Elza Soares completa 90 anos em meio à pandemia, com intensa e inquieta produção musical

Elza Soares completa 90 anos em meio à pandemia, com intensa e inquieta produção musical

Quando uma pessoa comemora 90 anos, com saúde e disposição, é hora de festejar muito. No caso de Elza Soares, é conveniente trocar o verbo “festejar” por “trabalhar”. E trabalhar muito. Em 2020, com boa parte do mundo imobilizada pelas restrições impostas pela pandemia de Covid-19, a cantora chegou às nove décadas de vida e lançou três singles, com direito a fazer videoclipes e divulgar as novidades em suas redes sociais.

Neste ano, Elza não pensa em parar. Já soltou música nova, “Nós”, com letra na qual dedica um samba a quem a fez sorrir, chorar, sonhar, ser feliz e amar. Uma canção com a cara e o espírito da cantora, que atravessou uma vida de alegrias e sofrimentos, sem que essa gangorra de emoções fizesse esmorecer a vontade de distribuir amor.

 

FOTO RODOLFO MAGALHÃES

FOTO RODOLFO MAGALHÃES

 

“Amor.” É a curta resposta de Elza diante da pergunta sobre o que a faz nunca se acomodar e pedir que todas as pessoas façam o mesmo. “Se você ama o próximo, você se preocupa com tudo. Isso se chama amor. Tem que dar a mão a quem precisa. Tem que seguir seu caminho dando as mãos.”

“Nós” teve seu lançamento em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, no último 8 de março. A associação de sua figura à luta das mulheres é recorrente, porque Elza carrega uma história de enfrentamento constante às adversidades de uma sociedade machista e violenta. Nascida de família pobre, no bairro de Padre Miguel, cresceu em outra localidade desfavorecida do Rio de Janeiro, Água Santa.

Quando compara os caminhos possíveis para uma menina pobre e preta nos anos 1930 e 1940 com as condições enfrentadas hoje por uma garota na mesma classe social, a cantora vê dificuldades semelhantes, porém com meios para amplificar sua voz. “Hoje nós temos meio de comunicação, temos que botar a cara, mostrar a cara. As redes sociais vieram para isso, para estarmos unidas. Eu acho que nós, mulheres, não temos que abaixar a cabeça para mais nada, somos nós que movimentamos o mundo.”

 

Self-made woman

Elza, ainda menina, saía de casa disposta a conseguir mais dinheiro para a família. Trabalhava, pedia ajuda na rua, ia atrás do que precisava, com tenacidade incomum em uma garotinha. Após nove décadas, segue combativa. Nas canções que grava ou no dia a dia com a mídia, segue cutucando feridas, falando de racismo, de violência doméstica, de diferenças sociais.

Casada aos 13 anos, por causa de uma tentativa de abuso sexual, foi mãe ainda adolescente. Na vida, teve oito filhos. Dois deles morreram por desnutrição, um foi entregue à adoção, uma menina foi sequestrada com um ano de idade (só reencontrada pela cantora 30 anos depois) e o caçula, filho do jogador Garrincha, morreu em 1986, aos nove anos. Em 2015, Gilson, de 59 anos, foi outra perda para seu coração de mãe.

 

Família de Elza e Mané Garrincha em casa, na Ilha do Governador, em 1963 - FOTO JOSÉ CARLOS VIEIRA | EM/D.A.PRESS | DIVULGAÇÃO LEYA

Família de Elza e Mané Garrincha em casa, na Ilha do Governador, em 1963 – FOTO JOSÉ CARLOS VIEIRA | EM/D.A.PRESS | DIVULGAÇÃO LEYA

 

A música veio para levar a vida para a frente, dando a ela uma paixão a seguir. “A música sempre foi meu caminho. Eu cresci com meus pais tocando violão e cantando. Então a música, para mim, é tudo.”

