Novas joalherias artesanais exaltam a potência criativa e sustentável da ourivesaria brasileira

Novas joalherias artesanais exaltam a potência criativa e sustentável da ourivesaria brasileira

Preocupadas com a sustentabilidade e a procedência dos materiais, novas joalherias artesanais chegam com força ao mercado brasileiro 

Em 1953, a atriz Marilyn Monroe eternizou a música que dizia que os diamantes são os melhores amigos das garotas. Hoje, além da joalheria ser para todos os gêneros, os diamantes nem sempre são os maiores destaques na ourivesaria – há uma enorme variedade de pedras preciosas igualmente valiosas e atraentes aos olhos.

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos aponta que, em 2021, o setor arrecadou US$ 4,5 bilhões – 20% a mais do que no ano anterior. E o Brasil está no ranking dos 15 maiores produtores de peças em ouro, com um total de 22 toneladas de joias criadas e comercializadas. Segundo a Mordor Inteligence – empresa de pesquisa de mercado global –, o tamanho do mercado brasileiro de joias é estimado em US$ 3,59 bilhões e deverá atingir US$ 5,34 bilhões até 2029.

 

Item da coleção Pau Brasil, da Beare Gioielli – foto divulgação

 

“O perfil do consumidor mudou nos últimos anos. Atualmente, vemos que ele está cada vez mais preocupado com a qualidade e procedência dos materiais usados, exigindo transparência. Há uma crescente busca por joias que tenham história, design e despertem emoções”, analisa Bia Abadia, designer brasileira e fundadora da marca de alta joalheria Beare Gioielli – lançada em 2023, que trabalha somente com fornecedores regulamentados e dá preferência à aquisição de ouro reutilizado.

A marca já conta com três coleções atemporais inspiradas na arte, na natureza e na espiritualidade, priorizando o ouro e gemas de nosso país, como esmeraldas, turmalinas, citrinos e águas marinhas. “Cada uma é feita de forma artesanal, com muito esmero, excelência em materiais e design que foge do que se vê nas joalherias tradicionais. Misturamos técnicas de ourivesaria artesanal com o uso de tecnologia e fundição direta”, explica.

 

Colar da linha Luce Di Beare, da Beare Gioielli – foto divulgação

 

Fruto do sonho de duas amigas de infância, a Eunoyah também tem como propósito repensar o luxo e trazer beleza não apenas ao design autoral, mas em toda a cadeia produtiva. A marca produz suas peças com ouro brasileiro de upcycling, de origem ética e responsável, e trabalha com minas sustentáveis. “Tomar medidas conscientes é fundamental para o futuro desse segmento. Por isso, nossos clientes terão acesso a toda a cadeia do metal usado em nossas peças a partir de rastreio via blockchain” afirma Marcella Bighetti, designer e fundadora.

Os modelos minimalistas e adaptáveis às mais diversas situações traduzem bem o conceito de slow living, que prega a desaceleração, o autoconhecimento e o respeito próprio, e está no DNA da Eunoyah – nome que significa pensamento bonito, mente pura e equilibrada, e desejo de colaborar. Atualmente, já estão disponíveis duas coleções: “Substrato”, inspirada nas camadas orgânicas do solo; e “Vínculos”, que remete aos laços invisíveis que ligam as pessoas. A empresa recebe ainda joias antigas para purificá-las e transformá-las em novas, incentivando a economia circular.

 

Coleção Vínculos, da Eunoyah – foto divulgação

 

E o designer e alquimista Mika Ferrari lançou sua marca homônima no mercado no ano passado, inspirada em sua paixão por amuletos e saberes como xamanismo, alquimia e kemetismo – a antiga religião egípcia. “Trabalho com componentes de determinados padrões vibratórios específicos, a partir de minerais, ervas, fósseis, meteoritos e, em algumas peças, com alquimia espagírica, que são líquidos poderosíssimos”, conta Mika.

