Revista Online: fevereiro 2024 – ed. 169 – SP

Revista Online: fevereiro 2024 – ed. 169 – SP

Luciana Villas Boas está à frente do Camarote Salvador, que movimenta mais de R$ 100 milhões

Luciana Villas Boas está à frente do Camarote Salvador, que movimenta mais de R$ 100 milhões

Luciana Villas Boas comanda o Camarote Salvador, que leva milhares de turistas e foliões para a capital baiana, em uma estrutura de 10 mil m2 e três palcos com mais de 60 atrações

Salvador é sinônimo de festa quase ininterrupta para muitos carnavalescos e – para além dos trios elétricos e dos blocos de rua – os camarotes se multiplicam e já representam fatia considerável do movimento da economia local nessa época. É o caso do Camarote Salvador – o mais disputado da Bahia e a maior festa privada de Carnaval do Brasil. E a mulher à frente desse evento, que movimenta mais de R$ 100 milhões, é Luciana Villas Boas. “Somente o Camarote Salvador gera cerca de cinco mil empregos diretos e indiretos. É uma relevância muito grande para a economia do estado”, enfatiza.

 

foto Lucas Muylaert

 

A diretora-executiva da Premium Entretenimento, responsável pela criação e produção do Camarote, fez carreira na Rede Bahia de TV em 19 anos de emissora. “O meu último cargo foi como diretora de Planejamento e Pessoas, acredito que a organização e a gestão são duas vertentes essenciais para o sucesso de um negócio”, afirma.

A empresa prioriza o desenvolvimento de equipes e treinamento para que todos estejam alinhados com o padrão de atendimento do evento. Segundo Luciana, os camarotes elevam cada vez mais o nível de serviço e a Premium Entretenimento investe em estrutura e atrações para também acompanhar as novidades em relação ao cenário musical. “O axé continua forte, mas Salvador já abre espaço para vários outros estilos e artistas, a exemplo de Bloco da Anitta e os trios do Alok e de DJs internacionais.”

E quando o Carnaval acaba não há nem tempo de esquecer a folia. Diante de acertos e erros, a empresária foca em como melhorar e inovar na próxima festa. “Iniciamos o planejamento para a edição seguinte a partir do último dia de Carnaval. As vendas começam na Quarta-Feira de Cinzas, ou seja, durante o ano todo estamos debruçados em como realizar a maior festa de Carnaval do país!”

Boeing mergulha em nova crise enquanto Airbus decola

Boeing mergulha em nova crise enquanto Airbus decola

Europeia Airbus se consolida como maior fabricante de aviões para o transporte de passageiros enquanto a norte-americana Boeing se esforça para superar problemas com os Max 8 e Max 9. Problemas afetam também os planos de viajantes brasileiros

A Boeing é uma empresa norte-americana fundada em 1916 e que, durante décadas, assumiu o título de maior fabricante de aviões para o transporte de passageiros. Mas nos últimos anos, por causa de uma série de percalços, ela passou a vice do setor. É que a europeia Airbus, criada em 1970, simplesmente atropelou a rival com suas aeronaves eficientes, modernas e confiáveis.

Em 2023, a Airbus entregou 735 aeronaves e registrou uma carteira de encomendas de mais 8.600 aviões para o futuro. Já a Boeing fechou o ano passado com 528 entregas e 5.626 em sua carteira de pedidos.

O incidente em que um buraco se abriu na fuselagem de um Boeing 737 Max 9 da Alaska Airlines em pleno voo, dia 5 de janeiro, foi o mais recente de uma série de falhas de segurança da fabricante norte-americana.

 

foto divulgação

 

Por causa de outro defeito, dois 737 Max 8 se envolveram em acidentes fatais em 2018 e 2019 na África e no Sudeste Asiático. Isso fez com que centenas de Max 8 tivessem de ficar cerca de um ano aterrados até que o problema fosse solucionado, causando terríveis prejuízos a dezenas de empresas aéreas – como foi o caso da brasileira Gol.

