Descubra uvas e vinhos ainda pouco conhecidos por brasileiros no geral

Descubra uvas e vinhos ainda pouco conhecidos por brasileiros no geral

Uvas pouco conhecidas apresentam novos aromas e sabores. Explore essas variedades nada óbvias e se surpreenda

Parece incrível, mas consta que no mundo existam cerca de 5 mil tipos de uvas próprias para a produção de vinhos – as chamadas vitis-viníferas. Muitos acreditam que algumas sejam as mesmas com nomes diferentes, afinal há uvas com cerca de 15 denominações distintas dependendo do país e da região de origem.

De qualquer forma, o livro “Wine Grapes”, de Jancis Robinson, Julia Harding e Jose Vouillamoz, catalogou 1.368 uvas e, atualmente, está em revisão e parece que mais 600 serão incorporadas à nova edição!

 

foto Shutterstock

 

Precisamos aumentar o nosso repertório gustativo em relação aos vinhos. Ficarmos restritos apenas às tintas Cabernet Sauvignon, Malbec, Carménère, Merlot, Pinot Noir, ou às brancas Chardonnay, Sauvignon Blanc e Moscatel, limita outras tantas experiências enogastronômicas e cheias de sabor que podemos vivenciar.

Sugiro, a seguir, uvas e vinhos ainda pouco conhecidos por brasileiros no geral. Aproveite!

Brancas

Nascetta: Uva do Piemonte, região da Itália, com densidade e acidez marcantes. O produtor é o Elvio Cogno e é possível encontrar seu vinho na importadora Ravin.

Müller-Thurgau: Stefan Vetter Müller-Thurgau Steinterrrassen, alemão da casta Müller-Thurgau – vinho natural com nariz floral e cítrico e boca muito fresca. Uma preciosidade que é trazida para o Brasil pela Natural Vinci, que é a divisão de vinhos naturais da importadora Vinci Vinhos.

Encruzado: Uva deliciosa da região do Dão, em Portugal, seu vinho oferece cremosidade e aromas florais e de frutas brancas de caroço, evolui maravilhosamente bem com o tempo, crescendo seu leque de aromas e sabores. Experimente o Quinta da Falorca Encruzado, disponível no site da importadora World Wine.

Tintas

Gamay: Uva do sul da Borgonha, no Beaujolais, tinta leve e fresca com nariz que lembra morangos maduros, pura sedução de frescor e delicadeza. Prove o La Part du Colibri Gamay do Domaine Vincent Caillé, à venda na Delacroix Vinhos.

Caberlot: Intrigante uva de um cruzamento genético espontâneo entre Cabernet Sauvignon e Merlot, que aconteceu naturalmente em um pequeno vinhedo da Toscana no produtor Il Carnasciale. Uma experiência única de estrutura e elegância que mistura cerejas, ameixa preta, alta acidez e corpo equilibrado. É possível encontrar esse tesouro na Importadora Mistral.

Garnacha Peluda: Uva rara da região da Catalunha, recuperada pelo produtor Joan Arrufi, com frutas negras e alcaçuz, resultando em um vinho muito sedutor, redondo, equilibrado com taninos macios. Falo do Altavins Almodí D.O. Terra Alta, disponível na Premium Wines.

Inverno 2024 na Serra da Mantiqueira começa cheio de novidades em passeios, hotelaria e gastronomia!

Inverno 2024 na Serra da Mantiqueira começa cheio de novidades em passeios, hotelaria e gastronomia!

Entre as diversas novas atrações desta temporada de inverno, vale destacar a abertura do Parque Bambuí, o hotel Botanique recuperando a proposta e os padrões da época de sua inauguração e o enoturismo na Vinícola Ferreira, agora com rótulos premiados na Europa

Todo ano é a mesma coisa: o inverno chega e, em um movimento inverso, os paulistanos sobem a serra. Começa este mês a temporada 2024 nas cidades que compõem a Serra da Mantiqueira, que sempre preparam novidades para os visitantes da vez. Entre elas, destaque para um novo parque, uma vinícola premiada que se abre para o público e um hotel fabuloso que acaba de ganhar novo fôlego.