Quase 100% do ouro é reutilizado e os minerais são de colecionadores ou mineradoras com um processo transparente. Além disso, ele consegue elementos diretamente com sacerdotes, colecionadores de antiguidades e até mesmo com pajés — como é o caso da erva velandinho, que vem da aldeia dos Fulkaxó, em Sergipe. “A peça final fica em um padrão vibratório superior ao do nosso corpo. Então, quando utilizamos como um pingente, por exemplo, pode elevar a nossa própria energia”, finaliza.

 

Relicário de Vênus, do alquimista Mika Ferrari – foto Celso Chittolina | divulgação

 

Beare Gioielli
Tel. 91280-6127.
@bearegioielli

Eunoyah
Tel. 95134-6587.
@eunoyahjewelry

Mika Ferrari
Tel. (51) 99336-2566.
@mikaferrari_

Docerias saudáveis são a nova tendência entre os que querem comer doce, mas sem abrir mão da saúde

Docerias saudáveis são a nova tendência entre os que querem comer doce, mas sem abrir mão da saúde

Com o marcado saudável em crescimento, confira quatro opções de docerias para se lambuzar sem culpa! 

Felicidade nunca faz mal à Saúde. Assim pensam os chocólatras – e a boa notícia para eles é que o setor de docerias saudáveis está em crescimento. “No mercado brasileiro faltavam opções mais saudáveis, principalmente doces para intolerantes, alérgicos, diabéticos ou simplesmente para quem procurava se alimentar de uma forma mais equilibrada. Há 10 anos, era inimaginável um doce ser saboroso e sem açúcar, lactose ou farinha branca”, analisa Isabela Akkari, fundadora da Isabela Akkari Doces Saudáveis Artesanais, que conta com 12 lojas físicas em São Paulo, Campinas, Curitiba e Rio de Janeiro.

As delícias são livres de glúten, lactose, refinados e conservantes artificiais, e produzidas artesanalmente. Desde 2020, a marca trabalha no desenvolvimento de um produto inédito no mercado de confeitaria e pâtisserie: o Nanea (Não Acredito Não É Açúcar), fórmula que contém a proporção ideal de fibra isolada da tapioca e stevia. “Este ano, abriremos visitação ao nosso novo ateliê de doce de leite, pastas e cookies adoçados 100% com Nanea, que está sendo construído em um imóvel de 500 metros quadrados na Vila Nova Conceição”, compartilha.

 

Brownie com calda de brigadeiro da Isabela Akkari – foto divulgação

 

Também com o objetivo de estar presente nos momentos de indulgência, mas sem culpa, a Healthy Bites Atelier é uma foodtech de doces sem açúcar, glúten e lactose, com produção 100% artesanal e que utiliza outros adoçantes no lugar do açúcar, como stevia e taumatina, que não apresentam efeito laxativo.

“Embora tenha começado a empreender para suprir o desejo de doces do meu pai que tem diabetes, hoje nosso propósito vai muito além, porque não atendemos apenas pessoas com restrições alimentares. Nossos clientes querem manter uma rotina saudável”, explica a fundadora Victoria Della Manna. A marca tem uma loja própria e café também na Vila Nova Conceição.

 

Banoffee da Healthy Bites – foto divulgação

 

No mercado desde 2017, Isabel Buk começou na cozinha de casa e sem pretensão. Apaixonada por confeitaria, porém em busca de um estilo de vida mais saudável, passou a fazer suas próprias receitas. “Nosso maior objetivo é produzir doces que tragam bem-estar. Crescemos aos poucos e, em 2021, mudamos para uma cozinha industrial no Itaim, onde ainda temos uma loja. No ano passado, abrimos no shopping Cidade Jardim um quiosque e café”, relembra a fundadora da marca homônima, que foi pioneira ainda na criação de uma linha de docinhos para festas e casamentos.

Livres de glúten, lactose e refinados, os produtos contêm adoçante à base de stevia andina e taumatina, e a maioria é feita apenas com farinha de amêndoas, que tem baixo carboidrato. “Confeccionamos artesanalmente todas as nossas bases, desde o leite condensado até as finalizações. Fomos a primeira confeitaria a excluir os adoçantes polióis, que podem causar mal-estar. Queremos sempre trazer boas sensações, porque não adianta nada comer um doce saudável e ele te fazer mal”, conta a empresária, que também tem a Escola Buk – uma plataforma de ensino online de confeitaria saudável.

