Explorando novas possibilidades e novos desafios como ator, Rodrigo Simas encabeça o elenco da nova montagem do musical “Hair”, em cartaz até setembro no Teatro Riachuelo, e revela seu lado mais ousado, mais sério e mais intenso
“Cabelo quando cresce é tempo / Cabelo embaraçado é vento / Cabelo vem de lá de dentro / Cabelo é como pensamento”. A poesia de Arnaldo Antunes imortalizada na voz de Gal Costa diz muito sobre o cabelo, mas não diz tudo. No musical “Hair”, que abalou as estruturas da sociedade no final dos anos 1960 e agora ganha nova versão em cartaz a partir de 4 de julho no Teatro Riachuelo, cabelo também é um símbolo de transgressão, de irreverência e de liberdade.
Com longas madeixas, Rodrigo Simas encabeça o elenco dessa nova montagem do espetáculo. Aos 33 anos, o ator carioca que ficou famoso nacionalmente ao vencer o reality “Dança dos Famosos” e participar da novelinha teen “Malhação” em 2012 vem se notabilizando por papéis mais complexos que vem interpretando nesses últimos anos.
foto Andre Wanderley
“Eu sempre fui uma pessoa muito leve. Mas, desde os meus 27-28 anos, entrei num processo para me conhecer melhor. Isso fez com que eu me tornasse uma pessoa mais focada, intensa e carregada. Posso ainda ser bem tranquilo e superficial em alguns momentos, mas também tenho um lado mais profundo e denso, que venho gostando de explorar”, avisa o ator.
Em conversa com a reportagem da 29HORAS, Rodrigo fala sobre o desafio de interpretar um personagem tão icônico e rico como o Berger de “Hair”, confessa sua admiração e seu respeito pelos hippies, evita fazer grandes revelações sobre sua relação com a atriz Agatha Moreira e conta um pouco de como foi sua experiência na gravação da versão em áudio do romance “Orgulho e Preconceito” para a plataforma Audible. Confira nas páginas a seguir os principais trechos da entrevista.
Como você se sente protagonizando um espetáculo que, em sua estreia no Brasil, foi encenado por grandes atores como Antonio Fagundes, Sonia Braga, Ney Latorraca, Aracy Balabanian, José Wilker e Neuza Borges?
Está sendo uma honra, porque todos esses são profissionais que têm carreiras brilhantes e que eu admiro muito. Não imaginava que um dia eu teria essa oportunidade de interpretar o Berger, um personagem que me atravessa em vários aspectos. É um grande desafio para mim, e eu adoro desafios, gosto de me colocar num lugar vulnerável como ator e ter de encontrar soluções.
O que mais te estimula e te desafia nessa produção?
O canto, para mim, é algo muito instigante, é algo que eu estou indo atrás nesse momento. A musicalidade entrou na minha vida desde cedo, pelo caminho da capoeira, que é algo que eu trago em meu DNA [Rodrigo é filho do capoeirista Beto Simas]. É algo corporal. Já fiz aulas de canto em vários momentos da minha vida, mas nunca algo com muita profundidade e com continuidade. O último contato que eu tive com a música foi na preparação para atuar em “As Aventuras de José & Durval”. Agora, para atuar em “Hair”, que eu considero o meu primeiro musical de verdade [Rodrigo participou de montagens amadorísticas de “Grease”, “Mamma Mia” e “High School Musical” no início de sua carreira], tive três mentores: Dani Lima, com quem já venho tendo aulas há um bom tempo; Gilberto Chaves, um fonoaudiólogo fera de São Paulo, que é também professor de canto e preparador vocal; e o maestro Marcelo Castro, que é o diretor musical do espetáculo. É uma trinca poderosa que tem ajudado diariamente no meu aprimoramento.
Rodrigo Simas com parte do elenco da nova montagem do musical “Hair” – foto divulgação
Quantas vezes você já assistiu ao filme de 1979? Teve a oportunidade de ver alguma montagem da peça no Brasil ou no exterior?
Vi o filme algumas vezes e tive também a oportunidade de ver ao vivo a montagem brasileira de 2010, que foi igualmente adaptada pela dupla Charles Möeller e Claudio Botelho e tinha o elenco encabeçado pelo Igor Rickli com o Hugo Bonemer, a Letícia Colin e a Karin Hills. Fiquei muito impressionado com a força dessa tribo hippie. O filme e a peça têm a mesma essência, mas são bem diferentes. As linguagens são distintas e a adaptação para o cinema permitiu algumas pirações impossíveis no palco.
Na sua estreia mundial, “Hair” surgiu não apenas como um fenômeno ou como uma celebração da contracultura, era também um manifesto pela paz, contra a guerra do Vietnã, contra a caretice, a opressão e o capitalismo selvagem. Não acha impressionante que agora, quase 60 anos depois, o mundo esteja novamente ou ainda cheio de guerras e na mesma luta contra forças retrógradas e ultraconservadoras?
