Rodolfo Medina, presidente do Grupo Dreamers e um dos sócios do Rock in Rio, detalha as inovações do festival

Rodolfo Medina, presidente do Grupo Dreamers e um dos sócios do Rock in Rio, detalha as inovações do festival

O jovem executivo Rodolfo Medina exalta a indústria brasileira presente em todos os processos do Rock in Rio, e define o evento como um projeto de comunicação de um ano, que envolve diversas marcas

Neste mês, acontece o festival de música mais aguardado do país. Depois de adiamentos por causa da pandemia, o Rock in Rio chega ao Parque Olímpico, na zona oeste da capital fluminense, nos dias 2, 3, 4, 8, 9, 10 e 11. Rodolfo Medina, presidente executivo do Grupo Dreamers – maior grupo independente de comunicação e entretenimento do país e detentor de 18 empresas, entre elas Rock in Rio, Artplan e Dream Factory – é um dos rostos por trás do sucesso do festival, já que é responsável por manter, como pilar do evento, as interações de marcas com seus consumidores no meio do ambiente festivo e musical.

 

Rodolfo Medina - Foto Rudy Hüholdy

Rodolfo Medina – Foto Rudy Hüholdy

 

O carioca de 46 anos começou sua vivência no mercado publicitário dentro de casa. De tanto acompanhar as experiências profissionais do pai, Roberto Medina, passou a se interessar pela carreira. Em 1997, abriu um empreendimento, o Rock in Rio Café, em que atuava também como Diretor de Marketing. Ele ingressou na agência Artplan como Diretor de Novos Negócios, em 2002. Quatro anos depois, estava à frente da empresa, quando assumiu o posto de presidente. Rodolfo também atua como VP de Parcerias e Marketing do Rock In Rio há mais de 15 anos.

À frente de inovações no evento, ele exalta, em entrevista à 29HORAS, a disrupção da edição de 2022, que deve marcar o público não apenas que estará presente nas plateias, mas também quem vai acompanhar digitalmente. “Haverá ativações no metaverso, transmissões dos nossos parceiros de mídia e coberturas especiais das experiências, que serão feitas pelo TikTok. Acreditamos que nosso engajamento será bem maior do que nos demais anos”. Confira, a seguir, os principais trechos da conversa:

 

Como foi crescer em meio a mentes inovadoras na comunicação, no entretenimento e no varejo, com seu avô e seu pai, Roberto Medina?

Desde pequeno, tive o privilégio de acompanhar as histórias da nossa família. Tínhamos como tradição almoçar e jantar em casa todos os dias e acompanhamos de perto, não somente as realizações, mas os desafios e as dores da Artplan e do Rock in Rio. Lembro-me de duas histórias envolvendo uma grande cadeia de lojas de eletrodomésticos que era do meu avô, chamada Rei da Voz. Não existiam eletrodomésticos de outra cor a não ser branca. Meu avô, então, comprou e pintou as geladeiras de amarelo, para vender. O primeiro anúncio colorido do jornal “O Globo” foi de uma geladeira amarela da Rei da Voz.

Nessa mesma loja, quando lançaram a televisão aqui no Brasil, meu avô ficou muito empolgado e comprou vários aparelhos de TV. Em determinado momento, esses produtos pararam de ser vendidos, pois a programação era muito escassa. A solução que ele encontrou foi criar um programa semanal de televisão, chamado “Noite de Gala”, que virou líder de audiência e foi exibido durante muitos anos. Uma história interessante motivada pela conexão entre varejo e entretenimento.

Atualmente, fora do expediente, ainda falamos muito de trabalho, especialmente de Rock in Rio e The Town. O Grupo Dreamers também está muito presente. É um privilégio podermos fazer trocas ricas com o fundador do Grupo, Roberto Medina, que é muito atuante, principalmente na liderança do Rock in Rio.

Cidade do Rock em sua segunda edição, em 1991 - Foto divulgação/ reprodução

Cidade do Rock em sua segunda edição, em 1991 – Foto divulgação/ reprodução

 

Ingressar na publicidade e no universo das agências foi natural para você? Como foi e é essa troca de experiências e expectativas profissionais dentro de casa?

Foi natural, mas eu não entrei na publicidade diretamente. Ingressei no Rock in Rio Café – restaurante temático que tinha muitas marcas envolvidas na experiência do espaço. Ali, começou a minha relação com patrocinadores. Depois, fui trabalhar no Rock in Rio, em 2001, cuidando da área de Parcerias. Em seguida, eu fui para a Artplan, para atuar na área de Novos Negócios, envolvido diretamente na prospecção de clientes. Foi dando certo e eu fui mudando de áreas na agência.

 

O Brasil e, especialmente, o Rio de Janeiro estão muito atrelados ao trabalho do Grupo Dreamers.  O primeiro Rock in Rio materializou o desejo por festejar um momento de abertura política, por ocupar as ruas e mostrar tudo isso ao mundo. Na sua visão, quais outros momentos importantes o festival acompanhou?

O Rock in Rio foi um marco no entretenimento do Brasil, principalmente no show business. Na primeira edição do festival, 100% das coisas eram importadas, não tínhamos indústria. Hoje, temos a oportunidade de termos uma indústria que é capaz de entregar um dos maiores festivais de música do mundo e já chegamos ao patamar de exportamos tecnologia brasileira.

