Entrevista com a CDMO da AlmapBBDO: “A tecnologia é uma grande aliada da criatividade”

Entrevista com a CDMO da AlmapBBDO: “A tecnologia é uma grande aliada da criatividade”

Rafaela Alves, Chief Data Media Officer da AlmapBBDO, fala sobre os atuais desafios para criar campanhas inovadoras e impactantes

Com quase 70 anos de história, a agência de comunicação AlmapBBDO foi eleita a Agência Global da Década pelo Cannes Lions e a agência criativa mais eficaz do mundo pelo Effie Index – sendo a primeira brasileira a receber o título.

Líder da equipe de mídia e dados e à frente do gerenciamento de estratégias multiplataforma integradas da Almap, Rafaela Alves utiliza seus 25 anos de experiência profissional – com passagens pela L’Oréal, Claro, Tim e Gol Linhas Aéreas – para identificar oportunidades e construir caminhos inovadores com seus clientes. Em entrevista à 29HORAS, a executiva nomeada como “Woman to Watch” no Brasil compartilha sua visão de mercado e como usar a tecnologia a favor da publicidade.

 

Rafaela Alves, Chief Data Media Officer da AlmapBBDO – foto Hugo Treu

 

De que forma a sua experiência como anunciante e consumidora ajuda agora do outro lado da mesa, na Almap?
Ter uma visão holística de marketing me faz construir caminhos não tão óbvios. Meu mantra é que não existe um briefing de campanha, é sempre um desafio de negócio. Tendo a visão ampliada do ecossistema, é mais fácil identificar gaps por parte do cliente que podem impactar a qualidade do trabalho da agência. Antecipar essas situações promove eficiência e agilidade. Um grande exemplo é a área de Martech (marketing e technology). A Almap foi a primeira agência a estruturar essa disciplina, trazendo uma visão integrada de tecnologia aplicada.

Recentemente você foi nomeada como “Woman to Watch” no Brasil. O que isso representa para você e para a agência?
O “Woman to Watch” é um legado de responsabilidade e comprometimento. Eu dedico tempo para contribuir nessa jornada dentro e fora da agência. Desde entender se as oportunidades estão sendo oferecidas da forma correta ao meu time até programas de mentoria voluntária. O projeto ‘Eleva Elas’ tem foco em desenvolver e promover os talentos femininos e já envolveu 240 mulheres. Desde 2021, a presença feminina em cargos de liderança na Almap aumentou de 43% para 57%.

Existe uma campanha recente que você considera um marco para a Almap?
Com Elis Regina, nos 70 anos de Volkswagen, desmistificamos o uso de IA e mostramos a tecnologia como grande aliada da criatividade. Na campanha de Dia das Mães de O Boticário, em um formato longo e vertical, mostramos que a criatividade é soberana às práticas engessadas de formatos curtos, gerando impacto jamais visto na data. Desenvolvemos também um novo produto de mídia baseado em dados, o “Abrigo amigo”, que é um serviço público, mostrando que o ecossistema da publicidade não é mais unilateral.

 

Campanha da Volkswagen com a utilização de IA, com Elis Regina e Maria Rita – foto divulgação

 

Como a agência equilibra campanhas criativas com a necessidade de gerar conversões e retorno sobre investimento?
Temos uma modelo flexível de operação, recursos e estratégias que acompanham o momento da marca, mas também a demanda de mercado. O ponto determinante é acompanhar a jornada do consumidor. Se ela passa por todas as etapas, então seria míope pensar sobre um aspecto somente. Hoje temos 8 meses de performance, olhando para conversão direta, operando dentro da Almap. No último ano, criamos uma vertical de Retail Media para impulsionar a ativação dos clientes no varejo online.

Com a ascensão da IA, como a criatividade humana ainda será o diferencial valioso na publicidade?
Inteligência Artificial é sobre eficiência, otimização de tempo e redução de custos. Para entregar diferenciação é preciso ter uma capacidade de processamento individual. É importante destacar que caberá a nós o papel de fazer a pergunta certa, realizar a análise crítica e estar no centro do processo. Grandes ideias não surgem apenas da eficiência dos algoritmos, mas da capacidade humana de interpretar emoções, desafiar padrões e conectar marcas e pessoas de forma autêntica.

