Após hiato de dez anos, Marisa Monte lança álbum repleto de parcerias, esperança e amor

Após hiato de dez anos, Marisa Monte lança álbum repleto de parcerias, esperança e amor

Em 2021, tem mais Marisa Monte para tocar no seu radinho!

Amar é natural do ser humano. Pense em um bebê que acaba de nascer. Tudo o que ele quer é aconchego. Na cabala se medita para o amor com o mantra HAHA, o que me faz lembrar daquela rima máxima: amor humor. E ainda do chavão: a alegria é a prova dos nove.

O disco “Portas” de Marisa Monte tem causado polêmica nas minhas rodas de conversa desde o lançamento de “Calma”, o primeiro single. É esperado que um trabalho de Marisa cause tamanho alvoroço. Dez anos sem um trabalho inédito, dessa que é uma das cantoras e compositoras mais populares do país. Ainda que tenha reaparecido com os Tribalistas antes da pandemia, é seu primeiro álbum solo depois de “O Que Você Quer Saber de Verdade”, de 2011.

 

Foto: Reprodução - Facebook Marisa Monte

Foto: Reprodução – Facebook Marisa Monte

 

E a pergunta que amigos, ouvintes, todos têm me feito é: “Você gostou?” A primeira resposta é: “Sim, claro!”. “Calma” é uma canção para tocar no rádio. No disco todo, ouço as referências que se repetem nessa obra desde o histórico trabalho de estreia, no qual esperta e lindamente se misturam Luiz Gonzaga e Bob Marley, Gershwin e Candeia. Em “Portas” tem Erasmo e Benjor, mas é tudo Marisa Monte e seus bons novos e grandes parceiros.

Tem Arnaldo Antunes, Dadi, Nando Reis (que fez o delicioso sucesso “Diariamente” lá em 1991), e tem Chico Brown (filho de Carlinhos, que toca percussão em algumas faixas) e Pedro Baby (filho de Pepeu e Baby do Brasil), tem ainda Flor e Seu Jorge (pai e filha), tem Silva e seu irmão Lucas em uma balada que tem arranjo de cordas de Marcelo Camelo – também parceiro de composição – e Pretinho da Serrinha, Arto Lindsay. Uma ficha técnica primorosa.

Ouço críticas ao disco de que Marisa não trouxe nenhuma inovação musical, que se cercou dos mesmos colaboradores, que não surpreende. Bom, voltando ao começo deste texto e entrando um pouco na discussão do que é a música feita hoje no Brasil, creio que Marisa entrega o que sempre prometeu. Um lindo álbum, acessível, popular, fácil de ouvir e de cantar junto. É música para tocar alto, andando de bicicleta, é música para sair do horror que tem sido viver, ou sobreviver no Brasil em 2021.

Driblando a madrugada, pensando no futuro. Não é a coisa mais fácil de se fazer atualmente. Estamos vivendo o luto, a desordem, o desmanche. Mas sem esperança, sem acreditar que o sol vem para derreter nuvens negras, como sair do buraco? Eu estava com saudades de ouvir Marisa Monte. E tenho me divertido, me alegrado e cantado alto. Que essa mensagem de calma e alegria invada esse país!

 

Fazenda Terra Preta se destaca pelo seu café de origem, reconhecido no exterior

Fazenda Terra Preta se destaca pelo seu café de origem, reconhecido no exterior

Para Fernanda Silveira Maciel Raucci, o café não é apenas uma bebida incrível, com seu aroma e sabor inigualáveis. O café é a história de suas raízes. Seu pai e seu avô paterno eram cafeicultores; seu avô materno, comerciante de café; e o bisavô materno corretor de café no Brasil e na Europa. Proprietária da Fazenda Terra Preta, parte remanescente de uma centenária fazenda de café situada em Pedregulho, na região da Alta Mogiana paulista, ela vê com orgulho a quarta geração, com seus filhos Felipe e Regina, dar continuidade a esse forte vínculo familiar com o grão.