Agora, com a proibição de voos dos Max 9, outras empresas estão vivendo momentos difíceis. Esse é o caso da panamenha Copa Airlines, que possui 29 aviões desse modelo. Por “sorte”, apenas 21 desses têm exatamente a mesma configuração daquele da Alaska Airlines, o que permite que os demais oito possam voar normalmente. Com isso, alguns dos cinco voos diários operados com Max 9 pela Copa entre São Paulo e a Cidade do Panamá vêm sendo substituídos pelo mais “antiguinho” 737-800 e outros têm sido cancelados, gerando transtornos para brasileiros em viagem pela América Central e pelo Caribe.

Radar

Retomada
Em 2023, o movimento no aeroporto de Congonhas somou 22,4 milhões de passageiros. Em 2019, o pico antes da pandemia, o total foi apenas 5% superior a isso. Em 2023, foram realizados 231,8 mil pousos e decolagens. O terminal atendeu 49 destinos, e o mais movimentado foi Rio de Janeiro-Santos Dumont (com 3,6 milhões de passageiros), seguido de Brasília (2,3 milhões), Porto Alegre (2,2 milhões), Belo Horizonte (1,9 milhão), Salvador (1,5 milhão).

Zap no ar
Desde 2022, todos os passageiros da Gol podem se manter conectados com familiares, amigos e colegas de trabalho a bordo, por meio de mensagens de texto sem custo. Agora esse benefício está restrito apenas aos clientes Smiles, programa de fidelidade da companhia aérea. É preciso ser cadastrado, mas o cadastro é gratuito. Só com ele dá para ter acesso a WhatsApp, Facebook Messenger, iMessenger e Viber. De graça, não é permitida a troca de fotos, vídeos e áudios.

Europa-Oceania
A Turkish Airlines é a empresa área com a maior cobertura global. Com uma frota de 436 aeronaves (de passageiros e de carga), ela opera voos para 345 destinos em todo o mundo, sendo 292 internacionais, em 129 países. A partir de março, o número de destinos vai subir para 346 e o de países para 130, com o início da operação dos três voos semanais ligando Istambul a Melbourne, na Austrália. A rota será feita com Boeings 787-9 Dreamliner.

Erika Januza se prepara para brilhar no Carnaval como rainha de bateria da Viradouro

Erika Januza se prepara para brilhar no Carnaval como rainha de bateria da Viradouro

Com muito brilho, a atriz Erika Januza assume mais uma vez o posto de rainha de bateria da Viradouro e divide seu tempo com produções em diferentes streamings

O coração de uma escola de samba talvez seja o posto de rainha de bateria. Toda a pulsão e a energia que os movimentos – ora suaves, ora intensos – que ela evoca na Avenida são essenciais para a composição e a harmonia de toda a agremiação. E Erika Januza – atriz natural de Contagem, em Minas Gerais – sabe bem dessa responsabilidade. “Acho importante estar presente em todos os ensaios, assim como é fundamental acompanhar outros eventos relacionados à escola”, enfatiza.

Desde 2021, ela representa a Unidos do Viradouro – escola de samba de Niterói. Mas o Carnaval é uma paixão antiga. Antes, foi musa de bateria da Império Serrano, Império da Tijuca, Vai-Vai, Grande Rio e Salgueiro. “Fico nervosa da mesma forma e me emociono todos os anos”, compartilha.

 

foto Márcio Farias

 

Imersa também nas gravações de uma releitura de “Dona Beja” para a HBO – que promete envolver o público como a versão original da TV Manchete, de 1986 –, Erika interpreta a personagem Cidinha e opina que, agora, a obra será mais ajustada ao nosso tempo: “Atores negros compõem lindamente o elenco principal!”

Em entrevista à 29HORAS, Erika Januza compartilha detalhes da intensa rotina de uma rainha de bateria, lembra o início de sua carreira e discorre sobre as produções que refletem seu trabalho diversificado na atuação. Confira os principais trechos:

Você é rainha de bateria da Unidos do Viradouro. Como é a preparação para viver os dias intensos de Carnaval? Como concilia os ensaios com a sua rotina de gravações?
Por coincidência, nos meus três anos como rainha, também estava envolvida em outros projetos como atriz. Já me acostumei e gosto dessa correria. Eu tento sempre priorizar os ensaios, seja os de rua ou de quadra. Acho importante estar presente em todos, assim como é fundamental acompanhar outros eventos relacionados à escola. Carnaval não se faz apenas com o desfile na Avenida. E para dar conta de ter energia do começo ao fim, tento manter uma rotina mais regrada, sem excessos. Descanso é o mais difícil, mas uma boa hidratação e atividade física são essenciais.

