Às vésperas de completar 80 anos, Gilberto Gil, celebra a música e a família com shows do Festival MITA

Às vésperas de completar 80 anos, Gilberto Gil, celebra a música e a família com shows do Festival MITA

Gilberto Gil está tendo um 2022 agitado, com as celebrações dos seus 80 anos, sua chegada à Academia Brasileira de Letras, shows nos festivais MITA e Rock in Rio, e uma nova turnê pela Europa, tocando e cantando acompanhado por seus filhos e netos

Começou a circular o expresso 2022! No mês que vem, mais precisamente no dia 26 de junho, Gilberto Gil completa 80 anos de vida. E as celebrações desse marco começam neste mês, com a participação desse gênio tropicalista no festival MITA (Music Is The Answer), que acontece nos dias 14 e 15 na Spark Arena, em São Paulo, e nos dias 21 e 22 no Jockey Club do Rio.

Após passar a maior parte da quarentena isolado com sua família em Araras, no interior do estado do Rio, o cantor e compositor se apresenta num esquema “Refamília”, cercado por sua prole: ele será acompanhado pelos filhos Bem Gil (guitarra e voz) e José Gil (bateria e percussão), e pelos netos João (guitarra) e Flor (teclados e vocais).

 

Divulgação | FernandoYoung;

Divulgação | FernandoYoung;

 

Com mais de 60 álbuns, 7 Grammys, quase 4 milhões de discos e CDs vendidos e uma carreira que extrapola a música – com sua atuação como Ministro da Cultura, como embaixador da Boa Vontade das Nações Unidas e como Artista da Paz da Unesco – Gil é um patrimônio nacional. E, grande letrista que é, tornou-se um imortal, ao assumir em abril a cadeira nº 20 da Academia Brasileira de Letras.

Dono de uma poética melodiosa e nem tão esotérica assim, em seu discurso na cerimônia de posse, Gil aproveitou para mandar um recado direto para uma certa pessoa nefasta. “A Academia Brasileira de Letras é a Casa da Palavra e da Memória Cultural do Brasil. E tem uma responsabilidade grande no sentido de fortalecer uma imagem intelectual do país que se imponha à maré do obscurantismo, da ignorância e da demagogia de feição antidemocrática. Poucas vezes na nossa história republicana o escritor, o artista, o produtor de cultura, foram tão hostilizados e depreciados como agora. Apesar dos tempos politicamente sombrios que vivemos, aposto na esperança. Contra a treva física e moral, que haja ao menos a chama de uma vela, até chegarmos a toda luz do luar. Permitam-me recordar: ‘Se a noite inventa a escuridão, a luz inventa o luar’. Essa é nossa aposta, na vida e na alegria”, disse.

 

Gilberto Gil - Foto Divulgação | Marcelo Hallit

Gilberto Gil – Foto Divulgação | Marcelo Hallit

 

Nesta entrevista que concedeu à 29HORAS, Gil fala de família, do “novo normal” e de paz. Confira a seguir os principais trechos dessa conversa:

 

Como será seu show no MITA Festival? O que podemos esperar dessas suas apresentações em São Paulo e no Rio?
O repertório do show é o que vem da turnê Gil in Concert, que fizemos na Europa no final de 2021. Tem umas duas músicas lá de trás, do meu primeiro LP, tem alguma coisa da época que voltei do exílio e outros sucessos de 1980 prá cá. É um repertório, do ponto de vista de fases, abrangendo mais ou menos três dessas quatro épocas da minha carreira.

 

Como vem sendo trabalhar em parceria com seus filhos nos palcos?
O primeiro filho que veio para o palco comigo foi Nara, fazendo backing vocal lá atrás, nos anos 1980. De lá prá cá, teve o Pedro, como baterista, num período curto até 1990, quando ele morreu. Depois vieram Bem e José: Bem numa função como músico integrante da banda e cuidando, ajudando na escolha de repertório, criando arranjos, arregimentando colegas para tocar conosco; e José, que herdou um pouco de Pedro a vocação para bateria e percussão. Recentemente, veio a Flor, uma neta, e depois o João, um neto, que se juntaram a nós. Esses têm sido os familiares que têm compartilhado comigo vários momentos de shows e de gravações nesses últimos tempos. É sempre gostoso trabalhar em família.

 

O cantor ao lado de seus filhos (Bem e José) e neto (João) - foto divulgação | Fernando Young

O cantor ao lado de seus filhos (Bem e José) e neto (João) – foto divulgação | Fernando Young

 

E como você enxerga o futuro de sua neta, a Flor, que tem apenas 13 anos, mas recentemente fez um show aqui em São Paulo? Podemos dizer que estamos acompanhando o surgimento de uma nova estrela?
É bem possível que sim, pois ela é multitalentosa, tem vários interesses no mundo das artes, em variadas manifestações. Ela gosta de cinema, de televisão, de novas mídias, da internet, das redes sociais. E um material muito bom, pois ela tem uma bela voz, tem talento no sentido de compreensão dos ingredientes que fazem a música, como ritmo, harmonia, e tem muito interesse em instrumentos – começou com o ukulelê, depois veio o teclado e agora está gostando do baixo. É possível que ela fique na música. Ela tem facilidade de cantar em outros idiomas (ela já cantou em italiano e inglês comigo). Enfim, na medida que ela sustente o interesse por música, porque pode ser que ela vá se concentrar em outro aspecto artístico, acho que a música vai ficar sempre com ela, que vai desenvolver um trabalho musical relevante à altura do talento e do gosto que ela tem por música.