“O café corre nas minhas veias, é meu projeto de vida”, diz Fernanda, que começou a tocar a fazenda em 1990, quando eram raras as mulheres produtoras na região. “Hoje queremos aumentar a presença feminina em todos os processos do negócio, por isso criamos o grupo Cerejas do Café, que une cafeicultoras de São Paulo e Minas Gerais.”

 

Fernanda Raucci na plantação de café em sua Fazenda Terra Preta - Foto: Divulgação

Fernanda Raucci na plantação de café em sua Fazenda Terra Preta – Foto: Divulgação

 

O café Terra Preta foi destaque no concurso Florada Premiada, da marca Três Corações, focado nas cafeicultoras; conquistou o título máximo no Concurso Nacional de Cafés da ABIC; e a classificação no Cup of Excellence de 2016 e 2017. Fernanda exporta o café verde, sem torrefação, e o produto industrializado para China, Estados Unidos, Espanha e Reino Unido.

Levemente frutado, com sabor caramelo e corpo licoroso, o Terra Preta está na categoria dos cafés especiais, determinados por características sensoriais. Livres de defeitos e com pontuação acima de 80 em uma escala de 0 a 100, os especiais têm torra mais clara e sabores e aromas distintos. Fernanda explica que o café tradicional acaba sendo mais escuro porque é excessivamente torrado para esconder impurezas como grãos brocados e fragmentos.

 

O terreiro de café na fazenda Terra Preta - Foto: Divulgação

O terreiro de café na fazenda Terra Preta – Foto: Divulgação

 

Durante a pandemia, ela se surpreendeu com o alto consumo do café especial, o nicho que mais cresceu nesse período: “Mais em casa, as pessoas começaram a experimentar cafés diferenciados e aprender sobre métodos de preparo.”

Preocupada com a sustentabilidade, a fazenda alia novas tecnologias agrícolas ao respeito e cuidado com o meio ambiente, e tem vários certificados, como o Rainforest Alliance. “Trabalhamos com dedicação para oferecer nossos melhores grãos. Na torrefação, o mestre é meu filho Felipe, que conhece como ninguém cada característica, cada detalhe dos cafés, do plantio à xícara”, diz Fernanda, apaixonada por essa bebida.

“Cidade em 15 Minutos” é estratégia sustentável para a mobilidade nas metrópoles

“Cidade em 15 Minutos” é estratégia sustentável para a mobilidade nas metrópoles

Criador do conceito da “Cidade de 15 Minutos”, o urbanista franco-colombiano Carlos Moreno é adepto da “desmobilidade”, que devolve aos moradores da cidade mais tempo útil, pessoal e social.

O Pro Coletivo entrevistou o urbanista franco-colombiano Carlos Moreno, da Universidade Paris 1 Panthéon Sorbonne e uma das principais vozes internacionais do urbanismo sustentável. A seguir, ele fala de seu projeto para implementar metrópoles descentralizadas, saudáveis e sustentáveis. Paris é um de seus projetos recentes.

 

Carlos Moreno, criador do conceito "Cidade em 15 Minutos" - Foto: Divulgação

Carlos Moreno, criador do conceito “Cidade em 15 Minutos” – Foto: Divulgação

 

Como é a Cidade de 15 Minutos?
É a cidade que oferece moradia, educação, trabalho, saúde, lazer, cultura, sustentabilidade e comércio em todos os bairros. Em cada uma das regiões os serviços básicos estão próximos dos habitantes. A Cidade de 15 Minutos é um novo paradigma para combater as mudanças climáticas e a poluição, pois reduz os deslocamentos diários, já que as principais necessidades estão a 15 minutos de caminhada ou de bicicleta.

O que o motivou a criar esse sistema urbano?
Comecei a me perguntar: por que temos que transportar tanto? Por que nos movemos tanto? Por que passamos tanto tempo, uma hora na ida e outra na volta, às vezes muito mais, no trânsito? A resposta é que, em vez de investirmos em uma mobilidade mais intensa, vamos fazer um projeto de desmobilidade. Uma desmobilidade que incremente a qualidade de vida para oferecer mais tempo útil, social, pessoal, ecológico, com menos CO2. Recuperar o tempo é um ato importante hoje, porque o capitalismo moderno está preocupado, desde que o Taylorismo nasceu, em contar o tempo e os segundos para todas as tarefas dos trabalhadores, convertendo a vida em uma existência completamente cronometrada.

