DW! Semana de Design chega à capital paulista e coloca a cidade no calendário internacional do setor

DW! Semana de Design chega à capital paulista e coloca a cidade no calendário internacional do setor

Além de trazer destaque para o design nacional, a DW! Semana de Design não se limita a ser contemplativa e possibilita novos negócios. O evento acontece entre 14 e 24 de março, em São Paulo

Maior evento do segmento da América Latina e um dos mais renomados do calendário internacional, a DW! Semana de Design de São Paulo acontece entre 14 e 24 de março em diferentes locais da cidade, com o propósito de promover diálogos entre arquitetura, arte, decoração e urbanismo para o público geral.

O festival se destaca por ocupar e propor encontros e visitas em espaços públicos – são casarões, edifícios, lojas, hotéis, shoppings, museus e instituições de ensino – por meio de uma curadoria que eleva o acesso ao design, relacionando-o com a cidade.

 

Espaço na DW! – foto divulgação

 

“Em 2024, são cerca de 100 locais com aproximadamente 200 eventos e lançamentos – que jamais se repetem, então a Design Week é diferente a cada edição”, explica Lauro Andrade, empresário e fundador do evento. Neste ano, são sete distritos físicos em diferentes regiões e um digital, com a maior concentração de atividades na Alameda Gabriel Monteiro da Silva, e a inclusão do Circuito de Design Arte da Barra Funda e ocupações em lugares icônicos de São Paulo como a Galeria Metrópole, os Edifícios Itália, Misericórdia e Martinelli.

Além de trazer destaque para o design nacional, a DW! não se limita a ser contemplativa e possibilita novos negócios, levando conhecimento de seus expositores para as ruas. “Desde as marcas mais sofisticadas e conceituais até os criativos mais independentes e inovadores, promovemos o design em suas mais variadas abordagens, incluindo mobiliário, tapeçaria, moda, materiais construtivos, iluminação, objetos e uma infinidade de segmentos. Esses diferentes interesses atraem e reúnem pessoas com diversas referências e repertórios.”

 

Tapeçaria na DW! – foto divulgação

 

Entre os nomes do design nacional presentes nas oficinas, palestras, feira de negócios, festas e workshops de 2024, destacam-se Patricia Anastassiadis, Jader Almeida, Mula Preta, Lattoog e Estúdio Bola. Dentre os internacionais, se evidenciam os italianos Simone Micheli (no Boom SP Design) e Irmãos Adriano (que fazem direção criativa para a Cinex).
Para conferir a programação completa, basta acessar o site do evento www.dwsemanadedesign.com.br

 

foto divulgação

Ana Furtado inicia o ano com programa de viagens e lança livro sobre sua luta contra o câncer de mama

Ana Furtado inicia o ano com programa de viagens e lança livro sobre sua luta contra o câncer de mama

A apresentadora Ana Furtado estreia seu canal no YouTube, com o programa de viagens “Passeio Completo”, e celebra o lançamento de seu livro “Até Nunca Mais’”

Sempre à vontade na TV, Ana Furtado começou sua carreira como apresentadora em 1996, nas tardes de domingo, no comando do Game Show “Ponto a Ponto”, na TV Globo. Quase três décadas depois e por causa do desejo por mais autonomia no trabalho, ela agora amplia seus formatos e estreia seu canal no YouTube, com o programa de viagens “Passeio Completo”, em que aborda experiências mundo afora.

“A primeira temporada se passa em Portugal, país onde me sinto em casa e na presença das minhas raízes. Queria que esse meu novo ciclo de vida pessoal e profissional começasse por lá, como um pedido de benção. Aliás, fiz isso no Santuário de Fátima e foi muito emocionante”, conta. A próxima parada é na Noruega – lugar onde Ana realizou o sonho de ver um dos maiores espetáculos da natureza, a aurora boreal, visitou paisagens impressionantes e aproveitou o inverno escandinavo. “Compartilhar cada viagem com o público é a união perfeita do melhor dos dois mundos para mim: trabalhar e viajar.”

 

foto André Hawk

 

Desde o ano passado, a apresentadora também está à frente das principais premiações do cinema e da música na TNT. Neste mês, ela comanda a cobertura do Oscar. “Só quero ser feliz e fazer o que tenho muita vontade. Depois de receber o diagnóstico de câncer de mama em 2018, decidi que não deixaria mais os meus sonhos para depois”, lembra.