 

Gilberto Gil no palco com a neta Flor Gil - foto divulgação | Rita Carmo

Gilberto Gil no palco com a neta Flor Gil – foto divulgação | Rita Carmo

 

O que faz bem para os seus ouvidos? Recentemente, você se apresentou com o pessoal do Baiana System. Quais intérpretes e bandas das novas gerações você tem ouvido e acompanhado com especial atenção?
Eu tenho um modo de audição de música que não é muito seletivo, pois hoje temos música espalhada por todos os ambientes, desde a casa até os outros lugares aonde vamos, como casas de show, restaurantes e lugares do entretenimento. Esse repertório é muito variado desde a produção da minha própria geração (Gal, Caetano, Chico, Elis, Milton, Djavan), passando pelos pops todos (Lulu Santos, Cazuza), as bandas de rock dos anos 1980 (como Titãs, Paralamas), toda a coisa do reggae. E tem essa turma nova – a Preta, a Iza, a Larissa Luz, a Ludmilla, a Anitta – que faz essa junção de vários estilos, mas se concentra mais no hip-hop. A variedade é muito grande. E tem ainda o Baiana System, com quem me apresentei há dois anos. Acompanho também com interesse os rappers todos, como Emicida, Criolo – que é outra mistura também – e os Gilsons!

 

Nos anos 1970-1980, você REvolucionou a música brasileira com obras-primas como “Refazenda”, “Refavela”, “Realce” e “Refestança”, fazendo um maravilhoso mix de ritmos brasileiros com uma pegada globalizada e bem dosadas pitadas de pop, rock e reggae. Você considera que esse período foi o auge da sua produção musical?
Acho que é, sim, a fase mais interessante, mais importante do meu trabalho. Foi um período de intenso trabalho, de aproveitamento de muitas referências que eu tinha tido ao longo dos anos, desde as coisas iniciais como a da Bossa Nova, da música tradicional brasileira dos anos 30/40/50, a influência da música que veio de fora, a música americana, a música caribenha. Enfim, os álbuns foram surgindo em função desses referenciais. Em sequência, vieram “Refazenda”, “Realce”, “Banda Um”, “Extra”, “Raça Humana” – foi o momento em que todos esses ingredientes da coisa original brasileira, da coisa internacional, do pop, do rock, do reggae – tudo isso se funde numa produção muito grande e a maioria das canções vão para os discos e chegam até o público e estabelecem esse lugar, essa impressão que o meu trabalho acaba causando junto ao público.

 

Foto divulgação | Tatiana Valença

Foto divulgação | Tatiana Valença

 

Este ano, outro álbum seminal de sua lavra, “Expresso 2222”, completa 50 anos. Está programada alguma celebração para festejar esse marco?
Ouvi falar do desejo de todos que me cercam em fazer uma celebração. Tem interesse da [gravadora] Universal em fazer uma caixa sobre os 50 anos do “Expresso 2222”. É uma data cheia e vamos marcar esse trabalho: já celebramos os 40 anos do “Refavela” e agora os 50 do “Expresso”. Foi o disco que marcou a volta do exílio, pós-Tropicalista. Há um desejo natural de marcar o aniversário desses trabalhos.

 

Por falar em aniversário, agora em junho você completa 80 anos. Como será a celebração? Como você se sente, às vésperas de ser um octagenário?
Como eu disse recentemente, em uma entrevista ao “Jornal Nacional”, minha alma ainda cheira a talco quando subo ao palco, como um bumbum de bebê. 80 anos é uma idade cheia, 8.0! Precisa ser celebrada, como os aniversários de “Expresso 222” e “Refavela”. As comemorações incluem uma nova turnê internacional, um show-homenagem no Rock in Rio e o lançamento de uma série-documentário dirigida por Andrucha Waddington, que em breve será exibida no streaming, pela Amazon Prime Video.

 

Mudando de assunto, há três anos você imaginava que o mundo e nossas vidas fossem paralisados por uma pandemia? Na sua opinião, qual a mudança mais importante que estamos vivenciando por causa da Covid: qual a maior diferença entre o “velho normal” e o “novo normal”?
A pandemia trouxe impactos muito fortes nas condições psíquicas de cada um de nós. Em nós, todos os receios, os medos, foram intensificados. Veio o medo de adoecer, de morrer, de inviabilizar uma vida plena saudável. O trabalho foi muito impactado – nós todos tivemos que nos confinar em nossas casas. O convívio amplo social ficou praticamente impedido durante quase dois anos. Só depois das vacinas a gente conseguiu voltar a um convívio restrito. Agora a gente começa a vislumbrar um retorno, mas já contaminado por todas as novidades a que fomos obrigados a ter nesses últimos anos. Aos poucos vamos voltando a uma vida normal, mas que não é mais o mesmo normal. Toda a vida online – a intensificação das redes sociais, a chegada muito forte das transmissões online com formação de plateias domésticas tendo acesso a shows, peças de teatro – muito disso vai desaparecer quando voltarmos ao normal, que não vai ser o normal que conhecíamos, mas um “novo”. Muitas dessas experiências vivenciadas durante a pandemia vão desaparecer, mas muitas vão ficar, e as que ficam vão estimular novas revisões no modo de tratar o consumo de arte, de cultura, convívio, elevando essas experiências a novos patamares.

 

Gilberto Gil - Foto divulgação - Cris Almeida

Gilberto Gil – Foto divulgação – Cris Almeida

 

Você sempre foi um entusiasta da internet e da conectividade entre as pessoas, mas ultimamente reviu alguns de seus conceitos. Vi até você dizer que “a internet virou um pandemônio, um estímulo a esse narcisismo individualista que se desdobra em política de ódio”. Como salvar a internet e fazer dela um instrumento do bem?
Quem vai fazer essa mudança é o tempo e o uso mais exaustivo da internet. Na medida em que o homem vá se acomodando a um desejo mais nítido de uma inclinação para o bem, na medida que ele vá se livrando das coisas do mal e vá se afeiçoando mais aos modos benignos de estar na vida. Cada vez mais compartilhador, mais gregário. É isso que vai fazer com que a internet melhore. Se o ser humano não melhorar, a internet não melhora.