AlmapBBDO
• Fundada em 1956
• Agência mais premiada do Brasil
• 920 funcionários
• 40 clientes no portfólio
• Faturamento cresceu 12% em 2024

Entrevista com o VP Sênior da BYD Brasil: “Nossa meta é estar entre as três marcas mais vendidas no Brasil nos próximos cinco anos”

Entrevista com o VP Sênior da BYD Brasil: “Nossa meta é estar entre as três marcas mais vendidas no Brasil nos próximos cinco anos”

Com expansão de infraestrutura e estratégias de marketing inovadoras para atrair mais consumidores, a BYD se torna líder na venda de híbridos e elétricos no país

Com sede na China, a primeira fábrica da BYD no Brasil foi inaugurada em 2015, em Campinas, para montar ônibus 100% elétricos. Dois anos depois, a empresa iniciou a produção de módulos fotovoltaicos e, em 2021, passou a comercializar carros no país. O trabalho e a inovação constantes trouxeram a liderança na venda de veículos 100% elétricos em 2023, comercializando mais do que o dobro de todos os concorrentes combinados. “Já atingimos a marca de 60 mil veículos vendidos em 2024 — um crescimento de 227% em relação ao ano anterior”, afirma Alexandre Baldy, Vice-Presidente Sênior da BYD Brasil e Head Comercial e Marketing da BYD Auto.

Eleita pela revista americana “Times” como uma das 100 empresas mais influentes do mundo, a BYD integra o Pacto Global das Nações Unidas (ONU), uma iniciativa que fornece diretrizes para a promoção do crescimento sustentável e da cidadania. Em entrevista à 29HORAS, Alexandre Baldy aprofunda as tendências de novos modelos, tecnologias e iniciativas de marketing no segmento de carros elétricos no Brasil.

 

Alexandre Baldy, VP Sênior da BYD – foto divulgação

 

Como a marca adapta sua estratégia de marketing para atingir os consumidores brasileiros ainda pouco familiarizados com a mobilidade elétrica?
A BYD chegou para revolucionar o mercado brasileiro com carros mais tecnológicos, seguros, bem equipados, com acabamento premium e um excelente custo-benefício. Nossas ações têm como objetivo promover a mobilidade elétrica como uma opção viável e sustentável. O apresentador Luciano Huck tem sido um grande parceiro da marca e nos ajudou a levar a mensagem da BYD para milhões de brasileiros. Somos uma greentech com o maior time de pesquisa e desenvolvimento entre todas as montadoras do mundo. Mais de 100 mil engenheiros trabalham para desenvolver novas tecnologias e aprimorar nossos produtos.
Somente em outubro deste ano, superamos nossa marca histórica mensal de mais 9 mil vendas e 7,4 mil unidades emplacadas no Brasil. No entanto, apesar dos números positivos e com uma forte tendência de crescimento, temos um desafio de enfrentar notícias falsas e levar informação verdadeira para que as pessoas entendam os benefícios da eletrificação, ainda mais no Brasil que possui uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo.

Além do enfrentamento à desinformação, quais outros desafios a BYD observa no mercado brasileiro?
Estamos fortemente empenhados com o mercado brasileiro, e a construção da nossa fábrica em Camaçari, na Bahia, é um exemplo desse compromisso. Não à toa, estamos investindo R$5,5 bilhões na nossa nova planta, que, além de criar 20 mil empregos diretos e indiretos, terá capacidade para produzir até 150 mil veículos por ano em uma primeira fase de operação e 300 mil em um momento posterior. Temos também um projeto importantíssimo em andamento: estamos desenvolvendo o motor híbrido flex que, além da gasolina, pode utilizar etanol, um combustível verde e produzido em larga escala no nosso país. Mas o principal desafio é a infraestrutura de recarga. Precisamos ter cada vez mais carregadores, especialmente os de alta velocidade para facilitar o deslocamento nas cidades e nas estradas. Fizemos uma parceria com a Raízen Power para a instalação de 600 carregadores em oito cidades e o número deve crescer ainda mais.