Ana Furtado celebra ainda o lançamento de seu livro, “Até Nunca Mais’”, que conta sua trajetória durante o câncer, com parte da verba revertida para o Protea – que custeia o tratamento para mulheres em vulnerabilidade social. “O câncer é uma doença desconcertante no sentido mais amplo da palavra. Então, a simples possibilidade de poder tocar as pessoas com a minha história já é importante. Esse livro nasceu com o desejo de iluminar esse caminho tão difícil e ingrato que é o do paciente oncológico.”

Ao sul da Itália, a região de Puglia se revela uma viagem que mistura vida urbana com patrimônios da história e da gastronomia do país

Ao sul da Itália, a região de Puglia se revela uma viagem que mistura vida urbana com patrimônios da história e da gastronomia do país

Conhecida como “o calcanhar da bota” da Itália, Puglia tem edificações históricas, boa gastronomia e paisagens naturais deslumbrantes pouco conhecidas pelos brasileiros, mas que valem a descoberta

Viajar no verão pela Itália pode ser uma tremenda roubada, por causa da saturação e do enxame de turistas que lotam as ruas e as principais de cidades como Roma, Veneza e Florença. Mas é preciso ter em mente que a Itália ainda é encantadora, diversa e repleta de regiões que merecem ser exploradas.

Puglia, no sudeste do país e conhecida como “o calcanhar da bota”, concentra vida urbana e boêmia, além de edificações históricas, boa gastronomia e paisagens naturais deslumbrantes.

O ponto de partida para explorar a região é a capital, Bari – uma animada cidade portuária e universitária. Banhada pelo mar Adriático, é de lá que saem muitos dos barcos que conectam a Itália à Grécia.

 

Porto de Bari – foto Paula Calçade

 

A cidade, que já disputou os louros do comércio marítimo com Veneza, tem em suas construções baixas no centro histórico o principal atrativo turístico, além da Basílica de São Nicolau – construída em 1089 para abrigar as relíquias furtadas do santo que inspirou a origem do Papai Noel. É especialmente interessante visitar Bari durante dezembro e maio – quando acontecem as festividades para o padroeiro, que tomam conta da cidade e a povoam com peregrinos.

Bari é também um paraíso dos frutos do mar, especialmente o polvo. Os restaurantes são pequenos e em sua maioria acolhedores, como a Tana del Polpo – uma trattoria com foco em peixes e mariscos – e a lanchonete Mastrociccio, famosa por oferecer comidas rápidas, como sanduíches e focaccias, mas que são elaboradas com os ingredientes locais e incrivelmente frescos.

Nessa mesma toada gastronômica, uma visita obrigatória é a Via delle Orecchiette – rua também chamada de Strada Arco Basso. Entre corredores estreitos, as “mammas ou nonnas” italianas elaboram em plena calçada a massa fresca e típica da Puglia, as orecchiette. Esse tipo de macarrão é chamado assim porque tem o formato de uma pequena orelha.

 

Mulher produzindo artesanalmente a massa orecchiette, um dos símbolos gastronômicos de Puglia – foto Paula Calçade

 

Para a hospedagem em Bari, uma boa alternativa é o hotel Vis Urban Suites & Spa, que está localizado no centro da cidade. Com decoração moderna, o estabelecimento tem acomodações espaçosas, com charmosas varandas – muito tradicionais naquela área.

Berços históricos e naturais

A 55 km ao sul, Alberobello é o cartão postal mais conhecido da Puglia e conhecida como Terra dos Trulli, por causa de suas tradicionais casas de pedra calcária com teto cônico, que eram residências de famílias camponesas no passado. Essas construções estão espalhadas por toda a zona rural, mas a maior concentração fica na cidade, considerada Patrimônio da Humanidade pela Unesco.

 

Trulli em Alberobello – foto Shutterstock

 

Hoje, as trulli abrigam lojas, restaurantes, cafés e hotéis – como o Trulli Holiday Albergo Diffuso, que possibilita a hospedagem dentro dessas casas históricas, mas com muito conforto contemporâneo, com TV, geladeira, camas amplas, wi-fi e café da manhã.

