Filmes e séries do streaming têm  toda a ação centrada nas mulheres

Filmes e séries do streaming têm toda a ação centrada nas mulheres

Na Netflix, Anna Kendrick encarna vítima do “assassino dos programas de namoro”; na Apple TV, Cate Blanchett vê seus segredos revelados no livro de um misterioso escritor; na Amazon, garotas vivem aventura em longa dirigido por Ethan Coen; em spin-off de “Duna”, no Max, grupo de mulheres abala as estruturas

“DUNA: A PROFECIA”
Max
Com estreia em novembro, esta série é derivada dos longas dirigidos por Denis Villeneuve que tanto sucesso vêm fazendo nos cinemas. Com seis episódios, a série se passa 10 mil anos antes da ascensão de Paul Atreides. Aqui, o universo é governado por um império intergaláctico feudal e, em meio a essa organização, surgem as Bene Gesserit, grupo misterioso de mulheres com fantástico domínio do corpo e da mente. Elas são lideradas pelas irmãs Harkonnen — Valya (Emily Watson) e Tula (Olivia Williams).

 

foto divulgação

 

“GAROTAS EM FUGA”
Amazon Prime Video
Este longa é uma comédia de erros dirigida por Ethan Coen (dos geniais “Fargo” e “Onde os Fracos Não Têm Vez”). A rocambolesca trama acompanha as amigas Jamie (Margaret Qualley) e Marian (Geraldine Viswanathan), que partem em uma viagem pela Flórida. Jamie acaba de terminar um relacionamento, e Marian só quer relaxar. Porém, todavia, entretanto, o passeio toma rumos inesperados quando as duas cruzam com um grupo de criminosos trapalhões. O elenco tem ainda os galãs Pedro Pascal e Matt Damon.

 

foto divulgação

 

“DISCLAIMER”
Apple TV
Esta série, que estreia no dia 11 de outubro, é um thriller policial com sete episódios dirigidos pelo premiado Alfonso Cuarón. A trama tem como protagonista a jornalista Catherine Ravenscroft (interpretada por Cate Blanchett), famosa por expor as transgressões de outras pessoas. Mas um dia ela vê seus segredos revelados no livro lançado por um misterioso escritor (Kevin Kline). Aí começa a angustiante luta para descobrir a identidade do escritor e entender como ele sabe tudo sobre a sua vida.

 

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“Garota da vez”
Netflix
A atriz Anna Kendrick (de “Amor Sem Escalas”) protagoniza e dirige este filme que reconstitui a história de Rodney Alcala, um serial killer que participou — e ganhou — um popular programa de namoro na TV norte-americana em 1978. Kendrick interpreta Cheryl Bradshaw, uma garota solteira que conheceu e se envolveu com o psicopata por causa da dinâmica do show televisivo. Naquela altura, Alcala (vivido por Daniel Zovatto) já tinha assassinado cinco mulheres. Estreia na plataforma dia 16 de outubro.

 

foto divulgação

 

Adriana Esteves celebra mais de três décadas no audiovisual brasileiro e é reverenciada pelo público e pela crítica

Adriana Esteves celebra mais de três décadas no audiovisual brasileiro e é reverenciada pelo público e pela crítica

Adriana Esteves comemora seus 35 anos de carreira interpretando na nova novela das 21h uma vilã que promete ser tão perversa quanto a icônica Carminha 

Com 35 anos de carreira, a carioca Adriana Esteves é uma das atrizes brasileiras mais completas da atualidade. Na TV, no cinema e no streaming, ela consegue se dividir em diferentes projetos e interpretar uma ampla gama de personagens, desde mocinhas carismáticas até vilãs memoráveis, como a emblemática Carminha, de “Avenida Brasil”, do autor João Emanuel Carneiro – produção indicada ao Emmy Internacional à época.

 

Adriana Esteves – foto Marcos Serra Lima / globo

 

Doze anos depois, a atriz repete a parceria na atual novela das 21h, “Mania de Você”, da TV Globo. A trama se inicia em Angra dos Reis, no litoral do Rio de Janeiro. “Como em todas as obras do João Emanuel, o público pode esperar muitas surpresas e uma permanente dualidade. Temos camadas dos personagens que vão se revelando ao longo dos capítulos. Em termos de conceito artístico, isso também é um norteador: toda a leveza da atmosfera de Angra dos Reis e suas praias paradisíacas contrasta com a tensão dos mistérios do roteiro”, conta o diretor artístico Carlos Araujo.

