Em cartaz no CCBB do Rio, “Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira” expõe trabalhos de artistas negros

Em cartaz no CCBB do Rio, “Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira” expõe trabalhos de artistas negros

Exposição “Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira”, em cartaz até o dia 17 de fevereiro no CCBB, expõe os trabalhos de mais de 60 artistas negros, do período pré-moderno à contemporaneidade

A presença negra na historiografia da arte no Brasil é o tema da exposição “Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira”, em cartaz até o dia 17 de fevereiro no Centro Cultural Banco do Brasil. A mostra reúne obras de 61 artistas negros brasileiros, nomes de vários períodos da produção artística no Brasil, do século 19 até os contemporâneos nascidos nos anos 2000. Entre eles, Lita Cerqueira, Arthur Timótheo da Costa, Andrea Hygino, André Vargas, Gê Viana, Panmela Castro, Guilhermina Augusti, Maria Auxiliadora, Mestre Didi, Rubem Valentim, Luna Bastos e Yhuri Cruz. Eles criaram pinturas, fotografias, esculturas, instalações, vídeos e colagens que revelam diferentes épocas e discussões, contextos, gerações e regiões. De grande abrangência, a mostra percorre do período pré-moderno à contemporaneidade.

 

foto divulgação

 

Centro Cultural Banco do Brasil
Rua Primeiro de Março, 66, Centro.
Tel. 21 3808-2020.
Entrada gratuita.

Peça ‘Esperando Godot’ chega a São Paulo no Teatro Oficina

Peça ‘Esperando Godot’ chega a São Paulo no Teatro Oficina

Após turnê em Portugal, última peça dirigida por José Celso Martinez, ‘Esperando Godot’, clássico de Samuel Beckett, chega ao Teatro Oficina

Obra-prima do autor irlandês Samuel Beckett, ganhador do Nobel de Literatura em 1969, “Esperando Godot” chega dia 13 de dezembro ao Teatro Oficina, no Bixiga. A peça traz forte simbologia para a Companhia de Teatro Oficina Uzyna Uzona – foi o último espetáculo de Cacilda Becker (montado em 1969) e a última montagem dirigida por José Celso Martinez, falecido em julho de 2023. 

 

Os atores Alexandre Borges e Marcelo Drummond na peça “Esperando Godot” – foto Jennifer Glass

 

Esperando Godot” marca ainda o retorno de Alexandre Borges a um espetáculo da companhia depois de 30 anos. O ator viveu o Rei Cláudio na montagem de “Hamlet”, de William Shakespeare, em 1993 – peça que reinaugurou o Teatro Oficina, com o atual projeto arquitetônico de Lina Bo Bardi e Edson Elito.

Escrito em 1949, pós-Segunda Guerra Mundial, o espetáculo em cartaz é uma grande parábola da sociedade moderna. É o testemunho do fim de uma época e do declínio de uma sociedade. No teatro se encarnam as entidades do mundo que atravessam as épocas, os corpos, as guerras e a peste, criando mundos, imaginando, experimentando e interpretando a vida a partir do fogo dos que vieram antes e dos que nos esperam adiante. 

 

Teatro Oficina – foto divulgação

 

No texto, Estragão (Marcelo Drummond) e Vladimir (Alexandre Borges) são dois palhaços vagabundos que se encontram no fim do mundo, na encruzilhada entre a paralisia e a tomada da ação. Enquanto esperam Godot, embora não saibam quem ou o que é, a dupla se encontra com as personagens que passam pela estrada: Pozzo – O Domador (Ricardo Bittencourt), Felizardo – A Fera (Roderick Himeros) e O Mensageiro (Tony Reis), que traz notícias inquietantes que podem determinar a perpetuação da inércia ou a libertação total da paralisia em uma reviravolta.

Teatro Oficina
Até 23 de dezembro.
Rua Jaceguai, 520, Bixiga.
Ingressos R$ 80 (inteira) no Sympla.