 

Trulli Holiday Albergo Diffuso – foto divulgação

 

Para aqueles que desejam descobrir segredos para além das famosas atrações, entre Bari e Alberobello, as comunas de Noicaratto e Rutigliano estão a apenas 20 minutos da capital e guardam passeios culturais menos visitados por estrangeiros. A primeira reserva o menor teatro da Europa, o Teatro Cittadino, construído em um antigo lagar de azeites, em 1869. O local foi restaurado e reabriu ao público recentemente, com apenas 50 lugares.

Já Rutigliano, também na região metropolitana de Bari, abriga o Museo del Fischietto in Terracotta – o museu do apito. O local preserva obras criadas por artistas italianos que todos os anos participam no concurso nacional de apitos de argila – uma tradição histórica local. Por lá, é interessante ainda conhecer uma das oficinas de artesanato, onde mestres colocam a mão na massa e fazem peças como vasos, pratos e objetos decorativos em terracota.

Nas proximidades de Alberobello, Castelanna Grotte é destino certo para quem busca contato com a natureza. A localidade abriga as Grutas de Castellana – um conjunto de cavernas subterrâneas que podem ser visitadas de barco ou a pé, além da Praia de San Vito, uma paisagem tranquila para relaxar e aproveitar o sol italiano. Castelenna costuma ser uma alternativa aos passeios em Polignano a Mare, já famoso point durante o verão europeu, a 36 km de Bari, e onde está o disputado Hotel e restaurante Grota Palazzesse – situado em um rochedo comAndria vista para o mar.

 

A região de Castelanna Grotte – foto divulgação

 

Entre arte medieval e impressionista

Ao mudar a direção da expedição pela Puglia rumo ao norte, entra-se em uma província que inclui as comunas de Andria, Bartletta e Trani. Andria é produtora de vinhos e azeites e sua imagem mais icônica é a do maravilhoso Castel del Monte – construído por Frederico II, soberano do Reino da Sicília no século 13. O castelo foi declarado Patrimônio Mundial da Unesco, e sua impressionante estrutura octogonal maciça é um expoente da arquitetura militar medieval.

Apesar de guardar monumentos medievais, como o Castello di Barletta, a comuna homônima também surpreende por ser o reduto da arte impressionista. Por ali, a Pinacoteca Giuseppe De Nittis é um museu dedicado ao pintor Giuseppe De Nittis, nascido em Barletta. Suas ecléticas obras retratam paisagens naturais como as encostas do Vesúvio, mostram o encanto da modernidade de metrópoles como Paris e Londres e exaltam figuras femininas.

 

Castel del Monte, em Andria – foto Shutterstock

 

E Trani é ideal para quem for se hospedar nessa província, uma vez que apresenta boa variedade de hotéis, restaurantes e bares. O hotel Borgobeltrani, com apenas seis quartos, fica no centro histórico e tem como grande destaque seu terraço panorâmico – ideal para o relaxar e tomar um drinque ou café.

Na comuna, a catedral medieval de San Nicola Pellegrino, na Piazza Duomo, chama a atenção com seus tons de branco reluzente que contrastam com o azul intenso do mar Adriático.

Um passeio imperdível é uma caminhada no porto de Trani para observar a movimentação dos barcos que não param de chegar e partir e conhecer os pescadores que exibem orgulhosos o próprio pescado – não é difícil encontrar ali polvos fresquíssimos pendurados em varais improvisados.

Segredos ao norte

Puglia ainda está fora da rota de brasileiros e, inclusive, de europeus menos espertos. E, quanto mais ao norte se viaja, mais refúgios inexplorados se revelam no percurso. É o caso da província de Foggia, a uma hora de Andria. A província costuma ter temperaturas mais frias e, durante o inverno, fica com seus pontos mais elevados cobertos de neve branquinha.

 

Construção medieval de Bovino – foto Paula Calçade

 

A cidade da comuna de Bovino é um retrato do local, com seus poucos – mas muito acolhedores – 4 mil habitantes. O lugar é um pequeno e precioso centro medieval cercado pelo verde das Montanhas da Daunia. O tempo parece ter parado por lá, e ainda se respira toda a autenticidade das mais antigas tradições. Bovino é uma zona rica em bosques e campos cultivados, principalmente, com trigo duro, oliveiras e vinhas.

Já Troia, um pouco maior que Bovino, era um centro estratégico por onde passava a Via Traiana, ligando o Ocidente ao Oriente, por isso suas construções revelam traços bizantinos e islâmicos. Além de catedrais e vielas medievais, a comuna é a terra natal de um saboroso doce típico servido em seus cafés – a passionata, elaborada com massa de ricota e frutas cristalizadas.