No papel de Mércia, Adriana explora justamente essas camadas que evidenciam a complexidade da personagem, que de imediato parece fria e solitária, mas que esconde carência e força desvelados pouco a pouco. “Trabalhar com João é excelente, não apenas porque ele é um autor e um grande artista, mas porque deposita, nos atores e na equipe, uma confiança que acho muito especial para o nosso mergulho criativo. Ele é democrático! Temos todos a sensação de pertencimento. Cada um de nós se sente importante e indispensável dentro da obra que está sendo feita”, afirma a atriz. 

 

Adriana Esteves ao lado do autor da novela “Mania de Você”, João Emanauel Carneiro – foto Manoella Mello / Globo

 

Para ela, que tem em seu currículo trabalhos em diversas plataformas, o atual papel é sempre o mais desafiador. “Porque ainda está em fase de estudo e experimentação, mas todas as personagens que aceito fazer são as que consigo vislumbrar um mergulho e uma profundidade”, explica. 

Com formato diário e roteiro aberto, as novelas criam uma conexão mais imediata com o público, o que exige entregas rápidas dos atores e uma rotina de gravações bastante intensa –diferentemente das séries do streaming, outra aposta de Adriana. “As produções para streaming oferecem um tempo mais dilatado para a construção dos papéis e das tramas, e vejo que as séries permitem aprofundamento e uma elaboração maior da história. No caso de ‘Os Outros 2’, tive a oportunidade de vivenciar a volta de Cibele, a minha personagem, com sua história ampliada. Isso foi e vem sendo uma experiência incrível!”

O céu e o inferno são os outros

Sucesso no Globoplay no último ano e agora em sua segunda temporada, a série “Os Outros”, criação de Lucas Paraizo, foi escrita por Fernanda Torres e conta com direção artística de Luisa Lima. A narrativa une drama e suspense em um roteiro que aborda a intolerância e a dificuldade de diálogo na sociedade atual. O ponto de partida é a história de duas famílias que vivem em um mesmo condomínio de classe média na Barra da Tijuca. Dois casais vizinhos — um formado por Wando (Milhem Cortaz) e Mila (Maeve Jinkings), outro por Cibele (Adriana Esteves) e Amâncio (Thomás Aquino) — entram em conflito após uma briga entre seus filhos. A situação escala até um nível extremo, trazendo consequências para outros moradores do local.

A temática de “Os Outros” é bastante contemporânea ao contexto social e político do Rio de Janeiro com reverberações em todo o país, com a violência infiltrada no cotidiano de muitas pessoas. “‘Os Outros’ foi a série mais autoral que escrevi até hoje. Nasce de uma reflexão sobre o que acontece quando todos acham que têm razão, uma característica dos dias de hoje. Tentei unir uma narrativa popular à densidade dos assuntos que escolhi tratar: a classe média brasileira endividada, polarizada e cheia de medo, mas com sonhos e ambições legítimas”, comenta Lucas Paraizo.

 

Com os atores Letícia Colin e Eduardo Sterblitch, em “Os Outros 2”, da Globoplay – foto Daniel Klajmic / Divulgação

 

Cibele, personagem de Adriana Esteves, é consumida pela violência de seu convívio.  A interpretação da atriz contribui significativamente para o clima psicológico da série, destacando as dificuldades das relações e o impacto do passado na vida presente. A habilidade de Adriana em transmitir vulnerabilidade e força é um dos pontos altos da produção. “É um verdadeiro microcosmo, com todos os nossos reflexos sendo expostos nos espelhos. A intolerância e o medo estão presentes nos indivíduos, essas dores e rivalidades que existem nas relações sociais. Os condomínios e as comunidades são ambientes realmente capazes de representar o mundo”, reflete a atriz.

Boa mistura de leveza e drama

Aos 54 anos de idade, a carioca passeou por uma variedade significativa de papéis ao longo da sua carreira. O primeiro foi na novela “Top Model”, exibida em 1989. Na trama, ela interpretou a personagem Malu, uma jovem que sonha em ser modelo. Mais tarde, em 2000, veio Catarina, em “O Cravo e a Rosa”, escrita por Walcyr Carrasco – uma adaptação da peça “A Megera Domada”, de William Shakespeare. Na comédia romântica, a personagem de Adriana é uma mulher decidida e determinada, que se apaixonada por um homem rústico. A novela foi um grande sucesso, teve algumas reprises e é lembrada por sua leveza e pelos personagens carismáticos.