 

Erika em ensaios na Unidos do Viradouro – foto divulgação

 

O que significa ser uma rainha de bateria? Quais mulheres do Carnaval e do samba te inspiram?
Desde criança era apaixonada pelo que via na TV. E mesmo parecendo distante da minha realidade, desse amor veio o desejo de fazer parte da festa, de estar presente no Carnaval, em especial no Rio de Janeiro. Me emociono e fico nervosa da mesma forma, todos os anos. Quando o convite para assumir o posto de rainha surgiu, foi uma mistura de sentimentos, da alegria à responsabilidade de estar à frente do que é o coração da escola. De maneira geral, muitas mulheres me inspiram…adoro uma ex-rainha de São Paulo chamada Arielen Domiciano. Ela tem uma energia que nunca vi igual. E algumas das mulheres que admiro nem estão no holofote. Neste ano, por exemplo, decidi enaltecer o trabalho feminino de guerreiras, artesãs de várias regiões do país, que vivem de suas artes e sustentam suas famílias. Elas mandaram suas peças e meu stylist, Vitor Carpe, criou as fantasias com esses adereços.

Como é a sua relação com a escola de samba? Você já desfilou em outras agremiações, quais singularidades a Viradouro traz para o Carnaval do Rio?
A minha relação é a mais próxima possível! A cada ano que passa tento me aproximar ainda mais da comunidade que faz a magia acontecer. Na Viradouro, quase todo mundo se conhece e o trabalho flui de maneira organizada, super profissional. Essa escola tem algo de especial, um sentimento forte de que todo mundo está unido em um mesmo propósito. E essa família tem força, acredita em si mesma e envolve qualquer um que se aproxima.

 

Celebrando o terceiro lugar da Viradouro, no Carnaval de 2022 – foto divulgação

 

Lembrando o início de sua carreira como atriz, como foi sair de Contagem, em Minas Gerais, para morar no Rio de Janeiro?
Foi um desafio inesperado e maravilhoso. Eu me vesti de coragem e vim para o Rio! Tinha fé de que as coisas dariam certo. Mas deixei tudo em stand by em Minas, caso algo desse errado. Minas está em mim, em tudo. Minhas referências, minha formação, minha essência. Mas adotei o Rio como a minha casa, é a cidade que me acolheu. Sempre gostei de fazer minhas coisas sem necessariamente ter a companhia de alguém. E aqui no Rio faço muito isso. Saio para jantar, vou ao cinema… Adoro essa liberdade – um pouco contraditória – que a cidade traz. Falo em contradição porque, infelizmente, convivemos com essa violência urbana cada vez mais crescente.

Como você começou a atuar? Quais são as suas referências hoje?
As artes cênicas entraram na minha vida em 2012, com meu primeiro trabalho. Digo que a minissérie ‘Suburbia’ foi minha primeira grande escola. E fui aprendendo cada vez mais com outros projetos. Quando mais jovem, não tinha muitas atrizes negras para me inspirar. Mas amava ver, por exemplo, Taís Araújo em ‘Xica da Silva’, Isabel Fillardis como Ritinha… dona Ruth de Souza, Zezé Motta, Léa Garcia. Elas foram inspiração para uma geração orgulhosa e sonhadora com as possibilidades que um dia poderiam existir para todos nós. Ainda em Minas, a TV foi a minha janela. Era ali, consumindo as novelas, em especial, que eu sonhava. Hoje me sinto completamente realizada em minha profissão. Mas ainda cheia de desejos a realizar!

 

A atriz em “Suburbia” – foto Rede Globo | AF Rodrigues

 

Alguns de seus papéis em novelas da TV Globo, como “Em Família”, “O Outro Lado do Paraíso” e “Amor de Mãe”, eram dramáticos e a questão do preconceito e da luta antirracista atravessavam suas personagens. Como é, para você, abordar esses temas por meio da atuação? Quais outras temáticas gostaria de vivenciar nesse formato televisivo?
Falar sobre racismo foi algo que demorei para fazer. Mas vivi muito. Precisei amadurecer antes de me expressar para o mundo. Mas entendi que isso se fazia necessário e urgente! Poder dar voz a personagens que trazem narrativas que pertencem ao universo de uma mulher preta é algo que me motiva. Dar nome às formas de preconceitos que ainda vivemos nesse país, que é tão miscigenado e preconceituoso, ao mesmo tempo, é algo essencial. O que me encanta ao aceitar um trabalho é um combo: uma boa história, uma boa personagem, uma equipe afinada e ter a oportunidade de ser uma atriz boa para aquela personagem. Para além da temática do preconceito, não sei se há um tema central que desejo representar. Até porque sou muito grata às oportunidades que tive ao longo da minha caminhada, ainda em construção, mas tão diversa. Mas sonho com algumas personagens, como ser uma vilã… e fazer Xica da Silva e Elza Soares!