 

Os doces passionata de Troia – foto Paula Calçade

 

Por fim, um presente aos visitantes de Puglia, é o Monte San’Angelo, que abriga o impressionante Santuário do Monte de São Miguel Arcanjo. Ao percorrer as ruazinhas e ladeiras, se chega ao bairro mais antigo e caraterístico de Monte, o Quartiere Junno.

O lugar é de origem camponesa, com casinhas brancas grudadas umas às outras com telhados pontiagudos. Por ali, se encontra o comércio tradicional – passado entre gerações – como as fornerias, que preparam o enorme e redondo pão típico da região. Um bom endereço para experimentar essa delícia é a Il Forno Moretti, que desde 1960 também vende tentadores doces típicos da confeitaria regional, como o cartellate (feito com nozes) e o doce de ostea (com amêndoas).

 

Forneria em Monte San’Angelo – foto Paula Calçade

 

Vis Urban Suites & Spa
Via Sagarriga Visconti, 35, 70122 Bari, Itália.
Tel: +39 080 919 8834.
Diárias a partir de R$ 1.800.

Trulli Holiday Albergo Diffuso
Piazza XXVII Maggio, 38, 70011 Alberobello, Itália.
Tel: +39 080 99 96 170.
Diárias a partir de R$ 630.

Borgobeltrani
Via Beltrani 27, Trani 76125.
Tel: + 39 0883 898421.
Diárias a partir de R$ 600.

Feiras e eventos movimentam a economia de São Paulo e geram negócios lucrativos na cidade

Feiras e eventos movimentam a economia de São Paulo e geram negócios lucrativos na cidade

O mercado de feiras e eventos se evidencia como uma das mais relevantes ferramentas para o desenvolvimento econômico da capital paulista

Eventos com foco na geração de negócios na capital paulista já representam 70% do mercado nacional – é o que mostra a pesquisa anual de 2023 sobre o setor de feiras, congressos e convenções da União Brasileira de Feiras e Eventos de Negócios (Ubrafe), em parceria com a São Paulo Turismo (SPTuris). O levantamento traz um total de 1.286 grandes eventos. Foram 789 (60%) seminários internos; 214 (17%) feiras setoriais de negócios; 170 (13%) congressos temáticos, voltados para especialidades médicas ou jurídicas; e 113 (10%) convenções de vendas.

Cerca de 6,67 milhões de visitantes estiveram presentes, no ano passado, gerando um impacto econômico de
R$ 9,3 bilhões, sem considerar os investimentos para organização desses eventos, somente gastos dos participantes. Do total, estima-se que 70% deles moram no estado de São Paulo e representaram um impacto financeiro de R$ 2,3 bilhões,
enquanto 30% são de outros estados e geraram R$ 7 bilhões.

O mercado de feiras e eventos se evidencia como uma das mais relevantes ferramentas para o desenvolvimento econômico da capital paulista. De acordo com a Ubrafe, a economia brasileira e local apresentam taxas positivas de crescimento e, com novos espaços para eventos B2B sendo inaugurados em São Paulo, a expectativa é que a taxa de crescimento seja repetida na próxima análise, realizada neste ano.

 

Vtex Day, encontro de digital commerce – foto divulgação

 

Highlights

Mobilidade
A Intermodal South America traz soluções variadas para todos os elos da cadeia logística, de ponta-a-ponta, dos modais terrestre, aéreo, marítimo e ferroviário das Américas. O evento ocorre de 5 a 7 de março, na São Paulo Expo – Rodovia dos Imigrantes, 1,5 km, Vila Água Funda.
Credenciamento: www.intermodal.com.br

Construção civil
Com trajetória de mais de 20 anos, a Expo Revestir é ponto de encontro dos profissionais de revendas, construtoras, arquitetura e design de interiores. A próxima edição acontece de 19 a 22 de março, no pavilhão São Paulo Expo, como o primeiro grande evento de negócios do calendário nacional da construção.
Visitação: www.exporevestir.com.br/credenciamento