Já símbolo da teledramaturgia brasileira e verdadeiro ícone cultural, Carminha, de “Avenida Brasil”, ainda faz sucesso, seja em reprises na TV ou mesmo na internet com memes e compartilhamentos relembrando cenas da personagem. “A novela foi uma das genialidades que foram produzidas na televisão brasileira nesses últimos tempos. O elenco foi espetacular, a direção e a produção foram impecáveis, e eu tive essa honra de fazer parte e receber essa personagem, que foi mais um presente. ‘Avenida Brasil’ reflete o enorme acerto e sintonia do João Emanuel de falar com o Brasil sobre assuntos que o país estava com vontade de ver, ouvir, curtir… Tudo isso com muita alegria! É um grande exemplo de como arte e entretenimento podem se misturar.” 

 

A atriz como Carminha, contracenando com Débora Falabella, em “Avenida Brasil” – foto Estevam Avellar / globo

 

Para o futuro, Adriana deseja pausar suas atuações em novelas, mas reconhece o impacto e a aderência do formato na audiência brasileira e ainda se divide em diferentes plataformas. “Quando terminei  ‘Amor de Mãe’, achei que não faria mais novelas. Após a pandemia, percebi o quanto ajudaram na saúde mental das pessoas e mudei de ideia. Agora, após ‘Mania de Você’, pretendo dar uma parada”, comenta. “Mas vejo que o nosso país ainda gosta muito de novelas, fazem parte de nossa história. O crescimento de obras nos streamings é algo muito rico para o nosso mercado audiovisual. Os teatros, hoje lotados, e nosso cinema, com grandes produções sendo realizadas, também é bastante animador para a nossa cultura. Tenho muito entusiasmo com essa cena cultural atual tão diversificada e estou animada para os trabalhos e encontros que estão por vir”, comemora.  

Foto da capa: Manoella Mello / Globo

Fora de Série: Deuses gregos invadem a cidade, e humanos ocupam a Cidade de Deus

Fora de Série: Deuses gregos invadem a cidade, e humanos ocupam a Cidade de Deus

Premiado longa “Cidade de Deus” ganha uma série no Max que mostra o que (não) mudou na comunidade carioca 20 anos depois e, na Netflix, divindades mitológicas assumem vidas terrenas na série cômica “Kaos”. Na Apple TV, o chef dinamarquês René Redzepi explora a importância civilizatória da comida

“CIDADE DE DEUS – A LUTA NÃO PARA”
Max
Estreia este mês a série que é uma continuação do premiado filme dirigido em 2002 por Fernando Meirelles e Katia Lund. Seus seis episódios se passam vinte anos depois dos acontecimentos do longa-metragem. A partir das memórias do fotógrafo Buscapé (Alexandre Rodrigues), a nova produção da O2 Filmes retrata o impacto dos conflitos entre policiais, traficantes e milicianos na vida da comunidade. O elenco tem ainda nomes como Marcos Palmeira, Thiago Martins e Roberta Rodrigues.

 

foto divulgação

 

“ONÍVOROS”
Apple TV
Esta série é narrada pelo chef dinamarquês René Redzepi, do Noma, de Copenhagen — eleito mais de uma vez o melhor restaurante do mundo. Ele explora os ingredientes que criaram nossas sociedades, moldaram nossas crenças e alteraram para sempre a história humana. Das salinas do Peru até as florestas de café de Ruanda, passando pelo atum selvagem do litoral da Espanha, cada um dos oito episódios revela a forma pela qual cultivamos, transformamos e consumimos os alimentos.

 

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“BATMAN”
Amazon Prime Video
Dia 1° de agosto estreia a animação “Batman: Cruzado Encapuzado”. Com produção de JJ Abrams (de “Lost” e “Star Trek”), o visual tem referências retrô e estética noir. Em seus dez episódios, a série retrata Gotham City como um lugar dominado pelo crime e pela corrupção. É lá que o magnata Bruce Wayne decide criar o Batman. Em sua cruzada, ele conquista aliados e inimigos na polícia e na prefeitura — além de causar a fúria de perigosos bandidos como o Duas Caras, o Pinguim e a Arlequina.