Quando fazemos o Rock in Rio Lisboa, o som é brasileiro, por exemplo. O intercâmbio com Portugal sempre foi muito importante, trazemos muita coisa de lá e levamos muita coisa também. Quando fomos a Las Vegas, foi uma empresa brasileira que fez o som e a cenografia para eles, o que já configura a virada de chave sobre a nossa indústria, que passa a se movimentar e começa a ganhar escala para atender o mercado como um todo, não apenas localmente.

Primeira edição do Rock in Rio, em 1985 - Foto Divulgação / Reprodução

Primeira edição do Rock in Rio, em 1985 – Foto Divulgação / Reprodução

 

Como você já disse em outras entrevistas, o Rock in Rio nasceu de um briefing de um cliente, então uma marca de cerveja. De lá para cá, como as empresas se relacionam com o festival?

O Rock in Rio é um projeto de comunicação de um ano. Desde o primeiro festival até hoje, temos o objetivo de construir uma narrativa em que marcas possam aproveitar esse conteúdo ao longo desse período. E, mais que isso, é um projeto em que as marcas fazem parte da experiência do consumidor.

É impensável um Rock in Rio em que as pessoas não possam interagir com as marcas, brincar nos stands, andar na roda gigante e receber brindes. A Cidade do Rock abre ao meio-dia e fecha às 4h por causa de toda essa interação do público com as marcas. Hoje em dia, isso é muito forte porque entendemos o valor da experiência, da construção de conteúdo e narrativas.

Em 1985, isso não existia como conceito. Foi um meio disruptivo de realizarmos a comunicação desse cliente e abriu o caminho para que marcas e patrocinadores fossem protagonistas de nossas próximas edições e, também, de outros festivais.

 

Em tempos de TikTok, de imersões em realidades virtual e aumentada, que têm se inserido cada vez mais no entretenimento e na cultura, como o festival se adapta a essas novas plataformas?

Temos a oportunidade e o compromisso de não deixar a pandemia passar em vão. Temos o Rock in Rio do reencontro, das pessoas celebrando a vida e da união. Por falar em pandemia, ela nos ofereceu a possibilidade de uma nova audiência, que não era capaz ou disposta a consumir conteúdo digital antigamente.

Nós teremos o mesmo número de pessoas na Cidade do Rock de todas as edições – 700 mil. Por outro lado, temos a possibilidade de atingir muito mais pessoas que estão dispostas a absorver o conteúdo do festival de forma real time, a partir da operação do NOW – por exemplo –, do metaverso, das transmissões dos nossos parceiros de mídia e das coberturas especiais das experiências, que serão feitas pelo nosso parceiro TikTok. Acreditamos que nosso engajamento será bem maior do que nos demais anos.

 

Diversos festivais chegam e se espalham pelo país. Como o Grupo lida com essa concorrência, que parece ter ficado ainda mais intensa no pós-pandemia?

A indústria do entretenimento sofreu muito durante a pandemia, o ao vivo principalmente. Temos que restabelecer toda a cadeia que se perdeu ao longo desse tempo. Então, é muito importante que novos festivais surjam. Nós mesmos estamos trazendo uma nova marca, que é o The Town, um projeto tematizado que vai ocorrer, em 2023, em uma das principais cidades do mundo: São Paulo. É muito importante para a indústria do entretenimento que novas marcas, empreendedores e público se conectem. Isso só deixa todo mundo mais forte.

 

A edição deste ano do Rock in Rio é a primeira no Brasil depois da pandemia, quais são as novas ativações e experiências para o público?

Temos muitas áreas novas. Podemos destacar a Nave, que é uma experiência imersiva que fala de uma Amazônia forte e cultural, e o Palco Sunset, com encontros incríveis e sempre inéditos. Não podemos nos esquecer das maiores atrações do mundo e da saudade dos nossos ídolos, cantando no Palco Principal e no Palco Eletrônico. Podemos esperar um momento de confraternização, de reencontro, de união, de gente, de tolerância, de diversidade e inclusão. É daí que teremos o maior Rock in Rio de todos os tempos.

 

Como a internacionalização mudou o festival? Quais foram os desafios de levar o evento a outros países, como Portugal, Espanha e Estados Unidos?

Foi importante para construirmos uma experiência com recorrência – lembrando que o Rock in Rio ocorreu em 1985, 1991 e 2001 no Brasil. Depois, ele foi a Portugal, em 2004 e, a partir daí, o festival passa a ocorrer a cada dois anos. Isso para a construção de uma equipe forte e de cultura foi essencial.  Foi muito desafiador levar o evento para outros países, pois são novas culturas e formas de comunicação, mas a essência da festa, da música e da experiência está em todos os lugares.

 

Como você já falou, o novo festival The Town acontecerá em São Paulo, no ano que vem. Como os eventos se diferenciam? Os line up serão complementares, existirá diálogo entre os festivais?

É um projeto dos organizadores do Rock in Rio, do qual somos sócios da Live Nation. Vamos conseguir beber da credibilidade da nossa organização e da nossa experiência em Rock in Rio, trazendo nosso know how. No entanto, vale ressaltar que o The Town é um projeto completamente independente, com a sua própria personalidade e conceito.

