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Nova jurada do programa “The Voice+”, Fafá de Belém fala com autoridade de música, de Democracia e da beleza natural feminina

Nova jurada do programa “The Voice+”, Fafá de Belém fala com autoridade de música, de Democracia e da beleza natural feminina

Após se consagrar como musa das diretas, como defensora dos povos da Amazônia, como embaixadora do Círio de Nazaré e como uma das melhores cantoras do país, Fafá de Belém encara de peito aberto o desafio de atuar como técnica do programa “The Voice+”

Em plena forma aos 65 anos, Maria de Fátima Palha de Figueiredo segue à toda velocidade. Depois de lançar mais de 30 álbuns, vender mais de 15 milhões de LPs e CDs, entoar o hino nacional em 32 comícios pela redemocratização do Brasil, cantar para três papas no Vaticano, ser avó de duas lindas netas e atuar como atriz no cinema e na novela “A Força do Querer”, a dona da risada mais gostosa do país agora mergulha na função de técnica do programa “The Voice+”, da TV Globo.

Em meio a talentos com mais de 60 anos buscando uma oportunidade para mostrar sua arte e sua musicalidade, Fafá de Belém brilha com seus cabelos brancos, como uma fada com o poder mágico de transformar aposentados em popstars.

 

Foto Aryanne Almeida

 

Adepta da beleza natural, sem plásticas, botox e tinturas, por dentro ela é uma jovem, que segue atrás de novas sonoridades e interpretações instigantes. Em seus mais recentes lançamentos, enriqueceu o repertório com canções de autoria de novos compositores e incorporou revelações da música para o seu time de parceiros profissionais. Nas redes sociais, possui quase 1 milhão de seguidores no Instagram, mais de 370 mil no Twitter e 1,2 milhão no Facebook, além de 126 mil inscritos em seu canal no Youtube.

Mulher de fé, Fafá está há mais de dez anos à frente da Varanda do Círio de Nazaré, convidando celebridades, teólogos, filósofos e personalidades públicas para essa bonita festa que reúne centenas de milhares de devotos em Belém, sempre no mês de outubro.

A cantora é também embaixadora da Unicef para a Amazônia, por ações e serviços prestados contra a devastação ambiental e a prostituição infantil. Nesta entrevista à 29HORAS, ela fala de música, de idade, de pandemia e até de política, com observações sérias e pertinentes entremeadas por deliciosas e sonoras gargalhadas. Veja a seguir os principais trechos dessa conversa:

 

Foto Fernanda Gomes | Divulgação

Foto Fernanda Gomes | Divulgação

 

No seu álbum mais recente, “Humana”, de 2019, você canta “Que fase doida, o que vem depois? Se você acha que o ano passado foi tenso, sabe de nada, inocente!” Fazer profecias é um dos seus dons?

Quem fez essa premonição foi a Letrux, que compôs a letra. Em 2018, eu estava muito preocupada com uma onda conservadora, retrógrada e obscurantista que assolava vários países, como os Estados Unidos, a Espanha e o Brasil. Os retrocessos estavam desmantelando várias conquistas da sociedade e estimulando o ódio e a violência. Aí decidi fazer um novo disco analisando um pouco isso: em que momento a gente se perdeu? A música da Letrux serviu como uma luva para esse projeto, e eu não imaginava que tudo aquilo fosse se concretizar.

 

Além de “Alinhamento Energético”, que traz esses versos citados acima, seu mais recente álbum traz também uma composição de Ava Rocha (filha do cineasta Gláuber Rocha). Já no seu trabalho anterior “Do Tamanho Certo para o Meu Sorriso”, você se uniu a Felipe Cordeiro para explorar a nova música paraense. Como tem sido trabalhar com artistas de outras gerações? Você enxerga alguma similaridade nessa sua associação a jovens músicos com a trajetória de Elza Soares, que em seus últimos trabalhos era produzida e acompanhada por revelações da cena musical paulistana?

Muito me honra você me ligar à Elza, uma mulher fabulosa que sofreu muito por causa de seu comportamento livre, por suas posturas diante da vida, sempre defendendo com unhas e dentes aquilo que acreditava. Quando ela encontrou os jovens da vanguarda paulistana, desde “Do Cóccix até o Pescoço”, sua obra ganhou um novo frescor, alcançando ouvintes das novas gerações.