Pois é, depois de tanta mudança, voltamos todos ao mesmo lugar! Mas é por isso que eu acho que “Hair” é um espetáculo tão potente mesmo tendo sido concebido há décadas. Outro dia mesmo eu estava conversando com meus colegas da peça que o fato de sermos atores, de estarmos no palco e de sermos a favor da cultura mesmo depois de tudo que vivemos recentemente neste país, isso já é um manifesto. É de fato uma resistência e uma demonstração do quanto a arte é importante e necessária para a vida das pessoas. E o espetáculo ainda ter essa mensagem pela paz, pela liberdade e pelo amor só reforça ainda mais sua força e sua relevância nos dias de hoje.
A liberação sexual e o amor livre são duas das principais questões abordadas pela peça. Em 2023 você declarou publicamente ser bissexual. Isso facilita de alguma forma o seu trabalho de compor e interpretar o Berger, que tem uma sexualidade fluida?
Eu acho que o fato de eu ter falado disso me dá mais segurança sobre quem eu sou e isso me potencializa como ator, amplia o meu leque de possibilidades. É algo que me libera, que permite que eu seja um artista mais livre e tenha mais ousadia para experimentar e encarnar esse personagem e muitos outros. Eu fico mais à vontade e as pessoas conseguem me ver melhor no papel de alguém com o Berger.
Rodrigo Simas e Agatha Moreira, juntos há 7 anos – foto Fabio Rocha / TvGlobo
O Rodrigo gostaria de ser um hippie? Ou, melhor, você se identifica com as ideias e causas defendidas pelo movimento hippie?
Numa utopia eu gostaria, sim, de ser hippie. Mas, no mundo de hoje, ser hippie significa viver completamente à margem da sociedade. Vivemos em um sistema que cobra um preço muito alto por essa escolha. É uma opção complicada. Eu admiro quem se propõe a viver dentro desses princípios, mas precisa querer muito e ter muita convicção. Naquela época da peça, as pessoas precisavam abrir mão de menos coisas para aderir a um estilo de vida hippie. Atualmente, a gente teria que desapegar de muuuita coisa para entrar nessa.
Você e a Agatha Moreira vivem juntos há cerca de sete anos, mas em declarações recentes disseram que filhos não estão nos planos, ao menos no curto/médio prazo. Que outros projetos você tem junto com ela? Planejam atuar juntos em algum filme ou peça? Pretendem adotar um cachorro? Ou comprar um bebê reborn?
Olha, a gente vive muito o presente. Temos muita vontade de atuar juntos e temos certeza de que o universo um dia vai nos unir novamente numa novela, num palco ou em uma produção para o cinema ou para o streaming. Mas são coisas que a gente não fica planejando. Tentamos não programar o nosso futuro e levar uma vida com leveza e sem ansiedade — se é que isso é possível. A gente dá mão um para o outro sempre que eu ou ela demonstramos algum sinal de ansiedade.
Você chegou a ter contrato fixo de longa duração com a Globo, afinal esteve por mais de dez anos atuando na emissora, não? É melhor ter contrato de exclusividade ou estar sempre mais disponível para novos trabalhos?
Cada alternativa — o contrato fixo ou a ausência de vínculo de exclusividade com quem quer que seja — tem seus pontos positivos e negativos. Tive contrato com a Globo durante uns sete ou oito anos e posso afirmar com toda certeza que cresci e evoluí muito enquanto estive lá. Foi maravilhoso, fiz trabalhos que me dão muito orgulho. Quando fiz “Renascer”, já não tinha mais contrato fixo, mas foi ótimo voltar, a porta se mantém aberta. Até por causa disso, hoje eu prefiro a liberdade e estar aberto para novos projetos. Estou num momento em que eu posso dizer ‘não’ se eventualmente o personagem ou a história não me atravessam. São tantas opções no mercado, é difícil ficar atrelado a uma só produtora de conteúdo. Será que se eu ainda estivesse contratado na Globo eu teria disponibilidade e seria liberado para fazer o “Hair”, que é algo que eu estou amando?
O ator na novela Renascer, ao lado de Juan Paiva – foto TV Globo / Divulgação
E você também gravou recentemente uma versão de “Orgulho e Preconceito” para a plataforma de audiolivros Audible. Fale para a gente um pouco sobre esse trabalho.
Esse é outro projeto que eu pude fazer por estar livre para aceitar o convite. Eu já tinha assistido ao filme lá atrás, quando foi lançado, em 2005, mas essa história entrou mesmo na minha vida quando fui convidado para atuar na novela “Orgulho e Paixão”, em 2018, cuja história também é inspirada no livro de Jane Austen que deu origem ao filme. E foi justamente nessa novela que eu comecei a namorar a Agatha! Nossos personagens pertenciam ao mesmo núcleo da história. Quando a Audible me chamou, fiquei muito feliz, por seu uma trama que conheço bem. Nessa versão, interpreto um personagem que na novela foi vivido pelo Thiago Lacerda. O processo todo foi divertido e interessante, tive a oportunidade de experimentar uma nova linguagem — foi um desafio entender como é colocar toda a interpretação só na voz — e contracenar com a Julia Dalavia foi muito legal. Essa “audionovela” será disponibilizada na plataforma Audible no dia 6 de outubro.