Show de Paul McCartney na abertura do Rock in Rio Lisboa, em 2004 - Foto divulgação

Show de Paul McCartney na abertura do Rock in Rio Lisboa, em 2004 – Foto divulgação

 

Além do Rock in Rio, o Grupo Dreamers detém outras 17 empresas. Não há concorrência entre elas? Como fica a interação?

O Grupo Dreamers é o maior grupo independente do país, com 100% de capital nacional. Unimos comunicação, entretenimento e experiência em um só lugar e estamos construindo um ecossistema de soluções para o mercado.  Cada uma das 18 empresas apresenta um embasamento de complementaridade e sinergia que conversa com as necessidades dos clientes, além de oferecerem leques diversos de possíveis caminhos a serem seguidos, dentro do universo de comunicação de cada anunciante, de acordo com a realidade vivida e os objetivos de negócio que cada cliente quer alcançar.

Somos destaque no mercado de publicidade com a Artplan, há muitos anos. Nosso laboratório de conteúdo – A-Lab – também vem crescendo e atendendo grandes marcas, como Itaú, Burger King, Localiza, entre outras. Recentemente, também lançamos a Convert, focada em digital business e performance, que vem apresentando um crescimento relevante. Vale citar também que acabamos de entrar no cenário de games, com a sociedade com a Black Dragons. Estamos sempre de olho nas oportunidades do mercado de comunicação e entretenimento.

Coordenadora de Parcerias, todas da equipe do Rock in Rio, ao lado de Rodolfo Medina - Foto divulgação

Da esquerda à direita, Renata Vianna, Coordenadora de Parcerias; Paula Areias, Gerente de Parcerias; Renata Guaraná, Diretora de Parcerias; Renata Ladogano, Coordenadora de Parcerias, todas da equipe do Rock in Rio, ao lado de Rodolfo Medina – Foto divulgação

 

Sendo uma liderança do mercado de comunicação, quais são as suas análises sobre as mudanças intensas que os negócios da área passaram? Como absorver as rápidas transformações?

As mudanças do mercado vêm primeiro por causa da mudança do consumidor. O que tem mudado essencialmente é a forma como o consumidor se relaciona com os meios de comunicação e a forma de ele produzir conteúdo. A partir daí, precisamos mudar os negócios da comunicação como um todo porque o consumidor se transformou. O que temos como necessidade é tentar aprender com os erros e ter a habilidade de tomar decisões rápidas, independente do cenário encontrado.

 

Para finalizar, como você enxerga as potencialidades do empreendedorismo brasileiro neste momento de retomada da crise e ainda desafiador para muitos?

O Brasil é um país de grandes e criativos empreendedores. O que precisamos é ter um mercado favorável para que os empreendedores brasileiros possam, de fato, gerar empregos e riqueza. Temos que investir em educação e na formação das novas gerações e, assim, teremos a chance de transformar a realidade do país.

Às vésperas de completar 80 anos, Gilberto Gil, celebra a música e a família com shows do Festival MITA

Às vésperas de completar 80 anos, Gilberto Gil, celebra a música e a família com shows do Festival MITA

Gilberto Gil está tendo um 2022 agitado, com as celebrações dos seus 80 anos, sua chegada à Academia Brasileira de Letras, shows nos festivais MITA e Rock in Rio, e uma nova turnê pela Europa, tocando e cantando acompanhado por seus filhos e netos

Começou a circular o expresso 2022! No mês que vem, mais precisamente no dia 26 de junho, Gilberto Gil completa 80 anos de vida. E as celebrações desse marco começam neste mês, com a participação desse gênio tropicalista no festival MITA (Music Is The Answer), que acontece nos dias 14 e 15 na Spark Arena, em São Paulo, e nos dias 21 e 22 no Jockey Club do Rio.

Após passar a maior parte da quarentena isolado com sua família em Araras, no interior do estado do Rio, o cantor e compositor se apresenta num esquema “Refamília”, cercado por sua prole: ele será acompanhado pelos filhos Bem Gil (guitarra e voz) e José Gil (bateria e percussão), e pelos netos João (guitarra) e Flor (teclados e vocais).

 

Divulgação | FernandoYoung;

Divulgação | FernandoYoung;

 

Com mais de 60 álbuns, 7 Grammys, quase 4 milhões de discos e CDs vendidos e uma carreira que extrapola a música – com sua atuação como Ministro da Cultura, como embaixador da Boa Vontade das Nações Unidas e como Artista da Paz da Unesco – Gil é um patrimônio nacional. E, grande letrista que é, tornou-se um imortal, ao assumir em abril a cadeira nº 20 da Academia Brasileira de Letras.

Dono de uma poética melodiosa e nem tão esotérica assim, em seu discurso na cerimônia de posse, Gil aproveitou para mandar um recado direto para uma certa pessoa nefasta. “A Academia Brasileira de Letras é a Casa da Palavra e da Memória Cultural do Brasil. E tem uma responsabilidade grande no sentido de fortalecer uma imagem intelectual do país que se imponha à maré do obscurantismo, da ignorância e da demagogia de feição antidemocrática. Poucas vezes na nossa história republicana o escritor, o artista, o produtor de cultura, foram tão hostilizados e depreciados como agora. Apesar dos tempos politicamente sombrios que vivemos, aposto na esperança. Contra a treva física e moral, que haja ao menos a chama de uma vela, até chegarmos a toda luz do luar. Permitam-me recordar: ‘Se a noite inventa a escuridão, a luz inventa o luar’. Essa é nossa aposta, na vida e na alegria”, disse.

