Teatro Cultura Artística ressurge modernizado e reabre suas portas para grandes nomes da música

Teatro Cultura Artística ressurge modernizado e reabre suas portas para grandes nomes da música

Templo da música erudita quase destruído por um incêndio em 2008, Teatro Cultura Artística ressurge modernizado e com uma programação recheada de grandes atrações internacionais

Depois de uma grande reforma que durou 16 longos anos, o Teatro Cultura Artística reabre suas portas e cortinas para apresentações de grandes nomes da música. O ícone da cultura e da arquitetura paulistana está de volta, restaurado e modernizado após o terrível incêndio que o destruiu parcialmente, em agosto de 2008.

 

Fachada com mural de Di Cavalcanti – foto Nelson Kon / divulgação

 

Tombado pelo patrimônio histórico nas esferas municipal, estadual e federal, o novo prédio preservou os elementos estruturais desenhados pelo arquiteto modernista Rino Levi e incorporou novidades que embasam o projeto contemporâneo concebido pelo arquiteto Paulo Bruna. A obra “Alegoria das Artes”, de Di Cavalcanti, que adorna a fachada do teatro, passou por uma restauração que demorou 18 meses e consumiu 1,2 milhão de pastilhas de vidro. Os foyers do térreo e do primeiro andar também foram mantidos. Mas as salas de espetáculo e as áreas de circulação e apoio foram reprojetadas com o que há de melhor e mais moderno em termos de tecnologia, acústica e segurança.

Com 7.544 metros quadrados de área construída, a edificação abriga duas salas de espetáculo (com 750 e 150 lugares). As paredes da sala principal são revestidas por uma obra abstrata da artista plástica Sandra Cinto em tons de amarelo e dourado, reforçando a ideia de que aquele espaço é um “templo sagrado” da música e das artes. O térreo tem ainda um café e uma filial da livraria Megafauna, que permanecem abertos ao longo do dia, independentemente da programação de espetáculos.

 

Interior da sala com obra da Sandra Cinto – foto divulgação

 

Neste mês de setembro, as grandes atrações são a Amsterdam Sinfonietta (nos dias 16, 17, 18 e 19) e o concerto dedicado a Schubert do pianista finlandês de ascendência cubana Anton Mejias e do barítono alemão Matthias Goerne (nos dias 26 e 29). A temporada 2024 inclui ainda recitais e concertos de outros grandes expoentes da música erudita internacional, como a Orquestra de Câmara de Basel (nos dias 6, 7, 9 e 10 de outubro), a Internationale Bachakademie Stuttgart Gaechinger Cantorey (dias 27, 28, 30 e 31 de outubro), o violinista-celebridade Joshua Bell em duo com o pianista norte-americano Peter Dugan (dias 17 e 18 de novembro) e, por fim, a pianista francesa Hélène Grimaud (dias 27 e 28 de novembro).

Criada em 1912, a Sociedade de Cultura Artística já trouxe para o Brasil estrelas como Kurt Masur, Zubin Mehta, as irmãs Katia e Marielle Labèque, Wynton Marsalis, Lang Lang e Anne-Sophie Mutter, entre tantos outros.

 

Os músicos da Amsterdam Sinfonietta – foto divulgação

 

Teatro Cultura Artística
Rua Nestor Pestana, 196, Centro.
Tel. 3256-0223.

Parsons Dance faz homenagem ao Brasil com músicas de Milton Nascimento

Parsons Dance faz homenagem ao Brasil com músicas de Milton Nascimento

Companhia norte-americana de dança contemporânea faz homenagem ao Brasil com coreografia criada a partir de músicas do genial cantor e compositor mineiro Milton Nascimento

Fundada em 1985 pelo aclamado dançarino David Parsons e pelo premiado iluminador Howell Binkley em Nova York, a Parsons Dance é considerada uma das principais companhias de dança contemporânea de todo o mundo. Depois se apresentar em 445 cidades de 30 países, a trupe retorna este ano ao Brasil, dançando no Rio de Janeiro nos dias 24 e 25 de agosto. O repertório do espetáculo encenado no palco da Cidade das Artes mistura o clássico e o moderno, com pitadas pop.