Inovação
O Vtex Day é um dos maiores eventos de digital commerce do mundo. Realizado há 14 anos, tem importância para todo o ecossistema de comércio eletrônico e reúne clientes, fornecedores e influenciadores para apresentar suas soluções e novidades, debater tendências, fortalecer o networking e adquirir insights. De 11 a 12 de abril, também na São Paulo Expo.
Ingressos: vtexday.com

Selton Mello lança autobiografia e prepara seu retorno ao cinema com “O Auto da Compadecida 2”

Selton Mello lança autobiografia e prepara seu retorno ao cinema com “O Auto da Compadecida 2”

O ator e diretor Selton Mello narra sua trajetória em livro recheado de memórias e lança em dezembro a sequência do longa que conquistou enorme sucesso há 25 anos

Aos 51 anos, Selton Mello já acumula incríveis quatro décadas de carreira. Isso porque ele começou cedo, ainda criança na TV. Vivenciou logo o sucesso, mas também o fracasso, e hoje se tornou um jovem veterano. “É como se eu começasse a virar o rumo do meu barco, sempre trabalhei muito, agora quero encontrar a praia”, reflete sobre seu novo momento. Hoje, Selton está sintonizado na frequência da maturidade, que espelha outra característica aflorada – ser criterioso.

O ator e diretor escolhe a dedo projetos, algo que conseguiu depois de muita dedicação e trabalho. Ele protagoniza “Ainda Estou Aqui”, filme dirigido pelo premiado Walter Salles (de “Central do Brasil”) ao lado de Fernanda Torres e Fernanda Montenegro, com estreia programada ainda neste ano. E, para a alegria do público, roda a sequência de “O Auto da Compadecida”, longa que conquistou enorme sucesso há 25 anos e consagrou a dupla Chicó e João Grilo, formada por Selton e seu parceirão Matheus Nachtergaele. A estreia está marcada para o dia 25 de dezembro.

 

foto Maurício Nahas

 

Para coroar os atuais feitos e celebrar ainda mais sua vida dedicada à arte, Selton Mello lança a autobiografia “Eu Me Lembro”. A trajetória é narrada em primeira pessoa, em resposta a uma série de perguntas feitas por 40 amigos – também estrelas da TV, teatro, cinema e literatura. “Foi uma ideia singela, mas uma boa ideia”, define. Ele conversou com a 29HORAS sobre vida, arte, memória e projetos. Confira a seguir os principais trechos:

No livro, você diz se considerar uma pessoa que está em constante mudança, com muitos projetos. Afinal, você é mais mutável ou um típico capricorniano, um cara estável e centrado?
O capricorniano não é previsível, sou uma mistura. Tento traçar um caminho – sou capricórnio com virgem, então é muito foco, com organização e planilha. É muito exaustivo ser eu, não recomendo (risos). Mas gosto de me mover, adoro as várias áreas das expressões artísticas. Às vezes curto atuar, outras vezes me enfio por detrás das câmeras e me dedico à direção, como foi no começo de ‘Sessão de Terapia’, em que dirigi todos os episódios das primeiras temporadas. Isso significa uma novela, foi abissal o mergulho!

E apesar do livro que lancei, não me considero um escritor. Para mim, é um balanço dos 40 anos de carreira. O livro passou a fazer sentido quando descobri que estava na hora de falar sobre a doença da minha mãe, que tem Alzheimer. Foi quando me dei conta de que era importante escrever sobre memória. Sou filho de uma mulher fabulosa que perdeu a memória. Seja na atuação, na direção ou no livro, no fundo espero que as mensagens cheguem a um bom lugar, são garrafas jogadas ao mar.

 

Foto da infância de Selton, ao lado de sua mãe e do irmão, o também ator Danton Mello, compartilhadas em seu livro – foto acervo pessoal

 

Em resposta a Rodrigo Santoro, você diz que “o ator é uma antena” e que tudo pode servir de alimento a ele. Do que você tem se alimentado? E em que sintonia está a sua frequência?
A gente deve ficar ligado em tudo, mesmo! Desde referências refinadas até o que for muito popular. Tenho um cuidado de não me fechar em uma bolha, de alargar as possibilidades dos meus conhecimentos. Quero assistir a programas de calouros do SBT, ler Chico Bento, Proust, quero ver filme da Mubi (streaming de filmes de arte), quero assistir a comédias do Adam Sandler, também consumo memes, quero tudo! E a minha frequência, hoje em dia, é a da maturidade. Apesar da minha mente ser agitada, encontrei uma calma muito boa agora com 51 anos, estou gostando muito! Grande parte da minha vida passei tentando agradar aos outros, não faço mais isso. É como se eu começasse a virar o rumo do meu barco, sempre trabalhei muito, agora quero encontrar a praia…quero dicas de viagem que vocês possam me dar! Estou mais interessado nisso! É cansativo começar criança, sou um jovem velho ou jovem veterano, já vi muita coisa.