Peça em cartaz no Teatro Poeirinha, em Botafogo, coloca Clarice Lispector frente a frente com Nelson Rodrigues

Peça em cartaz no Teatro Poeirinha, em Botafogo, coloca Clarice Lispector frente a frente com Nelson Rodrigues

Em vida, eles nunca se encontraram pessoalmente, mas numa peça em cartaz no teatro Poeirinha, a escritora e o dramaturgo carioca debatem e expõem suas opiniões divergentes

No espetáculo “Clarice & Nelson”, em cartaz no Teatro Poeira, um ator (Marcos Pitombo) e uma atriz (Carol Cezar) se unem no desafio de criar uma história unindo dois ícones da literatura brasileira: Clarice Lispector e Nelson Rodrigues. Esse encontro nunca aconteceu, mas o texto cria essas conversas a partir dos trechos de entrevistas concedidas pelos escritores ao longo de suas vidas.

O espetáculo, em cartaz até o dia 18 de dezembro, às terças e quartas-feiras no Teatro Poeirinha, transpõe os dois personagens e seus conflitos para o palco, com diálogos marcantes e certeiros, cheios de críticas e posicionamentos divergentes, assim como eram suas ideias: ele um homem com seus conceitos e julgamentos; ela com sua audácia de falar sobre sentimentos, o que as mulheres queriam e sonhavam, quebrando paradigmas.

 

Marcos Pitombo como Nelson Rodrigues e Carol Cezar como Clarice Lispector – foto divulgação

 

A direção é de Helena Varvaki e Manoel Prazeres e o texto é assinado por Rafael Primot e Franz Keppler, dupla que anteriormente já trabalhou junto em “Chuva Negra” e em “Baby, Você Precisa Saber de Mim”.

Teatro Poeirinha
Rua São João Batista, 104, Botafogo.
Tel. 21 2537-8053.
Ingressos de R$ 20 a R$ 60.

Músicas e artistas brasileiros para embalar o fim de ano

Músicas e artistas brasileiros para embalar o fim de ano

Músicas e artistas brasileiros que exaltam a conexão com a natureza, o ritmo certo das coisas e a beleza dos mais diversos instrumentos

Em pleno mês de novembro, eu estaria celebrando o tempo quente, a hora de ir para a praia, a proximidade das férias e das festas de final de ano. Mas sinto que nosso país vai passar por uma temporada quente demais. Voltei da Flip, em Paraty, no mês passado, e mais uma vez confirmamos coletivamente o poder da arte na transformação. Novamente digo que a música é parte importante nesse processo e me provoquei a buscar algumas canções que possam trazer o que precisamos agora.

Voltei no tempo e achei Guilherme Arantes com “Planeta Água”, lançada em 1978, uma ode a esse tesouro cada vez mais precioso. “Refazenda”, de Gilberto Gil, é uma obra prima. O rei das metáforas fala da passagem do tempo e das lições da natureza. Tom Jobim, ligadíssimo na Mata Atlântica, nos rios, na nossa exuberante diversidade, fez maravilhas como “O Boto”, no disco “Urubu”, de 1976: “Na ilha deserta o sol desmaia, do alto do morro vê-se o mar / papagaio discute com jandaia se o homem foi feito pra voar…” canta o maestro soberano com a querida Miúcha, em um arranjo absolutamente sublime. É um dos meus discos preferidos da vida inteira.

 

Cantor e compositor Lenine – foto Daryan Dornelles / Divulgação

 

Comecei pelos anos 1970, mas temos na música contemporânea quem se preocupe com o século 21 e seus desastres ambientais e humanos. Lenine talvez seja um dos maiores exemplos. A paixão pelas orquídeas, pelo mar e pela leveza percorre sua obra. É bonito de ver e ouvir. A canção “Vivo”, parceria com Carlos Rennó gravada com o piano maravilhoso do também pernambucano Amaro Freitas, é uma dessas. Leve e suave faz pensar na resistência pela beleza nesse mundo de tanta brutalidade.

