Silvero Pereira dá voz a vítimas da homofobia e do machismo estrutural em peça no Teatro Poeira

Silvero Pereira dá voz a vítimas da homofobia e do machismo estrutural em peça no Teatro Poeira

No espetáculo “Pequeno Monstro”, em cartaz no Teatro Poeira, o ator Silvero Pereira embaralha suas referências literárias e musicais com matérias jornalísticas e memórias pessoais

O espetáculo “Pequeno Monstro”, em cartaz no Teatro Poeira até 28 de julho, foi gerado ao longo dos últimos 7 anos, desde quando o ator Silvero Pereira começou a acompanhar algumas histórias de crianças LGBTQIA+ e identificou semelhanças com episódios vividos na sua própria criação.

Em cena, Silvero embaralha suas referências literárias e musicais com matérias jornalísticas e memórias pessoais e de pessoas diversas, quando passeia por lembranças da infância no interior do Ceará e por uma juventude turbulenta. Ao resgatar vivências relacionadas à sexualidade, ele ironiza e denuncia práticas relacionadas ao machismo estrutural e à homofobia, duas condutas comportamentais normalizadas socialmente que agridem, traumatizam e condenam destinos.

 

foto divulgação

 

“Uso a minha história como fio condutor e me coloco como escudo para outras histórias aqui relatadas. Essa fragmentação de histórias pessoais, ficcionais e de terceiros serve justamente para enfatizar que não se trata de exceção, de classe ou de um lugar, é um problema social grave e que precisa de ações efetivas”, reflete o ator e autor. A montagem tem direção de Andreia Pires.

Teatro Poeira
Rua São João Batista, 104, Botafogo.
Tel. 21 2537-8053.
Ingressos a R$ 80.

Tiago Abravanel traz nova versão de “Hairspray” ao Brasil e encarna a carismática Edna Turnblad

Tiago Abravanel traz nova versão de “Hairspray” ao Brasil e encarna a carismática Edna Turnblad

Apaixonado por musicais, o ator Tiago Abravanel traz ao país uma nova versão de “Hairspray”, em espetáculo mais uma vez repleto de música e humor, mas agora com atenção ainda maior às reflexões sociais

Original de 1988, a história de “Hairspray” continua a ser adorada no mundo inteiro por seu humor, suas músicas cativantes e mensagens sociais verdadeiramente poderosas e contemporâneas. Aceitação, amizade, diversidade e igualdade – tudo regado à música, dança e leveza – fizeram com que o sucesso da obra atravessasse gerações e fronteiras.

Tudo começou com o filme dirigido por John Waters, ambientado nos anos 1960. No enredo, a jovem protagonista Tracy Turnblad sonha em dançar no “The Corny Collins Show”, um programa de dança popular na TV local de Baltimore, nos Estados Unidos. Porém, os conflitos surgem por ela ser uma garota grande e fora dos padrões, e ao se deparar com o preconceito em diferentes formas, dentro e fora dos palcos.

 

foto José de Holanda

 

Em 2002, “Hairspray” foi adaptado para um musical da Broadway. Cinco anos mais tarde, outra versão cinematográfica ganhou destaque mundo afora, com o icônico John Travolta no papel de Edna Turnblad – a mãe da protagonista. Ao imergir na história, percebe-se que Edna é mesmo um símbolo de força, aceitação e mudança positiva, desempenhando um papel crucial na narrativa vibrante do espetáculo.

Edna é tão relevante que muitos atores desejaram encarnar suas vontades e seus dilemas. No Brasil, Edson Celulari viveu a personagem nos palcos em 2009, com roteiro e direção de Miguel Falabella. Com gostinho de quero mais, agora é a vez de Tiago Abravanel tomar a frente de uma nova versão de “Hairspray” à brasileira. Em curta temporada e com estreia em 4 de julho, no Teatro Riachuelo, no Rio de Janeiro, o público se deparará com uma história de diversidade e inclusão que, desta vez, vai além do palco e chega aos bastidores.