No meu caso, essa busca começou quando ouvi “Meu Coração É Brega”, de Veloso Dias, e decidi gravar um álbum com as cores, as sonoridades e a energia de Belém do Pará. Aí apareceu o DJ Zé Pedro, que produziu “Do Tamanho do Meu Sorriso”, Paulo Borges, que dirigiu o show, e Felipe Cordeiro, que trouxe as guitarradas. Eles me apresentaram muitas coisas novas, e eu sempre gosto de saber o que está rolando pelo mundo e conhecer novidades. Essa inquietação faz com que eu me sinta viva. Eu sou o que eu construo, diariamente. Ficar sentada, parada, é o que envelhece!

 

Ainda nessa onda de renovação, como tem sido o trabalho de técnica do “The Voice+”? Como surgiu o convite para esse programa, que tem um nome que poderia muito bem ser o título de um dos seus álbuns, já que você é dona de uma das vozes mais belas e possantes do país?

Adorei ser chamada de ‘The Voice’! Obrigada! Quando soube que ia ter mais uma edição do programa para pessoas com mais de 60 anos, enlouqueci. Queria muito ser uma das técnicas do programa. Aí rezei com muita fé para Cidinha, Nazinha e Fatinha [Nossa Senhora de Aparecida, Nossa Senhora de Nazaré e Nossa Senhora de Fátima] e, depois do Círio, veio o convite. Foi uma felicidade enorme para mim, um presentão. Acho o programa muito bem bolado, com um formato inteligente. É uma atração que valoriza a voz e coloca em segundo plano a aparência e outros aspectos mercadológicos do artista. Na minha cabeça, para ser um bom cantor, o mais importante é isso mesmo: o material vocal, o timbre, a afinação, a potência e a musicalidade. E o fato de o programa abrir essa oportunidade às vozes com mais de 60 anos é algo fantástico. Não existe idade-limite para realizar um sonho, para ter desejos, para apostar em novos projetos. Enquanto houver saúde, alegria e vontade, a vida deve ser vivida em toda sua plenitude. É preciso tirar o manto de invisibilidade que a sociedade insiste em colocar sobre as pessoas mais velhas.

 

Fafá de Belém ao lado dos colegas Carlinhos Brown, Ludmilla e Toni Garrido, jurados do "The Voice +" | TV Globo Foto | Divulgação

Fafá de Belém ao lado dos colegas Carlinhos Brown, Ludmilla e Toni Garrido, jurados do “The Voice +” | TV Globo Foto | Divulgação

 

E, por falar em idade, quando foi que você tomou a decisão de assumir os seus cabelos brancos?

Já há algum tempo eu vinha considerando essa hipótese de parar de pintar. Em Portugal, me agradava ver tantas mulheres deixando o grisalho aparecer, com naturalidade. Mas aqui ninguém me deixava fazer isso: o empresário, a turma que cuida da minha imagem… Aí um dia a Netflix me convidou para atuar no filme “Um Pai no Meio do Caminho”, com a Maísa e o Du Moscovis. Eu fazia o papel de uma xamã, a Mãe Lua, e em vez de usar perucas e apliques, apenas paramos de tingir e deixamos o grisalho aparente. Ficou muito bom! O meu cabelo sofria muito com a química das tinturas. Agora ele está mais saudável. A pele também melhorou, meu corpo agradeceu esse ‘detox’. E eu me sinto mais livre, não quero mais ser escrava da tinta. Que maravilha ser uma sessentona sem botox e sem tinturas!

 

Mudando um pouco de assunto, você já foi a Musa da Redemocratização e é a dona da gargalhada mais gostosa do país. Mas hoje, nesses dias cinzentos, o que podemos fazer para recuperar a democracia brasileira e para voltarmos a sorrir?

A democracia é algo de que não podemos abrir mão. Ela foi conquistada a duras penas e é fundamental para vivermos de maneira organizada e em paz, com justiça e dignidade. O país depende das nossas escolhas, e as eleições estão chegando. É nessa hora que devemos agir pela mudança. O voto é a nossa arma, e devemos usá-lo de maneira inteligente e responsável. As outras armas devem ficar guardadinhas em seus coldres e bainhas, bem longe disso tudo. Com uma troca no comando da nação, tenho certeza de que as coisas vão voltar aos trilhos e a alegria também vai ressurgir. É importante que voltemos a sorrir o quanto antes. A gargalhada desopila, alivia, desoprime e empodera.