 

Modelo BYD King, novo sedã híbrido da marca – foto Pedro Bicudo

 

Como a marca planeja se diferenciar de outras que adentram o segmento de mobilidade elétrica no país?
Temos uma abordagem profundamente enraizada no Brasil e uma visão de longo prazo. Esse compromisso se estende à nossa estratégia de integração de diversas soluções de mobilidade sustentável, incluindo carros elétricos, ônibus, caminhões, sistemas de transporte ferroviário (como o SkyRail, monotrilho da linha 17-Ouro do metrô de São Paulo), além de módulos fotovoltaicos para energia solar. Essa estratégia nos permite oferecer não apenas veículos, mas um ecossistema completo que tem como foco reduzir a dependência de combustíveis fósseis. Em nossa comunicação, enfatizamos essa visão ampla e integrada, destacando que a BYD é uma parceira no desenvolvimento de um mundo mais verde e inovador.

Quais são os planos da empresa para o futuro próximo no Brasil em termos de novos modelos, tecnologias e iniciativas de marketing?
A BYD planeja consolidar sua presença com produção local de veículos, incluindo novos modelos elétricos e híbridos. Como nosso maior mercado fora da Ásia, o Brasil é um país estratégico para a expansão global da marca, e nossa meta é estar entre as três marcas mais vendidas nos próximos cinco anos. Esse crescimento será apoiado pela expansão da rede de concessionárias, que deve fechar em 2024 com mais de 150 unidades em operação pelo Brasil. Nosso objetivo é conectar a BYD aos brasileiros como a marca líder em mobilidade elétrica. Para isso, desenvolvemos estratégias de marketing que mostram os benefícios de economia, sustentabilidade e tecnologia dos nossos veículos.

 

Interior do BYD King – foto Pedro Bicudo

 

BYD
• 1.000 colaboradores no Brasil
• Chegou ao país em 2014
• 7 em cada 10 carros elétricos vendidos no Brasil são da marca
• Líder na venda de carros híbridos

HSM+ promove debates com executivos, CEOs e empreendedores no Transamérica Expo Center

HSM+ promove debates com executivos, CEOs e empreendedores no Transamérica Expo Center

Neste mês, HSM+ reúne diferentes líderes e CEOs, e conta com as principais vozes globais em tecnologia, ciência, marketing e sustentabilidade

A 24ª edição do HSM+, que promove debates com executivos, CEOs e empreendedores, acontece nos dias 26 e 27 de novembro, no Transamérica Expo Center, sob o tema “Conexões Significativas”. Na abertura, a atriz Denise Fraga apresentará um monólogo criado especialmente para o evento.

A feira terá como principais palestrantes Scott Galloway, reconhecido como guru do Vale do Silício, que explora o impacto das tecnologias exponenciais; Roman Krznaric, criador do Museu da Empatia e pesquisador do Clube de Roma, um dos principais centros de pesquisa científica do mundo, além de ser membro fundador da The School of Life; e Philippa Perry, psicoterapeuta, que defende um mundo de atenção compartilhada e menos sustentado por vícios em telas.

 

Palestras na edição passada da feira HSM+ – foto Helena Yoshioka

 

O público também poderá conferir insights de nomes como Neil Patel, cofundador da NP Digital, reconhecido como um influenciador de destaque pelo “The Wall Street Journal” e um dos dez melhores profissionais de marketing; além dos brasileiros Marcelo Pinheiro, head de Cibersegurança do Google, e as ativistas Neidinha Suruí – indigenista e fundadora da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé – e Txaí Suruí, única brasileira que discursou na COP26, em Glasgow, onde destacou a necessidade de defender a Amazônia contra o desmatamento.

O 24º HSM+ contará com espaços de cafés para networking, showcase, lounges, workshops, áreas de experiências imersivas, exposições e interações tecnológicas. Um dos pontos altos desta edição é a chance que o participante terá de adaptar sua experiência por meio de trilhas de conteúdo, além de ter a possibilidade de receber um certificado oficial da HSM ao completar uma carga horária específica nessas trilhas, que abrangem temas como Gestão ESG, Marketing e Growth, Tecnologias Exponenciais, Inovação e Disrupção, IA e Big Data, Economia e Finanças, Produtividade Consciente, Liderança Transformadora e Economia Prateada.

