“Cidade em 15 Minutos” é estratégia sustentável para a mobilidade nas metrópoles

por | ago 13, 2021 | Coluna, Lifestyle, Mobilidade, Sustentabilidade | 0 Comentários

Criador do conceito da “Cidade de 15 Minutos”, o urbanista franco-colombiano Carlos Moreno é adepto da “desmobilidade”, que devolve aos moradores da cidade mais tempo útil, pessoal e social.

O Pro Coletivo entrevistou o urbanista franco-colombiano Carlos Moreno, da Universidade Paris 1 Panthéon Sorbonne e uma das principais vozes internacionais do urbanismo sustentável. A seguir, ele fala de seu projeto para implementar metrópoles descentralizadas, saudáveis e sustentáveis. Paris é um de seus projetos recentes.

 

Carlos Moreno, criador do conceito "Cidade em 15 Minutos" - Foto: Divulgação

Carlos Moreno, criador do conceito “Cidade em 15 Minutos” – Foto: Divulgação

 

Como é a Cidade de 15 Minutos?
É a cidade que oferece moradia, educação, trabalho, saúde, lazer, cultura, sustentabilidade e comércio em todos os bairros. Em cada uma das regiões os serviços básicos estão próximos dos habitantes. A Cidade de 15 Minutos é um novo paradigma para combater as mudanças climáticas e a poluição, pois reduz os deslocamentos diários, já que as principais necessidades estão a 15 minutos de caminhada ou de bicicleta.

O que o motivou a criar esse sistema urbano?
Comecei a me perguntar: por que temos que transportar tanto? Por que nos movemos tanto? Por que passamos tanto tempo, uma hora na ida e outra na volta, às vezes muito mais, no trânsito? A resposta é que, em vez de investirmos em uma mobilidade mais intensa, vamos fazer um projeto de desmobilidade. Uma desmobilidade que incremente a qualidade de vida para oferecer mais tempo útil, social, pessoal, ecológico, com menos CO2. Recuperar o tempo é um ato importante hoje, porque o capitalismo moderno está preocupado, desde que o Taylorismo nasceu, em contar o tempo e os segundos para todas as tarefas dos trabalhadores, convertendo a vida em uma existência completamente cronometrada.

Como surgiu o trabalho com Anne Hidalgo, prefeita de Paris?
Essa ideia vem se consolidando na capital francesa desde o primeiro Acordo de Paris em 2015, quando houve as negociações internacionais para diminuir 40% das emissões de CO2 em dez anos e chegar à neutralidade de carbono em 2050, reduzindo o impacto ambiental do transporte, maior fonte de emissões de CO2. Tornei-me conselheiro de mobilidade de Paris em 2015 e venho trabalhando com Hidalgo desde então (a prefeita se reelegeu com essa plataforma em junho de 2020).

A pandemia acelerou a necessidade de implantar esse conceito?
Certamente, pois o vírus trouxe o isolamento e a demanda por mais espaços verdes e menos poluição. Paris, que sempre foi muito fragmentada, como outras grandes metrópoles, está se transformando em uma cidade policêntrica, com mais diversidade, ecologia, participação das pessoas e melhor utilização dos recursos. Já contamos com mais de 1000 km de ciclovias, além de estarmos transformando espaços de carros para pedestres e ciclistas. Um exemplo é a Rue de Rivoli, que contava com sete faixas para carros e agora é toda para pedestres e ciclistas.

Qual é o peso da mudança de cultura em um projeto como esse, já que muitas pessoas são arraigadas a hábitos e avessas a inovações?
Não há transformação urbana sem a mudança de cultura, de hábitos, de atitudes. No início, em Paris, os motoristas de carros reclamavam muito, pois a cultura do carro sempre foi muito valorizada. Após cinco anos de trabalho intensivo, eles perceberam como houve melhora na vida de todos, portanto isso foi bem assimilado. A mudança de mentalidade é fundamental para construir uma cidade melhor. Envolve a educação e a formação das novas gerações, que são muito sensíveis às novas tecnologias e às questões climáticas.

 

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