A trajetória musical, que não foi suficiente para dar tranquilidade a uma vida pessoal conturbada, não seguiu um desses roteiros de sucesso da noite para o dia. Em 1953, sem que a família soubesse, decidiu tentar a sorte no programa de rádio “Calouros em Desfile”, que era apresentado por Ary Barroso, o lendário compositor de hinos da música brasileira como “Na Baixa do Sapateiro” e “Aquarela do Brasil”, que tratava seus candidatos com humor de implacável ironia.

Elza foi se apresentar com uma roupa da mãe, que era muito maior do que ela. A tentativa de ajustá-la com alfinetes deixou seu visual esquisito, e Ary Barroso não iria deixar passar a chance de fazer graça. “De que planeta você veio, minha filha?”. E a cantora disparou: “Do mesmo planeta que o senhor, seu Ary. Do planeta fome”.

Hoje, em meio a uma pandemia que expõe milhares de pessoas passando fome, Elza é incisiva: “A gente tem fome de amor próprio, por mais humanidade e o fim de toda essa fome que temos. O resto a gente tira de letra. A pandemia veio para nos ensinar. A gente sabe que é difícil, mas a gente tem que abrir espaço para melhorar.”

Voltando a 1953, Elza cantou para Ary Barroso a música “Lama”, de Paulo Marques e Aylce Chaves, conquistando a nota máxima do programa. Os versos da canção, que poderiam soar estranhos a uma cantora tão jovem, já se encaixavam como um canto de luta contra os problemas que Elza já tinha enfrentado e ainda enfrentaria: “Se eu quiser fumar, eu fumo/ Se eu quiser beber, eu bebo/ Não me interessa mais ninguém/ Se o meu passado foi lama/ Hoje quem me difama/ Vive na lama também”.

O bom desempenho não abriu tantas portas. Pelo resto da década de 1950, ela cantou aqui e ali. As coisas melhoraram quando ganhou lugar na orquestra do professor de música de seu irmão. Com o grupo, passou a se apresentar em festas, bailes e outros eventos. Também sentiu o racismo forte, que a impedia de integrar a orquestra em alguns clubes que não permitiam negros no palco.

Elza só viu sua carreira deslanchar com o primeiro álbum, “Se Acaso Você Chegasse”, em 1960, o início de uma discografia com 35 lançamentos. O sucesso dos três primeiros discos foi posteriormente ofuscado quando ela conheceu Garrincha, em 1962. O jogador deixou a mulher e filhas para ficar com ela, e fãs e imprensa não perdoaram a cantora. O casal teve muitos problemas, com Garrincha começando o declínio no futebol e Elza com poucos contratos para cantar, por causa da rejeição popular.

Shows bem recebidos nos Estados Unidos e no México mostraram o exterior como caminho mais seguro, já que até a casa da família sofria ataques de vândalos. Eles foram morar na Itália, e Elza passou a ter uma carreira internacional, lançando discos e colecionando prêmios.

 

A cantora se apresenta em Nova York, em 1968. - FOTO PAULO LORGUS | EM/D.A. PRESS | DIVULGAÇÃO LEYA

A cantora se apresenta em Nova York, em 1968. – FOTO PAULO LORGUS | EM/D.A. PRESS | DIVULGAÇÃO LEYA

 

Depois de outros períodos conturbados, ela foi recuperando seu prestígio no Brasil. Foi importante o resgate de Elza pelo amigo Caetano Veloso, nos anos 1980. Novamente estabelecida como estrela na MPB, ela encontrou um pouco de tranquilidade para a dedicação total à arte. “Na música é onde eu expresso o que tenho vontade. Foi e sempre será a música livre, espontânea, uma expressão do que eu quero. A música era tão forte que acalmava nossa fome. A música tem sido para mim o ato de liberdade, o ato de viver.”