Depois de uma mal-sucedida parceria com o grupo Six Senses, o Botanique está sob nova direção, resgatando a coerência e a excelência que marcaram os primeiros anos do empreendimento, inaugurado há pouco mais e uma década. Com apenas sete apartamentos e 13 lindas vilas privativas espalhadas pela exuberante vegetação, o hotel oferece uma experiência de luxo única, baseada no bem-estar, na conexão com a natureza e em uma gastronomia inspirada pelas tradições locais – tudo em elegantes ambientes decorados sem excessos e sem emular chalés alpinos.

 

A fachada do Hotel Botanique Experience – foto divulgação

 

O restaurante Mina agora é comandado pelo chef Cristóvão Duque, que aprimorou seu talento na École de Cuisine Alain Ducasse e trabalhou em uma cozinha estrelada na Borgonha. Não deixe de provar seu wellington de mignon suíno servido com pêssegos assados e seu magret de pato acompanhado de purê de maçã.

O spa ganhou um deck com vista para as montanhas e novos tratamentos, como a massagem inspirada em movimentos de cura indígenas. Outra boa novidade é o bar que agora ocupa o lugar onde funcionava o cinema. O local é perfeito para tomar um drinque observando as estrelas do céu e para curtir os shows de jazz que animam as noites de sábado.

 

Salão do restaurante Mina, no Botanique – foto divulgação

 

Rebatizado como Hotel Botanique Experience, essa referência da hospitalidade nacional fica dentro de uma reserva de Mata Atlântica de Altitude com 1,2 milhão de metros quadrados, a 20 km do centrinho de Campos do Jordão e a apenas 8 km de Santo Antônio do Pinhal. As diárias variam de R$ 2.500 a R$ 6.000, mas a “entrega” justifica cada centavo desembolsado.

Ali perto, também na entrada de Campos para quem vem de São Paulo, foi inaugurado no final do ano passado o Parque Bambuí, um complexo de lazer que fica próximo do Hotel Toriba – e pertence aos mesmos donos. São 336 mil metros quadrados de área verde, com três lagos, uma Maria-Fumaça de 1920 ainda em operação, várias obras de arte espalhadas pelo bosque, um bar da cervejaria artesanal e um restaurante. O bar é tocado pelo pessoal da Gård (fazenda, em dinamarquês), que serve ali quatro de suas brejas – a bohemian pilsner, a wheat, a IPA e a escura Tmavé. Para beliscar, as melhores opções são o choripán e a currywurst.

 

Vista do lago do Parque Bambuí – foto divulgação

 

Já o restaurante Casa Bambuí é comandado por Anouk Migotto, conhecida por seu trabalho à frente do Donna Pinha, de Santo Antônio do Pinhal. Com um menu inspirado nos sabores da Mantiqueira e ingredientes locais, ela aposta em receitas como o Faux Gras (versão vegana do foie gras, feita com cogumelos, pinhões e lentilhas) e o cordeiro com aligot. Na hora da sobremesa, não deixe de provar o souflée de frutas vermelhas.

Entre as obras de arte do parque está a impactante escultura “Voo dos Pássaros”, criada pelo artista visual Eduardo Srur com mais de mil gaiolas apreendidas pela Polícia Federal em operações contra o tráfico de animais silvestres.

 

A escultura do artista plástico Eduardo Srur instalada no Parque Bambuí – foto divulgação

 

Mais distante, ali para os lados da Pedra do Baú e do projeto EntreVilas, já no município de Piranguçu (no estado de Minas Gerais), funciona a Vinícola Ferreira. O caminho até lá não é para qualquer carro, mas o que se vê ao chegar é algo impressionante: dezenas de hectares com vinhedos cobertos (para proteger as videiras das chuvas) e uma imponente construção onde as uvas são vinificadas, engarrafadas e armazenadas até o ponto ideal.