 

Rose cake de chocolate da Isabel Buk – foto divulgação

 

E, oferecendo produtos naturais e com o viés de sustentabilidade, a marca Haoma pode ser encontrada em seu e-commerce, em mais de 2 mil pontos de venda espalhados pelo Brasil e na Europa, por meio de venda online e de lojas físicas revendedoras em Portugal, além de ter quiosques próprios em São Paulo e no Rio de Janeiro. “Nosso processo de produção é bean-to-bar, ou seja, da amêndoa de cacau brasileiro à barra – respeitamos a natureza e contribuímos com o desenvolvimento de pequenos produtores. O resultado é um chocolate mais puro e uma produção mais natural e sustentável, em que são preservados aromas, sabores e características de cada fruto”, afirma a influenciadora Juju Norremose, uma das sócias.

 

Biscottinos da Haoma – foto divulgação

 

Os best-sellers das docerias sem pecado

Isabela Akkari: Caixa de alfajor

Healthy Bites: Torta banoffee

Isabel Buk: Bombom de morango, brownie e pão de mel

Haoma: Biscottino de creme de caramelo salgado

Hello Kitty completa 50 anos com comemorações à altura de sua importância cultural mundial

Hello Kitty completa 50 anos com comemorações à altura de sua importância cultural mundial

Prestes a completar 50 anos, a adorada gatinha Hello Kitty segue contagiando gerações e é celebrada em eventos, corridas temáticas, ativações online e offline e colaborações

Em 1974, o mundo conheceu a gatinha que conquistou o coração de crianças, adolescentes e adultos: branca, extremamente fofa e carismática, com um lacinho vermelho na cabeça, mas sem boca. Em várias entrevistas, a designer Yuko Shimizu, criadora da Hello Kitty, e a Sanrio – empresa japonesa responsável pela personagem – afirmaram que é porque ela fala com o coração e não tem um humor definido, por isso cabe às pessoas projetarem suas emoções nela.

“A Hello Kitty, que foi criada com objetivo de levar felicidade e amizade para pessoas de todas as idades, representa simplicidade e fofura. Ela se tornou um símbolo cultural global e uma marca de destaque no mercado de licenciamento!”, afirma Monica Joseph, Gerente Comercial e Marketing da Sanrio.

 

Pintura no Beco do Batman – foto divulgação

 

Prestes a completar 50 anos, a adorada gatinha segue contagiando gerações e é celebrada em uma série de comemorações à altura, com eventos, corridas temáticas, ativações online e offline e colaborações. Em janeiro, o Beco do Batman ganhou uma pintura especial em homenagem à data, feita pela artista Cléo Moreira, que ficou disponível até fevereiro. Desde março, o público de São Paulo pode curtir no Shopping Vila Olímpia a experiência imersiva “Hello Kitty – 50 Anos de Encanto e Magia”, que conta com tecnologia e espaços instagramáveis para toda a família. A mostra fica em cartaz até maio e depois segue para Porto Alegre.

A partir do dia 8 deste mês, entra em cena a “Hello Kitty Parade” – evento cultural que contará com 50 bonecas de fibra da personagem pintadas à mão por artistas. As esculturas poderão ser conferidas de perto até o dia 12 de maio em algumas estações de trem da CPTM e no Conjunto Nacional, localizado na Avenida Paulista. Após a temporada paulistana, a parada deve rodar por outros pontos de exposição pelo Brasil. Em novembro, mês oficial do aniversário, a Sanrio fará uma ativação especial para fãs e parceiros na Roda Rico, um dos novos pontos turísticos da capital.

 

A experiência imersiva “Hello Kitty – 50 anos de Encanto e Magia” – foto divulgação

 

Outras ações incluem quatro animações inéditas e mensais no perfil “This is Hello Kitty” (@this_is_hellokitty_), no TikTok; um e-commerce da personagem em parceria com a Lolja, que traz uma coleção de camisetas; e um álbum de figurinhas da Panini.