 

A feira conta com espaços para networking – foto Helena Yoshioka

 

HSM+ 2024
Transamérica Expo Center
Avenida Dr. Mário Vilas Boas Rodrigues, 387, Santo Amaro.
Ingressos a partir de R$ 5.399 em https://hsmmais.com.br

Henry & Klauss, dupla de mágicos de Belo Horizonte, se apresenta este mês no Rio e faz sucesso no Brasil, nos EUA e na Europa

Henry & Klauss, dupla de mágicos de Belo Horizonte, se apresenta este mês no Rio e faz sucesso no Brasil, nos EUA e na Europa

Henry & Klauss encerra sua turnê dia 26 na Arena Farmasi, com incríveis números de ilusionismo e muita conexão com a plateia

Nascidos em Belo Horizonte há 32 anos, Henry Vargas e Klauss Durães começaram a fazer truques com cartas e moedas desde a infância e, quando tinham 14 anos, se conheceram em um clube de mágicos da cidade. Aos 17 anos, formaram a dupla Henry & Klauss, que há uma década faz sucesso não só no Brasil como também nos Estados Unidos, na Europa e até na Ásia.

Em 2021 e 2023, a dupla de ilusionistas teve quadros fixos em programas de grande audiência da TV brasileira – o “Fantástico” e o “Domingão com Huck” – e em julho de 2022 encantou o júri do programa “America’s Got Talent”, na rede NBC, da TV norte-americana. Para coroar todo esse trabalho, em novembro de 2023, os mineirinhos receberam na França o Mandrake d’Or, considerado o “Oscar da Mágica”.

 

Henry (à esquerda) e Klauss – foto Taylor Wong

 

O pequeno negócio, que começou timidamente com apresentações em eventos corporativos de Belo Horizonte, hoje se transformou em uma grande empresa, que tem dezenas de funcionários, já levou suas performances às principais capitais mundiais do entretenimento (como Las Vegas, Los Angeles, Paris, Roma e Xangai) e fatura mais de R$ 30 milhões por ano. No lugar dos manjados esquetes envolvendo pombos e coelhos, a dupla se notabilizou por encenar números grandiosos, envolvendo explosões, carros em alta velocidade, levitações, aparições surpreendentes e escapadas eletrizantes. Referências no chamado “Novo Ilusionismo”, Henry e Klauss desenvolvem apresentações em que o impossível é desafiado de forma inteligente e tecnológica.

Depois de rodar o país com a turnê do espetáculo “Illusion Show’’, os mágicos agora chegam ao Rio de Janeiro, onde fazem uma apoteótica apresentação no dia 26 deste mês de outubro, na Arena Farmasi. 

Em entrevista concedida à 29HORAS, Henry e Klauss falam um pouco de sua arte, dos riscos envolvidos nessa atividade tão peculiar, do fascínio que seus truques exercem na plateia, das possibilidades e das novas obrigações advindas da tecnologia e de seus projetos para 2025. Confira nas páginas a seguir os principais trechos dessa conversa:

Nos dias de hoje, com trapaceiros e golpistas por todo canto, vocês parecem ter um salvo-conduto: ninguém gosta de ser enganado, mas todo mundo tem um fascínio pelos feitos dos mágicos e ilusionistas. Como explicar isso?
Klauss: Somos diferentes desse pessoal, nós iludimos honestamente! (risos)
Henry: A verdade é que nós trabalhamos em um conceito que foi batizado de ‘Suspensão da Descrença’. Nosso trabalho tem uma licença poética. Nós fazemos como os atores fazem no teatro, no cinema e na TV: nem mesmo um Super-Homem é capaz de voar, o Scooby-Doo é um cachorro e cães não falam, o ET não veio à Terra. O nosso objetivo é o mesmo desses personagens: criar emoções, encantar. A cada show, é como se nós fizéssemos um filme ao vivo. Na TV dos Estados Unidos, os combates de luta-livre são todos combinados e coreografados. As pessoas sabem que nada daquilo é verdade, mas gostam de ver.

 

Henry levita em um dos números do final do espetáculo “Illusion Show”, que rodou o país e chega este mês à Arena Farmasi, no Rio – foto divulgação

 

Mas vocês já foram “xingados” na rua de bruxos, feiticeiros ou ocultistas?
Klauss: Na rua, nunca, mas nas redes sociais, sim, a todo momento. Outro dia mesmo recebi um e-mail enorme, nos acusando de sermos causadores do apocalipse. Mas, em geral, as pessoas nos tratam com carinho e admiração. 