Recentemente, o Piquant Soléil, elaborado unicamente com uvas syrah, faturou em 2023 uma medalha de ouro na competição organizada pela revista britânica “Decanter”. Cada garrafa deste rótulo custa R$ 450. Outro rótulo cobiçado da vinícola é o São Bernardo, feito com um blend de uvas cabernet sauvignon, cabernet franc, marsellan, petit verdot e syrah. Com preço na faixa dos R$ 300 e ele ganhou em 2022 uma medalha de prata na PWC (Paris Wine Cup). O rosé Lavande de Montagne e o branco Fumé Blanche também surpreendem pelo equilíbrio e pela complexidade aromática. São, sem dúvida, os melhores vinhos produzidos nessa porção da Mantiqueira.

 

Os vinhedos da vinícola Ferreira – foto divulgação

 

Para degustá-los de maneira apropriada, a vinícola abriga o restaurante Mesa de Pedra, com cozinha comandada pelo jovem e promissor chef Gabriel Oliveira e com a simpática sommelière Tábata no salão, solucionando dúvidas e indicando as melhores opções aos clientes. Vale muito a pena provar o rigatoni em ragu de linguiça e a sensacional truta empanada no fubá, servida com arroz negro cremoso e farofa de pinhão.

Hotel Botanique Experience
Rua Elídio Gonçalves da Silva, 4.000, Campos do Jordão (SP).
Tel. 12 3662-5800.

Vinícola Ferreira
Rodovia MG383, km 2, Piranguçu (MG).
Tel. 11 95027-3808.

Parque Bambuí
Rua Fausi Rachid, 871, Campos do Jordão (SP).
Tel. 12 99632-8449.
Ingressos a R$ 40.

Vinhos provenientes de uvas orgânicas e sem adição de químicos conquistam reconhecimento mundo afora

Vinhos provenientes de uvas orgânicas e sem adição de químicos conquistam reconhecimento mundo afora

Temos diversas e excelentes opções de vinhos naturais no mercado. Fiz uma lista com alguns que provei recentemente e recomendo, em diferentes importadoras.

Parecia um modismo passageiro, mas se tornou tendência e, hoje, está definitivamente estabelecido. Qualquer restaurante ou loja de vinhos disponibilizam uma seleção de vinhos naturais. E isso já acontece no Brasil e no eixo Rio-São Paulo, além de ser um fato mundial.

Estive em Paris em fevereiro passado para acompanhar a Raw Wine Fair 2024 da Isabelle Legeron, a Master of Wine, que levantou a bandeira dos vinhos naturais. Por lá, fiquei impressionado com a presença desses produtos na cidade. Até as conhecidas lojas Nicolas – que apresentam rótulos para diferentes gostos a preços razoáveis – destacam em suas vitrines os vinhos naturais.

 

foto Pexels

 

É importante lembrar ao leitor que esses rótulos devem ser produzidos com uvas no mínimo orgânicas – é ideal que sejam biodinâmicas e sem nenhuma intervenção ou acréscimo de químicos em seu processo de fermentação, que deve acontecer naturalmente com suas próprias leveduras. Nem mesmo ao engarrafar esses vinhos deve-se acrescentar dióxido de enxofre, uma vez que a própria fermentação produz um pequeno porcentual de anidrido sulfuroso, que é suficiente para conservá-lo.

Natural Vinci (www.vinci.com.br)

• Solo Rosso B, italiano de Maurizio Ferraro Barbera 100% – R$ 331,09

• Tot Blanc Blend, espanhol da Celler Tuets das castas Chenin Blanc, Garnacha Blanca e Moscatel de Alexandria – R$ 253,70

• Müller-Thurgau Steinterrassen, alemão de Stefan Vetter – R$ 386,33

• Stella Crinita Amici Miei, argentino da Joanna Foster, Malbec e Syrah – R$ 314,51

De la Croix (www.delacroixvinhos.com.br)

• Alice Chante do Domaine Rimbert do Languedoc, 100% Alicante Bouschet – R$ 139

• Bombisch do alsaciano Domaine Binner, 100% Riesling – R$ 215

• Gamayoptère do Domaine Antoine Lienhardt da Bourgogne, 100% Gamay – R$ 235

• L’Emouvante um 100% Syrah do Domaine Gramenon das Côtes du Rhône – R$ 408

Mistral (www.mistral.com.br)

• San Leonardo da Tenuta San Leonardo no Trentino italiano Cabernet Sauvignon, Carménère e Merlot – R$ 1.049,64