E já que falei de Amaro Freitas, esse fenômeno mundial, quero chamar a sua atenção para a música instrumental brasileira que sempre me traz alento. Heloisa Fernandes e seu piano sentimental, Paulo Bellinati e seu violão, Teco Cardoso e seus sopros divinos, Léa Freire, que toca tudo magnificamente, Joana Queiróz, Luísa Mitre, Ivan Vilela e sua viola… é muita gente boa fazendo música brasileira e levando nossos corações e mentes para lugares bons e melhores.

É o que desejo para esse verão. Um pouco de quietude e que a gente se reconecte com aquilo que faz bem de verdade. Perto da natureza e do que ela ensina. Aproveite essa lista, escute músicas, cuide do jardim, plante uma árvore, um vaso de samambaia que seja. Perceba o tempo do abacateiro, estenda a mão e pegue um caju. Faça da música a sua inspiração e respire o melhor ar que você conseguir! Bom verão!

A cultura é um substantivo feminino cujo resultado só acontece no coletivo

A cultura é um substantivo feminino cujo resultado só acontece no coletivo

Ferramentas de transformação, a arte e a cultura se materializam em projetos relevantes para o país, que apenas são possíveis com o envolvimento coletivo

Fui apresentada aos palcos pela minha irmã, a bailarina Dalal Achcar, e fiquei fascinada imediatamente. Porém, minha carreira aconteceu atrás dos palcos. E fui e sou muito feliz assim! Passei 20 anos à frente do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, começando como iluminadora e terminando como diretora de produção. Montei diversas óperas e balés, recebi inúmeras companhias internacionais. Aprendi muita coisa que, hoje, coloco em prática na Aventura – empresa que fundei há 15 anos, com meu sócio Luiz Calainho. Produzimos mais de 40 espetáculos e reabrimos teatros icônicos no país!

Não foi fácil superar as barreiras que enfrentei por ser mulher em um contexto majoritariamente masculino. Hoje, tenho o privilégio de ter pessoas incríveis comigo, que apostam na cultura como ferramenta de transformação. Parte importante dessas conquistas vem do patrocínio de marcas comprometidas, sem as quais não poderíamos manter nossos projetos, que são essenciais na construção de um cenário cultural vibrante e democrático.

 

Apresentação de peça infantil no Eco Villa
Ri Happy, no Rio de Janeiro – foto reprodução Instagram

 

O futuro é promissor e cabe a nós, gestores, artistas, produtores e marcas, garantir que seja repleto de novas histórias. Por falar em próximos passos, acabamos de anunciar a reabertura do icônico Teatro Alfa, agora integrado ao Beyond The Club – um clube de alta experiência em lazer, esporte, bem-estar e entretenimento, em São Paulo. O teatro, com duas salas – com 1.110 lugares e 200 lugares –, receberá um novo nome, após o roadshow para naming rights e patrocínios, liderado pelo meu sócio Luiz Calainho, Co-CEO da Aventura.

Esse ano também celebramos os oito anos do Teatro Riachuelo Rio, que ultrapassou a marca de 1 milhão de espectadores. Em novembro, parte da programação especial será em homenagem ao Mês da Consciência Negra, com a tão esperada volta de “Macacos”. Teremos também o espetáculo “Musicais in Concert”, com a orquestra Petrobras Sinfônica e grandes nomes do musical brasileiro. Já no Teatro Adolpho Bloch, no Rio, os espetáculos vão de clássicos até produções contemporâneas, com opções de altíssima qualidade.

E, na EcoVilla Ri Happy, que tem como missão manter uma curadoria cuidadosa para o público infantojuvenil, preparamos uma agenda cheia de atividades e espetáculos de fim de ano.

Vamos juntos! Afinal, a cultura é um substantivo feminino cujo resultado só acontece no coletivo. Ainda bem!

*Aniela Jordan é presidente do Instituto Evoé, diretora artística da Aventura e diretora da EcoVilla Ri Happy, único hub cultural voltado exclusivamente para crianças no Rio.