 

Você considera a canção “A Paz”, que você compôs com João Donato em 1986, como um hino atual nesses novos tempos de guerra, com líderes políticos tentando novamente estabelecer impérios e usando exércitos para expandir seus domínios?
Essa é a questão: a gente ainda fica pasmo, surpreso, com essa insistência na coisa bélica, na guerra, na transformação de adversários em inimigos, de competidores serem desafiados a serem eliminados. Essa ideia de conquista de territórios é uma coisa que vem do mundo antigo e que acompanha o homem ao longo de toda sua trajetória, mas desejo que tudo isso reflua um pouco e que o homem se dedique mais ao usufruto de todos os avanços da ciência e da tecnologia. Que o ser humano possa viver se beneficiando de tudo de bom que foi conquistado. E vá se livrando desse ativismo do passado. Essa falta de amor social. É preciso que a gente acredite cada vez mais na melhora da sociedade humana. É preciso dar um fim ao “lamento de tantos ais”, é cada vez mais urgente que a paz invada os nossos corações, como diz a canção. Só assim a gente vai evitar a guerra, a violência coletiva e a violência social.

 

Festival MITA - Foto divulgação

Festival MITA – Foto divulgação

 

MITA é o festival da ponte-áerea
Evento – que acontece este mês no Jockey Club do Rio e na Spark Arena de São Paulo – tem em seu line-up artistas nacionais e bandas gringas como Gorillaz, Rüfüs du Sol e Two Door Cinema Club

A linguagem universal da música é a estrela e a inspiração da primeira edição do festival MITA – Music Is The Answer, produzido em parceria pelas empresas Bonus Track, de Luiz Oscar Niemeyer e Luiz Guilherme Niemeyer, e 30E – Thirty Entertainment.

Os shows acontecem em São Paulo nos dias 14 e 15 de maio, inaugurando a Spark Arena, na Vila Leopoldina, e nos dias 21 e 22 de maio no Rio, no Pião do Prado do Jockey Club Brasileiro, na Gávea. A programação começa às 12h e termina por volta das 22h.

O line-up do festival mescla atrações internacionais e nacionais, misturando nomes já consagrados do cenário musical e novos artistas e bandas que começam a despontar e conquistar públicos cada vez maiores. Os ingressos estão à venda pela plataforma Eventim e custam R$ 700.

Confira a programação completa neste link

Spark Arena
Avenida Manuel Bandeira, 360, Vila Leopoldina, São Paulo.

Jockey Club Brasileiro
Rua Jardim Botânico, s/ nº, Gávea, Rio de Janeiro.

 

Com o hit “Envolver”, Anitta se torna a primeira artista brasileira a conquistar o topo do Spotify Global

Com o hit “Envolver”, Anitta se torna a primeira artista brasileira a conquistar o topo do Spotify Global

A cantora Anitta alcança o topo da parada Global do Spotify, com mais de 6,3 milhões de reproduções na plataforma

Quando se fala em Anitta, os números são superlativos. A única brasileira na lista dos 15 artistas mais influentes do mundo, segundo a Billboard, ela tem 61 milhões de seguidores no Instagram e 16,1 milhões no Youtube. Só um de seus clipes, “Bang”, tem 418 milhões de views. Em apenas 24 horas, “Paradinha”, sua primeira música gravada em espanhol e focada no mercado latino, teve mais de 6 milhões de visualizações. Já o clipe “Vai Malandra” ultrapassou a marca de 500 mil visualizações no Youtube em apenas 20 minutos, convertendo-se na melhor estreia brasileira da história, com 8 milhões em menos de oito horas. Em 2017, Anitta foi o nome brasileiro mais procurado nos sites de busca. Agora, a cantora carioca alcança o topo da parada Global do Spotify com a música “Envolver”. Com mais de 6,3 milhões de reproduções, essa é a primeira vez que uma artista brasileira alcança o topo da parada de mais ouvidas mundialmente no Spotify.

 

Anitta no clipe "Vai Malandra" - Foto Eduardo Bravin

Anitta no clipe “Vai Malandra” – Foto Eduardo Bravin

 

Anitta também já foi capa da revista 29HORAS em abril de 2018, relembre a entrevista a seguir.

 

Por trás disso tudo, uma jovem carioca de 28 anos, nascida Larissa de Macedo Machado, edifica uma carreira que, na visão de especialistas de marketing, é um case muitíssimo bem-sucedido. “Sempre pensei e planejei muito. Sou focada e só dou um passo quando tenho certeza de que está tudo do jeito que eu quero”, ela diz, em uma conversa também planejada com antecipação. Com uma média de vinte shows por mês e uma carreira internacional em pleno crescimento, Anitta não sabe o que é tempo de folga. “Quando tenho, gosto de ficar em casa com a família, meu maior bem”. Recém-casada com Thiago Magalhães, de 25 anos, ela mora em uma mansão na Barra da Tijuca com o marido e sua mãe, Miriam. “Ele ama tanto a sogra que a convidou para morar junto”, ri a cantora. “Mas nós acabamos ficando a maior parte do tempo fora de casa”.

A carreira internacional, alavancada em 2017, tem feito a cantora ficar ao menos uma semana por mês nos Estados Unidos e em países da América Latina. Mas nada aconteceu por acaso em sua história. A garota que decidiu mudar seu nome aos 16 anos, por causa da minissérie global “Presença de Anita” – ela se inspirou na personagem vivida pela atriz Mel Lisboa – também focou na carreira lá fora como uma experiente estrategista. Esmiuçou a fundo o mercado antes de colocar seus pezinhos nesse terreno. “Cara, eu pesquisei muito a história de outras pessoas que fizeram carreira no exterior, analisei os erros e acertos, e vi o que deveria fazer para dar certo, sem deixar o público brasileiro. É um modelo novo, algo que ainda não foi criado, e tenho encontrado pessoas que estão me ajudando a fazer isso de uma forma incrível”.