As novas tecnologias vêm facilitando ou complicando o trabalho de vocês?
Klauss: A tecnologia é uma das marcas e um diferencial do nosso trabalho. Ela nos abre novas possibilidades, nos permite usar novos efeitos e nos coloca em uma conexão ainda mais forte com o público jovem. Mas, por outro lado, sua disseminação nos força a fechar mais e mais ‘portas’ por onde o público pode eventualmente decifrar e entender como fazemos os nossos números. A tecnologia deu mais poder ao público e nos impôs mais algumas obrigações e preocupações. 

É por isso que a melhor forma de apreciar o trabalho de vocês é ao vivo?
Henry: Sim. Hoje, com tanta gente produzindo deep fakes e usando programas de inteligência artificial sem ao menos avisar o espectador, tem também mais gente desconfiada de que tudo o que fazemos em vídeo é manipulado digitalmente. É por isso que muitas postagens de mágicos vêm com aqueles disclaimers de que “tudo que vocês vão ver é filmado sem retoques de computação gráfica” ou algo semelhante. E é também por isso que fazemos questão de reproduzir nos nossos shows os números mais vistos em vídeo na internet ou na TV. Tem muita gente que só acredita quando vê de perto a coisa acontecer.

 

Henry e Klauss participando do “Fantástico” – foto Divulgação / TVGlobo

 

Por falar em apresentações ao vivo, quais são os destaques desse espetáculo com o qual vocês rodaram o país em 2024 e agora trazem para a Farmasi Arena, no Rio?
Henry: Fazemos aquele número do barril em chamas (que ficou famoso no “Fantástico”), eu e o Klauss voamos e depois fazemos uma criança da plateia levitar também. Mas o que mais impressiona é um número que executamos junto com o público. Todo mundo recebe quatro cartas de baralho na entrada do espetáculo e nós envolvemos o público num ato de ilusionismo. Ninguém acredita quando percebe que a mágica acontece em suas próprias mãos!

Quanto tempo e quanto dinheiro é consumido na concepção de um número novo para os seus shows?
Henry: Os números mais complexos — que envolvem explosivos ou grandes voos e levitações — podem demorar até 6 meses de testes para ficarem prontos. E um número desses com tantos ensaios pode consumir até meio milhão de reais.
Klauss: Temos um galpão em São Paulo que funciona como laboratório e palco para os nossos ensaios. Nossa equipe tem um total de 50 pessoas, entre engenheiros e técnicos de todo tipo. E todo mundo assina um termo de confidencialidade para não poder revelar os nossos segredos.

Por falar em dindim, é verdade que vocês faturaram R$ 30 milhões no ano passado?
Klauss: Em 2023 faturamos R$ 30 milhões e este ano devemos fechar com um pouco mais do que isso. São R$ 10 milhões arrecadados só com bilheteria e mais R$ 20 milhões de outras fontes de receita, como shows corporativos, publicidade e a venda do nosso kit de mágicas.

Quanto custa esse kit? Qual a mágica mais bacana que ele ensina?
Henry: Custa R$ 199, tem instruções online acessíveis por meio de QR codes e revela como são feitas mais de 60 mágicas. A que mais fascina as pessoas é uma que faz uma carta de baralho flutuar no ar.

 

Henry e Klauss no “Domingão com Huck” – foto divulgação

 

Quer dizer que, por menos de R$ 200 eu vou impressionar os meus coleguinhas fazendo uma carta voar?
Klauss: Isso mesmo. E não é apenas uma parte das pessoas que compram o kit que saem encantando as pessoas por aí. Todo mundo aprende a fazer as mágicas da caixa! 

OK, então esse é simples. Mas como é atuar naqueles números com fogo, água, velocidade? Vocês anulam todos os riscos? Sua atividade é 100% segura ou vocês já viram a morte de perto?
Henry: Não existe número 100% seguro, mas minimizamos a probabilidade, passamos a maior parte do tempo desenvolvendo mecanismos de segurança.
Klauss: Eu já vi a morte de perto em dois dos momentos mais importantes da nossa carreira. Durante uma gravação para o “Fantástico”, tivemos que repetir várias vezes um número em que eu escapo de um tanque d’água até ele obter o “take” perfeito. Na sétima vez, eu desmaiei, estava exausto…
E, no ano passado, na Itália, na apresentação do número que nos rendeu um dos nossos recordes mundiais, eu escorreguei ao sair da rota do carro que o Henry dirigia em alta velocidade. Os ensaios foram feitos em um tipo de piso, e lá era bem diferente. Ao sair, escorreguei e quase morri.
Henry: Trabalhamos muito com o imprevisível também quando interagimos com o público. Nesses momentos, é difícil antecipar o que vai acontecer.