 

Elza Soares em show com Caetano Veloso, em 1986 - FOTO ARQUIVO | AGÊNCIA | DIVULGAÇÃO LEYA

Elza Soares em show com Caetano Veloso, em 1986 – FOTO ARQUIVO | AGÊNCIA | DIVULGAÇÃO LEYA

 

 

Antropofagia e jovialidade

Ficou sem gravar um disco de músicas inéditas entre 1988 e 1997. A partir de então, sua produção fonográfica é intensa e cada vez mais mostra uma cantora com a cabeça aberta a todos os gêneros. Nos estúdios, teve colaborações de um verdadeiro A a Z de bambas, em uma lista que inclui Caetano, Chico Buarque, Carlinhos Brown, Lenine e muitos outros.

Esse ecletismo parece motivado pelo grande interesse dela por samba, jazz, rock, bossa nova e música eletrônica. “Eu acho que cantar é liberdade. Você tem liberdade para cantar o que gosta, o que fique bem na voz. Eu sempre tive liberdade para escolher o meu repertório. Chet Baker, Caetano e Chico são meus preferidos. Mas eu escuto todo mundo.” Em 2014, chegou a apresentar o show “A Voz e a Máquina” acompanhada apenas por DJs.

Seus álbuns mais recentes têm letras contundentes e uma miscelânea sonora arquitetada por ótimos músicos da nova geração. A entrega de sua voz tão particular a essa MPB moderna tornou clássicos instantâneos os álbuns “A Mulher do Fim do Mundo” (2015), “Deus É Mulher” (2018) e “Planeta Fome” (2019).

 

Elza Soares com a cantora Mc Rebecca, no lançamento da música "A Coisa Tá Preta" - FOTO RODOLFO MAGALHÃES

Elza Soares com a cantora Mc Rebecca, no lançamento da música “A Coisa Tá Preta” – FOTO RODOLFO MAGALHÃES

 

Elza teve recentemente uma oportunidade de contar sua história e elucidar muitas passagens conturbadas de sua vida, até mesmo o ano correto de seu nascimento. É 1930, mas como trocou de documentos ao se emancipar para se casar ainda adolescente, fontes variadas davam a ela idades diferentes.

Esse e outros casos foram contados a Zeca Camargo, que transformou o material em uma completa e carinhosa biografia, “Elza” (editora LeYa, R$ 69,00), ainda em catálogo. Os relatos no livro mostram a jovialidade de Elza, o que acaba se refletindo em seu trabalho, sempre disposta a gravar com músicos jovens. “A gente sempre busca gente jovem, que está começando uma carreira. Eu os alimento, eles também me alimentam. Isso me mantém viva, acho importante.”

Alguns temas já são aceitos no discurso de uma mulher negra e madura, como o racismo e o feminismo, mas algumas questões parecem ainda incomodar, como falar de sexualidade. Ela exalta a liberdade sexual em músicas como “Eu Quero Dar para Você” ou “Pra Fuder”. “Eu me sinto livre. Você tem liberdade para ser e fazer o que bem quiser. Acho que você ser livre é isso aí.”

Vacinada, mas ainda confinada para seguir se protegendo, Elza sente saudade do carinho da plateia. Na pandemia, procura a aproximação virtual com os fãs. “Eu me mantenho ativa nas redes sociais. Converso com eles, recebo carinho, é algo recíproco.” E a questão política é o que mais a preocupa, mas é contundente e firme em seu diagnóstico: “O problema depois é votar. É necessário. Se não souber votar, fica ruim.”

 

Elza Soares no lançamento da música "A Coisa Tá Preta" - FOTO RODOLFO MAGALHÃES

Elza Soares no lançamento da música “A Coisa Tá Preta” – FOTO RODOLFO MAGALHÃES

 

Com uma carreira repleta de sucessos, na música e nos negócios, Sorocaba se prepara para lançar um novo álbum

Com uma carreira repleta de sucessos, na música e nos negócios, Sorocaba se prepara para lançar um novo álbum

Do alto de seus 1,94 m e de seus 15 anos de sucesso na música, Fernando Fakri de Assis – o Sorocaba da dupla Fernando & Sorocaba – já se tornou uma referência no meio sertanejo. Maior arrecadador do Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) por anos, ele é uma verdadeira máquina de fazer negócios. Já foi um dos jurados-investidores na primeira temporada do programa “Shark Tank Brasil” (do canal Sony) e é dono ou sócio de empresas nos mais variados segmentos.

