O estrelado chef e sushiman Jun Sakamoto planeja abrir pelo menos dez restaurantes em shoppings de algumas das principais capitais do país nos próximos cinco anos.
O chef Jun Sakamoto, cujo restaurante é de longe o melhor japonês de São Paulo e detentor de uma estrela Michelin, agora divide seu tempo entre a matriz paulistana e um novo empreendimento, que acaba de ser inaugurado em João Pessoa. “Neste primeiro ano, a cada mês estarei dois fins de semana na Paraíba e, nos outros dois fins de semana, em São Paulo. Não vendo comida, meu negócio é vender uma experiência completa”, explica o chef, conhecido por seus sushis preparados com arroz temperado no ponto e peixes frescos meticulosamente cortados.
Instalada no 2º piso do Manaíra Shopping, a “filial” paraibana tem cozinheiros, maitres e garçons recrutados na região e treinados pelo próprio Jun e por algumas feras da afinada brigada de seu restaurante paulistano, onde a cozinha e o salão funcionam como a precisão de um trem-bala nipônico.
Unidade do restaurante em João Pessoa – Foto: Divulgação
E porque João Pessoa foi a cidade escolhida para abrigar o primeiro endereço de Jun fora de São Paulo? O chef aposta no potencial gastronômico da cidade, que a seu ver está se tornando uma pérola do Nordeste. Além disso, o restaurante terá acesso a excelentes matérias-primas – os atuns da região estão entre os melhores do mundo. E muitos dos peixes consumidos em cidades como Rio, São Paulo e Brasília vem de lá, mas chegam à mesa não tão frescos por causa da viagem que têm de encarar antes de serem transformados em sashimis e sushis.
A unidade paraibana é a primeira de uma série de novas operações que o chef nipo-paulistano pretende abrir nos próximos anos, em São Paulo mesmo e em cidades como Rio de Janeiro, Recife, Goiânia e Curitiba. A formatação das unidades desse negócio concebido especialmente para shopping centers começou em 2014, com a inauguração do Junji, no Shopping Iguatemi SP. Depois foi aprimorada com a abertura do J1, em 2019, no Shopping Villa-Lobos. “Esses restaurantes, assim como o de João Pessoa, são versões mais descontraídas da nossa matriz em São Paulo, mas com o mesmo cuidado na escolha dos ingredientes e preparo das receitas. Para os próximos cinco anos, nosso plano de expansão prevê a abertura de pelo menos uma nova unidade a cada semestre”, resume Jun, que passou os últimos anos estudando as tendências do varejo.
Pelo planejamento inicial, vários restaurantes com as marcas Junji e J1 já deveriam estar em funcionamento pelo país neste momento, mas o chef e empreendedor foi surpreendido pela pandemia e pelo forte impacto que ela causou no setor de gastronomia.
A rede de restaurantes de shoppings é seu projeto para o curto prazo. Para o longo prazo, ele tem como meta transformar seu antigo sonho em realidade: reduzir sua participação nesses negócios aqui no Brasil e se mandar para Nova York, onde abrirá um micro-restaurante com um pequeno balcão para poucos e exclusivos clientes. “É assim que eu quero encerrar a minha carreira: servindo sequências de sushis para oito comensais no almoço e mais oito no jantar. Só isso”, finaliza o minimalista Sakamoto.
Com enormes índices de desigualdade social e racial no Brasil, é necessário ir além.
Enquanto igualdade é relativo ao mesmo tratamento para todos os membros de um determinado grupo de pessoas, equidade significa a promoção de oportunidades iguais, considerando a diferença entre as pessoas. Em um país onde a desigualdade social e racial é enorme, não basta aplicar a igualdade, é preciso levar em conta os privilégios. Ou melhor, a falta deles.
Em tempos de sustentabilidade e de “Environment, Social and Governance” (ESG), o fator social tem ganhado protagonismo e, com esse movimento de conscientização, as corporações começam a entender o seu papel na formação de oportunidades iguais para pessoas diferentes. Assim, a equidade, principalmente racial, social e de gênero, passa a fazer parte do vocabulário das empresas conectadas com os novos tempos.
