O Hotel Copacabana Palace completa um século de existência com passagens de hóspedes célebres, e começa a divulgar uma intensa programação de eventos gastronômicos e culturais idealizados especialmente para a memorável celebração de seu centenário
Existem grandes hotéis. Muitos. E existem ícones da hotelaria. Poucos. O Copacabana Palace pertence a esse segundo grupo. Além de 239 lindos quartos, suntuosos salões de festa, duas magníficas piscinas e três fantásticos restaurantes, o Copa tem uma herança histórica e uma alma única. Lá, se hospedaram reis da Inglaterra, da Espanha e da Bélgica, entre outros tantos. Foi ali, em 1928, que o presidente Washington Luís foi baleado pela marquesa italiana Elvira Maurich, que supostamente era sua amante. Barack Obama, Nicolas Sarkozy e Nelson Mandela tiveram passagens mais tranquilas.
Foi num guardanapo do hotel que Walt Disney criou o Zé Carioca. Em seus palcos, cantores como Maurice Chevalier, Marlene Dietrich e Nat King Cole se apresentaram. Foi lá também que Fernanda Montenegro fez sua estreia numa montagem teatral, em 1950. Naquela piscina nadaram a discreta Lady Di (bem cedinho, para não ser fotografada pelos paparazzi) e a desinibida Janis Joplin, pelada, sem se importar com quem por acaso a estivesse observando.
Foi em um dos corredores do hotel que a diva dos musicais de Hollywood Ginger Rogers ensinou novos passos de dança ao playboy Jorginho Guinle, herdeiro da família que construiu aquele monumento. E foi também ali que popstars como Madonna, Justin Bieber e Paul McCartney se acomodaram quando visitaram o Brasil. Rod Stewart destruiu vários objetos de sua suíte ao jogar futebol com seus coleguinhas após uma noite de bebedeira.
Mais comportados, os Rolling Stones fixaram residência no hotel durante uma de suas turnês pela América Latina. Iam tocar em Santiago e voltavam para o Rio. Iam para Lima e retornavam ao Copa. Se apresentavam em Buenos Aires e rapidinho regressavam às suas suítes de frente para a orla carioca. Ao partirem de volta a Londres, a mulher do guitarrista Ron Wood levou a cama do hotel, que para ela era a melhor do mundo!
Outro artista que veio e ficou foi o cantor e compositor Jorge Benjor. Depois que sua casa foi inundada por uma dessas chuvas torrenciais que vêm assolando o Rio de Janeiro, ele se instalou na torre de apartamentos conhecida como “Anexo” no início de 2020 e de lá nunca mais saiu, até hoje.
Tem coisas que só acontecem no Copacabana Palace!
A história do hotel começa por volta de 1919, quando os empresários Octávio Guinle e Francisco Castro Silva atendem a uma solicitação do então presidente Epitácio Pessoa, que desejava um grande hotel na então capital do país, para receber o grande número de convidados e visitantes da Exposição do Centenário da Independência do Brasil, um evento de dimensões internacionais a ser realizado na Esplanada do Castelo, em 1922. Para a execução do projeto, foi contratado o arquiteto francês Joseph Gire, que se inspirou em dois famosos hotéis da Riviera Francesa: o Negresco, de Nice, e o Carlton, de Cannes.
O edifício, com fachada sóbria e imponente, foi inaugurado apenas em 13 de agosto de 1923, quase um ano depois da Exposição, por causa das dificuldades na importação de mármores italianos e cristais tchecos, além do atraso na execução das suas fundações e dos danos causados por uma violenta ressaca que, em 1922, praticamente destruiu a Avenida Atlântica. A inauguração teve show da vedete francesa Mistinguett.
Durante anos, um cassino funcionou no térreo do hotel, mas em 1946 o presidente Eurico Gaspar Dutra proibiu o jogo no país. O cassino foi transformado em uma casa de espetáculos, e o hotel passou por uma ampla reforma. Foi quando surgiram a pérgula lateral e o chamado “Anexo”, nos fundos.