Como surgiu o trabalho com Anne Hidalgo, prefeita de Paris?
Essa ideia vem se consolidando na capital francesa desde o primeiro Acordo de Paris em 2015, quando houve as negociações internacionais para diminuir 40% das emissões de CO2 em dez anos e chegar à neutralidade de carbono em 2050, reduzindo o impacto ambiental do transporte, maior fonte de emissões de CO2. Tornei-me conselheiro de mobilidade de Paris em 2015 e venho trabalhando com Hidalgo desde então (a prefeita se reelegeu com essa plataforma em junho de 2020).

A pandemia acelerou a necessidade de implantar esse conceito?
Certamente, pois o vírus trouxe o isolamento e a demanda por mais espaços verdes e menos poluição. Paris, que sempre foi muito fragmentada, como outras grandes metrópoles, está se transformando em uma cidade policêntrica, com mais diversidade, ecologia, participação das pessoas e melhor utilização dos recursos. Já contamos com mais de 1000 km de ciclovias, além de estarmos transformando espaços de carros para pedestres e ciclistas. Um exemplo é a Rue de Rivoli, que contava com sete faixas para carros e agora é toda para pedestres e ciclistas.

Qual é o peso da mudança de cultura em um projeto como esse, já que muitas pessoas são arraigadas a hábitos e avessas a inovações?
Não há transformação urbana sem a mudança de cultura, de hábitos, de atitudes. No início, em Paris, os motoristas de carros reclamavam muito, pois a cultura do carro sempre foi muito valorizada. Após cinco anos de trabalho intensivo, eles perceberam como houve melhora na vida de todos, portanto isso foi bem assimilado. A mudança de mentalidade é fundamental para construir uma cidade melhor. Envolve a educação e a formação das novas gerações, que são muito sensíveis às novas tecnologias e às questões climáticas.

 

Boulangeries paulistas: conheça padarias com tradição francesa em São Paulo

Boulangeries paulistas: conheça padarias com tradição francesa em São Paulo

Com endereços à altura das boas boulangeries parisienses na cidade, os paulistanos se revelam grandes apreciadores desse hábito cultivado pelos franceses.

Que o paulistano adora uma padaria todo mundo sabe. Mas, na verdade, o gosto é mais pelo passeio com a família do que pelo pão em si. Afinal, sabemos que de francês o pãozinho só tem o nome, né? Há pouco tempo quem fazia questão de pães e croissants de qualidade tinha poucas opções em São Paulo. Nos últimos anos, porém, abriram várias boulangeries de ótimo nível em diversos bairros da cidade. Tudo indica que daqui a pouco estaremos como em Paris, onde em cada esquina há uma excelente padaria e o pão é parte integral de cada refeição.

Toda boulangerie oferece uma linha de pães que vai de baguete (e suas variações) a brioches, campagnes (como integral, multigrãos e sem glúten) e por aí vai. Cada estabelecimento tem versões de criação própria tentando mesclar algum ingrediente de agrado do seu público. Além de pães, o desafio maior de uma boa boulangerie é oferecer uma linha de viennoiseries à altura desse nome. Estou falando de croissants, pains au chocolat, pains aux raisins e ainda outros produtos menos conhecidos por aqui. Vou citar, então, os endereços de que mais gosto.

O trio para meu critério de referência é: Baguete/Croissant/Pain au chocolat. Os pontos decisivos para baguetes e campagnes são a crocância e a leveza da massa. Para os croissants, é a quantidade de manteiga na massa e entre os pains au chocolat é preciso se atentar à qualidade do chocolate usado.