Segundo Anitta, o processo não foi fácil. “Foram muitas viagens até que a coisa começasse a funcionar. Parecia um jogo de tabuleiro, sabe, aquele em que você volta para o início do jogo quando algo dá errado?” Se ela pensou em desistir? “Sim, mas a minha vontade era maior, sempre sonhei com uma carreira que envolvesse o Brasil e o exterior”.

Suas gravações em diferentes estilos – do pop ao sertanejo, passando pelo funk e reggaeton – com artistas de vocações diversas se somam às ações conjuntas nas redes sociais e nas parcerias comerciais (hoje são treze marcas).

 

Foto Eduardo Bravin

Foto Eduardo Bravin

 

Apenas em 2016 e 2017 Anitta lançou quinze singles, entre eles clipes com a rapper australiana Iggy Azalea (“Switch”), os cantores colombianos Maluma e J Balvin, o DJ sueco Alesso (“Is That For Me”) e os norte-americanos Major Lazer (o grupo fez “Sua Cara”, com participação de Pablo Vittar), Poo Bear (“Will I See You”), e o produtor Maejor (“Vai Malandra”). Lances meticulosamente estudados, especialmente no que tange à divulgação. Em dezembro último, o lançamento em Nova York do single “Vai Malandra”, com clipe gravado no morro do Vidigal, incluiu uma ação do Spotify, com dois enormes telões na fachada de um edifício na esquina da Sétima Avenida. Em novembro, ela já havia ganho destaque na Times Square, um dos pontos mais movimentados de Nova York, em um outdoor de lançamento do single “Downtown”, com J. Balvin.

 

Anitta e Alesso na gravação do clipe "Is That for Me" | Foto Eduardo Bravin

Anitta e Alesso na gravação do clipe “Is That for Me” | Foto Eduardo Bravin

 

 

Entrevistada em programas de rádio e televisão nos Estados Unidos e em países da América do Sul, a cantora, fluente em inglês e espanhol, conta que às vezes se confunde com os três idiomas. “É uma fase muito feliz, uma experiência incrível com o mercado espanhol e americano. É uma loucura, mas é muito bom”.

Com uma agência internacional para cuidar de suas ações lá fora, mais o time brasileiro – que envolve desde consultores e produtores a personal chef e “life coach” –, Anitta já perdeu a conta do número de pessoas que a assessora. “Há quatro anos abri uma empresa com o Renan, meu irmão, e agora tenho um CEO, que nos ajuda nessa gestão geral”. Entre as marcas que as procuram, ela diz que escolhe “as que têm a ver” com ela. “Algumas propostas grandes surgiram, mas eu recusei. Não vou porque paga mais, vou pelo que eu acredito”. Outro novo nicho de negócio é gerenciar a carreira de artistas. Como empresária musical ela tem como clientes os jovens cantores Micael e Clau. Há ainda um programa de TV pela Multishow, que começa neste mês de abril: “Anitta Entrou no Grupo”, uma espécie de competição musical com convidados.

Dinheiro, segundo ela, só é prioridade no campo profissional. “Aí sou muito planejada e controladora, fico superligada. Presto muita atenção para fazer o melhor para a carreira. Já na vida pessoal não tô nem aí”, solta. “Sou desprendida, não tô nem aí… Quer um carro, eu dou, quer uma casa, eu dou”. Na festa de final de ano da sua empresa, em dezembro, ela fez um churrasco na sua casa e sorteou um carro e uma viagem para os funcionários.

Foto Eduardo Bravin

Foto Eduardo Bravin

 

“Cara, sou muito realista, verdadeira, obstinada”, ela se autodefine. “Quando olho para trás eu tenho uma sensação de dever cumprido, e também fico orgulhosa da minha família. Minha mãe parou de trabalhar para cuidar de mim e do meu irmão. Eu não estaria aqui se ela não tivesse se dedicado tanto”.

Filha da artesã Miriam Macedo e do vendedor Mauro Machado, que se divorciou de Miriam quando Anitta tinha um ano e meio, a cantora nasceu e cresceu numa casa simples de Honório Gurgel, no subúrbio carioca. Desde pequena, queria ser cantora e famosa. Participava do coral da igreja do bairro e, em casa, vivia com microfones improvisados – frascos de shampoo e perfumes – na mão. Aos 16 anos, formada em um curso técnico de administração, foi aprovada como estagiária da Vale do Rio Doce. No mesmo período, descobriu o funk e começou a postar vídeos no Youtube. Um deles despertou a atenção da gravadora independente Furacão 2000. A partir daí, e com o sucesso do hit “Show das Poderosas”, em 2013, Anitta começou a se transformar na marca que é hoje.

Para a cantora, momentos marcantes da sua carreira foram a apresentação na abertura das Olimpíadas, em agosto de 2016, ao lado de Caetano e Gil, e o show com o tenor italiano Andrea Bocelli, em São Paulo, em outubro do mesmo ano. “As pessoas tinham dúvidas e preconceitos em relação a mim, recebi muitas críticas, mas eu me preparei e quebrei mais uma barreira, mostrei do que sou capaz”. Com Bocelli, ela foi vaiada assim que subiu ao palco do Allianz Park. Depois da apresentação, foi aplaudida de pé e, quando deixou o espaço, desabou no choro.

Mas Anitta espremeu bem o seu limão e dali fez uma superlimonada. Desde cedo ela sabe como aprender com as experiências. “Isso acontece com as pessoas de classe baixa, que estudam em escolas públicas do Brasil, onde a televisão é a maior ferramenta: você aprende a escolher coisas boas na tevê, aprende com o que tem à mão. Não existe uma forma certa de adquirir conhecimento”, pondera a cantora, lembrando que assiste muito documentário. “De todos os tipos: de guerra, de história, de animais, das coisas mais variadas. É o que eu mais vejo na tevê”.