 

Gravando “A Magia de Aruna” – foto divulgação

 

Você inicia 2024 com muitos trabalhos em diferentes streamings. Está em “Arcanjo Renegado”, produção do Globoplay, e em “Magia de Aruna”, do Disney+. Quais são as diferenças e as semelhanças em relação às novelas?
‘Arcanjo’ me ajudou a amadurecer muito enquanto artista. A personagem passou por muitas mudanças, amadureceu também. Compor esse arco dramatúrgico é riquíssimo. Estou apaixonada pelo gênero. Fazer ação é uma delícia! Sobre ‘Magia de Aruna’, ter recebido o título de bruxa brasileira da Disney foi uma honra. Foi um encontro lindo com Cleo Pires e Giovanna Ewbank. É uma série leve, cheia de efeitos e magia. Mexer com o imaginário das pessoas é muito interessante. A novela tem um batidão, uma entrega diária e a obra é aberta. Tudo pode acontecer. Não dá muito tempo de parar para olhar para trás. A gente tem que se apropriar do processo. Em uma série, geralmente, a gente já entende o caminho pelo qual o personagem e a história seguirão. A forma de compor acontece antes mesmo de entrar no set. Se tem melhor? Se eu prefiro alguma? Não! Amo meu trabalho, independentemente da plataforma.

 

Na série “Arcanjo Renegado” – foto divulgação

 

Você também está gravando o remake de “Dona Beja”, do HBO Max. Como foi sua preparação para viver Candinha? Poderia compartilhar um pouco mais sobre a sua personagem?
‘Dona Beja’ vem como uma releitura da história. Estou muito feliz em fazer parte desse capítulo novo da dramaturgia, que é uma novela no streaming. A história vem cheia de surpresas arrebatadoras. O texto é fortíssimo e mexe muito comigo. Terei a oportunidade de dizer em cena tantas coisas que sinto na vida real. E foi uma obra emblemática, que povoa o imaginário de muita gente. Fez muito sucesso na época em que foi exibida. Não busco inspiração na versão original, estou focada no texto, que me deu todos os elementos para dar forma à personagem. Como se trata de uma releitura, é uma obra mais ajustada ao nosso tempo. Atores negros compõem lindamente o elenco principal. Aguardem: vai valer a pena!

Depois do Carnaval e das gravações de “Dona Beja”, o que planeja para 2024?
Ainda tem muita gravação de ‘Dona Beja’ pela frente e mais uma temporada de ‘Arcanjo’. Espero que seja um ano de muito trabalho, com um projeto emendando no outro.

 

foto divulgação

 

Foto de capa: Guilherme Lima

A cantora italiana Laura Pausini celebra 30 anos de carreira com turnê internacional que passará por São Paulo

A cantora italiana Laura Pausini celebra 30 anos de carreira com turnê internacional que passará por São Paulo

Para celebrar suas três décadas de carreira com milhares de fãs em todo o mundo, Laura Pausini sai em turnê internacional e se apresenta em São Paulo no início de março

O ano era 1993. O tradicional Festival de Sanremo, na comuna homônima da Itália, anunciava a vencedora da categoria de artistas iniciantes: uma garota de apenas 18 anos, chamada Laura Pausini, que cantou a música inédita “La Solitudine”. Da noite para o dia, ela passou de anônima a estrela e viu sua vida mudar.

Mais difícil do que alcançar a fama é mantê-la por tantos anos, de forma sempre positiva – algo que Laura soube fazer como ninguém. A cantora chega aos 50 anos de idade em maio e já acumula três décadas de uma carreira consistente na Itália, no mundo e, claro, no Brasil – país que a abraçou e até a incentivou a aprender português, uma das cinco línguas em que é fluente.