 

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“KAOS”
Netflix
O ator Jeff Goldblum (de “A Mosca” e “Parque dos Dinossauros”) interpreta Zeus nesta série de oito episódios que estreia dia 29 de agosto, abordando a mitologia grega com humor ácido. Cansado das conspirações no Olimpo, o paranóico Zeus assume uma vida mundana e terrenal em um subúrbio norte-americano. Mesmo assim, o todo-poderoso segue tretando com divindades como Poseidon (deus dos mares) e Dionísio (deus do vinho e das festas), a profetisa Cassandra e o titã Prometeu.

 

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Nicole Kidman e Kate Winslet, as musas do streaming, estão de volta

Nicole Kidman e Kate Winslet, as musas do streaming, estão de volta

Atriz australiana interpreta a protagonista da série “Expatriadas”, na Amazon, enquanto a estrela inglesa ressurge na incensada “O Regime”, da HBO Max; na Apple TV, série mostra a resistência dos estilistas europeus contra o nazismo

“EXPATRIADAS”
Amazon Prime Video
Baseada no best-seller “The Expatriates”, de Janice Y. K. Lee, esta série em seis episódios é dirigida por Lulu Wang (a mesma do premiado longa “A Despedida”) e está disponível na plataforma desde o final de janeiro. Na história, três norte-americanas — Margaret, Hilary e Mercy — que residem em Hong Kong, têm suas vidas ligadas por uma tragédia. Nicole Kidman interpreta a protagonista Margaret e é também a produtora-executiva da série. O elenco traz ainda Ji-Young Yoo (Mercy) e Sarayu Blue (Hilary).

 

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“THE NEW LOOK”
Apple TV
Esta série conta a história chocante de como o estilista Christian Dior e seus contemporâneos – como Coco Chanel, Pierre Balmain e Cristóbal Balenciaga – navegaram pelos horrores da Segunda Guerra Mundial e deram origem à moda moderna. O elenco estelar, encabeçado por Ben Mendelsohn (astro das séries “Bloodline” e “The Outsider”) traz ainda John Malkovich, Juliette Binoche, Emily Mortimer e Glenn Close. Os nove episódios serão disponibilizados aos poucos, entre os dias 14 de fevereiro e 27 de março.

 

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“UM DIA”
Netflix
A série em 14 episódios, que estreia no dia 8 de fevereiro, é baseada no best seller de David Nicholls que, em 2011, já teve uma versão nos cinemas, estrelada por Anne Hathaway e Jim Sturgess. Nesta nova versão, o casal é interpretado por Ambika Mod (de “This Is Gonna Hurt”) e Leo Woodall (de “White Lotus 2”). A trama acompanha Dexter e Emma, que se conhecem na noite de 15 de julho de 1988 e se apaixonam. A série mostra flashes do relacionamento, sempre no dia 15 de julho, durante os 20 anos seguintes.

 

foto divulgação

 

“O REGIME”
HBO Max
Estreia no dia 3 de março esta que é uma das mais aguardadas séries de 2024, criada por Will Tracy (de “Succession” e “O Menu”) e dirigida por Stephen Frears (de “Ligações Perigosas”) e Jessica Hobbs (de “The Crown”). Com seis episódios, a sátira política expõe os bastidores do governo de um país fictício comandado por uma tirânica chanceler vivida por Kate Winslet (de “Titanic” e “Mare of Easttown”). O ator Hugh Grant (de “The Undoing” e “Quatro Casamentos e Um Funeral”), interpreta o líder da oposição.

 

foto divulgação

Erika Januza se prepara para brilhar no Carnaval como rainha de bateria da Viradouro

Erika Januza se prepara para brilhar no Carnaval como rainha de bateria da Viradouro

Com muito brilho, a atriz Erika Januza assume mais uma vez o posto de rainha de bateria da Viradouro e divide seu tempo com produções em diferentes streamings

O coração de uma escola de samba talvez seja o posto de rainha de bateria. Toda a pulsão e a energia que os movimentos – ora suaves, ora intensos – que ela evoca na Avenida são essenciais para a composição e a harmonia de toda a agremiação. E Erika Januza – atriz natural de Contagem, em Minas Gerais – sabe bem dessa responsabilidade. “Acho importante estar presente em todos os ensaios, assim como é fundamental acompanhar outros eventos relacionados à escola”, enfatiza.

Desde 2021, ela representa a Unidos do Viradouro – escola de samba de Niterói. Mas o Carnaval é uma paixão antiga. Antes, foi musa de bateria da Império Serrano, Império da Tijuca, Vai-Vai, Grande Rio e Salgueiro. “Fico nervosa da mesma forma e me emociono todos os anos”, compartilha.