Se pudessem ter um superpoder, quais seriam as suas escolhas?
Henry: Teletransporte, sem dúvida.
Klauss: Teletransporte, também. Ia ser maravilhoso terminar o show e ir para a minha cama em um estalar de dedos. Ou então sumir quando alguém me fizesse uma pergunta complicada! (risos)

Já pensaram em adotar uma palavra mágica, tipo “Abrakadabra” ou “Rosan-Kobá”?
Klauss: Não usamos esse tipo de bordão porque não gostamos dessas coisas típicas dos mágicos da Velha Guarda, como cartolas, coelhos, pombinhas brancas e mulheres serradas ao meio. Mas temos um slogan, que usamos em algumas ocasiões: “O impossível é uma ilusão’’.

No que cada um de vocês é melhor? Como é definida a divisão de trabalho nessa dupla?
Henry: O Klauss tem um lado técnico que faz com que ele seja melhor na hora da concepção da engenhosidade que viabiliza o número. E ele é também muito bom na manipulação de cartas, chamas, moedas e fichas.
Klauss: Já o Henry é excelente para criar a narrativa dos números, é ele quem desenvolve o contexto e a história que envolve os espectadores. Nossas principais habilidades são muito complementares.

 

A dupla no “America’s Got Talent” – foto divulgação

 

Qual sentimento vocês nutrem pelo Mister M?
Henry: Não dá para tirar dele o mérito de ter colocado a mágica no centro de todas as conversas nos anos 1990. Isso foi muito positivo. Mas ele era um fanfarrão, e acabou disseminado a ideia de que mágicos eram impostores que só queriam enganar o público. Essa parte não foi nada positiva…
Klauss: É difícil definir se ele era um mágico ou um anti-mágico.

Participar de programas de grande audiência como o “Fantástico” e o “Domingão” foi importante para vocês e para a mágica no Brasil?
Klauss: Fazia 20 anos que a Globo não tinha números de mágica em suas principais atrações. Depois dessas apresentações, ficamos muito mais conhecidos e até recebemos convites para participar de programas no exterior, como o “America’s Got Talent” (da rede norte-americana NBC) e o “Penn & Teller: Fool Us” (lançado pela rede britânica ITV).
Henry: Atuar na TV foi uma etapa importante na construção da nossa imagem, sem dúvida.

E o que vocês estão preparando para este final de ano e para 2025?
Klauss: Ainda neste fim de ano, vamos gravar um especial para o Disney+, que deve ser disponibilizado para o público nas vésperas do Natal.
Henry: Para o ano que vem temos muitos planos, mas uma coisa certa é que faremos uma temporada de várias semanas no Teatro Albéniz, em Madri, na Espanha.

Foto da capa: José de Holanda

Entrevista com a diretora de marketing do Bradesco: “A personalização de campanhas é um caminho sem volta”

Entrevista com a diretora de marketing do Bradesco: “A personalização de campanhas é um caminho sem volta”

Nathalia Garcia, diretora de marketing, CRM e Vendas Digitais do Bradesco, discute a união da inovação e da criatividade para surpreender com campanhas verdadeiras no segmento financeiro

Com 20 anos de experiência no mercado financeiro, a executiva Nathalia Garcia é a primeira mulher a assumir a diretoria de marketing do Bradesco – atualmente o segundo maior banco em número de clientes do país, de acordo com o Banco Central. Ela já passou pelo CitiBank, GPS (Julius Baer Family Office) e HSBC, até ingressar na área de investimentos do Bradesco.

Líder de 400 funcionários, Nathalia está à frente de toda a comunicação do banco. Diante dos atuais desafios, ela destaca a criatividade humana aliada à tecnologia para a elaboração de campanhas impactantes para o público. “Hoje, as pessoas esperam que as marcas entendam e ofereçam aquilo que elas de fato necessitam, na hora que precisam e no canal de sua preferência”, afirma.

Em entrevista à 29HORAS, a diretora de marketing do Bradesco também antecipa outras tendências da comunicação no setor financeiro.