Seus últimos trabalhos na TV foram “Renascer” (novela exibida entre janeiro e setembro de 2024) e “As Aventuras de José & Durval” (minissérie disponível na Globoplay desde agosto de 2023 e exibida na TV Globo entre outubro e novembro de 2024). Pretende voltar em breve? E no cinema e no teatro, onde poderemos te ver depois de “Hair”?
Na televisão não tenho nada engatilhado para o curto prazo. Para o cinema e o streaming eu só posso te dizer que já apareceram outros convites e possibilidades, mas este ano eu estou 100% focado em “Hair”. Ficaremos em cartaz no Rio até setembro e, em outubro, começa a temporada do musical em São Paulo, na inauguração do BTG Pactual Hall, no prédio onde funcionava o Teatro Alfa. Porém, para quem quiser me ver hoje na TV, o longa “Viva a Vida”, no qual eu contraceno com a Thati Lopes e com o Jonas Bloch, estreou há algumas semanas na Netflix.
Rodrigo e Felipe Simas em “As Aventuras de José & Durval” – foto Globoplay / Divulgação
Atriz, diretora e ativista social e ambiental, Dira Paes celebra quatro décadas de carreira com muita versatilidade e é aclamada pela crítica e pelo público
Para colher bons frutos, é preciso semear com carinho, consciência e dedicação. Neste ano, Dira Paes colhe os frutos mais raros e especiais de sua semeadura, como ela mesma se refere à celebração de seus 40 anos de carreira. E a “coroação” dessa trajetória aconteceu em maio, com uma merecida homenagem no Festival de Cinema Brasileiro de Paris. “É um orgulho observar que são quatro décadas, mais de 40 filmes e tantas novelas, séries e peças de teatro. É uma sensação de que eu caibo no mundo inteiro”, comemora a atriz de 56 anos.
Maio também foi o mês de estreia nos cinemas de “Manas”, dirigido por Marianna Brennand e que já acumula mais de 20 prêmios internacionais, inclusive nos festivais de Veneza e de Cannes. O filme conta a história de uma jovem moradora da Ilha de Marajó, no Pará, inserida em um ambiente de violência, e Dira interpreta Aretha, delegada que atua na defesa dos direitos das mulheres e no combate à violência sexual na região. Para completar o mês de sucesso, viu ainda lançada a série cômica “Pablo e Luisão”, do Globoplay, criada por Paulo Vieira, na qual da vida à Conceição, mãe de Paulo. A personagem marca seu retorno ao humor, “adormecido” desde seu último papel cômico como Solineuza, no seriado de sucesso “A Diarista” (2004-2007).
foto Renan Oliveira
Multifacetada, recentemente Dira se aventurou como diretora, no filme “Pasárgada”, do qual também é protagonista, que expõe o tráfico de pássaros silvestres e a relação do ser humano com a ancestralidade e a natureza, temas tão caros à atriz paraense, que é ativista social e ambiental há mais de 25 anos.
Em entrevista exclusiva à 29HORAS, Dira Paes reflete sobre sua trajetória como artista e mulher amazônica, discute seu engajamento em causas sociais e ambientais – já de olho na COP 30, que acontece em novembro, em Belém – e adianta quais são seus próximos projetos, incluindo a protagonista da próxima novela das 21h, “Três Graças”, de Aguinaldo Silva, prevista para outubro. Confira os principais trechos desta conversa nas próximas páginas.
Em maio, você foi homenageada no Festival de Cinema Brasileiro de Paris e recebeu um prêmio pelo conjunto de sua obra. Como é ver seus trabalhos alcançando públicos internacionais?
É um sonho realizado! Fui surpreendida com esse convite muito antes de ser anunciado o Ano Cultural Brasil-França 2025 e a COP 30 em Belém, então houve uma convergência astral. Foi um presente dos deuses do teatro, dos deuses do Olimpo, aquele momento em que você tem a oportunidade de olhar para si como observadora da sua própria existência. E é um orgulho observar que são 40 anos, mais de 40 filmes e tantas novelas, séries e peças de teatro. É uma sensação de que eu caibo no mundo inteiro. Quando um filme viaja além-fronteiras, a gente vê que cabe em qualquer lugar. Tenho o desejo de que as coproduções sejam mais corriqueiras, que a gente possa sair um pouco da caixa do português e interagir com outras línguas. Esse é um caminho natural dos novos tempos.