Com a transferência da sede do governo federal para Brasília, em 1960, o hotel entrou numa fase de lenta decadência. Em 1985, sua demolição chegou a ser cogitada, mas o Copacabana Palace acabou tornando-se patrimônio histórico, sendo tombado nas esferas federais (Iphan), estadual (Inepac) e municipal (Sedrepahc).
Em 1989, a família Guinle vendeu-o ao grupo Orient-Express, que deu início a um processo de reabilitação do hotel, adequando o ultrapassado empreendimento a alguns padrões internacionais. Em 2015, o grupo Orient Express agrupou seus espetaculares hotéis espalhados pelo mundo (como o londrino Cadogan, o madeirense Reid’s Palace e o Splendido, de Portofino, na Riviera Italiana) sob a bandeira Belmond, e assim o Copa passou a ser chamado oficialmente de Belmond Copacabana Palace. No final de 2018, a rede Belmond foi adquirida pelo conglomerado de luxo LVMH, dono de poderosas marcas globais como Dior, Givenchy, Fendi, Louis Vuitton, Marc Jacobs, Moët Chandon, Dom Pérignon, Guerlain, Tiffany & Co. e TAG Heuer.
Hoje, prestes a completar 100 anos, o hotel voltou aos seus dias de glória. O Belmond Copacabana Palace não é apenas um hotel, é um destino. A cada dia, o lugar se consolida como ponto de encontro e como hub gastronômico e cultural. Nenhum outro hotel da América Latina possui dois restaurantes com estrelas Michelin – caso do italiano Cipriani e do pan-asiático Mee.
Segundo o general manager do hotel, Ulisses Marreiros, o Copacabana Palace envelheceu bem, sabendo se modernizar, mas sem se descaracterizar e sem perder seu charme vintage e sua brasilidade genuína. “Um hotel é feito de pessoas. E a nossa equipe – modéstia à parte – é maravilhosa. É graças ao trabalho de todo nosso time de colaboradores que hoje somos considerados um símbolo do Rio, um monumento que reflete o espírito vibrante da cidade”, avalia.
E, para marcar esse centenário, várias celebrações e novidades estão programadas para o ano de 2023. Em fevereiro, por exemplo, o tradicional Baile da Copa terá como tema “O Túnel do Tempo”. Nessa viagem, os convidados serão levados ao passado e ao futuro em uma festa que promete ser simplesmente estonteante.
Em junho, o novo sistema de luzes vai deixar o Copa ainda mais majestoso à noite, graças ao trabalho de uma empresa inglesa de lightning design especializada na iluminação de monumentos pela Europa. Ao longo do ano, o Teatro Copacabana Palace – que ficou fechado de 1994 a 2021 – receberá peças de grandes nomes das artes dramáticas brasileiras.
O Cipriani e Mee terão jantares preparados por chefs de renome internacional, convidados especialmente para a celebração do centenário, como o peruano Virgilio Martinez, do premiado Central, de Lima, que figura no topo de todos os rankings de melhores restaurantes da América Latina. E, para quem gosta de festa, o mítico Bar do Copa será ressuscitado em quatro noites exclusivas, reunindo os melhores DJs e mixologistas do país. Por fim, em agosto o tapete vermelho será estendido para a realização de um evento cinematográfico. O hotel está preparando uma festa de arromba para os cariocas, cheia de surpresas.
No Copacabana Palace é assim: um dia é de celebração à vida, e o outro também! A propósito, o título desta matéria é uma referência a isso e também à biografia de Jorginho Guinle, lançada em 1997 e intitulada “Um Século de Boa Vida: Memórias de um Brasileiro Que Nunca Trabalhou”.
Para conhecer esse templo da hotelaria de luxo, acesse www.belmond.com e faça a sua reserva. As diárias variam de R$ 2 mil a R$ 14 mil, de acordo com a data e a categoria da acomodação. Pode parecer muito, mas momentos memoráveis não têm preço. Vale aquele ditado: “as melhores coisas do mundo não são coisas”.
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