 

Gilberto Gil - Foto Divulgação | Marcelo Hallit

Gilberto Gil – Foto Divulgação | Marcelo Hallit

 

Nesta entrevista que concedeu à 29HORAS, Gil fala de família, do “novo normal” e de paz. Confira a seguir os principais trechos dessa conversa:

 

Como será seu show no MITA Festival? O que podemos esperar dessas suas apresentações em São Paulo e no Rio?
O repertório do show é o que vem da turnê Gil in Concert, que fizemos na Europa no final de 2021. Tem umas duas músicas lá de trás, do meu primeiro LP, tem alguma coisa da época que voltei do exílio e outros sucessos de 1980 prá cá. É um repertório, do ponto de vista de fases, abrangendo mais ou menos três dessas quatro épocas da minha carreira.

 

Como vem sendo trabalhar em parceria com seus filhos nos palcos?
O primeiro filho que veio para o palco comigo foi Nara, fazendo backing vocal lá atrás, nos anos 1980. De lá prá cá, teve o Pedro, como baterista, num período curto até 1990, quando ele morreu. Depois vieram Bem e José: Bem numa função como músico integrante da banda e cuidando, ajudando na escolha de repertório, criando arranjos, arregimentando colegas para tocar conosco; e José, que herdou um pouco de Pedro a vocação para bateria e percussão. Recentemente, veio a Flor, uma neta, e depois o João, um neto, que se juntaram a nós. Esses têm sido os familiares que têm compartilhado comigo vários momentos de shows e de gravações nesses últimos tempos. É sempre gostoso trabalhar em família.

 

O cantor ao lado de seus filhos (Bem e José) e neto (João) - foto divulgação | Fernando Young

O cantor ao lado de seus filhos (Bem e José) e neto (João) – foto divulgação | Fernando Young

 

E como você enxerga o futuro de sua neta, a Flor, que tem apenas 13 anos, mas recentemente fez um show aqui em São Paulo? Podemos dizer que estamos acompanhando o surgimento de uma nova estrela?
É bem possível que sim, pois ela é multitalentosa, tem vários interesses no mundo das artes, em variadas manifestações. Ela gosta de cinema, de televisão, de novas mídias, da internet, das redes sociais. E um material muito bom, pois ela tem uma bela voz, tem talento no sentido de compreensão dos ingredientes que fazem a música, como ritmo, harmonia, e tem muito interesse em instrumentos – começou com o ukulelê, depois veio o teclado e agora está gostando do baixo. É possível que ela fique na música. Ela tem facilidade de cantar em outros idiomas (ela já cantou em italiano e inglês comigo). Enfim, na medida que ela sustente o interesse por música, porque pode ser que ela vá se concentrar em outro aspecto artístico, acho que a música vai ficar sempre com ela, que vai desenvolver um trabalho musical relevante à altura do talento e do gosto que ela tem por música.

 

Gilberto Gil no palco com a neta Flor Gil - foto divulgação | Rita Carmo

Gilberto Gil no palco com a neta Flor Gil – foto divulgação | Rita Carmo

 

O que faz bem para os seus ouvidos? Recentemente, você se apresentou com o pessoal do Baiana System. Quais intérpretes e bandas das novas gerações você tem ouvido e acompanhado com especial atenção?
Eu tenho um modo de audição de música que não é muito seletivo, pois hoje temos música espalhada por todos os ambientes, desde a casa até os outros lugares aonde vamos, como casas de show, restaurantes e lugares do entretenimento. Esse repertório é muito variado desde a produção da minha própria geração (Gal, Caetano, Chico, Elis, Milton, Djavan), passando pelos pops todos (Lulu Santos, Cazuza), as bandas de rock dos anos 1980 (como Titãs, Paralamas), toda a coisa do reggae. E tem essa turma nova – a Preta, a Iza, a Larissa Luz, a Ludmilla, a Anitta – que faz essa junção de vários estilos, mas se concentra mais no hip-hop. A variedade é muito grande. E tem ainda o Baiana System, com quem me apresentei há dois anos. Acompanho também com interesse os rappers todos, como Emicida, Criolo – que é outra mistura também – e os Gilsons!

 

Nos anos 1970-1980, você REvolucionou a música brasileira com obras-primas como “Refazenda”, “Refavela”, “Realce” e “Refestança”, fazendo um maravilhoso mix de ritmos brasileiros com uma pegada globalizada e bem dosadas pitadas de pop, rock e reggae. Você considera que esse período foi o auge da sua produção musical?
Acho que é, sim, a fase mais interessante, mais importante do meu trabalho. Foi um período de intenso trabalho, de aproveitamento de muitas referências que eu tinha tido ao longo dos anos, desde as coisas iniciais como a da Bossa Nova, da música tradicional brasileira dos anos 30/40/50, a influência da música que veio de fora, a música americana, a música caribenha. Enfim, os álbuns foram surgindo em função desses referenciais. Em sequência, vieram “Refazenda”, “Realce”, “Banda Um”, “Extra”, “Raça Humana” – foi o momento em que todos esses ingredientes da coisa original brasileira, da coisa internacional, do pop, do rock, do reggae – tudo isso se funde numa produção muito grande e a maioria das canções vão para os discos e chegam até o público e estabelecem esse lugar, essa impressão que o meu trabalho acaba causando junto ao público.