 

foto Márcio Farias

 

Imersa também nas gravações de uma releitura de “Dona Beja” para a HBO – que promete envolver o público como a versão original da TV Manchete, de 1986 –, Erika interpreta a personagem Cidinha e opina que, agora, a obra será mais ajustada ao nosso tempo: “Atores negros compõem lindamente o elenco principal!”

Em entrevista à 29HORAS, Erika Januza compartilha detalhes da intensa rotina de uma rainha de bateria, lembra o início de sua carreira e discorre sobre as produções que refletem seu trabalho diversificado na atuação. Confira os principais trechos:

Você é rainha de bateria da Unidos do Viradouro. Como é a preparação para viver os dias intensos de Carnaval? Como concilia os ensaios com a sua rotina de gravações?
Por coincidência, nos meus três anos como rainha, também estava envolvida em outros projetos como atriz. Já me acostumei e gosto dessa correria. Eu tento sempre priorizar os ensaios, seja os de rua ou de quadra. Acho importante estar presente em todos, assim como é fundamental acompanhar outros eventos relacionados à escola. Carnaval não se faz apenas com o desfile na Avenida. E para dar conta de ter energia do começo ao fim, tento manter uma rotina mais regrada, sem excessos. Descanso é o mais difícil, mas uma boa hidratação e atividade física são essenciais.

 

Erika em ensaios na Unidos do Viradouro – foto divulgação

 

O que significa ser uma rainha de bateria? Quais mulheres do Carnaval e do samba te inspiram?
Desde criança era apaixonada pelo que via na TV. E mesmo parecendo distante da minha realidade, desse amor veio o desejo de fazer parte da festa, de estar presente no Carnaval, em especial no Rio de Janeiro. Me emociono e fico nervosa da mesma forma, todos os anos. Quando o convite para assumir o posto de rainha surgiu, foi uma mistura de sentimentos, da alegria à responsabilidade de estar à frente do que é o coração da escola. De maneira geral, muitas mulheres me inspiram…adoro uma ex-rainha de São Paulo chamada Arielen Domiciano. Ela tem uma energia que nunca vi igual. E algumas das mulheres que admiro nem estão no holofote. Neste ano, por exemplo, decidi enaltecer o trabalho feminino de guerreiras, artesãs de várias regiões do país, que vivem de suas artes e sustentam suas famílias. Elas mandaram suas peças e meu stylist, Vitor Carpe, criou as fantasias com esses adereços.

Como é a sua relação com a escola de samba? Você já desfilou em outras agremiações, quais singularidades a Viradouro traz para o Carnaval do Rio?
A minha relação é a mais próxima possível! A cada ano que passa tento me aproximar ainda mais da comunidade que faz a magia acontecer. Na Viradouro, quase todo mundo se conhece e o trabalho flui de maneira organizada, super profissional. Essa escola tem algo de especial, um sentimento forte de que todo mundo está unido em um mesmo propósito. E essa família tem força, acredita em si mesma e envolve qualquer um que se aproxima.

 

Celebrando o terceiro lugar da Viradouro, no Carnaval de 2022 – foto divulgação

 

Lembrando o início de sua carreira como atriz, como foi sair de Contagem, em Minas Gerais, para morar no Rio de Janeiro?
Foi um desafio inesperado e maravilhoso. Eu me vesti de coragem e vim para o Rio! Tinha fé de que as coisas dariam certo. Mas deixei tudo em stand by em Minas, caso algo desse errado. Minas está em mim, em tudo. Minhas referências, minha formação, minha essência. Mas adotei o Rio como a minha casa, é a cidade que me acolheu. Sempre gostei de fazer minhas coisas sem necessariamente ter a companhia de alguém. E aqui no Rio faço muito isso. Saio para jantar, vou ao cinema… Adoro essa liberdade – um pouco contraditória – que a cidade traz. Falo em contradição porque, infelizmente, convivemos com essa violência urbana cada vez mais crescente.