O cinema brasileiro vive um ótimo momento, também no cenário internacional. Você acha que esse reconhecimento vem mais de fora? Enxerga uma evolução aqui no Brasil?
É um ano muito próspero, mas eu, pessoalmente, acredito que o cinema brasileiro é bem-sucedido há muito tempo. Temos que reverenciar nossos antepassados e lembrar que a primeira estrela dos musicais no mundo é brasileira e se chama Carmen Miranda. Desde a retomada do cinema brasileiro, na década de 1990, tivemos um investimento muito grande no audiovisual de Pernambuco, que frutificou em um cinema que vem contribuindo há mais de 30 anos para o cenário internacional. E eu sou fruto desses movimentos.
O público se sente atraído pelo cinema brasileiro, mas muitas vezes não pode pagar o ingresso e, com isso, a plateia não se renova. Pelo fato de os cinemas não estarem mais nas beiras das ruas, eles se tornaram muito caros. Temos que ter algum tipo de política que popularize cada vez mais as sessões para o público. Se tivermos esse incentivo, triplicamos rapidamente o alcance!
Dira Paes nas gravações da série de comédia “Pablo e Luisão”, do Globoplay – foto Léo Rosário / Globo
Você está no ar com a série de comédia “Pablo e Luisão”, criada por Paulo Vieira. O que te levou a aceitar o papel?
Paulo Vieira é uma renovação dos nossos votos com esse país, ele é aquele brasileiro que a gente tem orgulho que existe. Um belo dia, após o término da novela ‘Pantanal’, eu estava no Círio de Nazaré, conheci o Paulo e ele falou ‘eu quero que você faça a minha mãe numa série’. Fiquei feliz, porque eu já o admirava, e falei ‘quero fazer’. Mas também disse para ele: ‘Paulo, preciso ter um argumento forte para ser a escolhida para a série e não outra atriz’. E ele respondeu: ‘minha mãe queria que você fizesse ela’. É muito bom habitar o inconsciente criativo das pessoas e ser uma referência.
Na vida real, você é mãe de dois meninos. A maternidade transformou a sua forma de ver e fazer arte?
A maternidade trouxe um lado que eu não tinha, que é a vontade de voltar correndo para casa. Antes eu era mais frágil e, depois de ter filho, fiquei mais forte e hoje choro com menos facilidade. Tento ser mais salomônica, não permitindo que as emoções sejam donas de mim. Antes era muito mais voluntariosa, por causa da liberdade de estar sozinha. Você aprende a lidar com o cotidiano de uma maneira mais producente, mais rica, com propósito. Quero sempre fazer valer o dia. Minha pior sensação é a de que eu saí de casa, fiquei longe dos meus filhos e não valeu a pena, porque eles são a melhor coisa da minha vida.
Como é fazer comédia hoje no Brasil? É muito diferente do início dos anos 2000, quando fez a Solineuza?
O humor é urgente, é necessidade vital e sem ele a gente não sobrevive nesse mundo. No final do ano passado eu fiz um filme com o Pedroca Monteiro e o Marcus Majella, que deve sair esse ano e estou muito feliz de estar fazendo as pessoas felizes. Quero poder ter essa capacidade de transitar nesses mundos. Quando saiu ‘2 Filhos de Francisco’, eu estava bombando com a Solineuza. Agora estou no ar com ‘Pablo e Luisão’ e com ‘Manas’ nos cinemas. As pessoas não correlacionam esses personagens e isso me faz muito feliz, porque é uma atriz saindo do seu lugar de conforto. A Solineuza é muito atual, tanto é que foi uma comoção agora no show dos 60 anos da Globo. Eu fiquei 1 minuto e meio no ar, e nunca esperava que fosse ser do jeito que foi, com amor, com saudade. As pessoas são muito gratas quando a gente faz a família rir. E isso é muito bom de sentir.
Como Solineuza em um episódio da série de televisão “Encantado’s” deste ano – foto Fábio Rocha / Globo
Ano passado você estreou como diretora, no filme “Pasárgada”, em que também é a protagonista. Como foi atuar do outro lado da câmera?
Queria experimentar uma transgressão da minha própria existência, colocar à prova meus olhares, meu faro, minha capacidade de criação. E a pandemia deu tempo e autonomia e trouxe um existencialismo para nós. Eu preciso assumir e reconhecer que o fato de ser casada com um diretor de fotografia [Pablo Baião] facilita, então era um sonho possível. Quando começou a ideia de filmar, estávamos fazendo naquele momento 15 anos de casados e nos olhamos um dia e falamos ‘vamos fazer um filme?’. Eu queria assumir todos os riscos da experiência cinematográfica e me propus essa trajetória de criação da ideia original do roteiro, negociação com Globo Filmes, filmagem, montagem, direção e interpretação.
Por que escolheu essa história para a sua estreia como diretora?