Equilibrando a divisão de seu tempo entre a família, a música e os negócios, ele aproveitou o confinamento forçado pelo coronavírus para curtir o filhote Théo, de apenas 1 aninho (fruto de seu casamento com Biah Rodrigues, ex-Miss Distrito Federal), e para analisar oportunidades de investimento que estão brotando nesse novo mundo pós-pandemia – inclusive na área musical.

 

O cantor e empresário no programa "Shark Tank Brasil" - Foto Divulgação

O cantor e empresário no programa “Shark Tank Brasil” – Foto Divulgação

 

Dia 8 de maio, na véspera do Dia das Mães, a dupla Fernando & Sorocaba se une a Luan Santana para realizar a live show “O Início”, com transmissão no canal dos artistas e em outras plataformas digitais. “A mãe é a luz de todos nós. Neste mundo assolado pela pandemia, ‘O Início’ é tudo o que remonta à esperança e a uma existência melhor”, afirma Sorocaba, que assina o conceito do projeto.

Em entrevista à 29HORAS, o cantor e compositor nascido na capital paulista e criado em Sorocaba fala um pouco de seus projetos musicais e de sua expectativa pelo retorno dos shows ao vivo. Fala até de um plano de se aventurar em uma carreira internacional, a partir de Nashville, a capital da country music nos Estados Unidos.

 

FOTO GABRIEL SILVA

FOTO GABRIEL SILVA

 

Confira a seguir os principais trechos dessa conversa:

Você se diferencia de outros artistas por sua incrível capacidade de compor canções de sucesso e pela sua habilidade nos negócios. Como você divide o seu tempo entre a música e essas outras atividades?
Diria que hoje divido meu tempo em três partes: 1/3 família, 1/3 música e 1/3 negócios. Acredito que encontrei um equilíbrio interessante e saudável para fazer coisas que me dão prazer, pois amo meu estilo de vida atual.

Você se envolve diretamente na administração e no dia a dia dos negócios ou apenas supervisiona e delega as decisões do cotidiano dessas empresas para profissionais de sua inteira confiança, com plena autonomia?
Alguns sim e outros não. O destino acabou me levando a administrar a minha própria carreira e a de outros artistas. Sempre procuro aprender com a carreira de um artista e aplicar na carreira de outro. Acho que é possível fazer vários paralelos entre a carreira de um artista e um negócio.

Como celebridade do universo country, como vê a agronegócio brasileiro?
O agronegócio brasileiro está talvez em um dos momentos mais incríveis da sua história, movido principalmente pela competência do agricultor brasileiro que investiu por anos em tecnologia produzindo muito mais no mesmo espaço de terra. A música sertaneja e o agronegócio sempre influenciaram um ao outro, e essa é nossa grande esperança com a volta dos shows. Simbora fazer feira agropecuária no Brasil inteiro!!!

E, agora mudando para o showbiz, para os negócios relacionados ao seu lado artístico, para onde você diria que está caminhando a música?
Nos últimos anos, o sertanejo tem sofrido – com algumas raras exceções – de uma explosão de artistas fazendo coisas muito parecidas e isso tem sido um pouco prejudicial para o segmento, na minha opinião. Enxergo que o sertanejo é o gênero do Brasil e sempre vai ter sua força, mas no atual momento vejo outros gêneros – com o forró, por exemplo – conquistando um maior espaço.

É verdade. A propósito, dois dos mais recentes sucessos da dupla Fernando & Sorocaba foram gravações com Tarcísio do Acordeon (“Só Não Divulga”) e Barões da Pisadinha (“Amor da Despedida”), não?
Sim. A verdade é que, com a digitalização da música, a barreira entre os gêneros musicais caiu. E música boa independe de gênero.