 

Foto divulgação | Tatiana Valença

Foto divulgação | Tatiana Valença

 

Este ano, outro álbum seminal de sua lavra, “Expresso 2222”, completa 50 anos. Está programada alguma celebração para festejar esse marco?
Ouvi falar do desejo de todos que me cercam em fazer uma celebração. Tem interesse da [gravadora] Universal em fazer uma caixa sobre os 50 anos do “Expresso 2222”. É uma data cheia e vamos marcar esse trabalho: já celebramos os 40 anos do “Refavela” e agora os 50 do “Expresso”. Foi o disco que marcou a volta do exílio, pós-Tropicalista. Há um desejo natural de marcar o aniversário desses trabalhos.

 

Por falar em aniversário, agora em junho você completa 80 anos. Como será a celebração? Como você se sente, às vésperas de ser um octagenário?
Como eu disse recentemente, em uma entrevista ao “Jornal Nacional”, minha alma ainda cheira a talco quando subo ao palco, como um bumbum de bebê. 80 anos é uma idade cheia, 8.0! Precisa ser celebrada, como os aniversários de “Expresso 222” e “Refavela”. As comemorações incluem uma nova turnê internacional, um show-homenagem no Rock in Rio e o lançamento de uma série-documentário dirigida por Andrucha Waddington, que em breve será exibida no streaming, pela Amazon Prime Video.

 

Mudando de assunto, há três anos você imaginava que o mundo e nossas vidas fossem paralisados por uma pandemia? Na sua opinião, qual a mudança mais importante que estamos vivenciando por causa da Covid: qual a maior diferença entre o “velho normal” e o “novo normal”?
A pandemia trouxe impactos muito fortes nas condições psíquicas de cada um de nós. Em nós, todos os receios, os medos, foram intensificados. Veio o medo de adoecer, de morrer, de inviabilizar uma vida plena saudável. O trabalho foi muito impactado – nós todos tivemos que nos confinar em nossas casas. O convívio amplo social ficou praticamente impedido durante quase dois anos. Só depois das vacinas a gente conseguiu voltar a um convívio restrito. Agora a gente começa a vislumbrar um retorno, mas já contaminado por todas as novidades a que fomos obrigados a ter nesses últimos anos. Aos poucos vamos voltando a uma vida normal, mas que não é mais o mesmo normal. Toda a vida online – a intensificação das redes sociais, a chegada muito forte das transmissões online com formação de plateias domésticas tendo acesso a shows, peças de teatro – muito disso vai desaparecer quando voltarmos ao normal, que não vai ser o normal que conhecíamos, mas um “novo”. Muitas dessas experiências vivenciadas durante a pandemia vão desaparecer, mas muitas vão ficar, e as que ficam vão estimular novas revisões no modo de tratar o consumo de arte, de cultura, convívio, elevando essas experiências a novos patamares.

 

Gilberto Gil - Foto divulgação - Cris Almeida

Gilberto Gil – Foto divulgação – Cris Almeida

 

Você sempre foi um entusiasta da internet e da conectividade entre as pessoas, mas ultimamente reviu alguns de seus conceitos. Vi até você dizer que “a internet virou um pandemônio, um estímulo a esse narcisismo individualista que se desdobra em política de ódio”. Como salvar a internet e fazer dela um instrumento do bem?
Quem vai fazer essa mudança é o tempo e o uso mais exaustivo da internet. Na medida em que o homem vá se acomodando a um desejo mais nítido de uma inclinação para o bem, na medida que ele vá se livrando das coisas do mal e vá se afeiçoando mais aos modos benignos de estar na vida. Cada vez mais compartilhador, mais gregário. É isso que vai fazer com que a internet melhore. Se o ser humano não melhorar, a internet não melhora.

 

Você considera a canção “A Paz”, que você compôs com João Donato em 1986, como um hino atual nesses novos tempos de guerra, com líderes políticos tentando novamente estabelecer impérios e usando exércitos para expandir seus domínios?
Essa é a questão: a gente ainda fica pasmo, surpreso, com essa insistência na coisa bélica, na guerra, na transformação de adversários em inimigos, de competidores serem desafiados a serem eliminados. Essa ideia de conquista de territórios é uma coisa que vem do mundo antigo e que acompanha o homem ao longo de toda sua trajetória, mas desejo que tudo isso reflua um pouco e que o homem se dedique mais ao usufruto de todos os avanços da ciência e da tecnologia. Que o ser humano possa viver se beneficiando de tudo de bom que foi conquistado. E vá se livrando desse ativismo do passado. Essa falta de amor social. É preciso que a gente acredite cada vez mais na melhora da sociedade humana. É preciso dar um fim ao “lamento de tantos ais”, é cada vez mais urgente que a paz invada os nossos corações, como diz a canção. Só assim a gente vai evitar a guerra, a violência coletiva e a violência social.

 

Festival MITA - Foto divulgação

Festival MITA – Foto divulgação

 

MITA é o festival da ponte-áerea
Evento – que acontece este mês no Jockey Club do Rio e na Spark Arena de São Paulo – tem em seu line-up artistas nacionais e bandas gringas como Gorillaz, Rüfüs du Sol e Two Door Cinema Club

A linguagem universal da música é a estrela e a inspiração da primeira edição do festival MITA – Music Is The Answer, produzido em parceria pelas empresas Bonus Track, de Luiz Oscar Niemeyer e Luiz Guilherme Niemeyer, e 30E – Thirty Entertainment.