O tempo – quase cronometrado – com Anitta está acabando e ela faz uma pausa, pensativa, quando pergunto sobre o que realmente importa na sua vida. “O principal é o amor. Não adianta nada ter o maior sucesso e dinheiro se a gente não amar e ser amado. Imagina se agora vem um terremoto e cai tudo… O que vai sobrar é a nossa família. É lá que você vai encontrar carinho, verdade. É a família que me faz ficar com os pés no chão.”

 

“Vai Malandra” marca volta da cantora ao funk

O batidão de “Vai Malandra” é um retorno às origens. “O funk é a minha porta de entrada e sou muito grata por todas as oportunidades que ele trouxe, não só para mim, mas para muita gente que nasceu nas favelas do Brasil. As pessoas não têm ideia de como o funk ajuda uma parcela que é carente de todo tipo de oportunidade”. Gravado no Morro do Vidigal, o clipe mostra Anitta de biquíni de fita isolante fazendo “quadradinho” e tomando sol na laje. A cantora foi elogiada por mostrar um close de seu bumbum com celulite na primeira cena. Em sua luta contra os padrões de beleza, ela também emprega garotas plus size como dançarinas. “Sou contra a padronização. A mulher real tem celulite. Fico feliz em saber do impacto positivo que a minha celulite teve nas mulheres. Nós devemos nos unir e parar de julgar os corpos e as escolhas umas das outras”.

 

Anitta no clipe "Vai Malandra" - Foto Eduardo Bravin

Anitta no clipe “Vai Malandra” – Foto Eduardo Bravin

Após meses de isolamento, Ney Matogrosso volta aos palcos para celebrar seus 80 anos de vida e quase cinco décadas de música

Após meses de isolamento, Ney Matogrosso volta aos palcos para celebrar seus 80 anos de vida e quase cinco décadas de música

Neste improvável e difícil ano, Ney Matogrosso lançou novo álbum, fez 80 anos e agora encara, tranquila e sabiamente, a sua intensa finitude.

Ney é um artista que elegeu o contato direto com o público nos shows como sua grande força. Embora tenha gravado álbuns fundamentais para a MPB, as turnês movem a sua carreira. Enquanto outros gravam um disco e então tratam de organizar o show para divulgá-lo, Ney Matogrosso pensa primeiro no espetáculo, nas roupas, no cenário, no repertório. O estúdio fica para depois.

Assim, o cancelamento de todos os shows no planeta durante a pandemia de Covid-19 foi um grande revés para o cantor. Logo ele, que estava em turnê do disco “Atento aos Sinais”, com cinco anos de viagens pelo Brasil, e já mostrava ao público desde 2019 o show de “Bloco na Rua”, lançado no mesmo ano. E, pior, uma coisa dessas acontecendo em 2021, quando ele comemorou 80 anos no dia primeiro de agosto.

 

Ney Matogrosso - Foto: Marcos Hermes | Divulgação

Ney Matogrosso – Foto: Marcos Hermes | Divulgação

 

Para ultrapassar esse período ruim, veio a ideia de gravar. Chega “Nu com Minha Música”, álbum irretocável com 12 poderosas canções, lançado em novembro. “Inventei de fazer um disco para me tirar mesmo daquilo, era minha única alternativa. Mas foi difícil, porque foram condições bem adversas. Tirando tom por telefone, ouvindo arranjo por telefone, tudo muito complicado”, conta Ney, que tomou uma decisão incomum. Ele dividiu as gravações com quatro produtores, todos também músicos de primeiro time: o tecladista Sacha Amback, o pianista Leandro Braga, o guitarrista Ricardo Silveira e o violonista Marcello Gonçalves.

“São pessoas com quem eu trabalhei muitas vezes. Eles tocaram no palco comigo, já me dirigiram musicalmente em vários shows, gente que está comigo há muitos anos. Os quatro me conhecem muito bem. Selecionei 12 músicas e distribuí três para cada um, o que também deu uma facilitada na coisa, porque se fosse uma pessoa só para fazer 12 músicas ficaria mais complicado e demorado. E eu queria mesmo para o meu aniversário. Então deu tudo certo. Lançamos quatro músicas em agosto, num EP, uma produzida por cada um”, lembra.

 

Ney Matogrosso - Leo Aversa

Ney Matogrosso – Leo Aversa

 

O quarteto de canções mostra o cantor com compositores que são queridos por ele, nomes que comparecem em inúmeros álbuns da carreira: “Nu com Minha Música”, de Caetano Veloso, “Se Não For Amor Eu Cegue”, de Lula Queiroga e Lenine, “Mi Unicornio Azul”, do cubano Silvio Rodriguez, e “Gita”, de Raul Seixas e Paulo Coelho. Agora, nas outras faixas que completam o álbum recém-lançado, há mais gente habitual no repertório, como Roberto e Erasmo (“Sua Estupidez”), Vitor Ramil (“Noturno”), Herbert Vianna (“Quase um Segundo”) e Alice Ruiz e Itamar Assumpção (“Sei dos Caminhos”). Ney admite não ser um disco de músicas destinadas ao sucesso, mas o considera profundo.

De volta aos palcos, o cantor fará um show na Marina da Glória, no Rio de Janeiro, em 8 de janeiro. Em 7 de maio estará em Campinas e, no dia 17 de julho, no Central Park, em Nova York.

 

Longe da despedida

Fazer 80 anos pode ser algo que provoque reflexão, talvez um balanço do que a pessoa já realizou, levando a exercícios como listar aquilo que poderá ser considerado seu legado. Não para Ney Matogrosso, que rebate com veemência a ideia. “Nem penso nisso! Nada de balanço da vida.” Lembra que alguém perguntou se ele estava se despedindo da carreira. A resposta foi imediata: “Que me despedindo o quê, mané! Que coisa!”, repete Ney, rindo.