• Alsace Complantation de Marcel Deiss, vinhedos com mais de 12 castas misturadas – R$ 320,03

Uruguai se destaca por experiências em bodegas e oferece hotelaria confortável que completa a viagem etílica

Uruguai se destaca por experiências em bodegas e oferece hotelaria confortável que completa a viagem etílica

País ao sul do continente, Uruguai oferece enoturismo com bons rótulos, gente educada e cidades limpas e seguras

O enoturismo é palavra de ordem no mundo do vinho. No Uruguai não é diferente, e sugiro a você que gosta de bons rótulos, de gente educada, civilizada e simpática, e que busca cidades limpas e seguras – onde, por exemplo, é possível usar seu celular sem se preocupar – que visite nosso país vizinho. Pode ser um feriado ou mesmo um final de semana. Escolha Montevidéu ou Punta del Este e me agradecerá a dica.

Em Montevidéu, onde há inúmeros hotéis, me atrevo a sugerir um lugar onde me hospedei em dezembro e adorei a experiência, o Aloft Montevidéu – que apresenta estrutura, conforto, bom atendimento e é exatamente ao lado do Shopping Carrasco e a uma quadra da Ramblas Montevideo – avenidas litorâneas com mais de 20 km de extensão às margens do Rio de la Plata. É prazeroso um passeio à noite em segurança, vendo os charmosos bares e restaurantes bem frequentados e convidativos.

 

Bodega Garzón, no Uruguai – foto Alejandro Goldemberg

 

A cidade está na região de Canelones, onde há a maioria das bodegas do Uruguai. No próprio hotel oferecem transporte e agendamento de visitas a algumas delas. Com estrutura de enoturismo, com receptivo, sugiro a Bouza, a Pizzorno e a Juanicó – opções em que você sempre será bem recebido e degustará vinhos excepcionais.

Se sua escolha for por Punta, também há fartura de ótimos vinhos e acomodações confortáveis. Fiquei no Enjoy Punta del Este – o antigo hotel Conrad e que todos ainda conhecem por esse nome, para o desespero dos novos donos chilenos. É um super hotel com cassino, lojas, uma piscina espetacular e tem Punta a seus pés.

Por lá, sugiro a gigante e linda Bodega Garzón – faça a visita e almoce no local, parece que você está na Califórnia, pela paisagem plana, rústica e bastante solar. Seus vinhos são especiais, muitos seguem a técnica da utilização de leveduras indígenas, como prega seu consultor italiano, o enólogo Alberto Antonini.

Conheça também, em Pueblo Garzón, a pequena notável Compañia Uruguaya de Vinos de Mar, a Bodega Oceánica e a Alto de la Ballena, que são surpreendentes. Há muito mais, mas você precisaria de mais tempo e essas são bons começos. Saúde!

Ao sul de Portugal, o Alentejo reserva vinícolas que hospedam com conforto e muito sabor

Ao sul de Portugal, o Alentejo reserva vinícolas que hospedam com conforto e muito sabor

Atravessar a Ponte Vasco da Gama, sobre o Rio Tejo, e dar com os costados no Alentejo tem sido a opção de quem é ávido por paz

Lisboa, todo mundo sabe, hoje é uma das cidades mais agitadas da Europa. A de aluguéis mais altos também, segundo recente levantamento da plataforma HousingAnywhere. Inegável o borogodó da capital portuguesa, com sua vida noturna sacudida, a comida generosa, a arquitetura secular, o fado e tanta história. Mas o que torna Lisboa tão atraente também afasta quem visita Portugal em busca de sossego, discrição e exclusividade.

Atravessar a Ponte Vasco da Gama, sobre o Rio Tejo, e dar com os costados no Alentejo – viagem que dura um pulo de uma hora e meia – tem sido a opção de quem é ávido por paz. A questão nem é financeira: hospedar-se em hotéis de charme, em formosas propriedades rurais da região, está longe de ser um programa econômico. Fugir da muvuca e curtir alguns dias de prazer em meio aos vastos vinhedos e olivais, porém, vale cada centavo de euro desembolsado.