Os shows acontecem em São Paulo nos dias 14 e 15 de maio, inaugurando a Spark Arena, na Vila Leopoldina, e nos dias 21 e 22 de maio no Rio, no Pião do Prado do Jockey Club Brasileiro, na Gávea. A programação começa às 12h e termina por volta das 22h.

O line-up do festival mescla atrações internacionais e nacionais, misturando nomes já consagrados do cenário musical e novos artistas e bandas que começam a despontar e conquistar públicos cada vez maiores. Os ingressos estão à venda pela plataforma Eventim e custam R$ 700.

Confira a programação completa neste link

Spark Arena
Avenida Manuel Bandeira, 360, Vila Leopoldina, São Paulo.

Jockey Club Brasileiro
Rua Jardim Botânico, s/ nº, Gávea, Rio de Janeiro.

 

Programação do Ribeirão Rodeo Music inclui provas de montaria e shows de estrelas do sertanejo

Programação do Ribeirão Rodeo Music inclui provas de montaria e shows de estrelas do sertanejo

A festa do Ribeirão Rodeo Music prevista inicialmente para acontecer em abril e maio de 2020 vai enfim se realizar este mês, entre os dias 20 e 30 de abril. Muita coisa mudou – inclusive o line-up de artistas teve de ser alterado por causa da morte de Marília Mendonça e o cancelamento da participação de Felipe Araújo e da dupla Maiara & Maraísa – mas as apresentações no palco serão cheias de energia e animação.

A programação desta 16ª edição do RRM, que vai agitar o Parque Permanente de Exposições da cidade, começa na quarta, dia 20, com Zé Neto & Cristiano, Jorge & Mateus e Pedro Sampaio. Na quinta-feira, 21, acontece o Festival da Cultura Sertaneja, que tem como destaque a tradicional Queima do Alho, com direito a um delicioso almoço típico.

Na sexta, 22, Henrique & Juliano, Bruno & Marrone e Ícaro & Gilmar são as grandes atrações da noite. No sábado, dia 23, é a vez de Barões da Pisadinha, Clayton & Romário, Gustavo Mioto e Dennis DJ. Aí a programação musical do evento dá uma pausa e retorna em grande estilo no dia 30 de abril, sábado, com o show de Gusttavo Lima e o projeto Os Menotti, da dupla César Menotti & Fabiano e os DJs do Dubdogz.

Nos dias 20, 22 e 23 o evento terá montaria em touros da Liga Nacional de Rodeio (LNR), e o campeão será classificado para a final na Festa do Peão de Barretos. Também terá montaria em cavalos no estilo Sela Americana e Bareback. No dia 30, acontecem as provas equestres de Três Tambores e Team Penning.

 

Palco do Ribeirão Rodeo Music - Foto divulgação

Palco do Ribeirão Rodeo Music – Foto divulgação

 

Os ingressos para o Ribeirão Rodeo Music 2022 estão à venda pelo site www.totalacesso.com. Os preços variam de R$ 45 (pista – meia entrada) a R$ 550 (black lounge, espaço em frente ao palco principal com segurança, bares, área de alimentação e banheiros exclusivos). Para o camarote Brahma, com bufê especial e open bar de cerveja, os ingressos variam de R$ 600 a R$ 1.000, de acordo com o dia.

O evento seguirá os protocolos sanitários, entre eles exigência da carteira vacinal completa, para garantir a segurança de todos.

Ribeirão Rodeo Music
Avenida Orestes Lopes de Camargo, s/ nº
Setor Norte, Ribeirão Preto.

Empresário Luiz Calainho traz de volta à Urca os antológicos shows do Noites Cariocas

Empresário Luiz Calainho traz de volta à Urca os antológicos shows do Noites Cariocas

Calainho é um dos responsáveis pela organização do Tim Music Noites Cariocas, festival que apresenta até o dia 9 shows com grandes nomes da música num palco armado em uma locação mágica – o topo do morro da Urca

Da janela de seu apartamento no Alto Leblon, Luiz Calainho admira o Morro dos Dois Irmãos e parte da Floresta da Tijuca. É em meio a essa natureza exuberante que ele formata seus projetos ligados à Economia Criativa. Apaixonado pela cultura e pelas artes, ele é um dos realizadores da edição 2022 do festival Tim Music Noites Cariocas, cuja programação mistura medalhões como Ney Matogrosso, Baby e Pepeu a revelações como Iza e Baiana System em extraordinárias apresentações no palco montado no alto do Morro da Urca – cenário de antológicos shows desde os anos 1980.

 

Luiz Calainho | Foto Vera Donato

 

Nesta entrevista à 29HORAS ele fala de sua ligação com a música, dos efeitos na pandemia no showbiz e das perspectivas para o futuro do setor de entretenimento. Veja a seguir os principais trechos dessa conversa:

Para “começar pelo começo”, você nasceu na Suíça, mas logo veio para o Rio. O que você tem de suíço? E qual o seu traço mais carioca?

