A moda é um repórter do seu tempo, uma fotografia fiel de sua época. A moda também é uma expressão individual e podemos nos comunicar por meio das roupas que vestimos. Foi com essas certezas que me apaixonei pela moda em 1992.
Na virada dos anos 2000, senti que a moda perdeu o foco e, longe das mudanças que o mundo pedia, entrou em descompasso com o seu tempo. De um lado, verdades inconvenientes sobre as alterações climáticas e uma sociedade doente, e de outro a moda, minha paixão, alienada às necessidades de sua época.
Fui em busca de uma moda que pudesse vestir as pessoas do século XXI e de marcas que pudessem mostrar caminhos conscientes incluindo toda a sua cadeia de valor e seus consumidores finais. Foi assim que nasceu o Movimento Ecoera há 13 anos. Passamos essa última década pesquisando, cocriando, produzindo, recomendando e provocando todo o ecossistema fashion brasileiro e, como resultado, a moda no Brasil começava a dar sinais de desenvolvimento no que diz respeito às questões socioambiental.
Com a chegada inesperada da pandemia, as empresas perceberam que a sustentabilidade é um plano de ação e que o discurso vai ter que sair da teoria. Aquelas que já tinham ingressado nessa jornada mais verde e justa com o planeta e com as pessoas, encontraram um ambiente mais confortável para se comunicar. Perceberam que estão um passo a frente, afinal os consumidores dos nossos tempos são mais conscientes e estão atentos às práticas de impacto positivo.
Com as medidas de cautela, muitos de nós entramos em quarentena e a moda, também. Fomos obrigados a mudar hábitos, a fazer compras online e a usar o delivery como nunca antes. A moda também. Todo o mercado foi obrigado a mudar de rota com uma velocidade sem precedentes. Fizemos em dias o que não imaginávamos fazer em anos! As marcas começaram uma força tarefa na produção de máscaras de tecido garantindo trabalho para seus departamentos de costura, envolvendo colaboradores e clientes em uma corrente solidária em apoio a comunidades vulneráveis.
Do lado do varejo, algumas praticas digitais de emergência foram aplicadas, como melhoramentos nos e-commerce, promoções, descontos, ofertas e a ampliação das vendas multicanal, uma estratégia que já vinha sendo adotada, em que o lojista busca atender às necessidades de seus clientes da melhor forma possível, apoiando-se no alcance das vendas por aplicativos ou marketplaces.
Vamos viver o desconhecido, mas o que já sabemos é que o consumidor de moda não será mais o mesmo. Na pré-pandemia, o conceito de consumo consciente já estava sendo integrado ao nosso dia a dia e o consumidor na retomada será ainda mais exigente, terão foco na saúde, no essencial e no feito no Brasil.
Como a moda segue a necessidade de seus consumidores, ela será sem dúvida mais sustentável, solidária e inclusiva. Para continuar a refletir sobre o futuro da moda, na beleza e no design no mundo pós-pandemia, acesse e faça o download do report https://mailchi.mp/amodapelaagua/reportecoera.
Os novos tempos vão exigir novos hábitos, e a moda, mais uma vez, vai ajustar suas lentes e o foco será a saúde das pessoas e a do Planeta.
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