Aliada à indústria de calçados, a cadeia da moda é responsável por cerca de 8% das emissões de gases de efeito estufa, e o tema vem estampando manchetes com alertas cada vez mais graves.
Estudos mostram que desde 1938 há um aumento da temperatura na Terra em relação ao século anterior. O engenheiro britânico Guy Callendar colheu dados de 147 centros de estudos climáticos ao redor do mundo para chegar a essa conclusão, relacionando o fato ao aumento da concentração de CO2.
De lá para cá, a população mundial só vem aumentando, assim como as atividades industriais, agropecuárias e logísticas para atender à demanda desse crescimento demográfico. E com mais gente, mais produtos e, obviamente, mais emissões de gases de efeito estufa.
Novos e inúmeros estudos comprovaram o aumento das emissões de CO2 e sua relação com efeitos climáticos. Em 1988, a ONU criou o Painel Intragovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC). No mês passado, em agosto de 2021, o mais recente relatório do IPCC, que reuniu 234 especialistas de 66 países, causou estado de alerta com dados tão alarmantes como a temperatura média da Terra, que pode chegar a 1,5 ou 1,6 graus Celsius a mais do que na era pré-industrial em 2030.
Os números divulgados mostram um planeta próximo do ponto de inflexão climático – um patamar científico que estabelece o momento em que o aumento da temperatura global provoca mudanças permanentes nos ecossistemas.
Foto: Rawpixel | Paeng
E o que a moda tem a ver com tudo isso?
Um estudo do Report Quantis, de 2018, estima que a indústria da moda é responsável por cerca de 8% das emissões de gases de efeito estufa, e que junto com a indústria de calçados, emitiu quase 4 milhões de toneladas de CO2. Esse número só tende a aumentar, e segundo a consultoria McKinsey, pode chegar a 2,1 bilhão de toneladas em 2030.
A cadeia da moda precisa reduzir drasticamente suas emissões no curto prazo e as marcas devem considerar todo o ciclo de vida de seus produtos; incluindo a origem dos insumos, uso de energia de fontes renováveis e planejamento para destinação de descarte; desenhando produtos que possam fazer parte de ecossistemas regenerativos.
A única saída possível é a adoção de políticas climáticas pelas empresas do setor, implementando cálculo, compensação e, principalmente, redução das emissões de CO2, além de investir em educação e letramento sobre o tema para toda sua cadeia de valor e stakeholders.
A moda que representa os nossos tempos está alinhada às mudanças que o mundo pede e não pode esconder aquelas provocadas pela falta de responsabilidade socioambiental. A mensagem sobre as alterações climáticas é urgente e o poder que a moda tem em transmitir vozes deve ser usado para mobilizar as atuais gerações em prol do clima.
A compra de peças usadas ganha espaço e a geração Z já entende a prática como alternativa de consumo consciente.
Em tempos de sustentabilidade, de termos como “Ambiental, Social e Governança” (ASG ou ESG em inglês), que são assimilados pelas empresas e marcas, e consumidores cada vez mais curiosos e questionadores, comprar objetos e roupas de segunda mão deixou de ser uma opção apenas para quem quer gastar menos. Segundo o ThredUp 2020 Resale Report com dados da Global Data, o mercado de usados será maior que o do fast fashion até 2029.
Os brechós – estabelecimentos comerciais que vendem roupas e acessórios de segunda mão – vêm ganhando espaço no mercado da moda e no dia a dia das pessoas. Esse setor, em plena expansão, deve atingir 64 bilhões de dólares nos próximos cinco anos. E, segundo a Forbes, mesmo com os efeitos da pandemia e a queda no setor de varejo –, com lucros inferiores aos esperados – a venda de usados, ou a revenda, está explodindo.
Outro dado importante é o perfil dos usuários de brechós. De acordo com a consultoria McKinsey & Company, a geração Z representa 40% dos consumidores globais de brechós. Essas pessoas – nascidas entre 1990 e 2010 – compram com propósito e entenderam muito bem que consumir peças de segunda mão é uma alternativa de consumo consciente.
Como resposta a uma enorme quantidade de roupas descartadas sem destinação correta, o varejo de moda se voltou para o mercado de revenda e grandes marcas firmaram parcerias com brechós para promover discussões sobre a etapa do pós-consumo. Um bom exemplo é a Malwee, com seu projeto “Moda Sem Ponto Final”, que valoriza roupas mais atemporais e duráveis e agregou ao conceito uma parceria com o Repassa, site de vendas de roupas usadas.