Em entrevista à 29HORAS, Tiago conta de sua paixão antiga pelo musical, da preocupação em compor um elenco mais diverso e que fizesse jus à mensagem do espetáculo, da aderência cada vez maior de brasileiros aos musicais e de sua trajetória no gênero, na arte e em diferentes negócios. Confira:

Você já esteve em uma versão brasileira de “Hairspray”. Por que trazer e participar mais uma vez desse espetáculo?
No espetáculo de Miguel Falabella, em 2009, eu fui o substituto do Edson Celulari, mas nunca tive a oportunidade de subir aos palcos e interpretar a Edna Turnblad. Vivi o sonho pela metade e ficou o desejo de trazer “Hairspray” de volta ao Brasil. Também fui movido pela importância dessa história, que segue extremamente atual. Faz muito sentido falar agora sobre todos esses assuntos e trazer essa leveza e essa alegria que o espetáculo acrescenta a esse momento social por aceitação e pelo fim de preconceitos. O enredo continua representando e reverberando muitos anseios por mudança nos dias de hoje.

Por falar nisso, foram introduzidas adaptações no roteiro e no elenco para torná-los mais inclusivos. O que você destacaria nesse sentido?
Na minha visão, a gente precisa partir do princípio de que, apesar de interpretarmos uma história contextualizada em determinado momento, também estamos vivendo em uma época. Agora é possível uma nova reflexão em cima dos próprios autores americanos, que colocaram alguns elementos no roteiro que não cabem mais atualmente. São palavras, termos, piadas, que podemos rever. Foram mudanças sutis, mas importantes e muito mais discutidas hoje do que nos anos 1980 ou mesmo em 2009, como a gordofobia, o racismo e o empoderamento feminino.
Não quero dar spoiler, mas conseguimos também alterar o final da peça, entendendo a importância sobre o que significava essa mudança. Nós seremos os primeiros no mundo a fazer essa nova versão do encerramento do espetáculo. É algo totalmente inédito!

Você interpreta a Edna Turnblad, mãe da Tracy. O que você pode antecipar da sua personagem? E do espetáculo em si?
“Hairspray” é muito emblemático, divertido, emocionante, totalmente alto astral. As pessoas saem transformadas. É um espetáculo que transformou a minha vida e eu acredito que vai mudar a vida de quem estiver na plateia também. A Edna traz esperança e luz para essa mãe que não sai de casa há anos, só fica lavando e passando roupa para os outros e que tinha um sonho de ser estilista, de ter vestidos e coleções, mas ela acha que o seu corpo limitaria esse sonho. É muito importante falar sobre isso ainda hoje, mesmo estando em outro momento social e histórico. É uma mulher gorda discutindo o corpo e as limitações que a gente mesmo nos coloca. E é bonito ver a filha tirando a mãe desse lugar, do medo e da insegurança.

 

Tiago Abravanel na pele da personagem Edna Turnblad, de “Hairspray” – foto José de Holanda

 

A personagem já foi interpretada por John Travolta, em 2007. Você buscou inspiração na interpretação dele ou de outros atores?
Eu adoro a forma como o John Travolta interpretou a Edna, de um jeito mais meigo e com as camadas sendo reveladas aos poucos, mas me identifico mais com a interpretação da Divine, do filme original de 1988. É uma mãe mais durona, uma mulher mais firme e brava. A Divine era uma drag queen muito famosa e disruptiva na época, que vivia essa personagem na versão do filme, que não era um musical ainda.

Em uma entrevista, John Travolta disse que deixou o “ego masculino de lado para viver a personagem”. Na sua atuação, o que você deixou de lado e o que precisou desenvolver?
Empresto a minha alma para os personagens. Acredito que eu desenvolvi características e habilidades, aprendi muito com a Edna, mas não vejo que tive que deixar de lado algo meu. Tiveram todas as dificuldades de viver a personagem fisicamente, com as próteses, os enchimentos, já que ela é uma mulher robusta, com uma bunda grande, seios enormes. E não há somente as falas e as interações, mas também as coreografias incorporando a Edna. É interessante a gente observar essa mulher, mas não esquecer que é um homem que está a interpretando. É um estranhamento, ao mesmo tempo é algo que gera enorme envolvimento.