Faltou alguém no livro?
A ideia foi trazer 40 pessoas que compartilharam questões sobre os meus 40 anos de carreira. Chamei pessoas que admiro, algumas com quem trabalhei, outros com quem ainda não trabalhei. Faltaram pessoas, sim! Vamos ver se vivo mais algumas décadas, assim aumento o projeto, faço novos volumes. Também fiz questão de não trocar as pessoas, algumas não estão mais aqui, partiram e não puderam ler a resposta. Mas quis manter suas indagações, não gosto de deixar alguém sem resposta, como Paulo José, Pedro Paulo Rangel, Rolando Boldrin, pessoas que foram fundamentais na minha vida.

Por que foi necessário que amigos e colegas trouxessem perguntas para compor a sua autobiografia? Seus questionamentos a você mesmo também tiveram espaço?
Meus questionamentos tiveram todo o espaço. Foi mais fácil que eles perguntassem, sinceramente. Mas foi uma forma de comemorar esse tempo todo carreira, algo que fiz pouco na vida. Sempre trabalhei muito, mas não parei para celebrar os resultados. Então, comemore! Quero deixar isso registrado nesta entrevista para quem nos lê… Se você passou em uma prova, celebre que deu certo! Se seu negócio está indo bem, comemore! Esse livro é uma forma de celebrar os meus 40 anos na arte, que marcaram a vida de muitos brasileiros, me fizeram bem e ao público também. Teria dificuldade de escrever sozinho, esse formato me ajudou na elaboração de tudo.

 

O ator em cena em “O Filme da Minha Vida – foto Vania Catani

 

Você escreve que morou em Nova York recentemente. O que mais te surpreendeu nessa experiência?
Morar fora do país era um dos tópicos daquelas listas de desejos. Foi incrível! Adorei Nova York, cheia de estímulos por todos os lados. O artista precisa do tempo de abastecimento, caso contrário replicamos coisas velhas e muito autorreferentes. Precisamos saber parar, escolher, é uma arte. A viagem foi boa, mas também para ter tempo de olhar para as feridas, para as dores.

Você lembra no livro que a atuação começou ainda na infância. E como foi se tornar diretor? Você se sentiu um menino de novo?
Fiquei com os olhos brilhando, de ter a possibilidade de criar de forma mais ampla. Quando você dirige, é criador da engrenagem, tudo vem de você, é muito estimulante. Adoro dirigir! Hoje em dia, talvez goste mais de dirigir do que atuar. Mas estou indo devagar. Mais do que nunca me tornei uma pessoa criteriosa. Escolho a dedo os projetos, trabalhei muito para poder ter esse momento, para poder ser profeta da minha própria história, como digo no filme ‘Lavoura Arcaica’, dirigido pelo Luiz Fernando Carvalho.

 

Selton na versão diretor – foto Vania Catani

 

Falando em direção, você protagoniza “Ainda Estou Aqui”, dirigido por Walter Salles e que estreia neste ano. Como é dividir esse filme com Fernanda Montenegro e Fernanda Torres?
Esse filme foi o máximo! Amei trabalhar com o Walter, é um dos maiores diretores do mundo, não apenas do Brasil. Em qualquer lugar do mundo, todos o respeitam. Tive a chance de fazer o Rubens Paiva, pai do Marcelo Rubens Paiva, com roteiro baseado no livro dele, foi uma super responsabilidade. É a história do homem que foi levado para dar um depoimento durante a Ditadura Militar e nunca mais voltou, e os filhos nunca mais souberam do pai. Meu trabalho foi com a Fernanda Torres, minha amiga, uma grande atriz, não tive a sorte de atuar com a Fernanda Montenegro, pois elas dividem o mesmo papel, mas nos encontramos nas leituras.