Essa iniciativa – que promove o aumento da vida útil das peças – funciona da seguinte forma: clientes Malwee têm desconto de 50% na aquisição da “Sacola do Bem” da Repassa, ou podem retirar o produto gratuitamente em algumas lojas físicas da marca. Nessas sacolas, os usuários podem colocar as roupas que não usam mais e receber 60% do valor das vendas no site. E os clientes do Repassa têm como benefício utilizar o crédito do que venderam em compras no e-commerce da Malwee, com 10% de desconto.
Os brechós significam uma excelente oportunidade na etapa do pós-consumo e representam uma destinação correta para peças que seriam jogadas em aterros com grande impacto ao meio ambiente e à sociedade. Hoje, mais do que nunca, a maneira como me visto diz muito sobre mim e as roupas de brechó carregam boas histórias sobre as pessoas e o planeta.
Com enormes índices de desigualdade social e racial no Brasil, é necessário ir além.
Enquanto igualdade é relativo ao mesmo tratamento para todos os membros de um determinado grupo de pessoas, equidade significa a promoção de oportunidades iguais, considerando a diferença entre as pessoas. Em um país onde a desigualdade social e racial é enorme, não basta aplicar a igualdade, é preciso levar em conta os privilégios. Ou melhor, a falta deles.
Em tempos de sustentabilidade e de “Environment, Social and Governance” (ESG), o fator social tem ganhado protagonismo e, com esse movimento de conscientização, as corporações começam a entender o seu papel na formação de oportunidades iguais para pessoas diferentes. Assim, a equidade, principalmente racial, social e de gênero, passa a fazer parte do vocabulário das empresas conectadas com os novos tempos.
Os setores de moda e beleza começam a se movimentar nesse sentido e entender sua vocação em espalhar as mensagens corretas sobre a sustentabilidade em seus quatro pilares: ambiental, social, cultural e econômico. Marcas de moda passam a valorizar diferentes corpos, e modelos negros ganham mais espaço em desfiles, catálogos, editoriais e capas de revistas. E na beleza, há mais cosméticos para os diversos tipos de pele e cabelo.
Além das características dos produtos, as empresas começam a se preocupar com a conscientização e letramento de seus colaboradores em sua cadeia de valor, e procuram fazer treinamentos no que diz respeito à equidade dentro de suas fábricas e escritórios.
O Conselho de Designers de Moda da América (CFDA) e o PVH Corp – grupo detentor de grandes marcas como Calvin Klein, Tommy Hilfiger, entre outras –recentemente lançou o relatório “State of Diversity, Equity & Inclusion in Fashion”. Trata-se de recomendações para que a indústria americana se torne mais representativa e equitativa em sua força de trabalho, capacitação de talentos e base de consumidores.
Ainda nos EUA, foi criado o Black Fashion Council – conselho que garante a representatividade de pessoas negras na indústria da moda e beleza, com forças de trabalho em todos os níveis. Sugerem planos de treinamento, em que colaboradores iniciantes negros trabalham lado a lado com altos executivos, que assumem um papel de mentores e aliados na conquista de espaço. Grandes marcas como GAP, Reformation, Saks Fifth Avenue e L’Oreal fazem parte do grupo.
No Brasil também vemos esforços nessa direção. O SPFW, maior evento de moda do país, instituiu em sua última edição a cota racial obrigatória de 50% para negros, afrodescendentes ou indígenas em todos os desfiles.
O Boticário, empresa signatária da Rede Brasil do Pacto Global, lançou no fim do ano passado uma agenda de compromissos antirracistas, para que todas as pessoas se sintam representadas. Criaram metas claras e específicas sobre capacitação de colaboradores negros para ocuparem cargos de liderança até 2023.
Na outra ponta, consumidores estão cada vez mais atentos aos produtos que compram e às práticas e aos posicionamento das empresas que os vendem. Ainda há um longo caminho a ser percorrido, mas avançamos rumo a mercados de moda, beleza e design mais inclusivos, diversos e que priorizem a equidade.
Em março comemoramos o Dia Mundial da Água (22/03), data criada pela ONU para conscientizar os setores públicos e privados, além da população em geral, sobre a importância da conservação e preservação dos recursos hídricos, tão fundamentais à vida no planeta. E como 2021 é um ano crucial para as questões climáticas, não posso deixar de alertar sobre a sincronia de duas pautas: água e clima.