Hello, beauty!
Em um co-branding inédito, a gatinha se une à Sabrina Sato em uma coleção de produtos de beleza e skincare da Cia Beauty. A linha traz a Hello Kitty estilizada com a famosa pinta de Sabrina em sua testa e já conta com 14 produtos cruelty-free, como espuma facial, sérum, hidratante e máscara facial, disponíveis em farmácias.

 

Linha de cosméticos em parceria com Sabrina Sato – foto divulgação

A estilista brasileira Patrícia Bonaldi é famosa por seus bordados artesanais e internacionaliza sua marca PatBO

A estilista brasileira Patrícia Bonaldi é famosa por seus bordados artesanais e internacionaliza sua marca PatBO

Há 20 anos trilhando um caminho de sucesso no mercado da moda, a estilista Patrícia Bonaldi preza pelo handmade e amplia a presença internacional de sua marca 

Já dizia Coco Chanel: “A moda passa, o estilo permanece”. De fato, somente aqueles que alcançam a atemporalidade conseguem escrever seu nome na história. Foi o que fez a icônica estilista francesa e é o caso da brasileira Patrícia Bonaldi. Com estilo único caracterizado pelos bordados artesanais, que são verdadeiras obras de arte, a mineira de Uberlândia tem apenas 43 anos de idade, mas já acumula mais de duas décadas na moda.

 

A estilista Patrícia Bonaldi – foto Léo Faria

 

Sua paixão pelo universo dos tecidos e costuras começou ainda na infância, porém o sonho ficou adormecido enquanto tentava se encontrar em outras áreas. Após um período de três anos no Japão – onde trabalhou em uma fábrica e aprendeu valores como disciplina, determinação e planejamento –, Patrícia retornou à sua cidade natal e, em 2002, deu seus primeiros passos como estilista, quando lançou sua marca homônima focada em vestidos de festa. 

Hoje, a empresária responde apenas por PatBO, marca de moda casual lançada em 2012 e que lapida seu nome no mercado internacional. Com a mesma excelência nos bordados e no handmade – em coleções amplas que incluem beachwear, jeans, casual e evening –, já tem 12 lojas próprias no Brasil e está presente em mais de 26 países, sendo os Estados Unidos o maior mercado, com uma loja no Soho, em Nova York, e outra no Design District de Miami. 

Única brasileira no calendário oficial do Council of Fashion Designers of America, ela já é figurinha carimbada na New York Fashion Week, na qual apresentou em fevereiro sua coleção de Fall/Winter 24, batizada de “Femme Frames” e inspirada no empoderamento da mulher moderna e em suas múltiplas facetas. 

 

Ajuste final da coleção “Femme Frames” – foto Leca Novo

 

Em entrevista à 29HORAS, Patrícia Bonaldi fala sobre seus sonhos, como enxerga o mercado da moda e qual é a sensação de vestir celebridades como Alicia Keys, Jennifer Lopez e, mais recentemente, a diva Beyoncé em sua Renaissance Tour. Confira a seguir os principais trechos:

Como surgiu a sua relação com a moda? Quais foram as suas referências?
Minha ligação com a moda floresceu com a minha mãe, que sempre foi minha inspiração – eu a acompanhava nas lojas e apreciava profundamente o trabalho das estilistas. Desde cedo, desenvolvi um amor por explorar tecidos e visualizar o processo de confecção de roupas. Observar mulheres discutindo desenhos e participando desse universo se tornou uma rotina incrível para mim! Essa interação constante com o mundo da moda não apenas aprofundou minha paixão, mas também moldou meu desejo por participar ativamente do desenvolvimento de peças únicas.

Qual foi a primeira peça que você criou? O que ela significava para você?
Em 2002, dei o primeiro passo ao inaugurar uma loja multimarcas em Uberlândia. Muitas clientes demonstravam interesse pelos vestidos que eu mesma desenhava e usava. Explicava que essas peças eram exclusivas e não estavam disponíveis para venda, mas houve um momento marcante em que uma cliente insistiu, sugerindo que eu começasse a criar para outras pessoas. Encarei o desafio e prometi a ela que faria algo exclusivo, com total liberdade criativa. Assim, surgiu um vestido preto midi de cetim. Esse foi o ponto de virada: ao trazer minha visão única e minhas próprias criações para o negócio, tudo começou a mudar de direção.