 

Foto  Aryanne Almeida

 

E como salvar a Amazônia? Você, como paraense, conhece muito bem as ameaças que a nossa floresta está enfrentando…

A devastação da Amazônia é uma tragédia  que vem acontecendo há muito tempo, de maneira sorrateira, insidiosa e implacável. Há décadas, quase ninguém dá o devido valor e o cuidado que merece esse tesouro de biodiversidade. Agora dá para ver no exterior e por aqui algumas pessoas e organizações olhando com atenção e carinho para esse bioma tão importante para todo o planeta. Acredito que essa é uma questão muito urgente e que só pode ser solucionada se for tratada com a devida seriedade e ouvindo os povos da floresta – os indígenas, os ribeirinhos. É sobre isso.

 

A quarentena forçada pela pandemia foi um momento único e peculiar da história da Humanidade. Esse período de isolamento e reflexão impactou o seu estilo de vida?

Esses últimos anos foram bem especiais. Todos nós mergulhamos numa viagem para saber quem somos. Para sobreviver, mudamos tudo. Fizemos muita coisa online – como as lives – e nos reorganizamos para manter vivo e em atividade o nosso ‘núcleo duro’ de anos e anos de trabalho, que incluía os músicos e o pessoal da produção, dos figurinos e da comunicação. Depois de resistir a mais essa pancada, tive uma certeza ainda mais firme de que a música é a minha vida. Ela me abriu portas, me ensinou a andar com minhas próprias pernas e sustenta até hoje a minha família e a minha equipe. Enxergo agora com mais clareza que a minha missão nessa vida é trazer esperança e alegria às pessoas. Talvez tenha sido por isso que Deus me presenteou com essa gargalhada retumbante!

 

Por falar em mudanças ocasionadas pela pandemia, você já está viajando? Quando pretende voltar a Portugal, onde você mantém um apartamento?

Estou viajando bem menos do que gostaria. Ainda não me sinto à vontade e segura para sair por aí. Mas estive em Portugal no ano passado. Quando eu pretendo voltar para lá? Sempre que eu tiver cinco dias de folga!

 

Por fim, quando você pretende retomar a sua agenda de shows e o que está preparando para o seu próximo álbum?

Passei dez anos sem gravar, antes de “Do Tamanho Certo para o Meu Sorriso”, e mais três antes de “Humana”. Entro no estúdio sempre que alguma música ou alguma ideia nova me leva para lá. Ultimamente, ando ouvindo muita coisa boa e já estou começando a sentir uma vontadezinha de gravar. Mas o meu foco neste momento é no “The Voice+”. Para subir num palco de novo eu sinceramente gostaria de ver o público mais imunizado. Ainda considero arriscado reunir multidões. Brasileiro gosta de cantar alto, de dançar, de abraçar. Aí a máscara cai e como fica? Acho que ainda é um pouco cedo para voltar a fazer shows, mas uma coisa eu garanto: em outubro estarei no Círio de Nazaré!

 

A cantora no Círio de Nazaré, festa católica em Belém, no Pará | Foto Carlos Borges Moire

 

Dupla de criadores da Farm, Kátia Barros e Marcello Bastos, comenta a trajetória da marca de roupas mais brasileira do país

Dupla de criadores da Farm, Kátia Barros e Marcello Bastos, comenta a trajetória da marca de roupas mais brasileira do país

Sócios e fundadores da FARM, Kátia Barros e Marcello Bastos comentam a trajetória da marca de roupas mais brasileira do país, desde sua inauguração, em 1997 com quiosque na lagoa, até a recente e estrondosa expansão internacional

Durante os anos em que trabalhou como auditora na consultoria Ernst & Young, Kátia Barros descobriu o poder transformador de uma cartela de cores diversa. Da janela do escritório, no Centro do Rio, era raro enxergar muito além dos cinzas, marrons e beges que encobriam a paisagem e revestiam os paletós dos engravatados com que convivia. Se algum tom vibrante dava as caras, era apenas para indicar que as coisas iam mal – vez em quando, vinham assombrá-la os vermelhos de balanços negativos. Incomodada com a rotina em preto e branco, trocou os números pelos tecidos, as Ciências Contábeis pela Moda e, em 1997, com a ajuda do melhor amigo empresário, Marcello Bastos, iniciou sua revolução colorida particular.

