Ponte aérea Rio-São Paulo e suas histórias, seus benefícios e números superlativos

por | nov 30, 2023 | Aviação, Lifestyle, Negócios | 0 Comentários

Reduzindo a distância entre os dois principais polos econômicos do país, a Ponte Aérea que liga os aeroportos de Santos Dumont e Congonhas é a mais movimentada da América Latina e certamente a mais charmosa

Conforto, comodidade e rapidez são sinônimos da Ponte Aérea – sem falar no glamour! De avião, os 380 quilômetros que separam São Paulo e Rio de Janeiro são percorridos em cerca de 1 hora. A vista do alto da Cidade Maravilhosa e dos prédios da metrópole paulista são outro bônus dos passageiros para compromissos corporativos ou daqueles que viajam em busca de diversão.

Os números da rota são superlativos. A ligação entre Rio e São Paulo foi a mais movimentada da América Latina durante o primeiro semestre de 2023, de acordo com levantamento da Associação Latino Americana e do Caribe de Transporte Aéreo (ALTA). O trecho entre os aeroportos de Congonhas e Santos Dumont registrou 18.768 voos, cerca de 20% a mais do que a segunda colocada, Bogotá-Medellin. A cada 13 minutos, um voo da Ponte Aérea decola do Santos Dumont. E Latam, Gol e Azul operam a mais disputada rota com suas aeronaves Airbus A320, Boeing 737 e Embraer 195E2.

 

foto Infraero

 

Tudo começou em 1959 – quando as antigas companhias Varig, Cruzeiro do Sul e Vasp oficializaram as várias frequências diárias entre os dois aeroportos. As empresas decidiram coordenar seus voos nesse trajeto para não concorrerem, com partidas acontecendo a cada 60 minutos, e passaram a aceitar entre si os seus bilhetes. Nas décadas de 1970 e 1980, todas operavam o mesmo modelo de avião – o Electra.

O glamour era a tônica nesses tempos áureos. É comum ouvir daqueles que frequentavam o trajeto sobre o lounge dessa aeronave – uma saleta no fundo do avião que era o local ideal para executivos viajarem em fim de expediente na volta para sua cidade de origem. O consumo de bebidas alcoólicas, com whisky e até mesmo champagne, representam uma realidade distante da atual. Além disso, fumar cigarros a bordo era permitido na época – a proibição veio apenas em março de 1997, com a Portaria do DAC (Departamento de Aviação Civil).

Foi também na década de 1990 que o modelo Electra e o som de seus motores turboélice foram aposentados. Nesse mesmo período, novas tecnologias foram implementadas nas pistas, com nova pavimentação, e tanto Santos Dumont passou a ter condições de operar jatos com segurança – quanto Congonhas passou a ter uma pista maior.

 

Fachada do Santos Dumont – foto Infraero

 

Décadas mais tarde, em 2022, Santos Dumont e Congonhas foram os primeiros aeroportos brasileiros a implantar de forma definitiva o embarque facial biométrico 100% digital para passageiros e tripulantes. A tecnologia dispensa a apresentação de cartões de embarque e documentos de identificação dos viajantes de voos domésticos partindo desses terminais. Assim, o Brasil possui a primeira ponte área biométrica de ponta a ponta do mundo.

A joia da coroa

Inaugurado em 30 de novembro de 1936, o Aeroporto Santos Dumont, localizado bem próximo ao Centro do Rio de Janeiro, é um ícone da arquitetura e do setor aéreo brasileiro. O aeroporto passou por diversas obras que ampliaram sua capacidade de movimentação. A primeira grande mudança na infraestrutura aconteceu em 1945, com a abertura do novo terminal de passageiros – atual prédio do desembarque.

 

Vista da pista do aeroporto com o Pão de Açúcar ao fundo – foto Shutterstock

 

Em 1987, o Santos Dumont passou a ser administrado pela Infraero. Logo em seguida, em 1990, o prédio original, onde hoje funciona o terminal de desembarque, foi tombado pelo Instituto de Patrimônio Artístico e Cultural (Inepac). Já em 2007, a operadora inaugurou o novo terminal de embarque, que conta com sala de embarque com a famosa vista para a Baía de Guanabara e oito pontes de embarque.