Como você vê o crescimento do funk no país? Sei que você já se apresentou com Ludmilla e Monobloco, mas consegue enxergar uma interação maior entre o funk e o sertanejo?
O sertanejo é um gênero agregador. A história recente da nossa música mostra isso, acredito que o sertanejo fará isso cada vez mais, não só com o funk, mas com outros gêneros também. É incrível a versatilidade do nosso estilo musical e a facilidade de absorver novas nuances. Se isso vai ser bom ou não só saberemos com o tempo, mas como disse acima, música boa sempre vai ser música boa, sou zero preconceitos!

Com os shows totalmente paralisados no país por causa da pandemia, o que você e a FS Produções estão programando para movimentar a agenda dos artistas que agenciam e da dupla Fernando & Sorocaba? Como sobreviver neste momento?
Além de estarmos em pandemia, não sabemos quando voltaremos a fazer shows. Mas acredito que vai haver uma demanda reprimida por shows que vai aquecer o mercado com força assim que tenhamos um norte sobre a retomada dos eventos. Enquanto isso não chega, temos algumas datas confirmadas da minha turnê de “IssoÉChurrasco”– um evento gourmet musical – que tenho certeza de que vai bombar Brasil afora, como já vinha acontecendo antes da pandemia.

Você já foi o líder de arrecadação de direitos autorais no país, em 2015. Hoje você está em qual posição neste ranking?
Fui número 1 em arrecadação por quatro anos e número 2 do ranking por três anos. Tive algumas músicas muito executadas pela dupla Fernando & Sorocaba e pelo Luan Santana. Confesso que um dos grandes motivos para ter conseguido tal feito foi o fato de compor muito sozinho. Hoje estamos em um momento em que os compositores compõem em grupos muito grandes e, para chegarem ao topo, criam muitas músicas para ver se acertam uma.

 

Live "A Rocha",da dupla Fernando e Sorocaba , que ocorreram em julho de 2020 - Foto Gabriel Silva

Live “A Rocha”, da dupla Fernando e Sorocaba , que ocorreu em julho de 2020 – Foto Gabriel Silva

 

A indústria fonográfica derreteu, mas você ainda teve a oportunidade de vivenciar o final da era dos CDs, de surfar no boom dos DVDs, de fazer grandes apresentações em festas de boiadeiro e megashows. O que ainda falta ser feito na carreira da dupla Fernando & Sorocaba?
Apesar das limitações do idioma – infelizmente o português não nos proporciona muitas oportunidades pelo mundo –, gostaria de produzir algumas músicas em inglês. Estou me conectando a Nashville, nos Estados Unidos, para um possível projeto. Para quem não sabe, Nashville é a capital da música country norte-americana.

Em quais projetos a dupla está trabalhando neste momento? O que podemos esperar de vocês para o curto prazo?
Sempre fomos muito inovadores na hora da produção de nossos projetos. No momento de pandemia, fizemos isso com as nossas lives. E antes de dar início a cada uma delas, gravamos uma ou duas músicas inéditas, muitas delas tive a oportunidade de compor e meu parceiro Fernando, de produzir. Vamos lançar um álbum inédito com 20 canções, este mês ou em junho. Esse projeto está muito lindo musical e cenograficamente. Acreditamos que vai dar o que falar!

 

Live "Sou do Interior"- Fernando e Sorocaba - FOTO CADU FERNANDES

Live “Sou do Interior”- Fernando e Sorocaba – FOTO CADU FERNANDES

 

Agora casado, pai de um lindo garotinho, você diria que seu estilo mudou, que está menos “Paga Pau”, “As Mina Pira” e “Assim, Você Mata o Papai” e mais para “Bom Rapaz” e “Zona de Risco”?
Certamente mudou muito, estou vivendo um momento incrível. A história do home office e o fato de não estarmos viajando e nos apresentando todas as semanas talvez tenha sido responsável por permitir que eu passe mais tempo com minha família e viva com eles de uma forma que nunca imaginei antes. Estamos muito felizes. Com certeza eu estou muito mais para “Bom Rapaz” do que para “As Mina Pira”!

