Comunicação antirracista é oportunidade no mercado criativo

Comunicação antirracista é oportunidade no mercado criativo

A única maneira de se desenvolver comunicação e publicidade antirracista é incluindo vozes negras nos bastidores das criações

Qual a importância do povo preto no mercado criativo? Essa é uma pergunta que, com certa frequência, atravessa meu caminho, em entrevistas, painéis e conversas informais. E a minha resposta é sempre a matemática simples. Pessoas negras (autodeclaradas pretas ou pardas), segundo o IBGE, constituem 56% da população brasileira. Isso corresponde a cerca de 120 milhões de habitantes.

São indivíduos que compram, comem, acessam a internet, consomem produtos de mídia e têm objetos de desejo. Consumidores negros chegaram a movimentar R$ 1,7 trilhão na economia do país em 2021, de acordo com o Instituto Locomotiva. Logo, se uma fatia tão expressiva do nosso público consumidor é negra, era de se pensar que esse valor se refletisse na publicidade.

 

foto iStockPhoto

 

A importância da população preta no diálogo da indústria criativa com o público reside não apenas no consumidor, mas em quem produz essa comunicação. Aos poucos, percebe-se que a única forma de se desenvolver comunicação e publicidade antirracista é incluindo vozes negras nos bastidores dessas criações, nos brainstormings, nas mesas de criação e nas lideranças de equipe.

Plataformas globais, como o Google com o seu Black Creator Program, já entenderam o potencial de criadores negros de conteúdo e seu poder de contribuição à Creator Economy. Bons exemplos já vêm surgindo por aqui também. Em 2022, a agência Black Influence coordenou a campanha de lançamento da primeira linha para a pele negra da Nivea. Nosso trabalho girou em torno não apenas do marketing de influência, mas da estratégia de lançamento, com esforços que repercutem nas redes sociais até hoje.
Fomos responsáveis ainda por treinamentos internos de diversidade na empresa, capacitando funcionários de diferentes níveis hierárquicos na comunicação inclusiva.

Segundo pesquisa recente do Festival Negritudes Globo, 47% das pessoas negras brasileiras acreditam que a discriminação racial vivida durante as compras afeta diretamente sua saúde mental e autoestima. Ou seja, ajustes como os da Nivea, de dentro para fora, são urgentes nas empresas, para que o discurso inclusivo não fique apenas na publicidade.

Todas as mudanças que julgo necessárias e que compartilho nesta coluna são, na verdade, oportunidades às marcas. De abraçarem novos talentos em seus times e campanhas e dialogarem efetivamente com a população. São caminhos, inclusive, de lucro. A inclusão é sobre trazer mais gente para a conversa e ampliar possibilidades. Meu desejo como publicitário é para que não deixemos passar essa chance.

*Ricardo Silvestre é o fundador da Black Influence, maior agência da América Latina focada em influenciadores pretos e em comunicação antirracista.

Grandes instrumentistas inspiram novos nomes da música brasileira

Grandes instrumentistas inspiram novos nomes da música brasileira

Expoentes da música brasileira já apresentam repertórios originais, criativos e diversificados

Quero começar este texto falando de alguns expoentes da nossa música brasileira, alguns ícones e outros jovens que merecem uma escuta atenta. Vou dividir por instrumentos e devo começar pelo gênio Pixinguinha e seu saxofone. Compositor, arranjador e maestro que foi inventor de gêneros e estilos. Ao lado de Benedito Lacerda, ele criou clássicos estudados até hoje. O sax faz a segunda voz mais grave, enquanto a flauta sola na melodia. Busque esses duetos e entenda por que o choro é considerado a música erudita brasileira.

Entre os contemporâneos, encontramos essa genialidade em Nailor Proveta, Teco Cardoso e Léa Freire. Já os mais jovens, destaca-se o clarinetista Alexandre Ribeiro, que talvez seja o mais próximo deles. Não posso esquecer do maravilhoso Paulo Moura e sua gafieira, e de Rafael Rabello e seu violão de sete cordas. Os dois acompanharam Elizeth Cardoso e Ney Matogrosso entre outros grandes da nossa canção, mas quero que você tenha a vontade de ouvi-los em gravações instrumentais em que a originalidade e o virtuosismo criativo aparecem em sua maior expressão.

E nossos pianistas carregam larga história! Temos o grande compositor Cristovão Bastos, parceiro de Chico Buarque em belíssimas e conhecidas canções como “Todo Sentimento”, mas também companheiro de palcos e projetos do saxofonista Mauro Senise com quem divide o lindo álbum “Ouro Negro”. Já o jovem pernambucano Amaro Freitas é um assombro! De seu piano original, saem referências a Moacir Santos e Thelonius Monk na mesma intensidade.