Meu pai era comandante da Swissair e, durante alguns anos, ele morou com minha mãe em Zurique. Foi nesse período que eu nasci. Hoje não tenho mais nada de suíço, definitivamente. O único traço europeu que eu tenho é um remoto DNA italiano, pois meu bisavô era italiano. Vim para o Rio com 3 aninhos e, como todo bom carioca, sou um apaixonado pela natureza, pela música, pelas artes, pelo lado bom da vida. Esta é uma cidade que estimula isso. Outras também proporcionam essa comunhão, mas aqui eu sinto que existe uma energia especial, e por cauda disso o casamento de mar, sol, floresta e cultura é algo único.

 

Noites Cariocas no ano de 2009 em Píer Mauá | Fotos Acervo Pessoal

 

 

 

No início da sua carreira profissional, você trabalhou em agências de publicidade, no marketing da Brahma e na Sony Music. Qual foi o “turning point”da sua trajetória? Em qual momento você descobriu que tinha o talento e a capacidade necessários para se tornar um empresário em voo solo, um homem de comunicação?

Eu acredito em caminhos disruptivos, em maneiras diferentes de fazer o que já foi feito. Explico bem isso no livro “Reinventando a Si Mesmo – Uma Provocação Autobiográfica”, que eu lancei em 2013 pela Editora Agir. Comecei minha vida profissional na agência Standard e em meados dos anos 80 fui para Brahma. Lá, vivenciei uma fase muito efervescente da empresa, que passou a ser administrada pelo Jorge Paulo Lemann, pelo Marcel Telles e pelo Beto Sicupira. Um dia, recebi um convite para me transferir para a Sony Music e não consegui resistir. Minha paixão pelas artes falou mais alto e troquei na hora o negócio de cervejas e refrigerantes pelo universo da música e do showbiz. Em pouco tempo, me tornei vice-presidente da gravadora. Esse foi o primeiro “turning point’” da minha carreira, como você falou. O segundo veio logo depois, quando a indústria da música foi devastada pela revolução digital. As gravadoras ficaram para trás, vendo tudo desmoronar, sem fazer nada. Foi aí que eu encontrei um outro momento para me reinventar e partir para um voo solo, unindo a minha experiência no mundo corporativo com meu conhecimento do setor cultural. Assim nasceu, em 2000, a holding L21, que tem ramificações em vários segmentos da economia criativa, como o teatro, a música, o rádio e a internet.

Quando jovem, você frequentou a primeira edição do Noites Cariocas, nos anos 1980? Que lembrança tem daqueles tempos?

Fui lá sim, claro! Eu ainda tinha apenas uns 15 anos ou um pouco mais, mas vi shows inesquecíveis por lá: Barão Vermelho, Paralamas… Estive em todas edições do Noites Cariocas. Na primeira, que foi organizada pelo Nelson Motta, participei como espectador. Na segunda encarnação do Festival, entre 2004 e 2011 – de início, também na Urca e, posteriormente, na região do Porto, fui um dos organizadores do evento, assim como agora. Sinto que tenho uma ligação espiritual com o Noites Cariocas, que é simplesmente o mais longevo festival de música pop do país ainda em atividade. O Rock in Rio só surgiu em 1985 e teve em seu line-up vários artistas que foram revelados justamente naquelas loucas noites da Urca.

 

Noites Cariocas banda Skank, no ano de 2007 | Foto Acervo Pessoal

 

O que este revival terá de melhor do que as edições anteriores?

Trazer o festival de volta para o Morro da Urca já vai deixá-lo especial. Além da vista maravilhosa, aquela pedra é mágica, tem uma vibração poderosa e peculiar. Mas o mais importante é que o Tim Music Noites Cariocas está sendo um marco da retomada. É o primeiro festival de música que acontece após os lockdowns e quarentenas. O Lollapalooza rolou em São Paulo uma semana depois de nós darmos início à nossa programação. As pessoas estavam sem se encontrar há anos. As emoções estavam represadas, assim como a vontade de curtir um bom show, com uma galera animada e um a stral bacana.

 

Alexandre Accioly, Leo Jaime Luiz Calainho – Noites Cariocas no ano de 2022 | Fotos Acervo Pessoal

 

A programação deste ano está meio nostálgica…

O line-up é uma celebração dos 42 anos do Noites Cariocas. Temos shows de atrações que fizeram história no festival e seguem na ativa, como Ney Matogrosso, Paulo Ricardo, Paralamas, Leo Jaime, Capital Inicial e Baby & Pepeu; temos nomes da nova geração, como Iza, Baiana System, Fernando Rosa, Ana Vitória e Diogo Nogueira; e temos também pocket shows com tributos a grandes estrelas da música que brilharam nas edições anteriores do Noites Cariocas, mas infelizmente não estão mais entre nós, como Tim Maia, Cazuza e Cássia Eller.

Podemos esperar que o projeto se eternize e tenha outras edições nos próximos anos?

Essa é a ideia, mas esses tempos bicudos ainda não permitem que a gente garanta que isso vá acontecer, infelizmente. A edição 2022 tem o luxuoso apoio da Tim, que é uma empresa tradicionalmente muito ligada à música, ao entretenimento e à economia criativa.

 

Noites Cariocas show da banda Paralamas do Sucesso | Foto Divulgação

 

Por falar em entretenimento, como foi a sua vida nesses últimos anos, com a paralisação total do setor de shows e eventos?