Quando é chamado a comentar sua discografia, iniciada em 1975 depois do sucesso estrondoso nos dois anos anteriores como vocalista do fenômeno Secos & Molhados, ele não gosta de tudo que gravou. Mas considera que não errou, as gravadoras é que erraram, ao exigir a gravação de discos anuais.

“Falo daqueles discos até os anos 1980, nos quais às vezes gravei sobras de um show, simplesmente porque fui obrigado. Eu não podia dizer não. Mas briguei muito, passei por sete gravadoras. Ninguém pedia demissão de gravadora. Eu pedia. Não podia continuar ali. Percebo que tem alguns discos que não me satisfazem. Gosto de três ou quatro músicas, mas do resto não gosto. E eles não tinham a preocupação de me colocar no estúdio com uma boa banda. Pego um disco meu e escuto umas coisas estranhas, de menor qualidade. Mas não era culpa minha. Era obrigado a fazer.”

 

Ney Matogrosso - Foto: Marcos Hermes | Divulgação

Ney Matogrosso – Foto: Marcos Hermes | Divulgação

 

Ney conta ainda que guarda em casa relações de músicas que um dia quer gravar. “Por exemplo, ‘Mi Unicornio Azul’ eu ouvi pela primeira vez na década de 1970 com o Silvio Rodriguez, no Canecão. Tentei colocar em outros discos, mas não cabia. Agora neste novo álbum, que é completamente desvinculado de qualquer proposta além de cantar só o que eu quisesse, coube.” Jovens compositores o procuram bastante. Mas sair de casa para ver show de algum artista novo, que começa a despontar, curiosamente é mais difícil. “Não sou uma pessoa que vive a noite. Não gosto nem de sair de casa. Gosto de receber pessoas, receber amigos dentro de casa. Eu não sou muito da rua nem da noite. Mas esporadicamente vejo algum show, sim.”

O cantor tem no currículo colaborações em discos e shows com algumas bandas, como Pedro Luís e a Parede e Nação Zumbi. Mas nunca pensou, desde o Secos & Molhados, na ideia de pertencer novamente a uma banda. “Mas eu monto grupos que duram muito, como o atual. Eu fiz com essa banda o show de ‘Atento aos Sinais’, que ficou cinco anos em cartaz, e estávamos nessa turnê que vai para o segundo ano. A gente tinha feito um e parou por causa da pandemia.”

E confessa que pode recorrer a músicos diferentes. “Se, de repente, eu quiser fazer um disco todo romântico, aí posso achar que a atual não é a banda para isso. Porque essa é mais pesada, é pop, rock. Quando eu fui fazer o disco ‘Beijo Bandido’ (2009), gravei com Leandro Braga. Era cello, violino, percussão e piano. E gostei muito do resultado.”

 

Estrela reservada

Em agosto, Ney Matogrosso ganhou um espaço enorme na mídia, por causa de seu aniversário. Além do lançamento do EP de quatro novas gravações, o jornalista Júlio Maria publicou uma biografia do cantor, o que atraiu ainda mais atenção. E ficou incomodado com o excesso de exposição. “Sou muito comedido, mas no aniversário perdi completamente o controle.” Mas há limites de privacidade dos quais ele não abre mão. “Minha casa eu não mostro nunca. Não vou à Ilha de Caras nem que me paguem. O máximo que possa preservar, eu preservo. É um paradoxo, né? Porque sou a pessoa que mais se expõe no palco, mas gosto da vida reservada.”

Falando do palco, ninguém esperava, nem ele mesmo, que alguém com 80 anos tivesse tanta disposição física. “Sempre utilizei meu físico e continuo usando. Não sei explicar como sou capaz disso, mas faço ginástica diariamente, mantenho o tônus muscular. Não sou uma pessoa que gosta de comer muito, eu me cuido, não bebo, não fumo. Então isso ajuda a me manter até agora podendo usar o meu corpo desse jeito.”

 

Ney Matogrosso - Foto: Marcos Hermes | Divulgação

Ney Matogrosso – Foto: Marcos Hermes | Divulgação

 

Ney levou algum tempo para que essas atitudes saudáveis entrassem em sua vida. “Nos anos 1970, não tinha cuidado nenhum, né? Eu me levantava da minha cama, colocava uma gema na boca, tomava um copo de leite e ia para a praia, passava o dia inteiro na praia. Era assim. A partir de um momento, mudei. Eu tenho muitos amigos médicos, conversava com eles, que diziam que eu estava errado. Tomava só Coca-Cola. Não tomava água. Mas mudei por minha própria decisão. Eu fui entendendo que tinha de comer mais fruta, mais verdura, mais folhas. Antes praticamente não me alimentava. Comia uma vez por dia quando chegava da praia. Eu tinha 30 aninhos, né?”

Mas não adianta procurar por Ney e seus conselhos nas redes sociais. Ele diz não gostar, de jeito nenhum, dessas mídias. Não alimenta perfil e nem contrata gente para fazer isso, mesmo que apenas nos aspectos profissionais. “Não quero cair no caldeirão da bruxa, porque é o caldeirão da bruxa, né? Falam absurdos, todos têm opiniões, todo mundo fala mal de todo mundo. Para que eu vou me meter numa coisa que só vai me aborrecer? Não quero, não tenho necessidade disso.”

Sobre política, assunto tão recorrente nas redes, ele não foge. Ney concorda que a eleição de 2022 pode ser uma das mais agressivas da história. E acha que desta vez não pode ficar de fora. “Eu já anulei voto, mas agora não dá para anular. Anular é você não querer nenhum dos dois, nenhum te satisfaz, mas estamos em um momento no qual não cabe esse luxo.”

 

Finito e eterno

Ney Matogrosso convive com a ideia de sua finitude tranquilamente. “Com 80 anos, tive tempo de elaborar isso. Penso em amigos e amores, e perdi quase todos. Então tive muito tempo para refletir. Essa é a única certeza de que nós, humanos, temos. Uma hora nós vamos embora. Olho para isso com muita naturalidade, e a única coisa que eu peço para mim mesmo é tranquilidade nessa hora.”