Eu queria partir desse sentimento da solidão provocada pela pandemia. E isso combinava também com a minha idade, meu momento, com uma solidão da maturidade, quando você reconhece que amadureceu e se pergunta ‘quem é essa jovem mulher madura?’. Queria experimentar o avesso do olhar que as pessoas têm sobre mim e trazer essa mulher que não tem o apelo do sorriso – eu sei que meu sorriso é muito largo! Então, fui tateando esses vácuos dentro de mim e me peguei também com aquela sensação de ‘vou-me embora pra Pasárgada’, eu queria um paraíso para chamar de meu e achamos uma fazenda na região serrana do Rio onde ficamos reclusos e eu pude observar a liberdade dos pássaros. Quando fui pesquisar mais sobre eles e os animais silvestres, me deparei com o terceiro maior tráfico internacional do mundo – e aí eu achei o mote para o meu roteiro: a mulher solitária desconectada do paraíso, que está seca e entra na mata para ficar úmida de novo.
Dira e Humberto Carrão em “Pasárgada” – foto divulgação
Como você falou, o filme expõe a questão do tráfico de pássaros silvestres e você é muito envolvida com causas sociais e ambientais. Como uma mulher do norte do país e amazônica, quando e como você despertou para o ativismo?
A vida é troca e eu tive esse despertar muito cedo, aos 13 anos, na campanha ‘Ação da cidadania contra a fome’. Foi a minha comunhão com os direitos humanos e quando compreendi, como amazônida, o quanto há um equívoco de relação com esse bioma. Todo mundo olha pra Amazônia com o intuito de ter algo dela, nem que seja um ar puro. Mas o que você faz por ela? Com os indígenas, é impossível dar um presente e não receber alguma coisa em troca. Se ele te dá um colar de presente, você tira a sua camiseta e dá para ele. Mas as pessoas ainda tratam com exotismo uma das filosofias mais refinadas do mundo. Os indígenas não construíram templos verticais para alcançar o céu, os costumes são todos biodegradáveis, a alimentação é sem glúten, sem açúcar e praticamente sem sal, baseada em mandioca, caça, fruta e semente. Onde há problemas de propriedade rural, há todas as infrações humanitárias. O Pará tem um dos piores IDHs do país e essa equação eu não admito, não vou me calar nunca. Não podemos ser apáticos. Quem não mexe uma palha para ajudar alguém, está morto em vida.
Por falar em questões ambientais, a COP 30 será em Belém, no Pará, em novembro, seu estado natal. Você participará? Por que é tão importante ter um evento deste porte no Pará?
Estarei nas gravações da novela ‘Três Graças’ durante a COP e ainda não sei se conseguirei participar, mas já me sinto nela. O grande segredo dessa COP é que é um convite para conhecerem a Amazônia como ela é, que sustenta um povo e uma cultura originária há séculos. Não podem falar que nós somos atrasados, porque, na verdade, somos um estado altamente explorado, com uma sequência de descuido humanitário e social. E, mesmo assim, conseguimos manter nossas riquezas, nossos costumes únicos e nossa identidade regional. O Brasil não conhece o Brasil, temos um olhar americanizado, desejamos um país que não é o nosso. Temos que reconhecer a nossa sabedoria ancestral de preservar um lugar como esse há tantos séculos, apesar de toda a destruição. Temos que ouvir o que os amazônidas propõem em relação ao maior bioma tropical do mundo. Espero poder ver transformações verdadeiras acontecendo e não promoções.
O filme “Manas” também traz como cenário o Pará e questões das comunidades ribeirinhas da Ilha de Marajó, como a violência contra menores. Como conseguiram abordar um tema tão difícil de forma delicada?
Todo mundo tinha que correr para o cinema para assistir a esse filme, que aborda a violência, a falta de oportunidade, a falta de diálogo, a solidão, o Brasil gigante em terras descontínuas, onde temos comunidades a 20 horas de barquinho de capitais. Tudo o que o filme retrata acontece em qualquer lugar do mundo. Não é um assunto amazônico, é um assunto universal, urgente. A arte é pioneira em quebrar fronteiras, silêncios e ciclos. Falar divide a dor, tanto é que foi criado o manifesto ‘Manas Apoiam Manas’ e é importante ter atitudes pós-filme.
Cena do filme “Manas” – foto divulgação
O que pode adiantar sobre seus próximos projetos? Quais papéis Dira vai interpretar ainda este ano?
Deve estrear o filme ‘Agentes Especiais’, com o Majella e o Pedroca. Em outubro começa a novela ‘Três Graças’, que trará uma história de sobrevivência e resistência nesse universo feminino da família brasileira. Eu serei Lígia, mãe de Gerluce (Sophie Charlotte) e avó de Joélly (Alana Cabral). Fiz agora o filme ‘Sedução’, dirigido pelo Zelito Viana e pelo Marcos Palmeira, contracenando com o Marquinhos. Deve lançar ano que vem e é também a estreia do Marcos Palmeira na direção. Eu me senti testemunha de um momento muito especial no cinema brasileiro, que é ver o pai e o filho dirigindo um filme. São os bons ventos, uma boa onda. Temos que surfar, né? Mas com a responsabilidade que isso tudo traz.