O Alentejo não é exatamente bonito, se o compararmos a outras regiões vinícolas de Portugal, como a dos Vinhos Verdes, de natureza luxuriante, ou o Douro, com suas colinas dando bossa à paisagem. Quente e seco, o Alentejo oferece vistas monótonas e planas em quase toda sua extensão, mas guarda encantos escondidos. Quem sabe das coisas os conhece. Talvez a melhor forma de camuflar-se por lá, unindo vários úteis a inúmeros agradáveis, seja escolher vinícolas que hospedam com luxo e sabor.

Torre de Palma

O hóspede do Torre de Palma Wine Hotel, em Monforte – a duas horas da capital portuguesa, quase na fronteira com a Espanha, em direção sudeste – é recebido com um coquetel no topo da construção que dá nome ao lugar. A torre foi erguida no século 14, quando a propriedade pertencia à Coroa Portuguesa. Hoje não tem o sentido de guarda e, sim, o de contemplação. Dali temos a visão infinita da planície alentejana, dos sete hectares de vinhas e da construção em forma de fortificação que nos abrigará pelos próximos dias.

 

Vista aérea do Torre de Palma, em Monforte – foto divulgação

 

A história contada pelos funcionários bem descreve a paz que se consegue ter no hotel. Uma senhora solitária reservou uma semana de estadia. Alongou-a por mais um pouco e mais um pouco… Quando se deu conta, estava ali por três meses. Passava os dias lendo, deliciando-se com a culinária da equipe do chef Miguel Laffan, dono de uma estrela Michelin, e harmonizando-a com vinhos produzidos na casa com uvas regionais como Aragonez, Alicante Bouschet, Touriga Nacional, Arinto e Antão Vaz.

A produção de vinhos da Torre de Palma é pequena, de até 60 mil garrafas por ano, e seus proprietários não pretendem fazê-la crescer. Não querem perder o caráter artesanal de sua elaboração, com uvas colhidas manualmente e pisadas a pé, vinificadas em uma elegante adega, aberta à visitação guiada para hóspedes e turistas avulsos.

 

Adega do Torre de Palma – foto divulgação

 

Quem não é do álcool tem à disposição aulas de equitação e passeios a cavalo pelas redondezas, workshops de gastronomia e agricultura, voo de balão, observação de pássaros, piquenique no campo, visitas a ruínas romanas e passeios guiados pela natureza. Quem é do bem-bom pode escolher o spa com diversas massagens e tratamentos ou refestelar-se no seu canto. São 19 opções de acomodação, do quarto duplo à suíte master, cada uma decorada em estilo diferente.

 

Quarto do hotel Torre de Palma – foto divulgação

 

São Lourenço do Barrocal

O hotel-fazenda São Lourenço do Barrocal, em Monsaraz, impressiona pelo aspecto pitoresco e pela tipicidade alentejana. Propriedade rural fundada há 200 anos, passou por um sensível trabalho de arquitetura que adaptou antigas instalações em comodidades para o turista, sem prejuízo às linhas originais do lugar. É uma viagem no tempo em que também nos deparamos com o moderno e com o surpreendente.

Os quartos dos trabalhadores que viviam na fazenda tranformaram-se em acomodações para hóspedes. Casas antes dedicadas aos convidados da família foram convertidas em algumas das opções mais luxuosas de estadia. O antigo canil hoje abriga o restaurante principal. Os dormitórios dedicados aos trabalhadores sazonais foram convertidos num spa com assinatura da marca austríaca Susanne Kaufmann.

 

Quarto em São Lourenço de Barrocal – foto Nelson Garrido

 

Boa parte da comida e da bebida servidas no Barrocal é produzida ali: hortaliças orgânicas, mel, azeite, vinho. Os hóspedes participam de colheitas, têm aulas sobre a produção desses víveres ou simplesmente aproveitam seu sabor a cada garfada ou gole. A vinícola é diminuta, dá conta do consumo no próprio hotel. Mas o visitante pode comprar seus rótulos na loja, que oferece não somente o que é feito na propriedade, mas privilegia a tradição gastronômica e artesanal alentejana.