O que a levou a criar a marca Patrícia Bonaldi em 2002 e, em 2012, a PatBO?
Ao retornar do Japão após três anos, minha intenção era empreender. Foi assim que, em 2002, nasceu a marca Patrícia Bonaldi, dedicada ao segmento de festas, que destacava vestidos bordados. Uma década mais tarde, em 2012, surgiu a PatBO, impulsionada pelo meu desejo de explorar o universo mais casual da moda. Mantivemos como pilar central o cuidado artesanal e elevamos o bordado, a alfaiataria e as estampas para um local mais experimental e ousado. Essa diversidade reflete a evolução da marca ao longo do tempo e nossa constante busca por inovação e versatilidade, mantendo sempre a essência do handmade.

 

foto Leca Novo

 

Quais são as principais diferenças entre as duas marcas?
As peças de Patrícia Bonaldi eram desenvolvidas para o segmento de festas e roupas de gala, exalando sofisticação. Já a PatBO tem como objetivo principal a elegância, mas com um toque descontraído, e apresenta uma variedade de itens que transitam pelo universo do jeans, do casual e do beachwear. Os shapes distintivos e os bordados marcantes continuam a ser elementos essenciais, proporcionando uma identidade consistente e reconhecível.
Apesar das nuances em nossas propostas, o DNA permanece o mesmo.

Como foi o processo de internacionalização? Qual a diferença entre o comprador brasileiro e o de outros países?
É importante ter um negócio consolidado para o processo de internacionalização. Exportar não se resume apenas a ter um produto desejado, é crucial possuir uma logística bem estruturada e estar preparado, sem margem para erros. No caso da Saks Fifth Avenue [loja de departamento americana que vende artigos de luxo], por exemplo, foram necessários três anos até que iniciassem a compra de produtos da PatBO. O público brasileiro te permite a experimentação, aprender com as tentativas. Em outros países, essa margem de manobra é significativamente reduzida e exige compreender o processo de internacionalização para seguir o negócio. Aprendi com o internacional a trazer esse formato mais fragmentado. Tenho uma marca com olhar e estratégia globais. São poucas coisas que adaptamos para cada hemisfério, porque queremos que a experiência de compra seja a mesma.

Em 2020, você fez a sua estreia na New York Fashion Week. Como aconteceu o convite e como foi a experiência? Para você, o que o evento significa para o mercado da moda?
Atribuo esse sucesso à abordagem que adotamos para a internacionalização da PatBO. Na nossa estreia em 2020, apresentamos em uma plataforma digital peças exclusivas para os Estados Unidos, e o desfile se revelou um momento crucial para introduzir nossa coleção a uma audiência que incluía tanto celebridades quanto compradores renomados. Foram quatro anos de dedicação, seguindo minha visão de construir a marca por meio da produção de roupas autênticas. Cada participação no NYFW é motivo de celebração! Ser a única brasileira no CFDA (Council of Fashion Designers of America) é uma honra e representa a consolidação da marca no cenário internacional, resultado de uma trajetória longa e muito comprometida.

 

foto Leca Novo

 

É muito diferente de se apresentar no São Paulo Fashion Week? Como você enxerga o evento no Brasil?
A estreia da PatBO no SPFW, em 2015, foi uma emoção indescritível e representou um marco. A decisão de integrar o calendário foi tomada com a certeza de que estávamos trilhando o caminho adequado para participar do evento de moda mais relevante do país. Enxergo o evento no Brasil de forma positiva, a ponto de decidirmos retornar às passarelas brasileiras. No ano passado, apresentamos nossa coleção de Alto Verão diretamente em nossa flagship. Sentia a necessidade de compartilhar essa experiência com nossas clientes e quis proporcionar algo ao nível da NYFW.