Espetáculo musical leva ao palco do Teatro Multiplan a trajetória de Djavan, desde sua infância humilde em Maceió até os hits que levaram sua riqueza rítmica ao mundo todo
Em cartaz no Teatro Multiplan a partir do dia 5 de junho, “Djavan, o Musical: Vidas pra Contar” é um espetáculo que celebra a vida e a obra de um dos artistas mais aclamados da música brasileira, o alagoano Djavan Caetano Viana. Idealizado por Gustavo Nunes, com direção artística de João Fonseca e texto de Patrícia Andrade e Rodrigo França, o musical tem uma trilha sonora vibrante e fiel à diversidade rítmica do artista.
A montagem mergulha na trajetória de Djavan, desde suas origens humildes em Maceió até sua consagração como um dos grandes nomes da MPB. O ator mineiro Raphael Elias, de 30 anos, foi o escolhido entre mais de duas centenas de candidatos para encarnar o músico no palco.
foto divulgação
A dramaturgia do musical explora a riqueza de estilos presentes na obra do artista, que passeia pelo jazz, samba, ritmos afro-brasileiros e pop. A produção é uma celebração da beleza, da poesia, da brasilidade e da musicalidade presente nas composições de Djavan.
Teatro Multiplan
Avenida das Américas, 3.900, Barra da Tijuca.
Tel. 21 3030-9970.
Ingressos de R$ 21 a R$ 300.
Em cartaz no Teatro Copacabana Palace até julho, “Antes do Ano que Vem” é um monólogo cômico em que a atriz Mariana Xavier mostra sua versatilidade
Durante um plantão de Réveillon no CAD (Centro de Apoio aos Desesperados), a psicóloga responsável não aparece e Dizuite, funcionária do local, resolve atender as ligações e auxiliar os pedidos de ajuda que surgem na Noite de Ano Novo. Esse é o ponto de partida de “Antes do Ano que Vem”, monólogo cômico escrito por Gustavo Pinheiro especialmente para a atriz Mariana Xavier emprestar toda a sua versatilidade para várias personagens e situações. A peça fica em cartaz até o dia 13 de julho no Teatro do Copacabana Palace.
O espetáculo tem direção de Ana Paula Bouzas e Lázaro Ramos e retorna ao Rio de Janeiro para uma temporada especial em que celebra seus três anos de sucesso. Após passar por 23 cidades e alcançar 50 mil espectadores desde março de 2022, a montagem se utiliza do humor para falar de saúde mental, autocuidado e acolhimento.
foto divulgação
Teatro Copacabana Palace
Avenida Nossa Senhora de Copacabana, 261, Copacabana.
Tel. 21 2257-0881.
Ingressos de R$ 21 a R$ 160.
Com sua carreira até alguns anos ainda marcada pelo seu primeiro papel na TV, a minissérie “Presença de Anita”, exibida em 2001, Mel Lisboa estreia este mês no Teatro Casa Grande o espetáculo “Rita Lee – Uma Autobiografia Musical”, incorporando com impressionante fidedignidade essa extraordinária personagem, fazendo o público acreditar piamente que a roqueira paulistana ainda está entre nós
Depois de ser assistido por quase 90 mil espectadores em São Paulo, o espetáculo musical “Rita Lee – Uma Autobiografia Musical” chega ao Rio, com estreia no dia 26 de junho no Teatro Casa Grande. Nessa montagem, a atriz gaúcha Mel Lisboa interpreta com espantosa verossimilhança a inesquecível roqueira paulistana, numa encenação que mistura história e hits como “Menino Bonito”, “Ovelha Negra”, “Todas as Mulheres do Mundo” e “Mania de Você”.
No palco, Mel impressiona a plateia com sua personificação de Rita — personagem que ela já havia encarnado na TV (na minissérie “Elis: Viver É Melhor que Sonhar”, de 2019) e em outra peça teatral – “Rita Lee Mora ao Lado” – que foi assistida pela própria cantora em 2014. Sua atuação no musical que agora estreia no Rio lhe rendeu o Prêmio Shell de melhor atriz em 2025.
foto Mauricio Nahas
Com 43 anos e dois filhos adolescentes, a atriz tem uma carreira muito profícua e eclética no cinema (com filmes como “Cães Famintos”, “Atena” e “Conspiração Condor”, que deve estrear só em 2026), no teatro (com interpretações marcantes em peças como “Misery”, “Peer Gynt” e “Dogville”) e no streaming (com participações em produções como “Maníaco do Parque”, da Amazon Prime Video, “Coisa Mais Linda”, da Netflix, e “A Vida Secreta dos Casais”, da HBO Max).