Os setores de moda e beleza começam a se movimentar nesse sentido e entender sua vocação em espalhar as mensagens corretas sobre a sustentabilidade em seus quatro pilares: ambiental, social, cultural e econômico. Marcas de moda passam a valorizar diferentes corpos, e modelos negros ganham mais espaço em desfiles, catálogos, editoriais e capas de revistas. E na beleza, há mais cosméticos para os diversos tipos de pele e cabelo.
Além das características dos produtos, as empresas começam a se preocupar com a conscientização e letramento de seus colaboradores em sua cadeia de valor, e procuram fazer treinamentos no que diz respeito à equidade dentro de suas fábricas e escritórios.
O Conselho de Designers de Moda da América (CFDA) e o PVH Corp – grupo detentor de grandes marcas como Calvin Klein, Tommy Hilfiger, entre outras –recentemente lançou o relatório “State of Diversity, Equity & Inclusion in Fashion”. Trata-se de recomendações para que a indústria americana se torne mais representativa e equitativa em sua força de trabalho, capacitação de talentos e base de consumidores.
Ainda nos EUA, foi criado o Black Fashion Council – conselho que garante a representatividade de pessoas negras na indústria da moda e beleza, com forças de trabalho em todos os níveis. Sugerem planos de treinamento, em que colaboradores iniciantes negros trabalham lado a lado com altos executivos, que assumem um papel de mentores e aliados na conquista de espaço. Grandes marcas como GAP, Reformation, Saks Fifth Avenue e L’Oreal fazem parte do grupo.
No Brasil também vemos esforços nessa direção. O SPFW, maior evento de moda do país, instituiu em sua última edição a cota racial obrigatória de 50% para negros, afrodescendentes ou indígenas em todos os desfiles.
O Boticário, empresa signatária da Rede Brasil do Pacto Global, lançou no fim do ano passado uma agenda de compromissos antirracistas, para que todas as pessoas se sintam representadas. Criaram metas claras e específicas sobre capacitação de colaboradores negros para ocuparem cargos de liderança até 2023.
Na outra ponta, consumidores estão cada vez mais atentos aos produtos que compram e às práticas e aos posicionamento das empresas que os vendem. Ainda há um longo caminho a ser percorrido, mas avançamos rumo a mercados de moda, beleza e design mais inclusivos, diversos e que priorizem a equidade.
Em meio às incertezas causadas pela pandemia, o empreendedorismo cresce e já representa fatia significativa da economia do país.
O Brasil registrou, em 2020, um recorde histórico na abertura de novas empresas e encerrou o ano com quase 20 milhões de negócios ativos. Por causa da alta no desemprego, os grandes destaques foram os microempreendedores individuais (MEI). Segundo o Ministério da Economia, houve o registro de 2,6 milhões de MEI no ano passado, representando um aumento de 8,4% em relação a 2019. Nesse cenário, o empreendedorismo já equivale a 30% do PIB do país.
Setores como comércio varejista, cabeleireiros, manicure, obras de alvenaria e restaurantes foram as atividades econômicas mais exploradas pelas empresas abertas em 2020. “Essas pequenas empresas representam hoje 56,7% de todo setor empresarial do Brasil”, afirma César Rissete, Gerente de Competitividade do Sebrae Nacional.
A crise causada pela pandemia da Covid-19 exige dos potenciais empreendedores ou daqueles que já possuem um pequeno negócio uma atenção redobrada sobre pontos importantes na gestão, principalmente no que diz respeito ao planejamento financeiro. “Outro cuidado primordial nesse momento em que muitas cidades voltaram a enfrentar a situação de lockdown é o processo de transformação digital. As vendas online dispararam em 2020, nesse aspecto, quem já estava investindo na presença digital sentiu menos os impactos da crise.”
De acordo com César Rissete, uma das principais recomendações do Sebrae é que os donos de pequenos negócios busquem a inovação como forma de driblar a queda na receita. “Desde o início da pandemia, temos visto empresas que incorporaram o modelo de entregas, ampliaram sua presença nas redes sociais ou até mesmo mudaram completamente o seu modelo de negócio para aproveitar oportunidades e melhorar o nível de competitividade”, finaliza.
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