Quem são os melhores diretores brasileiros, na sua opinião?
Olha, tem muita gente! Sou muito fã do Kleber Mendonça Filho, é um cara especial, gosto muito do jeito que ele pensa, não apenas o cinema, mas a vida. Gosto do humor dele! Adoro o Karim Ainouz, acho brilhante, desde ‘Madame Satã’, venho assistindo aos seus filmes com muita admiração. Ele tem a capacidade de fazer longas muito distintos. Sou fã de Gabriela Amaral Almeida, que é craque no mundo do terror, gênero que conheci recentemente em ‘Enterre Seus Mortos’, em parceria com Marco Dutra, outro grande diretor brasileiro. Também admiro o Gabriel Martins, que dirigiu ‘Marte Um’, que me emocionou bastante.

 

Cena do filme “O Palhaço” – foto Vania Catani

 

Você enfatizou em outras entrevistas e no seu livro que Marjorie Estiano é uma das melhores atrizes no Brasil. Vocês dois estão em “Enterre Seus Mortos”, que deve estrear no ano que vem. Como é atuar com Marjorie? Para você, o que se revelou nesse novo trabalho conjunto?
O filme é baseado no livro de Ana Paula Maia e já considero um dos meus melhores personagens, foi uma experiência impressionante, nunca tinha feito um filme de terror. A Marjorie é a nossa Cate Blanchett, ela é genial, uma mulher inteligente, nós rimos e nos emocionamos juntos, a bola que a gente troca é muito boa! É uma alegria encontrar com a Marjorie, na vida e na arte.

No seu livro, você é bastante elogioso ao trabalho de amigos. E qual é o seu melhor trabalho até hoje? Qual é a sua maior qualidade como ator?
Aproveitei para enaltecer muita gente, alguns que ainda estão no jogo e outros que não estão mais. É uma profissão cruel, porque uma hora você está em evidência e em outros momentos é esquecido. São altos e baixos, então enalteci meus colegas, que sobrevivem ao fracasso e ao sucesso. É muito difícil responder qual é meu melhor trabalho até hoje, é como perguntar qual é o filho favorito. Mas minha maior qualidade como ator é não ter perdido a pureza do ator menino, procuro manter essa criança viva, quero permanecer com frescor, tento me livrar das técnicas e das certezas.

Após 25 anos, você volta ao filme “O Auto da Compadecida”, que em breve ganhará uma sequência nos cinemas. Os amigos Chicó e João Grilo mudaram?
Foi muito louca essa experiência, muito divertida e assustadora, porque mexemos em um clássico, mas fizemos isso com muita propriedade e maturidade. Nesse tempo, passei a dirigir, o Matheus Nachtergaele também dirigiu um filme. É uma moçada muito mais preparada, não somos apenas atores, agora ajudamos a pensar o roteiro, a montagem, a linguagem… Foi mágico! Botei a roupa e virei o Chicó de novo e olhava para o Matheus, via o João Grilo novamente. A equipe toda ficou chocada, de queixo caído! Eu e Matheus não trabalhamos muito juntos nesses 25 anos, e isso foi ótimo para a dupla, os amigos ficaram preservados!

 

Selton Mello e Matheus Nachtergaele em “O Auto da Compadecida 2”, que estreia em dezembro nos cinemas – foto Laura Campanella

 

O filme foi um grande sucesso na época e fonte de bordões que reverberam muito entre o público até hoje. Por que houve essa identificação tão grande?
Vou dar a resposta do Chicó: ‘Não sei, só sei que foi assim’ (risos). As pessoas amam o filme porque é puro e sofisticado na sua simplicidade. É o Nordeste, a representação da nossa cultura solar e rica, que veio do sertão. São dois personagens humildes tentando sobreviver. É um amor por esses dois palhaços, entramos no coração dos brasileiros.

“O Auto da Compadecida 2” marca dez anos da morte de Ariano Suassuna. Qual aspecto da obra do autor você mais admira? Você gostaria de trabalhar com textos de quais outros escritores brasileiros?
Ariano Suassuna é um mestre, é o nosso Cervantes, nosso Shakespeare, um homem de uma sabedoria absurda e um humor muito próprio. Amo ver as entrevistas dele, adoro tudo o que ele escreveu e pensava. E tenho desejo de levar Machado de Assis para as telas, é uma vontade antiga e espero realizar em breve. Mas é como diz Raduan Nassar, ‘o segredo é botar um olho nos livros e um olhão na vida’, ou seja, as referências artísticas sempre vão existir, mas é importante olhar ao redor.