 

Degustação de vinhos e azeites em São Lourenço do Barrocal – foto Ash James

 

Quem gosta de colocar a mão na massa pode participar de workshops de apicultura, arranjos florais, olaria, coquetelaria e culinária ou aprender a fiar lã de ovelha. Fãs de aventura têm a seu dispor passeios a cavalo, de bicicleta, caminhadas e outras atividades. Quem é dos programas culturais engaja-se em roteiros pelo Alentejo, guiados por historiadores.

Herdade do Sobroso

Impossível visitar a Herdade do Sobroso e não ter vontade de ficar. O lugar tem um quê tão acolhedor que tudo o que pensamos, de imediato, é passar dias à beira da piscina, sorvendo refrescantes vinhos brancos ou rosés produzidos ali, embasbacando-se com a vista, agora não mais plana. O Sobroso está na Vidigueira, região alentejana pródiga em relevos e recortes, a 190 km de Lisboa.

 

Piscina do Herdade do Sobroso, no Alentejo – foto divulgação

 

Se a natureza local flechar seu coração, é possível programar um safári fotográfico, pois a propriedade está dentro de uma área de preservação, onde vivem veados, javalis, lebres, patos selvagens e outras espécies. Em ritmo de adrenalina, é possível ainda programar passeios de balão, cavalgadas, trilhas de mountain bike ou corridas de caiaque. O spa, as aulas de ioga e de meditação realinham quem volta exausto das peripécias.

 

Restaurante do Herdade do Sobroso – foto Jeronimo Heitor Coelho

 

A oferta de vinhos é extensa, elaborada com mais de dez castas locais e algumas internacionais, como Cabernet Sauvignon e Syrah. Há várias opções de harmonização no menu do Sobroso, que conta com quitutes típicos: empadas alentejanas, queijos, embutidos e farta culinária local. Você também pode levar para casa azeites, vinagres, compotas, mel e infusões de ervas produzidos na herdade.

Mais Vinícolas do Alentejo que hospedam (ou não)

Há mais opções para quem quer fazer o roteiro vinho-aventura-descanso na região. A Herdade dos Grous é mais uma vinícola de respeito que abriga um hotel de charme com quartos e suítes lindamente decorados. A chique Herdade da Malhadinha Nova tem quartos, suítes e villas modernas e minimalistas para quem preza o sossego e a vida zen.
Estando no Alentejo, procure conhecer outras vinícolas bonitas e importantes, que não hospedam, mas garantem a visita pela qualidade dos vinhos e pela rica gastronomia. Quinta Dona Maria está em um recanto construído no século 18 pelo rei Dom João V para sua amante. Os vinhos são clássicos e espetaculares. Os salões, revestidos com a mais fina azulejaria portuguesa, fazem cair os queixos.

Já a Herdade do Rocim tem arquitetura contemporânea, produz rótulos ousados e foi uma das responsáveis por resgatar comercialmente a técnica dos vinhos de talha, tradição de mais de 2.000 anos no Alentejo. Outra jovem vinícola é a Herdade Aldeia de Cima, notável pelo look clean e pelos vinhos elegantes.

 

Quinta Dona Maria, em construção do século 18 – foto divulgação

 

Visitar a Adega Cartuxa é um passeio que boa parte dos turistas quer fazer, pela fama de seus vinhos, sobretudo o cobiçado Pêra-Manca. E a Herdade do Esporão é outro ponto forte, pelos belos vinhos, pela fina produção de azeite e pelo restaurante estrelado no Guia Michelin.

Para quem é fã da bebida de Baco, visita indispensável também deve ser feita à Herdade do Mouchão, a mais antiga da região, fundada no século 19. Apesar de espartana, sem grandes atrativos para o turista comum, é o berço um dos vinhos mais complexos e simbólicos do Alentejo.

Torre de Palma Wine Hotel
Herdade de Torre de Palma, 7450-250
Vaiamonte, Portugal
Tel. +351 245 038 890
Diárias a partir de R$ 1.600.

São Lourenço do Barrocal
7200-177 Monsaraz, Portugal
Tel +351 266 247 140
Diárias a partir de R$ 3.180.

Herdade do Sobroso
Herdade Do Sobroso, 7960-909 Pedrogão, Portugal
Tel. +351 284 456 116
Diárias a partir de R$ 1.600.