Conhecido em todo o Brasil desde o Secos & Molhados, Ney fica impressionado que as pessoas nas ruas o reconhecem de máscara. “Pensei que na pandemia poderia andar sem ser reconhecido na rua, mas que nada! Isso não me incomoda. Só odeio que me agarrem, que me impeçam de continuar andando. Na beira do palco, podem botar a mão em mim à vontade. Mas não me segurem. Passar a mão em mim eu deixo. Se eu ficasse incomodado com isso, minha vida seria uma chatice.”

 

Ney Matogrosso – Foto Marcos Hermes | Divulgação

 

De volta aos palcos, Diogo Nogueira prepara turnê e interpreta o pai em musical-homenagem

De volta aos palcos, Diogo Nogueira prepara turnê e interpreta o pai em musical-homenagem

Diogo Nogueira é filho do samba, literalmente. Seu pai cantou ser seu espelho e ser espelho de seu próprio pai também. “Sempre que um filho meu me dá um beijo, sei que o amor do meu pai não se perdeu, só de olhar seu olhar eu sei seu desejo, assim como meu pai sabia o meu”, diz a música “Além do Espelho”, de João Nogueira. Se estivesse vivo, o sambista, compositor e cantor completaria 80 anos neste mês de novembro. Na mesma canção citada acima, ele recitou que a vida é uma missão, mas quando o espelho é bom, ninguém jamais morreu.

João estava certo sobre muita coisa, e uma delas é mesmo que o samba continua após a morte – essa, sim, é uma ilusão. E na bonita missão de preservar a memória do patriarca, seu filho, Diogo Nogueira, interpreta o pai em um musical, com estreia prevista para o primeiro semestre do ano que vem. A iniciativa é parte da série de comemorações que marcam as oito décadas de João Nogueira, no Clube do Samba – fundado por ele em 1979 e hoje liderado pela filha Clarisse. As celebrações incluem ainda o lançamento de um livro, shows de verão, desfile do bloco do Clube e oficinas de arte gratuitas.

 

Diogo e seu pai, o sambista João Nogueira - Foto: Arquivo Pessoal

Diogo e seu pai, o sambista João Nogueira – Foto: Arquivo Pessoal

 

“Vivi com meu pai até meus 19 anos, as lembranças mais fortes são das viagens que fazíamos juntos, das idas ao Maracanã…ele era um pai presente, e muito rígido também. Interpretá-lo é uma honra e uma grande responsabilidade”, conta. A principal herança de João para Diogo é o amor ao samba, o que, inevitavelmente, estende-se ao amor pelo Rio de Janeiro, ao amor pelo mar e pela areia, ao amor pela cozinha, enfim, ao amor por amar sem medo e com muita entrega.

Hoje, aos 40 anos, Diogo faz seu próprio e intenso enredo na história do samba. Com 14 anos de carreira na música, ele já lançou dez CDs, quatro DVDs – que venderam mais de um milhão de cópias – três singles, um EP com quatro canções nas plataformas digitais e um audiovisual com três álbuns, e foi indicado ao Grammy Latino por todos os seus álbuns, prêmio que venceu por duas vezes. O cantor emplacou ainda quatro sambas-enredo na sua escola, a Portela, em carnavais consecutivos, todos com nota 10 dos jurados. “O samba é minha vida, é herança familiar, é o que eu sou.”

A exemplo de todo esse significado, Diogo Nogueira foi homenageado pela escola de samba Imperatriz Dona Leopoldina, de Porto Alegre, no enredo “Espelho, de Filho Para Pai. A Imperatriz canta Diogo para João”, que deu o título de campeã naquele ano para a escola, no Carnaval de 2016.

Feito d’água

O destino no samba parece, agora, natural para Diogo. Mas antes de iniciar na música profissionalmente, o cantor tentou carreira como jogador de futebol. Com uma contusão no joelho, acabou mesmo nos palcos. Não poderia ser diferente. O esporte, porém, não saiu da vida e da rotina do cantor, que é amante de futevôlei e surfe. “Sempre fui muito ativo, comecei a praticar esses esportes na infância, também gosto de artes marciais”, conta.

A paixão pelas ondas é tamanha que a relação com mar vai se transformar em um documentário, o “Espelho d’Água”, com produção já iniciada. Com imagens feitas em Mentawai, na Indonésia, Diogo foi em maio deste ano também para a Nicarágua para surfar e filmar. “Pretendo voltar para a Indonésia para surfar mais, e tenho o desejo de conhecer as ondas do México e de El Salvador.”

 

Diogo Nogueira surfando - Foto: Divulgação

Diogo Nogueira surfando – Foto: Divulgação

 

A proximidade com as águas se reflete em suas músicas, nos seus shows e nos videoclipes. Em dezembro do ano passado lançou “Bota Pra Tocar Tim Maia”, primeiro single do repertório do projeto audiovisual “Samba de Verão” – filmado dentro de uma balsa num palco de 500m todo cenografado na Marina Center, em Niterói, com a vista privilegiada do Rio de Janeiro e a silhueta dos morros da cidade ao fundo. Lançados já em 2021, o primeiro álbum do projeto foi “Sol”, seguido de “Céu” e “Lua”, com as participações especiais de Zeca Pagodinho e Grupo Fundo de Quintal.

Em turnê com “Samba Verão”, Diogo Nogueira voltou aos palcos e tem shows programados para este mês no Teatro Bradesco, na capital paulista, e nos Arcos da Lapa, no Rio, em dezembro. “A pandemia impactou todo o nosso trabalho, todas as equipes de som e bastidores foram muito afetadas, mas agora estamos voltando, vacinados”, celebra.