 

Modelo desfila peça da coleção “Femme Frames” na NYFW – foto BFA

 

Hoje as suas roupas vestem diversas celebridades mundiais, como é o caso de Beyoncé, em sua última turnê. Quando você começou, qual era a sua principal ambição em termos de sucesso?
Sem dúvida a presença de celebridades vestindo nossas peças representa uma parte emocionante e significativa da jornada da PatBO, é uma validação do trabalho duro que dedicamos em busca da excelência criativa. Mas meu foco primordial para alcançar o sucesso é a criatividade e o design exclusivo das peças. É essa singularidade que naturalmente atrai a atenção das personalidades, impulsionando a notoriedade da marca. Ver a PatBO no ponto em que está hoje é a realização de um sonho! Porém, sou alguém que confia na intuição. Não se trata de estagnar e continuar fazendo a mesma coisa indefinidamente. É sobre se adaptar de maneiras diversas, evoluindo com o tempo e com o aprendizado acumulado. É uma narrativa em constante transformação.

As suas peças são feitas à mão, valorizando os processos artesanais. Como você vê esse mercado atualmente no Brasil e no mundo?
Quando comecei, estávamos imersos em uma fase da moda mais minimalista, pelo menos aqui no Brasil. Decidi ousar, indo na contramão desse movimento. Um dos valores que ganhou maior destaque internacional para minha marca é a produção no Brasil, em especial o bordado realizado em minha cidade natal. Não encaro a moda como apenas a criação de mais uma peça de roupa, como uma simples calça jeans. Para mim, cada peça deve contar uma história, transmitir algo especial e provocar sensações únicas. Sempre ressalto que cada mercado tem seus objetivos específicos; nada é uniforme. O fundamental é acreditar em sua proposta e seguir em frente com determinação.

 

foto Leca Novo

 

Quais são seus próximos passos e como imagina o futuro? Ainda quer realizar algum grande sonho com as marcas?
A médio prazo, tenho a intenção de consolidar a presença da PatBO no mercado asiático. Durante minha viagem para a China, realizei um estudo aprofundado em colaboração com minha equipe para compreender as nuances desse mercado e suas oportunidades. Além disso, pretendo dedicar parte do foco ao nosso Projeto Costurando Sonhos, que nasceu do desejo de perpetuar a técnica manual, capacitar mulheres e gerar conhecimento. Essa iniciativa representa um passo significativo na promoção da habilidade artesanal. Quero expandir essa escola para outros  estados – buscando profissionalizar e inspirar em diversos setores empresariais – e ampliar de outras formas a PatBO, como fazer sapatos… Estamos só começando!   

 

Vestido da coleção “Femme Frames” – foto BFA

 

Sintonia na SPFW!

De 9 a 14 de abril, o Iguatemi São Paulo, o JK Iguatemi e outros locais icônicos da capital paulista recebem mais uma Semana de Moda, que nesta edição apresenta o tema “Sintonia”. “Sempre enxergamos as pessoas, a moda e o Brasil no lugar da potência, e o SPFW como esse espaço de experiências e encontros sintonizados com os temas de seu tempo, e que ajudam a desenhar novos modelos de mundo no século 21”, explica Paulo Borges, fundador e diretor criativo do SPFW. Entre as 27 marcas que desfilam, estão nomes muito conhecidos pelo público, como Lilly Sarti, Lino Villaventura, Patricia Viera, Glória Coelho e João Pimenta, ao lado de estreantes como Catarina Mina e Reptilia. Mais informações em: www.spfw.com.br

Marcas brasileiras de acessórios em couro, adeptas do conceito slow fashion, prezam pela produção certificada e responsável

Marcas brasileiras de acessórios em couro, adeptas do conceito slow fashion, prezam pela produção certificada e responsável

Com design autoral e produção artesanal e consciente, marcas brasileiras de acessórios em couro ganham cada vez mais espaço no mercado nacional

Um acessório pode ser muito mais do que algo utilitário ou mesmo supérfluo. As bolsas, por exemplo, há muito tempo deixaram de ser meros recipientes para guardar e carregar pertences e se tornaram até mesmo obras de arte e objetos de desejo que perduram por gerações, especialmente aquelas feitas por meio de processos artesanais e com materiais duráveis, como o couro.