Em conversa com a reportagem da 29HORAS realizada bem no dia em que fãs lembravam os dois anos da morte de Rita, a emocionada Mel Lisboa falou sobre sua afinidade com Rita, seus projetos como produtora e outros trabalhos no teatro, como “Madame Blavatsky – Amores Ocultos” –, monólogo que ela também vai encenar durante esse seu breve retorno ao Rio, onde viveu entre os anos de 2000 e 2004. Confira nas páginas a seguir os principais trechos da entrevista.
Qual a sua explicação para esse sucesso todo de “Rita Lee – Uma Autobiografia Musical”?
Não existe uma explicação. Um sucesso dessa magnitude se dá por causa de muitos acertos simultâneos. Não é só em razão do texto afiado, da direção precisa, da trilha sonora fantástica, do elenco entrosado. O sucesso se deve ao inexplicável. Não existe uma fórmula para agradar crianças, adultos, idosos, fãs da Rita e gente que nunca se ligou muito no trabalho dela.
A montagem carioca vai ser idêntica à paulistana?
Absolutamente idêntica. Tudo igualzinho.
A atriz Mel Lisboa na pele da eterna Rita Lee, no espetáculo “Rita Lee – Uma Autobiografia Musical”, que chega ao Rio este mês – foto Priscila Prade
E o que mudou desde a estreia, em abril do ano passado em São Paulo, até hoje? Dá para dizer que é um espetáculo mutante?
Todo espetáculo é mutante e evolui com o tempo. O teatro é vivo, é orgânico. Quando a gente estreia, o espetáculo está ensaiado, mas não está pronto. Ele só fica pronto mesmo quando entra em cartaz e conta com a energia dos espectadores. A plateia é um agente ativo na evolução da montagem. Com os feedbacks que recebemos, fazemos pequenas mudanças e adaptações na luz, no figurino, na movimentação e até no texto. E, com o tempo, os atores também vão ficando mais à vontade. Hoje, por exemplo, eu brinco muito mais com a plateia do que nas primeiras apresentações. E eu sei muito bem o que funciona e o que não funciona nessa interação.
A própria Rita não teve a oportunidade de ver o espetáculo, mas o que o Roberto de Carvalho achou da montagem?
Ele ficou muito feliz. Se emocionou muito. Ele já havia acompanhado um dos nossos últimos ensaios e, na nossa estreia, ele foi com a família inteira. Gostei muito quando ele me disse que a nossa montagem estava do jeitinho que a Rita gostaria que sua autobiografia fosse encenada.
O que você e a Rita têm em comum? E o que você absorveu da Rita e incorporou ao seu jeito de ser, ao longo desse último ano de “convívio” tão intenso com ela?
Nós duas somos capricornianas e temos em comum várias características típicas das pessoas desse signo. A Rita me ensinou e me ensina um monte de coisas todo dia. Eu queria ser mais como a Rita, mas não é fácil ser parecida com uma pessoa tão ‘fora da curva’. Ele era uma mulher muito inteligente, rápida, irreverente e debochada. Eu tento ser como ela, é uma grande inspiração para mim, mas eu tenho meus limites…
foto Priscila Prade
O que foi mais difícil na hora de criar a sua Rita? Cantar foi um desafio ou você ficou à vontade, já que atuou em outros musicais?
Nunca fico à vontade cantando! O ideal seria se eu cantasse igual à Rita, mas nossas vozes são diferentes. Então eu tento reproduzir a música da voz dela, o jeito dela falar, o sotaque diferente do meu. Uma vez, recebemos na plateia um grupo de pessoas com deficiências visuais que são fãs da Rita. Eu fiquei preocupada, pois muito da minha composição vem do figurino, da caracterização, mas isso eles não enxergam. Aí, no final, uma garota desse grupo me disse uma coisa linda, que me deixou comovida. “Eu não via a Rita, mas eu ouvi a Rita”, disse ela. Voltei para casa com aquela sensação de missão cumprida.
Depois de interpretar a Rita Lee no palco e no cinema, não tem receio de ficar estigmatizada como “aquela atriz que é cover da Rita Lee”?
Minha trajetória foi marcada por duas personagens muito fortes – a Anita de “Presença de Anita” e a Rita Lee. Eu tive algo que muitos passam uma vida inteira sem ter. Me sinto uma privilegiada! E, a propósito, para mim não é problema nenhum ter a minha imagem associada à da Rita. Muito pelo contrário. Me sinto muito honrada!
Por falar nessa outra personagem forte da sua trajetória, durante anos você foi conhecida como a moça de “Presença de Anita”, mesmo depois de vários outros trabalhos. Isso te incomodava?