Segundo a Infraero, outras obras importantes foram realizadas no aeroporto. O pátio de aeronaves foi totalmente reformado e entregue, em 2016, com um novo sistema de drenagem de solo, novo pavimento de concreto, além de sinalização horizontal. Em 2019, a empresa iniciou a implantação da usina solar fotovoltaica do Santos Dumont.

Em recente debate envolvendo a prefeitura e o governo do Rio de Janeiro, a Infraero, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o Tribunal de Contas da União (TCU), as companhias aéreas, as concessionárias e outros estados e municípios, pretendia-se restringir as operações no aeroporto, para aumentar o número de voos no Aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão. De acordo com a primeira resolução, o Santos Dumont apenas poderia receber voos de rotas a até 400 quilômetros, para São Paulo, Belo Horizonte e Vitória, sem ir para terminais internacionais.

Porém o Ministério dos Portos e Aeroportos revogou, em novembro deste ano, a resolução do Conselho Nacional de Aviação Civil (Conac) e, a partir de janeiro de 2024, o terminal passará a operar sem restrição de destinos, mas com um limite de 6,5 milhões de passageiros por ano.

O entorno

Além da rapidez em conectar Rio de Janeiro a São Paulo, o aeroporto Santos Dumont também é a preferência dos cariocas e turistas por sua localização na cidade. Em 2015, foi aberto o primeiro shopping com hotel interligado a um aeroporto no país. O Prodigy Santos Dumont conta com 300 apartamentos e dispõe ainda de um centro de convenções com capacidade para mil pessoas, piscina de borda infinita na cobertura e o restaurante Orla 21, que fica de frente para o Corcovado. O café da manhã do hotel começa em horário estratégico, a partir das 4h para hóspedes e tripulação, e às 7h para visitantes, ideal para quem vai pegar voo logo cedo.

O Bossa Nova Mall, ao lado do aeroporto, tem mais de 4 mil m² e abriga lojas como a carioquíssima Farm, o coworking We Work, e o restaurante Xian – que apresenta em seu menu uma variedade em pequenas porções para que o cliente prove de tudo um pouco da culinária asiática. Destaque paras as entradinhas para beliscar como Edamame com Furikake e Flor de Sal e o Tataki de Atum selado.

 

Área externa do Xian, interligado ao aeroporto – foto Tomas Rangel

 

Mas se a ideia é comer fora de shopping, o Bistrô da Casa, na Casa da Glória, um belíssimo casarão colonial – a 3,5 Km do Santos Dumont – oferece um ambiente incrível para quem quer apreciar um almoço ao ar livre. O chef Christiano Ramalho reforça ingredientes sazonais, como os pratos Bacalhau da Noruega e o arroz de polvo com chouriço espanhol e aioli páprica. Aos sábados e domingos, a aposta é o brunch à la carte, com versão vegetariana.

 

Polvo do restaurante Casa da Glória – foto Rodrigo Azevedo

 

O entorno do aeroporto também reserva endereços importantes para a cultura na cidade. É o caso do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM), que celebra seus 75 anos com a abertura da exposição “Museu-escola-cidade: o MAM Rio em cinco perspectivas”, que segue em cartaz até 17 de dezembro. O público é convidado a olhar para a trajetória do MAM Rio nas suas três primeiras décadas. No dia 27 de janeiro, o museu inaugura ainda a exposição “Lugar de estar: o legado de Burle Marx”. A mostra reunirá cerca de 25 projetos, que integram o acervo do Instituto B. Marx, em diálogo com trabalhos de artistas contemporâneos.

 

Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – foto Fabio Souza

 

Há ainda teatros na região, como o Teatro Riachuelo – tombado pelo patrimônio histórico, o antigo Cine Palácio. Localizado na Cinelândia, o teatro está a poucos passos da estação do metrô e do VLT, na Rua do Passeio, e é um dos pilares da revitalização da região, junto com o Porto Maravilha e todo o centro histórico do Rio de Janeiro. A programação de dezembro inclui “Elis, a Musical”, em cartaz até o dia 10, e em janeiro os destaques são a comédia “King Kong Fran”, nos dias 5 a 7 de janeiro, e “Intimidade Indecente”, com Eliane Giardini e Marcos Caruso, a partir do dia 20.