Como você começou a atuar? Quais são as suas referências hoje?
As artes cênicas entraram na minha vida em 2012, com meu primeiro trabalho. Digo que a minissérie ‘Suburbia’ foi minha primeira grande escola. E fui aprendendo cada vez mais com outros projetos. Quando mais jovem, não tinha muitas atrizes negras para me inspirar. Mas amava ver, por exemplo, Taís Araújo em ‘Xica da Silva’, Isabel Fillardis como Ritinha… dona Ruth de Souza, Zezé Motta, Léa Garcia. Elas foram inspiração para uma geração orgulhosa e sonhadora com as possibilidades que um dia poderiam existir para todos nós. Ainda em Minas, a TV foi a minha janela. Era ali, consumindo as novelas, em especial, que eu sonhava. Hoje me sinto completamente realizada em minha profissão. Mas ainda cheia de desejos a realizar!

 

A atriz em “Suburbia” – foto Rede Globo | AF Rodrigues

 

Alguns de seus papéis em novelas da TV Globo, como “Em Família”, “O Outro Lado do Paraíso” e “Amor de Mãe”, eram dramáticos e a questão do preconceito e da luta antirracista atravessavam suas personagens. Como é, para você, abordar esses temas por meio da atuação? Quais outras temáticas gostaria de vivenciar nesse formato televisivo?
Falar sobre racismo foi algo que demorei para fazer. Mas vivi muito. Precisei amadurecer antes de me expressar para o mundo. Mas entendi que isso se fazia necessário e urgente! Poder dar voz a personagens que trazem narrativas que pertencem ao universo de uma mulher preta é algo que me motiva. Dar nome às formas de preconceitos que ainda vivemos nesse país, que é tão miscigenado e preconceituoso, ao mesmo tempo, é algo essencial. O que me encanta ao aceitar um trabalho é um combo: uma boa história, uma boa personagem, uma equipe afinada e ter a oportunidade de ser uma atriz boa para aquela personagem. Para além da temática do preconceito, não sei se há um tema central que desejo representar. Até porque sou muito grata às oportunidades que tive ao longo da minha caminhada, ainda em construção, mas tão diversa. Mas sonho com algumas personagens, como ser uma vilã… e fazer Xica da Silva e Elza Soares!

 

Gravando “A Magia de Aruna” – foto divulgação

 

Você inicia 2024 com muitos trabalhos em diferentes streamings. Está em “Arcanjo Renegado”, produção do Globoplay, e em “Magia de Aruna”, do Disney+. Quais são as diferenças e as semelhanças em relação às novelas?
‘Arcanjo’ me ajudou a amadurecer muito enquanto artista. A personagem passou por muitas mudanças, amadureceu também. Compor esse arco dramatúrgico é riquíssimo. Estou apaixonada pelo gênero. Fazer ação é uma delícia! Sobre ‘Magia de Aruna’, ter recebido o título de bruxa brasileira da Disney foi uma honra. Foi um encontro lindo com Cleo Pires e Giovanna Ewbank. É uma série leve, cheia de efeitos e magia. Mexer com o imaginário das pessoas é muito interessante. A novela tem um batidão, uma entrega diária e a obra é aberta. Tudo pode acontecer. Não dá muito tempo de parar para olhar para trás. A gente tem que se apropriar do processo. Em uma série, geralmente, a gente já entende o caminho pelo qual o personagem e a história seguirão. A forma de compor acontece antes mesmo de entrar no set. Se tem melhor? Se eu prefiro alguma? Não! Amo meu trabalho, independentemente da plataforma.

 

Na série “Arcanjo Renegado” – foto divulgação

 

Você também está gravando o remake de “Dona Beja”, do HBO Max. Como foi sua preparação para viver Candinha? Poderia compartilhar um pouco mais sobre a sua personagem?
‘Dona Beja’ vem como uma releitura da história. Estou muito feliz em fazer parte desse capítulo novo da dramaturgia, que é uma novela no streaming. A história vem cheia de surpresas arrebatadoras. O texto é fortíssimo e mexe muito comigo. Terei a oportunidade de dizer em cena tantas coisas que sinto na vida real. E foi uma obra emblemática, que povoa o imaginário de muita gente. Fez muito sucesso na época em que foi exibida. Não busco inspiração na versão original, estou focada no texto, que me deu todos os elementos para dar forma à personagem. Como se trata de uma releitura, é uma obra mais ajustada ao nosso tempo. Atores negros compõem lindamente o elenco principal. Aguardem: vai valer a pena!

Depois do Carnaval e das gravações de “Dona Beja”, o que planeja para 2024?
Ainda tem muita gravação de ‘Dona Beja’ pela frente e mais uma temporada de ‘Arcanjo’. Espero que seja um ano de muito trabalho, com um projeto emendando no outro.

 

foto divulgação

 

Foto de capa: Guilherme Lima