótima opção, pois conta com unidades nos shoppings Morumbi, Anália Franco e, em breve, terá uma no Jardim Sul. Por lá, você encontra desde as tradicionais árvores, enfeites e bonecos decorativos, até diferentes tipos de iluminação, fantasias e roupas para pets. Morumbi Shopping: Avenida Roque Petroni Júnior, 1.089. Shopping Anália Franco: Avenida Regente Feijó, 1.739. Tel. 98989-4275.

 

foto divulgação

 

Cecilia Dale
Famosa pelos lindos objetos de decoração para casa, mesa posta, móveis e acessórios, do casual ao mais sofisticado, a Cecilia Dale é reconhecida também pelas decorações de Natal em sua loja e tem uma linha dedicada à data. Além dos tradicionais enfeites natalinos para árvores, você encontra louças temáticas para deixar a sua ceia ainda mais especial. Rua Dr. Melo Alves, 513, Cerqueira César. Tel. 98297-5928. De segunda a sexta, das 10h às 20h, e aos sábados, das 10h às 18h.

 

foto divulgação