De acordo com levantamento do Sebrae, o artesanato brasileiro movimenta cerca de R$ 100 bilhões por ano, com mais de 8,5 milhões de artesãos espalhados por todos os estados. “Desde a pandemia, o mercado viu uma valorização nos produtos artesanais e no desejo de criar laços com a marca. O movimento slow fashion se contrapõe ao modelo de negócios que vivemos atualmente, que é basicamente produzir, comprar e receber o mais rápido possível. Uma de nossas premissas sempre foi a produção em pequena escala e, muitas vezes, sob demanda, evitando desperdício e estoque parado”, analisa Nicole Malo, fundadora da Guarda Mundo – marca de acessórios feitos à mão em couro certificado, que tem como diferenciais a possibilidade de montar a bolsa do jeito que preferir e de gravar nomes nas peças.

 

Bolsa Nena, da Guarda Mundo – foto Nicole Malo

 

A empresa preza por uma cadeia produtiva transparente e, por isso, foi em busca do couro mais sustentável do mercado, que gera 93% menos resíduos quando comparado com o processo produtivo do couro comum. Além disso, conta com rastreamento via satélite que permite o monitoramento desde as fazendas de origem até a entrega do produto. “Isso garante que nossa matéria-prima seja um resíduo da indústria alimentícia e não proveniente de propriedades que estejam envolvidas com trabalho análogo à escravidão, com ocupação de áreas indígenas ou desmatamento ilegal”, pontua.

Outra marca de acessórios feitos à mão com couro natural brasileiro certificado e rastreado é a Matri, da designer Maiá Zequi, que nasceu de seu desejo de encontrar no mercado nacional bolsas com identidade, design autoral e com a qualidade de uma bolsa internacional. “A indústria de couro do Brasil é uma das maiores do mundo, nossa qualidade é AA. O processo de produção da Matri é muito transparente e é acompanhado por mim desde a criação da bolsa até a finalização, o que leva em média 30 dias. Utilizamos em todas as etapas técnicas primorosas, como costuras manuais, bordados e matelassados”, compartilha a fundadora.

 

Bolsa Emmy, da Matri – foto divulgação

 

Para Maiá, o setor ainda tem um caminho muito longo a percorrer diante das gigantes da moda, mas sempre visará manter na cadeia produtiva os seus valores e responsabilidade ambiental. “Queremos crescer como empresa e marca, mas não de forma extravagante a ponto de prejudicar a nossa essência de design autoral e qualidade em um processo claro e transparente”, reflete.

A Ryzí segue a mesma linha autoral e artesanal, e propõe peças em couro com designs geométricos que fogem do óbvio e causam impacto visual, porém fáceis de usar. “Com tecnologia, trazemos diferentes angularidades com inspiração no origami – arte japonesa de dobraduras – e efeito 3D”, conta a fundadora e diretora criativa Luiza Mallmann. Ela explica que, apesar de o mercado estar enxergando cada vez mais a importância do handcraft, cada vez menos pessoas querem trabalhar com essa arte porque gera um lucro baixo e tem um grau de dificuldade manual alto.

“Grandes maisons como a Bottega Veneta, têm criado escolas para formar profissionais e na Ryzí nós também investimos na capacitação de artesãos locais dentro de nossa fábrica, para preservar a tradição do couro e garantir a qualidade artesanal”. A marca demora em média seis meses para desenvolver um produto e trabalha sempre com lançamentos menores.

 

Item da coleção da Ryzí + Alexandre Herchcovitch, que acaba de ser lançada – foto divulgação

 

Guarda Mundo
Rua Ferreira de Araújo, 409D, Pinheiros.
Tel. 2592-5652.
De segunda a sábado, das 11h às 18h.

Matri
Alameda Lorena, 1304, sala 1204, Cerqueira César.
Tel. 97506-9888.
O estúdio atende com hora marcada.

Ryzí
Rua Estados Unidos, 2090, Jardim América.
Tel. 51 99992-1101.
De segunda a sexta, das 9h às 19h.