Quando eu te digo que me sinto privilegiada e honrada de ver a minha imagem e o meu nome associados à Rita e à Anita, essa é uma visão que tenho hoje. Até alguns anos, isso era de fato um problema, eu me questionava muito se isso era bom ou ruim, se eu havia cometido algum erro ao aceitar esses papeis. Não foi um processo fácil e suave essa mudança de pensamento, mas o fato é que hoje isso não é mais uma questão na minha cabeça. Estou muito bem resolvida com minhas escolhas.
foto Priscila Prade
Quando foi que você deixou de priorizar a TV e veio para São Paulo fazer teatro e se tornar uma musa da cena alternativa, com peças de baixo orçamento, mas muito bem recebidas pela crítica, como “Após a Chuva”, “A Boca do Lixo”, “Luz Negra” e “Cenas de uma Execução”?
Morei no Rio até 2004, onde fiz várias novelas. Em 2003 fui fazer uma peça em São Paulo e logo me identifiquei com a cidade e me encantei pelas pessoas e pelo jeito que as coisas funcionavam por lá. Aí me mudei definitivamente em 2004 e, aos poucos, fui tendo a oportunidade de trabalhar e aprender com grandes diretores e atores. Um dia, percebi que não era mais uma forasteira, eu já me sentia perfeitamente inserida na cena teatral paulistana. Hoje, de fato, sinto que pertenço a esse lugar.
Ultimamente você vem assumindo a função de produtora. Como é produzir cultura em um país que não a valoriza.
É sempre difícil, né? Precisa ter muito amor pelo teatro para entrar nessa atividade. Para mim esse foi um caminho natural. Assim como outros tantos atores e atrizes, também quero ser dona dos meus projetos. Mas isso não significa que eu não quero mais trabalhar para outros produtores, realizadores. Eu só quero que essa seja mais uma alternativa para mim, sem impedir ou anular a minha participação em projetos capitaneados ou produzidos por outras pessoas. A ideia é ampliar o leque de possibilidades, não restringi-lo.
Me fale de “Madame Blavatsky – Amores Ocultos”, peça que você produziu e vai encenar no Rio paralelamente ao musical sobre a Rita Lee?
No Rio, “Madame Blavatsky” terá apenas quatro apresentações, em noites de quarta-feira, no Teatro Prio, no Jockey Club. Se der certo, depois a gente pode voltar à cidade para uma temporada de verdade. É uma peça que brinca com os limites da ficção, investigando convenções da representação teatral e simulando, através do texto, uma incorporação mediúnica. Em cena, o espírito de Helena Blavatsky, fundadora da Sociedade Teosófica, exige retornar a um teatro, utilizando-se do corpo de uma atriz, para colocar a sua controversa história em pratos limpos.
A atriz em cena do monólogo “Madame Blavatsky – Amores Ocultos” – foto Gatú Filmes
Helena Petrovna Blavatsky foi uma mulher bem menos solar e bem mais introspectiva que a Rita Lee. Tem sido difícil incorporá-la no palco? E, neste caso, o termo “incorporar” está em seu sentido bem literal, já que você encarna o espírito dela na peça, não?
A Rita e a Blavatsky são diferentes, mas conectadas em muitos aspectos. Ambas são meio bruxas, e as duas, por serem capricornianas, têm em comum muitas das características típicas das pessoas desse signo. E as duas morreram no mesmo dia, 8 de maio, olha só! A peça tem muito metateatro, o tempo todo a gente fala do ato de fazer teatro. E, ao contrário do que acontece com o musical da Rita Lee, eu não preciso tentar falar ou me mexer como a Blavatsky. Ninguém sabe como era a voz dela, como se movia, qual era o seu gestual. Ela morreu em 1891, tudo o que temos dela são seus escritos e algumas fotos. Eu me sinto muito livre para interpretá-la. Aliás, eu não a interpreto, no palco eu sou a Mel encarnando o espírito dela.
Trazer uma mulher ucraniana aos palcos nesse momento foi uma escolha intencional por causa da situação do país, invadido pela Rússia desde 2022?
Não. A primeira vez que encenei essa peça foi como solo on-line, na pandemia, quando os teatros estavam fechados. Foi antes do início dessa guerra.
Quais outras mulheres poderosas você gostaria de viver no palco?
Várias outras, felizmente! É difícil enumerá-las. Mas digo que Medéia [de Eurípedes] é um personagem que me cativa.
Para encerrar, a Rita Lee fechou sua autobiografia dizendo se orgulhar de ter feito muita gente feliz. E você? Se orgulha de quê? De ter feito muita gente refletir? Recordar? Se divertir?
A arte tem o poder de tocar e transformar as pessoas. Eu me orgulho de, ao longo desses vinte e tantos anos de trabalho na TV e no teatro, ter auxiliado de alguma maneira na transformação de muita gente. A vida presta. É um trabalho árduo, mas que vale a pena.
Mel Lisboa com sua musa Rita Lee – foto reprodução Instagram
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