Projetado por Oscar Niemeyer e com paisagismo assinado por Burle Marx nos anos 1960, o Teatro Prudential – Sala Adolpho Bloch é outro ícone cultural da cidade. A programação de dezembro inclui o espetáculo de dança “Carlota”, entre os dias 1 e 3, uma homenagem à Beth Carvalho, no dia 9 de dezembro, e o show “Me Canta Uma História”, em que a cantora Natália Boere recebe Ivan Lins, no dia 12.

Os personagens

Parte do cotidiano de muitos cariocas e paulistanos, a Ponte Aérea desperta emoções em seus habitués.

“Levantar voo e pousar no Santos Dumont é sempre emocionante. Até mesmo quando estamos na pista, subindo a escada para entrar no avião, o visual já é lindo, com o Pão de Açúcar ao fundo! Os serviços do aeroporto são também diferenciais, sempre uso o ponto de táxi, todo mundo já me conhece, acho bem seguro.” Patricia Wiethaeuper, sócia do Gula Gula, com unidades no Rio de Janeiro e em São Paulo.

 

Patricia Wiethaeuper – foto divulgação

 

“Faço a Ponte Aérea pelo menos de dois em dois meses. Amo São Paulo e geralmente vou para visitar minhas amigas que moram na cidade, a trabalho ou apenas para comer bem e me divertir. São muitas histórias nesses aeroportos, algumas realmente engraçadas, uma vez fui parado por uma cliente que deu um chilique porque não conseguiu horário comigo – em pleno Santos Dumont!” Fil Freitas, dono do salão de beleza Fil, em Ipanema.

 

Fil Freitas – foto divulgação

 

“Sou apaixonada por essa minha vida de ponte aérea, apesar de ser também bastante cansativa. Costumo viajar a trabalho, logo após a minha saída do SBT me mudei para o Rio de Janeiro, porém ainda faço muitos trabalhos em São Paulo. Corro para ver se consigo pegar a cadeira da janela, pois gosto de curtir a paisagem – a vista da enseada de Botafogo me encanta!“ Maria Gal, atriz e apresentadora.

 

Maria Gal – foto Tomas Rangel

 

“Vou sempre a São Paulo. Praticamente todos os meses, às vezes até mais de uma vez por mês, porque a cidade é o centro econômico do Brasil. O Santos Dumont é um aeroporto lindo, dentro da cidade, super prático. Justamente por essa facilidade e rapidez para transitar entre Rio de Janeiro e São Paulo, tenho planos de ter negócios na Terra da Garoa muito em breve!”. Elia Schramm, chef dos restaurantes Babbo Osteria e Sichou (recém-inaugurado), no Rio de Janeiro.

 

Elia Schramm – foto Rodrigo Azevedo

 

“Faço essa viagem desde 2013, quando morava no Rio. Em 2019 voltei a viver em São Paulo, então são 10 anos fazendo mensalmente esse trecho. Percebo uma evolução absurda no aeroporto Santos Dumont. Gosto de ficar na sala VIP da American Express e, às vezes, almoço no aeroporto, já que são muitas as opções com o shopping ao lado.” Yasmin Yonashiro, sommelier, sócia do Jojo Ramen, em São Paulo, e consultora de hospitalidade japonesa nas duas cidades.

 

Yasmin Yonashiro – foto Alex Takaki

 

“Vou a São Paulo em média uma vez por mês. Os motivos que me levam são principalmente os eventos e feiras de hotelaria, as exposições de arte – uma das minhas paixões! – e os amigos. Destaco a localização do Santos Dumont, porque sou um visitante frequente do MAM e dos eventos que acontecem na Marina da Glória, como os shows de música e a ArtRio.” Daniel Gorin, gerente geral do Grupo Arpoador, no Rio de Janeiro.

 

Daniel Gorin – foto divulgação

 

 

Ilustração da capa: Vicky Romano

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