Como foi seu ano de 2020? Onde ficou confinado com a sua família? Foi um período criativo, artisticamente? Que lições você tirou dessa crise global que abalou de maneira tão profunda as nossas vidas?
Moro em São Paulo e meu escritório também fica na capital, mas essa pandemia me proporcionou passar mais tempo com minha família na propriedade rural dos meus pais no interior do Estado. Está sendo – depois do meu início de carreira – o momento em que mais estou compondo e produzindo músicas. Sem sombra de dúvidas ter tempo faz toda diferença para o lado criativo de uma pessoa. A música muitas vezes vem quando ela quer, e não quando a gente quer, e dar tempo para ela é importantíssimo. As conclusões que tirei desse período de retiro foi uma crença ainda mais forte na necessidade de ter mais qualidade de vida. Percebi como isso me ajuda a ter paz e ser mais produtivo.

 

Sorocaba e Biah, com o filho, que completa 1 ano neste mês - Foto Arquivo Pessoal

Sorocaba e Biah, com o filho, que completa 1 ano neste mês – Foto Arquivo Pessoal

 

E como andam os trabalhos da Fundação FS? Que tipo de trabalhos ela tem patrocinado ultimamente?
Nosso principal foco sempre foi o Hospital do Câncer de Barretos. Por meio de nossas lives em 2020, arrecadamos mais de R$ 600 mil para o hospital, e no ano de 2021 estamos ajudando a viabilizar a construção de um lago ornamental e de um jardim sensorial que será implantado nas dependências do hospital e ajudará trazer conforto e bem-estar, servindo como terapia para os pacientes do hospital.

Quando você imagina que voltará a fazer shows? Qual a sua expectativa?
Ainda não temos uma previsão, mas se eu pudesse fazer um exercício de futurologia, acredito que será a partir de outubro. Com o avanço da vacinação, temos esperança de voltar ainda esse ano. Conversando com meus amigos dos Estados Unidos da indústria da música, recebi a informação que o Dia da Independência norte-americana (4 de julho) será uma data marco para reabertura de shows de grande porte nos Estados Unidos. Mas infelizmente nem tudo que acontece por lá pode ser repetido por aqui. A vacinação lá está muito mais adiantada.

Para finalizar, mande por favor uma mensagem de esperança para os seus fãs, para que eles sejam fortes enquanto essa crise não termina.
Acredito que fé, resiliência e esperança são o que mais precisamos para atravessar este momento. Que Deus possa confortar as famílias que perderam seus entes queridos. Sejam fortes, juntos vamos vencer mais essa!

 

Sorocaba - Foto Cadu Fernandes

Sorocaba – Foto Cadu Fernandes

 

Revista Online: Edição 136 – SP

Revista Online: Edição 136 – SP

Revista Online: Edição 136 – VCP

Revista Online: Edição 136 – VCP

Presidente do Meio & Mensagem, Marcelo Salles Gomes, analisa a transformação da comunicação

Presidente do Meio & Mensagem, Marcelo Salles Gomes, analisa a transformação da comunicação

Mais de quarenta anos após sua fundação, a empresa de mídia Meio & Mensagem segue fiel ao propósito original de gerar e compartilhar conhecimento para o desenvolvimento da indústria da comunicação no país. De lá para cá, a tecnologia mudou não só a forma de se comunicar, mas consequentemente como as marcas fazem publicidade e vendem seus produtos. Nas últimas décadas, a evolução dos negócios da propaganda foi intensa e agora é acelerada pela pandemia. No centro dessa transformação do jornal e com os olhos e ouvidos atentos aos novos negócios está o atual presidente do veículo, Marcelo Salles Gomes.