 

foto divulgação

 

O público terá a oportunidade de ver coreografias como “Wolfgang” (tributo a Mozart), “Caught” (considerada uma das mais emblemáticas peças da companhia), “Balance of Power” (coreografia percussiva lançada em 2020) e , reconhecida como um dos solos mais intrigantes da Parsons Dance; “Juke” (concebida por Jamar Roberts, veterano do Alvin Ailey American Dance Theater, a partir de músicas de Miles Davis) e “Nascimento” – o grande destaque dessa apresentação, que faz uma homenagem ao Brasil, a partir de músicas de Milton Nascimento.

Cidade das Artes
Avenida das Américas, 5.300, Barra da Tijuca.
Tel. 21 3328-5300.
Ingressos de R$ 40 a R$ 300.

Caixa Cultural Rio de Janeiro exibe o melhor do fotojornalismo até o dia 25 de agosto

Caixa Cultural Rio de Janeiro exibe o melhor do fotojornalismo até o dia 25 de agosto

Na Caixa Cultural Rio de Janeiro, mostra da World Press Photo fica em cartaz até o dia 25, com imagens impactantes capturadas por 33 fotógrafos de 25 países. Quatro brasileiros têm seus trabalhos expostos

A Caixa Cultural Rio de Janeiro apresenta até o dia 25 de agosto a exposição World Press Photo 2024, que reúne 129 fotografias vencedoras do concurso anual. A mostra convida o visitante a sair do ciclo de notícias apresentadas em série e dedicar um olhar mais aprofundado para histórias relevantes, mas muitas vezes negligenciadas. A guerra em Gaza, a invasão russa na Ucrânia, a crise migratória e a emergência climática estão entre os temas destacados na edição 2024 da premiação. A exposição apresenta 24 projetos vencedores e seis menções honrosas, em um total de 33 fotógrafos de 25 países: Argentina, Austrália, Azerbaijão, Brasil, Canadá, China, Congo, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Irã, Japão, Myanmar, Palestina, Peru, Filipinas, África do Sul, Espanha, Tunísia, Turquia, Ucrânia, Reino Unido, Estados Unidos e Venezuela.

A Foto do Ano, ganhadora do maior prêmio do concurso, foi “Mulher Palestina Abraça o Corpo de Sua Sobrinha”, feita pelo palestino Mohammed Salem, da Agência Reuters. Na imagem, feita em outubro de 2023 no povoado de Khan Younis, a menina de apenas 5 anos havia acabado de ser declarada morta no Hospital Nasser, após ser atingida em um ataque das forças israelenses.

 

“Mulher Palestina Abraça o Corpo de Sua Sobrinha”, eleita Foto do Ano – foto wordpress photo / Mohammed Salem

 

Quatro brasileiros se destacaram no concurso e têm suas obras expostas na mostra World Press Photo 2024. Com “Seca na Amazônia”, premiada na categoria Individual da América do Sul, o fotógrafo Lalo de Almeida retrata a realidade de Porto Praia, lar dos povos indígenas Ticuna, Kokama e Mayoruna, desesperada com o “desaparecimento” do Rio Solimões. A imagem do indígena caminhando pelo leito seco do rio é assustadora.

Agraciada com uma menção honrosa por “Insurreição”, Gabriela Biló, fotógrafa radicada em Brasília, lança luz sobre os eventos de 8 de janeiro de 2023, quando uma enfurecida turba de vândalos invadiu o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e a sede do Supremo Tribunal Federal.

Os brasileiros Felipe Dana e Renata Brito foram premiados na categoria formato com “À Deriva”. No ensaio, eles contam a história de um barco vindo da Mauritânia, cheio de homens mortos, que foi encontrado na costa da ilha caribenha de Tobago.

 

Foto “Insurreição”, de Gabriela Biló – foto wordpress photo / gabriela biló

 

Caixa Cultural Rio de Janeiro
Rua do Passeio, 38, Centro.
Tel. 21 3980-2069.
Entrada gratuita.

Passeios turísticos em São Paulo combinam experiências gastronômicas, artísticas e culturais

Passeios turísticos em São Paulo combinam experiências gastronômicas, artísticas e culturais

Está em busca de passeios diferentes em SP? Saiba que a cidade reúne interessantes opções de cafés e restaurantes abrigados dentro de museus, galerias, teatros e casas de cultura.

Para além dos restaurantes conhecidos – como o Pipo, localizado no Museu da Imagem e do Som (MIS), sob o comando do chef Felipe Bronze – outros endereços revelam verdadeiras descobertas em locais menos visitados. Confira!