 

Croissants da ZestZing

Croissants da ZestZing – Foto: Divulgação

 

Minha preferência vai para a Zestzing, na Alameda Tietê. A Claudia Rezende acerta em cheio no trio de referência. Além da baguette perfeita, ela também faz a ficelle (baguette fininha) e é a única a apresentar outro clássico francês, o épi (mesma massa com várias pontas como uma espiga de trigo). Outro endereço muito competente é o antigo Le Fournil, que mudou o nome para Boulangerie Mercure. Fica na entrada do hotel Grand Mercure, na rua Senna Madureira, na Vila Clementino.

Ali tudo é bom, mesmo porque a rede hoteleira Sofitel sempre foi a escola mais respeitada nas áreas de viennoiserie e de pâtisserie. Tanto que outro ponto dos melhores é a Douce France, na região da Paulista, onde o responsável também saiu da mesma escola. Recomendo La Boulange, na rua Fernão Cardim. Ótimos croissants (pouca manteiga) e boas baguetes. Você pode até comprar a farinha francesa usada nas receitas da casa.

Tem ainda a Jules, na Vila Nova Conceição, que faz o leque todo, mas se destaca nas “miches”, que são os pães em formato campagne. Todos trabalham com delivery, mas é bom se planejar um dia antes. Aliás gosto dos croissants de um francês que só faz por encomenda e se chama Les croissants d’Etienne. E, para quem não quer abrir mão do velho e bom programa do café da manhã na padoca, a melhor dica é a Fabrique, em Higienópolis. Não se esqueça de fazer a “trempette”, que é molhar o pão no café com leite ou no achocolatado, como todo bom francês faz…

Aproveite o friozinho. Até!

 

Atriz consagrada, Ilana Kaplan conquista a internet com vídeos de humor crítico

Atriz consagrada, Ilana Kaplan conquista a internet com vídeos de humor crítico

Engana-se quem pensa que Ilana Kaplan é rosto novo no humor. Já são 36 anos de trajetória e um extenso currículo artístico. A repercussão virtual estrondosa, essa sim, é recente. Em quatro meses, a gaúcha viu sua conta no Instagram saltar de seis para 230 mil seguidores, quando Keila Mellman, uma de suas personagens criada exclusivamente para a internet, viralizou. Nos vídeos que ganharam as redes, a atriz combina ironia e acidez para cutucar feridas sociais.

 

Foto - Iara Morselli

Ilana Kaplan – Foto Iara Morselli

 

“Keila é retrato da minha indignação com o comportamento de algumas pessoas online. Em meio à catástrofe que estamos vivendo, ver tanta gente se vangloriando nas redes era algo que me consumia”, conta a atriz, que decidiu transformar o incômodo em arte. Com a ajuda da irmã, Ana Kaplan, delineou a personagem que se tornou porta-voz de uma catarse coletiva. Socialite especialista em etiqueta das redes, Keila dita o que é ou não de bom tom no universo virtual. “Ela expõe a cafonice da ostentação em tempos de miséria.”

Antes de se jogar no mundo digital, Ilana fez história nos palcos e nas telas. Estrelou novelas em emissoras de peso, como “Carrossel” (SBT) e “I Love Paraisópolis” (Globo); acompanhou, por dois anos, a trupe humorística “Terça Insana” em stand-ups semanais na capital paulista; e, em 2018, chegou a ser agraciada por um Prêmio Shell de Melhor Atriz, pela atuação na renomada comédia “Baixa Terapia”. “É muito raro um comediante receber uma honraria desse porte, então foi uma surpresa muito grata.”

 

Foto - Matheus José Maria

Ilana Kaplan – Foto Matheus José Maria

 

Apaixonada pelos palcos, é para eles que deseja correr assim que todo mundo estiver devidamente vacinado. “Quero conseguir trazer esse público que me conheceu na internet para trocar comigo nas plateias. Teatro é olhar, e isso o online não consegue suprir”. Enquanto espera pelo progresso da imunização, “super-quarentenada”, Ilana pretende continuar brincando de Keila, mas sem compromissos. “Não sou influencer, nem tenho cronogramas ou coisas do tipo. Quero deixar a Mellman falar livremente e agir como uma prova viva de que comédia, responsabilidade social e política podem e devem andar juntas.”