Sua trajetória em musicais é extensa. Deu vida a Tim Maia, esteve em “A Pequena Sereia” e, recentemente, em “Anastácia”. Como começou a sua relação com o gênero?
Acho fascinante essa possibilidade de fazer ao vivo, de cantar, dançar e interpretar. Nos musicais, você observa atores muito completos e isso me fisgou desde muito pequeno. Eu sempre fui apaixonado pela Disney, cresci e amadureci nesse gênero, no Bibi Ferreira também. O primeiro curso que fiz foi Teenbroadway, um grupo de teatro musical fundado por Maiza Tempesta e que existe até hoje em São Paulo. Já fiz trabalhos incríveis na TV, na dublagem, mas tenho um compromisso com o teatro desde garoto e é o que quero fazer até ficar velhinho.

 

Tiago em seu bloco de Carnaval – foto Julio Salvo

 

Como você avalia a crescente admiração e aderência do público brasileiro aos musicais?
O Brasil é muito musical, a nossa música é famosa no mundo inteiro e temos uma proximidade grande com essa arte. Os artistas e produtores entenderam que o mercado para o gênero era muito potente por aqui. Hoje, somos o terceiro maior público de musicais no mundo, por vezes há cinco, até mesmo sete produções ao mesmo tempo rodando no eixo Rio-São Paulo. É incrível e uma baita responsabilidade trazer um grande espetáculo para o nosso público, fico extremamente honrado.

Quais espetáculos no Brasil e mundo mais te marcaram como espectador?
Realmente acredito que o ator deve ser primeiro um bom espectador e consumidor de diferentes obras. Eu coloco nas minhas programações de viagens momentos para assistir aos espetáculos locais, nos Estados Unidos, na América do Sul e na Europa. Fiz isso recentemente na Alemanha e na Argentina. Alguns dos musicais que mais me marcaram foram “Ópera do Malandro”, peça escrita por Chico Buarque; as norte-americanas “Bela e a Fera” e “Mudança de Hábito”, e “Frozen”, em Londres.

Além de ator, cantor, produtor, você também é empresário. Como se divide entre todas essas demandas e frentes?
Sou movido pelos sonhos, já penso no próximo projeto antes mesmo de concluir aquele que estou vivendo no momento. Eu me preparo e pesquiso muito para encarar cada uma das diferentes áreas em que estou, seja na arte ou nos negócios. E sem minhas equipes, seria impossível! Mas acho que o principal segredo é não se acomodar nunca e sempre se movimentar.

Você traz alguma característica da sua personalidade artística para os negócios? Qual é a sua melhor qualidade como empreendedor?
Ouvi uma vez do meu avô (Silvio Santos) que sou um artista, está em tudo o que eu faço. Desde o momento em que acordo, como e arrumo a minha casa e do meu marido, até nas estratégias de marketing e de negócios da Nanica (rede de docerias especializada em banoffee em que é sócio), coloco um pouco da minha criatividade. A maior potência do meu trabalho é a transformação por meio da arte, quero que algo mude e aconteça na vida das pessoas que assistam aos espetáculos ou mesmo ao consumir os produtos das minhas marcas.

 

Tiago e sua banda no Baile do Abrava, comandado por ele e que traz convidados – foto Edu Martins

 

Quais projetos futuros podemos esperar nos próximos meses?
Já posso adiantar que no segundo semestre deste ano estarei em um programa de streaming, em uma produção que fala sobre o universo dos fãs, é um projeto que me identifico muito, porque sempre fui fã de diferentes artistas e obras. Estou muito animado! E, claro, “Hairspray” segue em cartaz e irá a São Paulo a partir de setembro.

Cirque du Soleil traz à Rio Arena espetáculo que mistura performances aéreas e coreografias encenadas por patinadores no gelo

Cirque du Soleil traz à Rio Arena espetáculo que mistura performances aéreas e coreografias encenadas por patinadores no gelo

Cirque du Soleil chega com o espetáculo “Crystal”, com acrobacias que desafiam a gravidade em uma fusão única de patinação no gelo com projeções visuais grandiosas

O Cirque du Soleil inicia sua turnê pelo Brasil na Rio Arena, entre os dias 13 e 23 de junho, de terça a domingo. A companhia circense mais famosa do mundo chega com o espetáculo “Crystal”, com acrobacias que desafiam a gravidade em uma fusão única de patinação no gelo com projeções visuais grandiosas.