Restaurante Shakshuka – Centro da Terra
Primeiro e (por enquanto) único restaurante líbio da cidade, o Shakshuka mantém viva a tradição dos judeus de Trípoli que foram forçados a emigrar após a 2ª Guerra. A cozinha agrega elementos líbios, israelenses e brasileiros, e o carro-chefe, como o nome já entrega, é a shakshuka – uma receita de ovos em molho de tomate, originária do Norte da África, feita para compartilhar e comer com pão. O lugar – que está no térreo do espaço cultural Centro da Terra, em Perdizes – oferece ainda alguns clássicos da comida de rua do Oriente Médio, como falafel, hommus e sanduíches na pita. Antes ou após o jantar, é possível acompanhar no subsolo do simpático predinho o espetáculo “mãeparida” de Clarissa Braga, além de sessões de filmes nacionais. Rua Pìracuama, 19, Perdizes. Tel. 3675-1595. Segunda a sexta-feira, das 12h às 22h30.

 

foto Dalton Filho

 

Caffé Ristoro – Casa das Rosas
Próximo ao Itaú Cultural, Japan House, Masp e Sesc Avenida Paulista, a Casa das Rosas é mais um refúgio cultural da região. No jardim do casarão, o Caffé Ristoro é perfeito para um momento de contemplação e uma boa refeição antes de retomar os passeios. O local é comandado pelos mesmos donos do Il Pastaio Pasta Fresca, rotisserie italiana de 1970, e apresenta diversas opções da culinária italiana, tanto para um café ou almoço mais elaborado, com menu rotativo. Entre as sugestões do cardápio fixo estão as focaccias, tortas, salgados, doces e cafés especiais. Em agosto, a programação da Casa das Rosas contempla oficina de grafismo corporal, bate papo sobre poesia e diferentes saraus. Av. Paulista, 37, Paraíso. Tel. 3289-8897. Terça a domingo, das 10h30 às 18h.

 

foto divulgação

 

Aizomê – Japan House
O restaurante Aizomê expande suas atividades dentro da Japan House São Paulo com o Aizomê Café. Localizado no andar térreo, o novo café é comandado pela chef Telma Shiraishi e por seu sócio Marcelo Shiraishi. A inspiração vem dos cafés japoneses, puxados pelo fenômeno dos kissaten – nome dado às clássicas cafeterias japonesas. No cardápio, os grãos de café são levados a sério e protagonizam diferentes receitas. Outra novidade é o koke latte, bebida quente e cremosa que une leite (normal ou vegetal) com café, cacau e matchá. A confeitaria segue o conceito de yogashi – uma versão japonesa de doces, bolos e sobremesas ocidentais, oferecendo delícias delicadas como o choux cream de matchá. Avenida Paulista, 52, Bela Vista. Tel. 2222-1176. Terça a sexta, das 10h às 18h. Sábados, Domingos e feriados, das 10h às 19h.

 

foto Rafael Salvador

 

Fino da Bossa – New Gallery
Em um salão anexo à New Gallery, o espaço intimista Fino da Bossa – Canção de Autor é inspirado nos antigos clubes de MPB e busca incentivar a profunda relação que existe entre o músico, a poesia, o instrumento e a plateia. A casa abre para o público somente às quartas e quintas-feiras e apresenta, além de boa música, uma excelente carta de drinques clássicos, com dry martini, negroni e rabo de galo feitos com bebidas premium. Os itens que saem da cozinha levam a assinatura do chef Dorival Ribas do restaurante Loup. Antes dos shows, é recomendável visitar a galeria, que destaca nomes contemporâneos das artes plásticas. Avenida Brigadeiro Faria Lima, 473, Pinheiros. Tel. 3530-3343. Quarta e quinta das 19h às 23h.

 

foto André Stefano

A chef brasileira Alessandra Montagne supera as adversidades e brilha em Paris com dois restaurantes próprios

A chef brasileira Alessandra Montagne supera as adversidades e brilha em Paris com dois restaurantes próprios

Alessandra Montagne supera as adversidades de uma infância difícil entre Rio e Minas e hoje brilha na cena gastronômica de Paris, com as delícias franco-brasileiras servidas nos dois restaurantes que comanda — e tem um terceiro a caminho!