 

Foto divulgação

Foto divulgação

 

“O Meio & Mensagem tem a capacidade de ocupar um espaço e sempre acreditou nisso”, conta. Marcelo lembra que, na década de 1980, a economia brasileira era mais fechada à inovação, e faltavam referências empresariais que falassem sobre criatividade e mídia. “Nosso primeiro evento foi em 1980, o prêmio Caboré, que destaca profissionais da indústria de comunicação, e em 1986 realizamos o Encontro de Criatividade e Mídia, algo então inédito sobre conteúdo, com palestrantes internacionais.”

 

Marcelo Salles Gomes premiando profissionais da comunicação com o troféu Caboré. - Foto Divulgação

Marcelo Salles Gomes premiando profissionais da comunicação com o troféu Caboré. – Foto Divulgação

 

Formado em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) com MBA em Marketing na Michigan State University, nos Estados Unidos, Marcelo presenciou em sua formação acadêmica a digitalização sem volta que estava por vir nos negócios da propaganda. “Lembro de ter o primeiro contato com email na universidade nos EUA, quando isso ainda não era uma realidade no Brasil, no início dos anos 1990, voltei e acabei sendo porta-voz do que a tecnologia já representava lá fora”, recorda.

Depois de estágios em agências, como a Almap, e em veículos, como a Editora Abril e a MTV, Salles Gomes assumiu a criação do site do Meio & Mensagem e criou a área de Marketing da empresa. Antes da vice-presidência executiva, que exerceu por 12 anos, foi diretor de Marketing e de núcleo digital da companhia. Em janeiro deste ano, assumiu a presidência, o que representa os esforços do veículo em colocar como estratégia central algo que antes era visto como futuro. “Somos uma empresa de mídia multiplataforma, a comunicação hoje é composta por peças que formam o todo, é necessário entender cada rede e pensar como a narrativa de uma propaganda, por exemplo, vai ser aplicada nesses formatos.”

 

Marcelo no evento Proxxima, realizado pelo Meio e Mensagem, que discute marketing e comunicação digital no Brasil - Foto Divulgação

Marcelo no evento Proxxima, realizado pelo Meio e Mensagem, que discute marketing e comunicação digital no Brasil – Foto Divulgação

 

 Novos territórios

A intensa digitalização da comunicação impõe um desafio para as empresas de como se manter relevante. “As marcas entendem o território e propósito que ocupam, mais do que nunca precisam compreender o que representam, utilizando os canais disponíveis, que estão em constante ampliação e adaptação, como as redes sociais que já são entre si diferentes, onde as pessoas consomem conteúdo de forma diversa.”

O processo de fragmentação das mídias tradicionais também acompanha o fenômeno digital. “Um exemplo é a mídia Out Of Home (OOH) – conhecida pelo público como painéis e banners nas ruas, shoppings, aeroportos e estações de metrô – é excelente como veículo que inicia a conversa com a audiência, é um meio estratégico para qualquer marca se apresentar ao público, atualmente as narrativas da propaganda podem começar em um formato e se desenrolar em outro”, analisa. Para o presidente do Meio & Mensagem, no passado a marca tinha o controle de como sua jornada iria ser recebida, hoje é a audiência que se engaja com o melhor formato que encontra para si.

Em meio a esse cenário, a pandemia do coronavírus também desencadeou no mundo uma aceleração radical de novos negócios digitais. “Demos um salto em uma direção que a indústria já caminhava, pulamos 5 anos em 1”, reflete. Presencia-se a intensificação do e-commerce e de estratégias inovadoras de atendimento ao consumidor, projetos que as empresas já vislumbravam, mas agora colocam em prática. “É a era de ouro para o marketing, pois é o setor central para qualquer empresa, é o CEO da nova era, já que é quem tem a compreensão da demanda do consumidor, que por sua vez está de volta ao início do desenvolvimento de um produto”, finaliza.

 

O empresário no Maximídia, que também conta com a realização do veículo - Foto divulgação

O empresário no Maximídia, que também conta com a realização do veículo – Foto divulgação