 

Joana Queiroz, compositora e multi-instrumentista – foto divulgação

 

Mulheres instrumentistas são muitas. Falei anteriormente de Léa Freire, uma grande inspiração para diversas gerações. Merecidamente, Léa tem um documentário sobre sua trajetória, “A Música Natureza”, de Lucas Weglinski. Assista! Joana Queiroz, uma das integrantes do delicioso Quartabê, toca clarinete, clarone e outros sopros. Tem influência de Léa, mas também de Hermeto, Itiberê e trilha um caminho próprio dos mais interessantes.

Uma dupla de trompete e contrabaixo acústico formada pelos irmãos Sidmar e Sidiel Vieira, 2Vieira, é uma das formações mais instigantes que vi nos últimos anos. São excelentes músicos e tiram desse encontro timbres e texturas deliciosos!

Busque na plataforma que preferir, compre discos e frequente as casas em que se apresentam. Indico o Instrumental Sesc Brasil – que toda terça-feira ocupa o teatro do Sesc Consolação com shows gratuitos às 19h e a recém-criada noite de jazz no Azucar Club, na Vila Madalena. A música feita no Brasil é a mais diversa do planeta. Ouvi-la é uma grande e prazerosa aventura!

Rio de Janeiro sedia pela 1ª vez a premiação da Latin America’s 50 Best Restaurants

Rio de Janeiro sedia pela 1ª vez a premiação da Latin America’s 50 Best Restaurants

A festa Latin America’s 50 Best Restaurants inclui a realização de jantares preparados por premiados chefs internacionais

Na última semana deste mês de novembro, o Rio de Janeiro será a capital da gastronomia latino-americana. É que acontece na cidade a premiação do Latin America’s 50 Best Restaurants. Criado em 2013, o ranking será divulgado em uma noite de gala no Belmond Copacabana Palace Hotel, na terça, dia 28.

 

Pía León, do Central – foto divulgação

 

Em 2022, o peruano Central, comandado por Virgilio Martínez e Pía León, encabeçou a lista. O único brasileiro no Top 10 do ano passado foi o paulistano Casa do Porco, que ficou na 4ª posição. A propósito, no evento carioca, a chef Janaína Torres Rueda será anunciada como a Best Female Chef do continente. Ativista da gastronomia social, ela é a décima a receber o prêmio.

 

Janaína Torres Rueda, da Casa do Porco – foto divulgação

 

Além da cerimônia de entrega dos prêmios aos melhores da região, o evento movimenta a cena gastronômica carioca, com a realização dos jantares da série 50 Best Signature Sessions. O Naturalie Bistrô, da chef Nathalie Passos, recebe o colombiano Alvaro Clavijo (do El Chato, de Bogotá) e Tássia Magalhães (do paulistano Nelita) no sábado, dia 25, para um jantar baseado em vegetais. O preço por pessoa é R$ 600.

No Hotel Fairmont, o evento Tomas ao Cubo reúne três chefs xarás no domingo, 26: Thomas Troisgros (que comandou o estrelado Olympe), Tomas Kalika (do Mishiguene, de Buenos Aires) e Tomás Bermúdez, do La Docena, de Guadalajara. Em formato de coquetel, com serviço volante de mini-porções, o encontro acontece ao pôr do sol, à beira da piscina do hotel, com vista para a praia de Copacabana, música ao vivo e DJ. O ingresso custa R$ 1.000 por pessoa.

 

Tomas Kalika, do Mishiguene – foto divulgação

 

No Oteque, do chef Alberto Landgraf, o jantar do dia 26 é preparado a seis mãos, com a colaboração de Pía León (do peruano Central) e Santiago Lastra (do Kol, de Londres). Para participar, cada comensal deve desembolsar R$ 3.000 – o valor inclui a harmonização com vinhos. No Lasai, Rafa Costa e Silva recebe o lendário chef espanhol Andoni Luis Aduriz, do Mugaritz, de San Sebastián. O jantar do dia 29 tem também a colaboração do chileno Rodolfo Guzmán, do Boragó, de Santiago. O valor de R$ 2.950 por pessoa inclui as bebidas.

Também no dia 29, o restaurante Sud Passaro Verde sedia um jantar comandado por três ganhadoras do prêmio Latin America’s Best Female Chef: a gaúcha radicada no Rio de Janeiro Roberta Sudbrack (vencedora em 2015), Narda Lepes (a escolhida de 2020, que comanda o Narda Comedor, de Buenos Aires) e Janaína Rueda, d’A Casa do Porco. O menu com seis pratos custa R$ 600 por pessoa (valor que não inclui as bebidas).

Fairmont Hotel: Avenida Atlântica, 4.240, Copacabana, tel. 21 2525-1232.

Lasai: Rua Conde de Irajá, 191, Botafogo, tel. 21 3449-1854.

Sud, o Pássaro Verde: Rua Visconde de Carandaí, 35, Jardim Botânico, tel. 21 3114-0464.

Oteque: Rua Conde de Irajá, 581, Botafogo, tel. 21 3486-5758.

Naturalie Bistrô: Rua Visconde de Caravelas, 5, Botafogo, tel. 21 2537-7443.