Pois é, nós trabalhamos com aglomeração, com a reunião das pessoas. Nosso setor foi um dos primeiros a fechar e está sendo um dos últimos a voltar. A pandemia caiu como uma bomba em nosso negócio. Esses últimos dois anos foram um período de muita introspecção, de recolhimento – fiquei muito mais próximo da minha mulher e dos meus filhos, de desaceleração e de reflexão. Intensifiquei o meu mergulho na disrupção e pude pensar em novas formas de trabalhar. Pode parecer bizarro, mas acredito que, apesar e talvez por causa de todo o sofrimento que nos foi imposto, hoje estamos mais fortes do que antes da Covid.

O que mais a L21 está preparando para este 2022 de retomada?

Estamos com vários projetos saindo do forno neste momento. No meio do ano, a Aventura Entretenimento vai estrear na Cidade das Artes um espetáculo musical celebrando os 25 anos dos estúdios Pixar, com personagens de ‘Procurando Nemo’, ‘Toy Story’, ‘Monstros S.A.’, ‘Up’, ‘Carros’ e ‘Os Incríveis’. No segundo semestre, a Musickeria vai gravar o Samba Book com canções de Beth Carvalho interpretadas por outros artistas, assim como fizemos há alguns anos com a obra de Zeca Pagodinho, Dona Ivone Lara, Jorge Aragão e João Nogueira. E tem muito mais coisa vindo por aí…

O Blue Note Rio vai voltar? Já cogitou produzir um festival Blue Note lá no alto da Urca?

O Blue Note Rio vai voltar, sim! Nossa expectativa é que a casa seja reaberta no final deste ano. Não vai ser no antigo endereço, na Lagoa. Estamos negociando outro imóvel para abrigar esse templo do jazz e da música instrumental.

Por fim, quais são as suas perspectivas para o negócio do entretenimento?

As perspectivas são as melhores. Se teve uma coisa que ficou muito clara durante a pandemia é que a arte e a cultura são artigos de primeira necessidade. E o patrocínio de festivais, exposições, shows e espetáculos é uma maneira gentil, positiva e eficiente de estreitar a conexão entre marcas e pessoas, de explicitar seus posicionamentos. Tenho visto muita gente cheia de projetos e de entusiasmo nessa retomada. Produtores animados, artistas motivados, público sedento: o ecossistema do setor de entretenimento e eventos está carregado de energia. Vamo que vamo!

 

Programação de abril do Tim Music Noites Cariocas

DIA 1 (SEXTA)
22h – Pocket Musical Tributo a Cazuza
24h – BaianaSystem

DIA 2 (SÁBADO)
23h – Ney Matogrosso

DIA 8 (SEXTA)
22h – Pocket Musical Tributo a Cássia Eller
24h – Anavitória

DIA 9 (SÁBADO)
23h – Baby & Pepeu 140 Graus
Tim Music Noites Cariocas
Praça General Tibúrcio, Praia Vermelha.
Ingressos a partir de R$ 120.

A cantora e compositora Lia Paris conquista sucesso internacional com trabalhos multimídia de produção independente

A cantora e compositora Lia Paris conquista sucesso internacional com trabalhos multimídia de produção independente

Da infância circense, vivida entre os trapézios e os espetáculos de pirofagia, Lia Paris carrega o visual lúdico e o espírito livre. “Descobri com o circo que meu coração é nômade e que eu não sei estar presa ao chão. Não tenho casa, carro, cachorro ou endereço fixo. Levo apenas a minha arte, e essa fluidez já me faz completa”, define a cantora e compositora paulistana.

Inteira em sua inquietude, Lia reúne memórias dos países que visitou em suas quase duas décadas de trajetória artística no álbum “MultiVerso”, lançado no final de 2019 e com desdobramentos audiovisuais sendo divulgados apenas agora, pós-pandemia. Em arranjos que mesclam a batida eletrônica com recortes de soul, punk rock e jazz – ritmos que estudou ao redor do globo –, a artista canta dúvidas e apelos universais, como os anseios pelo futuro e o amor. “O single ‘Nosso Trato’ traça uma prospecção de como serão as relações humanas daqui a algumas centenas de anos.”

 

FOTO LOIRO CUNHA

 

Premiada pelo primor estético de seus videoclipes – só em 2020 foram duas vitórias no Los Angeles Film Festival, pelo trabalho de edição e cinematografia do curta surrealista “Coração Cigano” –, é ela quem assume a direção artística de todas as suas produções. “Sou uma artista independente, mas não faço um trabalho individual. Conheci profissionais incríveis nos Estados Unidos, na França, na Itália, e todos eles emprestam um pouco de sua experiência para o produto final. A arte itinerante é uma arte de encontros.”

Para o segundo semestre de 2022, a cantora planeja uma turnê pela Europa e negocia a primeira apresentação da carreira em solo mexicano. “Até lá, ficarei uns meses no Brasil, esperando a chegada do meu primeiro filho e trabalhando no meu primeiro projeto de preservação ambiental, um sítio de reflorestamento no interior de São Paulo”. A ideia é que o espaço reúna artistas dispostos a utilizar a arte como ferramenta de discussão e conscientização ambiental. “Por mais que leve uma vida itinerante, tenho uma relação muito forte com a natureza e suas divindades, e me angustia ver que o ser humano se descompassou da sua origem. É preciso que nos reconectemos urgentemente à terra, e eu acredito muito que a música possa ser essa ponte.”