Alessandra Montagne nasceu no morro do Vidigal, foi abandonada pela mãe com dois dias de vida, cresceu no interior de Minas vendo sua avó cozinhar, sofreu nas mãos de um marido violento antes mesmo de atingir a maioridade, mudou-se para a França, trabalhou como babá para pagar seus estudos em uma conceituada escola de gastronomia e hoje, aos 46 anos, comanda dois restaurantes de sucesso em Paris: o Nosso e o Tempero. Já preparou banquetes para celebridades e até para o presidente Emmanuel Macron.

Seu talento com as caçarolas lhe rendeu inúmeros prêmios, condecorações e convites. O mais recente veio de Alain Ducasse — chef cujos restaurantes pelo mundo somam mais de 20 estrelas Michelin. Ele a chamou para comandar um dos restaurantes que sua empresa vai inaugurar nos próximos meses dentro do Museu do Louvre!

 

Alessandra Montagne – foto Maki Manoukian

 

Mesmo radicada na França há 25 anos, ela preservou sua brasilidade. O morro segue em seu DNA, está até no nome (Montagne) que herdou de seu segundo marido, um francês com ascendência vietnamita. Suas criações misturam de maneira harmoniosa e criativa referências brasileiras e francesas. Ela reformulou a frase famosa de Antonietta: “Se os franceses estão fartos de brioches, que comam pães de queijo!”

Na entrevista que concedeu à 29HORAS, Alessandra Montagne fala de seus pratos com sotaque franco-brasileiro, de sua passagem pelo Brasil neste mês, de seus projetos para o futuro e de seu trabalho social com refugiados, presidiárias e imigrantes. Confira a seguir os principais trechos dessa conversa.

Como foi o convite do Alain Ducasse? Você já o conhecia?
Já havia feito uns trabalhos para ele, em eventos. E ele já comeu no Nosso. É uma pessoa muito educada, muito afável e muito direta. Quando me ligou para fazer o convite, eu estava na rua, caminhando. Atendi e fui pega totalmente de surpresa. Ele me disse que eu teria tempo para analisar melhor a proposta, mas eu aceitei na hora! Ele é um querido e disse que a França tem muita sorte por eu ter escolhido este país para viver. Dá para imaginar um elogio melhor do que este para uma profissional da gastronomia?

 

Alessandra com o premiado chef Alain Ducasse – foto Reprodução Instagram

 

O que você pode adiantar para a gente sobre esse restaurante que você vai comandar no Louvre?
Eu não posso revelar muita coisa, nem o nome. Tudo ainda está sendo mantido em sigilo. Apenas posso dizer que será grande, com algo entre 200 e 300 lugares, acessíveis apenas a quem já pagou ingresso e está dentro do museu. A inauguração estava prevista para o final deste ano, mas como o Louvre proibiu obras durante o período dos Jogos Olímpicos, eu imagino que a abertura só deva acontecer no primeiro trimestre de 2025.

E sobre o cardápio, não dá para revelar nada? Vai ter toques brasileiros?
Bem, eu fui escolhida para ser a chef, então dá para deduzir bastante coisa, né? O que posso dizer é que a minha personalidade, o meu coração e a minha história estarão na comida que será servida ali.

E você ainda tem outro projeto em andamento aqui na Europa, não é?
Sim, a partir de meados de 2025 vou comandar um restaurante em Valência, na costa mediterrânea da Espanha. O espaço vai funcionar dentro de um hotel que ainda está em obras. Não vai ser uma “filial” do Nosso. Vai ser algo diferente, vamos brincar com as receitas e ingredientes locais, criando uma mistura ibero-brasileira, com a potência espanhola, um ou outro toque francês aqui e ali e o tempero que somente o Brasil tem.

França, Espanha… E quando você vai ter um restaurante no Brasil?
Ainda não sei. Em agosto cozinho para o time de equitação da França, que vai ter o Palácio de Versalhes como sede, e depois, lá pelo dia 10, vamos fechar o Nosso para as férias da minha equipe, como fazemos em todo verão francês. Nos dias 14 e 15, faço jantares em São Paulo, no restaurante Vista Ibirapuera, e depois vou para Itacaré, no litoral da Bahia, para comandar um jantar no Barracuda Hotel, no dia 24. Eu adoraria abrir um restaurante no Rio — a cidade onde eu nasci — ou em São Paulo, que me acolheu em momento muito difícil e onde tenho muitos amigos. Só posso te dizer que não vai ser este ano ou em 2025, pois a minha cabeça está focada em colocar em pé esses novos empreendimentos no Louvre e em Valência. Mas estou aberta a propostas e convites para ter um endereço no meu país. Seria uma glória para mim!