 

foto Virginia Bettoja

 

Para comemorar o marco profissional, a artista roda o mundo com sua turnê Laura Pausini World Tour 2023/2024, que teve início na Itália e é seu grande retorno aos palcos. “Não saio em turnê desde 2019 e foi o que mais senti falta nesses anos”, conta. Além da Europa e dos Estados Unidos, Laura passa também pelo Brasil, onde se apresenta em São Paulo nos dias 2 e 3 de março, no palco do Espaço Unimed. Junto a seus clássicos, estão no repertório novidades como as canções “Un Buon Inizio” e “Davanti a Noi”, que fazem parte de seu mais recente o álbum “Anime Parallele” – lançado em outubro do ano passado.

E a cantora segue acumulando feitos e prêmios. Em 2021, foi indicada pela primeira vez ao Oscar e ganhou seu primeiro Globo de Ouro com a música “Io Sì”, trilha sonora do filme “Rosa e Momo”, da Netflix. “Durante esses anos de Covid, vivendo emoções indescritíveis, tive muito tempo para refletir sobre o meu trabalho e percebi que estava me adaptando ao ritmo de quem se contenta. Quero e preciso me dar esse presente: saber que não cheguei ao objetivo, que ainda há mais para descobrir”, reflete.

 

Laura Pausini em show da turnê em Veneza – foto Virginia Bettoja

 

Em entrevista à 29HORAS, Laura Pausini faz um balanço de sua trajetória, fala sobre sua relação com o Brasil e conta como vislumbra o futuro. Confira, nas páginas a seguir, os principais trechos dessa conversa:

Você completou 30 anos de carreira em 2023. Olhando para trás, que balanço faz das últimas três décadas? Quais foram os momentos mais marcantes?
Tenho muita sorte de poder comemorar três décadas na música e tenho essa consciência. É por isso que quando penso nesses 30 anos, me sinto orgulhosa e satisfeita. Trabalhei muito e nunca parei de tentar retribuir o amor que as pessoas sempre me deram. O Festival de Sanremo, em 1993, mudou a minha vida ao me tornar conhecida na Itália e no resto do mundo. Acredito que junto com o Grammy, o Globo de Ouro e a indicação ao Oscar, aprender línguas estrangeiras é uma das coisas mais memoráveis da minha vida, porque me moldou como mulher e cantora.

 

Com seu primeiro Globo de Ouro, em 2021 – foto Courtesy of Gentemusic

 

Quais são as suas recordações do dia, em 1993, em que sua música “La Solitudine” venceu o Festival de Sanremo?
Eu tinha apenas 18 anos, era ingênua e inocente e não tinha absolutamente nenhuma expectativa de ganhar. Nasci em uma pequena cidade italiana no meio do trigo e dos campos. Ser famosa era algo inimaginável para mim. Os italianos votaram em mim e me fizeram ganhar na noite de 27 de fevereiro. A partir desse dia, minha vida e da minha família mudou.

Você foi uma das primeiras mulheres italianas a fazer grande sucesso internacionalmente e a ganhar um Grammy, além de tantos outros prêmios importantes e indicações, como o Oscar. Qual é a responsabilidade de ser pioneira e influenciar tantas gerações seguintes?
É uma grande responsabilidade que, às vezes, me assusta. Espero não cometer erros e dar um bom exemplo levando o nome do meu país pelo mundo. E para alcançar esse propósito, tenho que ser 100% honesta e essa é a minha força. Hoje, todo mundo está em busca de notícias sensacionalistas. Isso gera um pequeno desconforto em mim, porque qualquer um pode inventar ou falar mal sem verificar se as informações são verdadeiras ou não. Então, utilizo minhas plataformas de mídia social em todas as línguas em que canto, para dizer quem realmente sou.

Como foi a maratona de shows #LAURA30, em que, em apenas 24 horas, você percorreu três cidades, dois continentes, cinco idiomas e 30 anos de música? Qual foi o grande propósito desse projeto?
O grande objetivo do projeto foi alcançar as pessoas que me acompanham nesses 30 anos. Escolhi começar em Nova York, porque é a cidade onde canto em cinco línguas diferentes graças ao seu multiculturalismo. Madri é o primeiro lugar onde cantei em espanhol e Milão representa a minha carreira na Itália. Logisticamente, foi muito difícil preparar tudo, mas valeu a pena. Foi uma das aventuras mais bonitas que já tive e me desafiou como nunca.