As mudanças climáticas são todas as alterações no meio ambiente causadas pela própria natureza e pela ação das pessoas. Elas existem desde sempre, fazem parte do ciclo natural e já marcaram eras, como a do gelo. Porém, desde a Revolução Industrial, iniciada no século XVIII, esse processo vem sendo extremamente acelerado pelas ações humanas, resultando no aumento da temperatura superficial da Terra e seus efeitos colaterais, como derretimento das geleiras, e chuvas e secas intensas e fora de época.
Foto – Divulgação
A água é um dos recursos naturais mais afetados pelos efeitos da mudança do clima, já que seu ciclo depende de equilíbrio climático –, e cria boas condições para o bom funcionamento dos rios, oceanos e lagos, que nos abastecem não somente de água potável, como também são os responsáveis pela evaporação que causa as chuvas, mantendo os níveis de água saudáveis para que o ciclo nunca pare.
Os setores de moda, beleza e design são responsáveis por grandes emissões de CO2, que são gases de efeito estufa e que contribuem de forma negativa para a aceleração das mudanças climáticas. Muito tem se discutido, e várias empresas têm se comprometido a neutralizar suas emissões por meio do reflorestamento e plantio de árvores. É uma medida efetiva e, inclusive, nós do Movimento Ecoera temos um programa para colaborar com empresas nesse processo.
Mesmo sendo uma medida importantíssima, a neutralização de CO2 de atividades industriais, varejistas e corporativas não é suficiente para resolver as questões do clima. Temos que ir além e reduzir as emissões. E esse sim é o grande desafio. Com metas claras e um plano de ação, empresas de diversos portes já tem se movimentado e estão criando uma agenda positiva, em que criatividade e tecnologia caminham lado a lado para encontrar soluções inovadoras e sustentáveis.
E todos nós, cidadãos do planeta, podemos fazer nossa parte, economizando água e energia, reduzindo o uso de saco plástico e utilizando meios de transporte coletivos, além de estarmos atentos a consumir produtos de marcas responsáveis e que têm a mesma visão de mundo. Assim a responsabilidade é compartilhada e os benefícios, também.
2020 foi um ano desafiador, marcado pela maior pandemia dos últimos tempos, que abalou todas as nações, com enormes efeitos econômicos, sociais e emocionais. Foi também um ano marcado por índices históricos e terríveis de queimadas no Pantanal e na Amazônia. A pandemia apertou o botão da urgência e o interesse pela sustentabilidade aumentou de forma significativa: pessoas e empresas se deram conta de suas responsabilidades e da necessidade de ação.
Agora começamos um novo ano, e 2021 nos traz inúmeras possibilidades de fazermos diferente, com mais cuidado com as pessoas e com o planeta. Vamos acompanhar mais de perto o que os governos e as empresas estão fazendo para deixar uma pegada mais responsável para as futuras gerações, e assim escolher com mais critério representantes, marcas e produtos.
Foto divulgação
Temos que nos reinventar e agir para fazer deste ano uma jornada mais saudável e sustentável. Assim, sugiro aqui cinco passos simples:
1. Reconhecer que nossas atividades e decisões diárias tem impacto no meio ambiente (consumo de água, energia, resíduos) e nas pessoas (boas condições de trabalho, inclusão e equidade).
2. Repensar nossa forma de adquirir e usar bens materiais e imateriais além de estar sempre atentos à nossa responsabilidade e, dessa forma, evitar desperdício de água, usar sacolas reutilizáveis, separar bem nossos resíduos, e até garimpar em brechós (há várias opções online enquanto não estivermos todos vacinados) e reformar roupas antigas.
3. Renovar nosso compromisso com as pessoas e com o planeta a cada manhã, criando metas atingíveis, sem angústia pois não tem como sermos 100% perfeitos e não tem marca 100% sustentável.
4. Reciclar ideias que tivemos lá atrás e acabamos não tirando do papel por algum motivo, e usar a criatividade para inová-las e colocá-las em prática agora.
5.Revelar nossas experiências e boas práticas para o mundo, seja para a família, a comunidade onde vivemos ou nas redes sociais. Assim podemos inspirar mais gente, ou mesmo encontrar outras pessoas inspiradoras pelo caminho!
E para seguirmos juntxs nessa trilha mais consciente, deixo um presente para você. Baixe aqui o Calendário da Sustentabilidade Ecoera, com datas especiais que falam sobre o planeta e as pessoas.
Espero continuar lado a lado com você, por um futuro melhor em 2021!
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