Com ideias efervescendo e panos de todos os tons em mãos – com destaque para o verde limão e o rosa-choque, abominados pela alta cúpula da moda na época –, os dois decidiram reformular o “vestir” carioca. Pediram ajuda a um grupo de modelistas de uma conhecida para dar vida às ideias de Kátia, um consultor para entender as propostas comerciais de Marcello e, em um dia, tinham uma coleção inteira e um plano de negócios embrionário. As peças, “bodies” de design autêntico e com cortes que fluíam entre a praia e as calçadas, foram colocadas à venda em um quiosque na rua, e esgotaram em poucas horas. Nascia ali, sob a lona do Babilônia Feira Hype, no bairro da Lagoa, o selo Farm – hoje reconhecido mundo afora pelo visual colorido e com DNA fincado nas brasilidades.

 

Foto | Divulgação

 

“A feira foi nossa primeira casa. Não tínhamos a intenção de seguir a trajetória das tradicionais butiques de shopping, muito menos a pretensão de ser uma moda para desfile. Aquele centro comercial ao ar livre, à moda francesa, era a cara do nosso estilo, descontraído, solar e pé na areia”, conta a estilista, que via as vendas crescerem a cada edição. Do estande, decorado com folhas e flores compradas no Saara, saíam filas que congestionavam todos os corredores. “Dentre todas as marcas ali expostas, a Farm era a favorita do público. Foi aí que percebemos que aquela ideia tinha saído de nós e conquistado os corações e os guarda-roupas dos cariocas.”

Em menos de dois anos, a etiqueta ganhou corpo, braços, apoiadores e fãs por todo Brasil e fora dele – os “farmetes”, como se autodenominam. As coleções se multiplicaram e o quiosque de quatro metros quadrados se diversificou em 75 lojas espalhadas por 22 estados brasileiros.

 

Coleção de inverno “Coração Carioca”, lançada em fevereiro de 2022 | Foto Divulgação

 

Natureza para vestir

Para Kátia, que fica à frente das operações criativas da marca, o segredo do sucesso sempre esteve no tempero brasileiro. Para muito além do samba e do carnaval, fauna e flora nacionais se fundem em peças práticas pensadas para os trópicos. Enquanto tecidos leves e fluidos marcam a confecção, tucanos, palmeiras e frutas às pencas compõem a geometria única das estampas, inspiradas também pela silhueta curvilínea da geografia carioca. “Não há nada que traduza melhor um país do que os seus encantos naturais. A natureza, nas nossas coleções, é uma síntese do nosso povo.”

E se os rascunhos oferecidos pelo nosso verde servem de inspiração, o cuidado ambiental também se torna pauta recorrente na agenda da marca que, há cinco anos, atua com uma produção 100% neutra em carbono e se dedica à escolha de matérias-primas responsáveis – feitos que o sócio, Marcello, sintetiza em números: “Na nossa mais recente coleção de inverno, lançada em fevereiro de 2022, 37% das peças são sustentáveis e carregam o selo ZDHC (Zero Discharge of Hazardous Chemicals), de descarga zero de resíduos químicos perigosos. Em breve, a ideia é ter uma vitrine inteiramente composta por roupas em Viscose Lenzing Ecovero, material têxtil de menor impacto ambiental.”

Desde 2020 a Farm também possui seu próprio plano de reflorestamento. Com o apoio de ONGs como a SOS Mata Atlântica e a One Tree Planted, e multinacionais como a fundação holandesa Renature, o projeto “1000 Árvores Por Dia” promove o desenvolvimento de sistemas agroflorestais e o plantio de mudas em quatro biomas brasileiros.

 

Kátia e Marcello | Foto Reprodução Instagram

 

– Mata Atlântica, Caatinga, Cerrado e Amazônia. Até o momento do fechamento desta matéria, a ação já contribuiu com o plantio de 500 mil árvores de mais de 200 espécies e ajudou na recuperação de 300 hectares de verde.

E não para por aí. No final de 2021, em parceria com a Prefeitura do Rio de Janeiro e com a Fundação Parques e Jardins, a etiqueta lançou seu segundo projeto sustentável, o Árvores do Amanhã, que visa a construção do primeiro viveiro de árvores urbanas da cidade. “A ecologia está no coração da nossa marca. Se queremos uma moda que represente o lifestyle do brasileiro, precisamos priorizar as causas que ele prioriza, e a ambiental é, com certeza, um delas”, reflete Marcello.