E o sol, o mar e a areia não são os únicos elementos que compõem o amor de Diogo por sua cidade natal. “Gosto de tudo no Rio de Janeiro, da boemia, da Lapa, das rodas de samba, da leveza de poder colocar um chinelo no final do dia, da infância que tive com brincadeira na rua, com pipa e pique bandeira, de Rocha Miranda, dessa beleza toda.”

Apaixonado, sim

A principal fonte de inspiração para novas músicas agora tem nome, rosto e talento também conhecidos pelo público. Namorados, a atriz Paola Oliveira é a musa de Diogo, e ela ganhou uma nova canção do cantor, “Flor de Canã”. Inspirada no rum da Nicarágua, cheio de perfume e sabor, a música – lançada no final de outubro nas plataformas digitais – celebra a bebida que o casal descobriu e o compartilhamento de muitos gostos. “A gente adora as mesmas coisas, na minha viagem para a Nicarágua descobri esse rum e não via a hora de apresentar para ela, acabei trazendo para o Brasil e ela também gostou!”. E ainda canta, apaixonado: “Morri no mojito da tchica, paixão é o silêncio que grita”.

Dos copos para a mesa, Diogo Nogueira coloca avental, arregaça as mangas e se arrisca no fogão. Durante a quarentena, explorou ainda mais o gosto pela cozinha e elencou 20 receitas que faz bem, e com muito jeito, no seu novo e-book “Diogo na Cozinha”, lançado em 2020.

 

Diogo Nogueira com o apresentador Rodrigo Hilbert, se aventurando na cozinha no programa "Tempero de Família" - Foto: Ney Coelho

Diogo Nogueira com o apresentador Rodrigo Hilbert, se aventurando na cozinha no programa “Tempero de Família” – Foto: Ney Coelho

 

Entre frutos do mar, aves, carnes e sobremesas, os pratos carregam histórias de afeto, de viagens e de muitas reuniões entre família e amigos regadas a samba e alegria. “Samba e cozinha têm tudo a ver, as rodas começam cedo e vão até tarde, é preciso muita comida para manter a energia da rapaziada, lá em casa o dia começava e terminava na cozinha.” Cortando legumes e verduras para a mãe e a avó, Diogo aprendeu a cozinhar com gosto, outro aprendizado que veio de casa, assim como a música e o carisma oriundos do pai, do samba, do Rio de Janeiro e do Brasil.

 

Samba de breque

Uma música de João Nogueira?
Além do Espelho

Uma música de Diogo Nogueira?
Flor de Caña

Uma viagem inesquecível?
Fernando de Noronha

Uma tarde perfeita?
Surfando

A receita tradicional da família Nogueira?
Caruru do João

Primeiro o samba, e depois?
Me embriagar de prazer com meu amor

Um desejo para o Brasil?
Educação e cultura

 

Diogo Nogueira - Foto: Marcos Hermes

Diogo Nogueira – Foto: Marcos Hermes

 

Sob nova gestão, complexo do Anhembi vai virar distrito cultural e corporativo em 2024

Sob nova gestão, complexo do Anhembi vai virar distrito cultural e corporativo em 2024

Projeto de modernização e ampliação do Anhembi prevê novos espaços para congressos e conferências, além de uma arena para shows e eventos culturais e um complexo audiovisual.

O Anhembi é um dos grandes marcos de São Paulo e, em seus 50 anos de história, foi palco de grandes eventos, como o Festival de Jazz de São Paulo e importantes encontros corporativos, que o tornaram conhecido mundialmente. Sob nova gestão, o complexo voltará a ser um propulsor para a economia da cidade, movimentando – segundo expectativas do grupo à frente do projeto – cerca de R$ 5 bilhões/ano a partir de 2024.

 

Projeto da Arena Multiuso do Distrito Anhembi - Foto: Divulgação

Projeto da Arena Multiuso do Distrito Anhembi – Foto: Divulgação

 

A GL events Brasil, multinacional francesa e um dos principais players do mercado de eventos no mundo, é a responsável pela concessão nos próximos 30 anos, e cuidará da gestão, manutenção e exploração comercial do novo espaço, o Distrito Anhembi. “Nossa missão será devolver o protagonismo deste ícone com a união do que podemos oferecer de melhor em eventos, seja de negócios ou de entretenimento, além de aproveitar todo o potencial construtivo do local, desenvolvendo a região. Para isso, investiremos mais de R$ 1 bilhão na ampliação e modernização”, afirma Rodolfo Andrade, Diretor de Desenvolvimento de Negócios e Inovação da empresa.

A concessionária vai modernizar e ampliar os espaços para eventos já existentes, como o Centro de Convenções, Conferências e Congressos, que será qualificado para suprir uma importante carência da cidade. “Haverá um espaço moderno para 15 mil pessoas, para atender o mercado local de encontros de negócios”, conta. Uma arena multiuso para 20 mil pessoas ao lado do sambódromo também faz parte do projeto. “Poderemos realizar shows e grandes festivais utilizando todo o potencial local de forma integrada, será um dos melhores equipamentos de entretenimento do mundo.”

 

Projeto de conexão do Distrito com hotel e centros comerciais - Foto: Divulgação

Projeto de conexão do Distrito com hotel e centros comerciais – Foto: Divulgação

 

O Distrito Anhembi contempla ainda hotel, edifícios com vocações corporativas e de uso misto, coworking, equipamentos de saúde e centros comerciais. “O Anhembi, que ocupa uma área de 382,5 mil m2 em uma localização estratégica de São Paulo (encontro dos eixos Norte/Sul – Leste/Oeste), ganhará também um complexo audiovisual que vai impactar diretamente a indústria criativa, oferecendo estúdios para filmes, streaming, publicidade e games.”

As obras serão iniciadas a partir do segundo trimestre de 2022 e a previsão é de que, a partir do segundo trimestre de 2024, o Centro de Convenções e o Pavilhão de Exposição sejam reinaugurados, assim como a Arena Multiuso.