Você não saía em turnê desde 2019. Qual é a sensação de retornar aos palcos? O que podemos esperar dessa turnê comemorativa no Brasil? Pode dar algum spoiler?
Me sinto como uma menina na frente de uma loja de doces: feliz, curiosa e com fome!
O setlist apresenta mais de 30 músicas, do meu primeiro disco ao último. É uma turnê para celebrar três décadas de história musical compartilhada com meu público. É uma espécie de viagem, um conto feito de canções, mas também de anedotas e fotos muito pessoais e inéditas. Além disso, vou cantar algumas músicas em português, já que é a minha língua favorita!

Ao longo de sua carreira, você teve a possibilidade de fazer parcerias musicais com grandes nomes. Quais foram as mais marcantes? Com quem mais gostaria de trabalhar?
A mais emocionante foi a primeira, com Phil Collins. Eu tinha apenas 19 anos e era louca por ele. Com uma coragem desconhecida, pedi para ele colaborar comigo. Phil foi muito gentil e imediatamente escreveu para mim uma música chamada “Looking for an angel”, que cantamos muitas vezes juntos. Eu o amo imensamente e sempre serei grata a ele.

 

A cantora com Phil Collins – foto Courtesy of Gentemusic

 

Você tem uma relação muito especial com o Brasil. Quando foi a primeira vez em que esteve aqui e quais são as suas melhores recordações no país? Tem planos de vir morar no Brasil?
Minha primeira vez no Brasil foi no Rio de Janeiro, que é a minha cidade favorita no mundo. Eu tinha 19 ou 20 anos e me senti em casa andando por Ipanema. Mesmo não falando português ainda, entendi tudo. Realmente me senti uma pequena menina brasileira. Para ser sincera, tenho muita vontade de morar no Brasil. Mas, antes, eu sonho em conhecer Salvador, na Bahia. Nunca estive lá e seria maravilhoso ter tempo de desbravar essa cidade incrível.

Como foi o processo criativo e de composição do seu novo álbum “Anime Parallele”? Qual é a mensagem que você quer transmitir com esse trabalho?
É um verdadeiro álbum conceitual que conta 16 histórias de pessoas reais, diferentes entre si. É um disco que celebra a diversidade e o direito individual de cada um que, na minha opinião, devem ser respeitados por sermos cidadãos das mesmas ruas, mas de almas, sonhos e desejos diferentes. Vivemos em um mundo que divide lugares, mas não necessariamente ideias. Nesse mundo, representado pelas ruas e calçadas, quero que sempre exista respeito e amor entre as pessoas que o habitam. Eu gostaria que todos tivessem o desejo de se apaixonar pelos seres humanos que vivem simultaneamente como almas em caminhos paralelos.

O novo álbum inclui a canção “Durar (Uma Vida com Você)”, que ganhou uma versão em português com participação de Tiago Iorc. Como surgiu a ideia da parceria?
Eu admiro o trabalho do Tiago faz tempo e fiquei muito feliz quando ele aceitou o convite para cantar e adaptar a música “Durar”. Uma amiga minha, que é brasileira, me apresentou as músicas dele e fiquei encantada. É um poeta muito talentoso e sua voz combinou muito com a mensagem que quis passar com essa canção. Ele ainda aceitou ir até a Suécia para gravar o videoclipe comigo e me ajudou com a pronúncia do português, foi muito gostoso! Espero poder encontrá-lo quando chegar no Brasil e agradecer sua participação e apoio. Ele é um amigo incrível que a vida me deu.

 

A parceria de Laura e Tiago Iorc na música “Durar (Uma Vida com Você)” – foto Nicolas Loretucci

 

Como você vislumbra o seu futuro pessoal e profissional? Tem um grande sonho que ainda deseja realizar?
Os sonhos que se realizaram na minha vida são maiores do que imaginei. Tenho medo de não ser capaz de sonhar, mas estou feliz em dizer que ainda faço isso. A música ainda é algo desconhecido, sempre me faz querer saber mais. Preciso me sentir assim, sonhar que posso me desafiar todas as vezes.

Foto de capa: Leandro Emede