“Crystal” apresenta acrobatas e patinadores que atuam no gelo e no ar, combinando patinação sincronizada e em estilo livre com atos de circo tradicionais, como trapézio, alças aéreas e performances corpo a corpo. A trama narra a jornada emocionante de autodescoberta da protagonista do show, Crystal, uma garota que se sente incompreendida e fora de sincronia consigo mesma. Para escapar de sua realidade, ela se aventura em um lago congelado, acaba caindo no gelo e chega a um mundo invertido. Neste universo subaquático da sua imaginação ela vê um reflexo de si mesma. Por lá, é guiada por seu reflexo até despertar para a sua própria criatividade. Enquanto aprende a ver as coisas de maneira diferente, se torna quem sempre esteve destinada a ser: ela mesma.

 

foto divulgação

 

Rio Arena
Avenida Embaixador Abelardo Bueno, 3.401, Barra da Tijuca.
Ingressos de R$ 180 a R$ 820.

Fernanda Torres volta a interpretar uma libertina baiana de 68 anos em “A Casa dos Budas Ditosos”

Fernanda Torres volta a interpretar uma libertina baiana de 68 anos em “A Casa dos Budas Ditosos”

Trazendo de volta aos palcos a premiada peça “A Casa dos Budas Ditosos”, Fernanda Torres mostra toda sua verve e seu talento ao narrar as peripécias eróticas de uma senhora de 68 anos

Fernanda Torres volta a interpretar uma libertina baiana de 68 anos em “A Casa dos Budas Ditosos”, adaptação para o teatro do livro lançado por João Ubaldo Ribeiro. A direção é de Domingos de Oliveira (1936-2019) e o espetáculo já rendeu à atriz um Prêmio Shell em 2004. No palco, uma velha senhora narra peripécias sexuais e grita aos quatro cantos que ousou cumprir sua vocação devassa e foi feliz, sem qualquer tipo de culpa ou remorso. Juntando aqui e ali as histórias, as confissões e os depoimentos apresentados pela protagonista, o texto de João Ubaldo promove várias reflexões filosóficas sobre a vida, o amor, o sexo e a liberdade. A montagem é um monólogo, e Fernanda Torres brilha ao fazer com que cada um na plateia se sinta com se ela estivesse falando unicamente para si.

 

foto divulgação

 

Teatro Multiplan
Avenida das Américas, 3.900 (Village Mall), Barra da Tijuca.
Tel. 21 3030-9970.
Toda quarta-feira, até o dia 27 de março.
Ingressos de R$ 100 a R$ 380.

Na peça “Um Filme Argentino”, Letícia Colin e Michel Melamed encenam situações que esmiúçam a intimidade dos casais

Na peça “Um Filme Argentino”, Letícia Colin e Michel Melamed encenam situações que esmiúçam a intimidade dos casais

Letícia Colin e Michel Melamed encenam a peça “Um Filme Argentino”, uma comédia romântica que fica em cartaz até 21 de abril no teatro Adolpho Bloch

A peçaUm Filme Argentino” começa mostrando um casal que discute pela enésima vez, até que ela sai de casa. Por causa da chuva, ela não vai muito longe e acaba adormecendo na portaria do prédio onde mora com o marido. Os dias passam e as mais diversas situações fazem com que a mulher permaneça ali até começar a chamar o local de “lar”. Essa é uma das situações encenadas por Letícia Colin e Michel Melamed na peça. O espetáculo composto por 24 “quadros” nos quais os atores interpretam dezenas de personagens segue a máxima proferida por William Shakespeare: “Todo casamento é um palco e todos os homens e mulheres não passam de meros atores”. A comédia romântica, excêntrica, poética e até política tem texto e direção do próprio Michel Melamed.

foto divulgação

 

Teatro Adolpho Bloch
Rua do Russel, 804, Glória.
Tel. 21 3553-3557.
Ingressos de R$ 50 a R$ 120.