Os encantos gastronômicos de Salvador, que segue no topo da lista de preferências dos turistas

Os encantos gastronômicos de Salvador, que segue no topo da lista de preferências dos turistas

Não importa em qual lado da cidade você se hospede, o que não falta em Salvador é a mescla de beleza e sabor

Com uma taxa de ocupação hoteleira de 90% em pleno mês de outubro, é possível concluir que Salvador e arredores continuam no topo da lista de preferência dos turistas, sejam brasileiros ou estrangeiros. Isso não deixa dúvidas de que a cidade que reina na Baía de Todos os Santos também irá bombar de novembro até o Carnaval.

Existem dois tipos de destino bem distintos para quem desembarca em Salvador. Você se hospeda na cidade ou segue para as praias do norte pela Estrada do Coco, que acessa as praias de Busca Vida, Interlagos, Arembepe, Guarajuba, Praia do Forte e Sauípe. Ao norte, a oferta de casas para aluguel aumentou muito, são 40 km de praia e muitos condomínios.

Nesse trecho sugiro dois restaurantes que valem muito a pena conhecer. Em Arembepe, o Mar Aberto se assemelha a um quadro do Carybé de tão genuíno e colorido que é o visual – as ondas parecem entrar no terraço onde ficam as mesas. Comida típica muito bem-feita, desde a casquinha de lagosta até a moqueca de camarão com siri catado – se não quiser azeite de dendê, peça o ensopado.

Um pouco mais adiante pela estrada, entre a praia do Forte e a de Imbassaí, o Polomar é um elegante restaurante mediterrâneo com forte viés italiano com vista sobre um clube de polo e horizonte de coqueiral que vai até o mar, no melhor estilo country club tropical. O lugar enaltece os vinhos brasileiros e tem uma equipe preparada para informar sobre a espetacular carta.

 

Restaurante Mistura do Contorno, na capital baiana – foto divulgação

 

Já para quem fica em Salvador e quer desfrutar de uma boa refeição sem abrir mão da vista para a Baía de Todos os Santos, o ideal é a Marina do Contorno, onde ficam o brasileiro Amado e o japonês Soho. Um pouco adiante, o Mistura do Contorno, dos mesmos proprietários que o Mistura Fina de Itapuã, é parada obrigatória. Vá de mariscada ou de caçarola de polvo à siciliana!

Na Barra, a minha escolha é o Egeu, com bom cardápio do mar e um terraço com vista muito agradável. No Rio Vermelho, a opção para o jantar é o Vini Figueira Gastronomia, que tem um cardápio de mar e terra surpreendente. O chef da casa prepara um arroz de pato ao vinho com azeitonas, linguiça de paio e quiabo grelhado espetacular.

Fecho esta coluna recomendando uma visita ao mais festejado grupo baiano do momento, o Origem. O primeiro restaurante fica na Pituba e oferece apenas menu degustação (jantar). Como não sou fã de menu-degustação, prefiro a segunda casa dos chefs Fabrício Lemos e Lisiane Arouca, aberta em 2022, o Ori (no Horto Florestal), que é mais descontraída e igualmente criativa e caprichada. Mas o que gostei mesmo é o Gem, bar anexo ao Origem, que abre para o happy hour e proporciona uma viagem de alta qualidade nos drinques, nos petiscos e no som (soul music de primeira). Ali tudo é muito bom! Desde o cone de tartare, passando pelo pastel de abará e até o mini-hambúrguer de wagyu.

Boa viagem!

Tin Tin é um botequim com alma carioca no Leblon e tem menu elaborado pelo chef Rafa Gomes

Tin Tin é um botequim com alma carioca no Leblon e tem menu elaborado pelo chef Rafa Gomes

No recém-inaugurado botequim Tin Tin, na badalada Rua Dias Ferreira, os apetitosos petiscos são preparados com a técnica e o esmero que são as marcas do trabalho do chef Rafa Gomes

Os irmãos Bruno e Bernardo Malta, em parceria com o chef Rafa Gomes (dos restaurantes Tiara e Itacoa), acabam de inaugurar o Tin Tin, um botequim com alma carioca. O bar é o lugar perfeito para quem busca comida boa, chope gelado e um ambiente descontraído para aquele encontro pós-praia ou uma noite entre amigos. O menu da casa foca em petiscos tradicionais da baixa gastronomia carioca, como a panelinha de moela, os torresmos, os espetinhos de camarão e a linguiça acebolada. Tem também releituras, como os pastéis de arraia de Caraíva e os bolinhos de arroz crocante com salmão. Para bebericar, o bar tem chopes cremosos e geladinhos e drinques assinados pelo mixologista Lelo Forti – incluindo versões criativas das indispensáveis caipirinhas e de clássicos como Bloody Mary, Gim-Tônica e Negroni.

 

foto divulgação

 

Tin Tin Botequim
Rua Dias Ferreira, 135, loja A, Leblon.