 

Carioquês universal

Engana se quem pensa que apenas os brasileiros se deixam encantar pelo universo multicolorido da Farm. Desde 2019, a marca aposta suas fichas na expansão global – e parece que tem dado certo. Tudo indica que até 2024, a operação internacional represente cerca de 50% dos lucros da marca.

“Hoje, todo crescimento conquistado pela Farm fora do Brasil é orgânico, e as unidades internacionais já estão conseguindo se autossustentar, sem aporte de investimentos brasileiros”, orgulha-se Marcello. Além de lojas-conceito próprias em Nova York, Los Angeles, Miami, Paris e Londres, a etiqueta distribui peças por mais de 1500 centros comerciais multimarcas ao redor do globo, dez delas nos Estados Unidos. Para os próximos semestres, os planos de expansão incluem um hub para distribuição do e-commerce para a Holanda e mais cinco filiais nos Estados Unidos.

 

Fachada da loja Farm no bairro do Soho, em Nova York | Foto Eliseu CavalcanteFachada da loja Farm no bairro do Soho, em Nova York | Foto Eliseu Cavalcante

Fachada da loja Farm no bairro do Soho, em Nova York | Foto Eliseu Cavalcante

 

Para os próximos semestres, os planos de expansão incluem um hub para distribuição do e-commerce para a Holanda e mais cinco filiais nos Estados Unidos. “A ideia é, ainda, seguir a internacionalização por todo o continente europeu e, em seguida, quem sabe, galgar um espaço de vendas na Ásia.”

A exportação do borogodó carioca para além dos trópicos não se deu, no entanto, sem leves adaptações. Por causa da sazonalidade, as peças que chegam ao Hemisfério Norte têm outra cartela de cores e são confeccionadas em outros tipos de tecido. “Ainda tem a nossa cara, mas atende às necessidades de um clima muito menos quente”, explica Kátia, que atribui o fascínio dos gringos pela marca à estamparia original, “em contraste com o cinza dos centros urbanos, nossa essência é transmitir felicidade com nossas peças e, apesar dos motivos tão tipicamente brasileiros, a felicidade é um sentimento universal que atrai os olhares.”

 

Fazenda digital

Contando desde 2019 com uma plataforma de e-commerce própria, a Farm investe em soluções ousadas para ampliar sua presença digital. A mais recente inovação da marca veio durante a pandemia. Aproveitando o ensejo dos vídeos ao vivo, Kátia e Marcello lançaram um novo modelo de vendas, ainda pioneiro no país – o live commerce.

“Funciona como em um programa de TV, apresentadores e influenciadores exibem e experimentam peças que podem ser encomendadas em tempo real, clicando em uma aba ao lado do vídeo”, explica Kátia. Quem compra durante a transmissão geralmente tem acesso a peças exclusivas e descontos atrativos, além de poder tirar dúvidas e receber consultoria de um stylist ao vivo. “O cliente pode reproduzir a experiência de estar na loja, mas sem precisar deixar o sofá da sala”. O live commerce acontece esporadicamente por meio da plataforma Lojix, hospedada pelo próprio site da Farm (www.farmrio.com.br).

 

A dupla em desfile de 20 anos da marca, no Arpoador, no Rio de Janeiro | Foto Reprodução Instagram

 

Farm em todo canto

Multifacetada, a Farm não é mais uma loja de roupas já há algum tempo. É, na verdade, uma etiqueta diversa, em todas as suas vertentes. No guarda- chuva da label estão, além de uma marca de moda infantil (a Fábula), uma web rádio com programação dominada por músicas brasileiras; um blog sobre moda e comportamento (o Adoro!); uma linha de itens de decoração e objetos que vão desde patins a pranchas de surfe; e mais uma série de parcerias com grandes empresas, como Havaianas, Adidas e Centauro. Nesse emaranhado ainda há espaço para um selo musical, já com uma banda original, a Flor de Sal.

Para manter a unidade nesse turbilhão de possibilidades, Kátia acredita que o trunfo tenha sido o foco muito claro na mensagem que o título deseja transmitir em cada um dos produtos. “Nossa essência é a alegria das cores, a praticidade, o conforto e o compromisso em fazer o outro se sentir bem e bonito. Seja com uma peça de roupa que valorize o corpo do cliente ou com uma música que mude o dia dele, trabalhamos para que usar Farm seja sinônimo de vestir sorrisos. Olhando para trás e avaliando aonde chegamos, acreditamos muito que tenhamos conseguido.”

 

Foto Maria Victoria Fontenelle