 

Nathalia Garcia, diretora de marketing, CRM e Vendas Digitais do Bradesco – foto divulgação

 

Você é a primeira mulher a assumir a diretoria de marketing do Bradesco. Nos últimos anos, o que aconteceu dentro e fora do banco para que esse marco importante fosse alcançado?
A posição que ocupo me deixa muito feliz e, ao mesmo tempo, traz uma grande responsabilidade, principalmente por inspirar outras mulheres. Tenho visto, nos últimos anos, movimentos importantes em prol da liderança feminina, não só dentro do banco, mas em toda a indústria. Cada vez mais as mulheres têm ganhado espaço e alcançado posições representativas nas corporações. No Bradesco, lidero o grupo de afinidades “Mulheres”, a fim de fortalecer o protagonismo feminino dentro da companhia. E, hoje, já conseguimos ver um equilíbrio nessa questão: 51% do quadro de funcionários é composto por mulheres.

Antes de adentrar a área de marketing, você passou pelos setores comercial e financeiro. Como essas experiências contribuem para a sua liderança na comunicação?
Ao longo da minha carreira tive a oportunidade de passar por diferentes áreas da economia, regiões do país e, principalmente, conhecer e me conectar com diversos perfis profissionais. Toda essa transversalidade possibilitou ampliar minha visão estratégica e de negócios, e conhecer diferentes culturas organizacionais, moldando a pessoa, a profissional e a líder que me tornei. Aplico esses aprendizados no dia a dia e com o meu time, promovendo um ambiente de trabalho inclusivo e colaborativo, em que cada pessoa se sinta encorajada a desenvolver todo o seu potencial e criatividade, buscando entregar sempre os melhores resultados.

Como a tecnologia é incorporada nas estratégias de marketing do Bradesco?
A tecnologia é um pilar fundamental dentro das estratégias de negócios do banco e, consequentemente, do marketing e da comunicação. Em um mundo cada vez mais globalizado, onde acompanhamos constantemente mudanças no comportamento das pessoas e como elas têm consumido informações e conteúdo, é impossível não ter a tecnologia como uma aliada.
Hoje, esses avanços nos permitem ter um conhecimento aprofundado dos diferentes perfis dos nossos clientes, apontando necessidades, interesses e demandas, tudo isso com muita agilidade e precisão. Na comunicação, estamos falando da possibilidade de termos campanhas praticamente personalizadas para cada cliente. Além disso, a tecnologia nos permite acessar dados de performance em tempo real e mudar a rota, se necessário, com a mesma agilidade. Mas, não podemos deixar de mencionar que toda essa evolução deve vir acompanhada de responsabilidade, ética e verdade, só assim a comunicação será realmente efetiva e impactante.

E como equilibrar esses avanços com a criatividade humana?
A criatividade é fio condutor de toda comunicação. É por meio dela que conseguimos enxergar os desafios sob novas perspectivas. Por isso, a criatividade talvez seja a oferta de valor mais intangível do marketing. Ela é quem dá luz e vida às nossas comunicações e contribui para estabelecer conexões reais e emocionais com nosso público. A tecnologia nos ajuda a viabilizar essas entregas criativas e personalizadas, ela está disponível para todos, mas a forma criativa que entregaremos a experiência para o cliente é que vai fazer diferença nessa comunicação.

Quais outras tendências de marketing aplicadas no mercado financeiro você destacaria? Entre elas, o que o Bradesco já pretende incorporar no futuro próximo?
A personalização de campanhas é um caminho sem volta, assim como a escuta ativa de redes sociais e a adoção de novas tecnologias. As empresas que souberem aliar a criatividade a essa tríade terão sucesso nas suas comunicações. Hoje, temos um consumidor cada vez mais exigente, que espera mais do que um serviço e produto, ele preza por experiências, customização e, principalmente, que as marcas entendam e ofereçam aquilo que eles de fato necessitam, na hora que precisam e no canal de sua preferência. Nosso desafio é que cada interação com a marca seja inovadora e, ao mesmo tempo, ressoe emocionalmente com nossos clientes.

Bradesco
• Fundado em 1943, em Marília, em São Paulo
• Presente em mais de 7 mil pontos de atendimento • 86 mil funcionários em todo o país
• Sua inteligência artificial já realizou mais de 2 bilhões de interações
• 70 milhões de clientes, distribuídos em todas as regiões do Brasil