A propósito, alguma editora brasileira já te procurou para lançar uma versão em português do seu livro?
Infelizmente, não. Ainda não. Mas, assim como falei sobre a possibilidade de abrir um restaurante no Brasil, vou ouvir com muita atenção a eventual proposta de alguma editora brasileira que se interessar em lançar o meu livro. Foi doloroso relembrar tantas coisas do meu passado, mas foi um processo de certa forma “terapêutico”. O resultado foi elogiado por quem teve a oportunidade de ler e a obra até ganhou um prêmio aqui na França. Modéstia à parte, a história é tão boa que virará filme. O diretor Daniel Lieff está pilotando esse projeto, e o roteiro está sendo escrito pela Patrícia Andrade, a autora do script de filmes como “Os 2 Filhos de Francisco” e “Gonzaga – De Pai para Filho”.

 

Capa de seu livro – foto reprodução Instagram

 

Voltando a falar de comida, qual é a fórmula do sucesso do Nosso e do Tempero?
O Nosso é um restaurante contemporâneo onde apresento as minhas criações mais autorais. O menu-degustação (€ 98 por pessoa) inclui clássicos franceses com um toque tropical e receitas tradicionais do Brasil com um charme francês. Exemplos disso são o pão de queijo com caviar, o robalo com molho de moqueca e a lagosta da Bretanha com chuchu e mucilagem de cacau — uma releitura do camarão ensopadinho com chuchu cantado por Carmen Miranda. Entre as sobremesas, temos um baba au rum que, no lugar do rum, leva cachaça. Já o Tempero, que funciona praticamente ao lado do Nosso, é um bistrô com receitas descomplicadas, como as que eu fazia quando ele abriu e foi o meu primeiro restaurante aqui em Paris, em 2012. O cardápio também muda constantemente, mas já tem seus “clássicos”, como o porco confitado com purê de cenouras, o mole de frango com creme de ervilhas e, eventualmente, até feijoada. O Tempero também é uma épicerie (mercearia de produtos como massas, molhos e condimentos) e uma loja de vinhos.

Além de conhecida por seu livro e por seu trabalho como chef, você também comanda uma atração na TV francesa. Como é esse programa?
O “Le Goût des Rencontres” é uma atração exibida semanalmente pelo canal France 3. A cada programa, eu visito um pequeno produtor rural francês e apresento suas joias gastronômicas ao espectador. Já estive em criações de patos e gansos em Périgord, em queijarias da Normandia, em vinícolas de Bordeaux, em fazendas de azeite na Provence… Esses produtores são verdadeiros artistas e merecem ser valorizados. Alguns já conhecia antes, outros são descobertas para mim também, não apenas para quem assiste.

 

Alessandra em seu programa de TV – foto reprodução Instagram

 

Com o sucesso do seu restaurante, do seu livro e do seu programa de TV, você se considera uma referência para outras mulheres?
Todo mês, eu dedico um dia inteiro só para trabalhos sociais. Cozinho para as detentas de um presídio feminino, para moradores de rua e para refugiados acolhidos por uma ONG. Outro dia, a mãe de uma ex-presidiária veio aqui no Nosso e me disse que sua filha tem a minha trajetória como referência e que agora ela vai estudar para ser cozinheira. Disse que ninguém se importava com ela e que eu fui a única pessoa que lhe ofereceu algum carinho e atenção nos meses em que ela ficou na prisão. Saber que consegui tocar o coração de garotas como essa é algo que me enche de realização e orgulho. Nunca quis ser exemplo para ninguém, durante muito tempo o meu único objetivo era sobreviver. Sei bem como é viver com privações, senti na pele como é mudar para um outro país sem ter uma rede de apoio. Fico feliz ao ver que a minha história inspira outras pessoas.

As delícias franco-brasileiras do restaurante Nosso

 

Pão de Queijo com Caviar – foto reprodução Instagram

 

Lagosta com Chuchu e Mucilagem de Cacau – foto reprodução Instagram

 

Robalo com Molho de Moqueca – foto reprodução Instagram

 

Baba au Cachaça – foto reprodução Instagram