Quem são os poucos artistas que unem o que é pop e popular no Brasil?

por | out 7, 2021 | Cultura, Música, Pessoas | 0 Comentários

Desde Itamar Assumpção, com suas inspirações em astros internacionais, são poucos os cantores e compositores que unem o que é pop e popular no Brasil

Itamar Assumpção teria feito 72 anos no último dia 13 de setembro. Ele foi um compositor genial, criador de um estilo único, aprendeu música ouvindo a Jovem Guarda no radinho de pilha e enlouqueceu com Jimmy Hendrix. Assim como Gilberto Gil, enquanto esteve exilado em Londres. Referências que vieram com Hendrix e com todos aqueles astros do pop daquela época, que eram e são ícones do rock’n roll. E com o pop de Andy Warhol, o artista que fez de uma lata vazia de molho uma obra de arte. Pop e popular.

Itamar, ainda que muito pop e inspiração para músicos das gerações seguintes, nunca foi popular. Nunca furou a bolha da Vanguarda Paulistana. Certa ocasião, em um show na Bahia, com a plateia mais ou menos engajada, começou a cantar “Laranja Madura”, de Ataulfo Alves, e teve a maravilhosa experiência de ouvir todo o público cantar junto com ele. Numa entrevista que me deu anos mais tarde (no livro “Vozes do Brasil – Entrevistas Reunidas” – edições Sesc), me disse que queria ser um compositor popular. E ele não foi e não é o único.

A provocação desta coluna é justamente essa, onde o pop e o popular se encontram? Aqui no Brasil, em raras situações. Quando recebemos as listas de mais ouvidas e tocadas no rádio nunca estão os criadores de estilo, inventores de sons, os mestres, as referências pop. Com exceções, claro, mas raríssimas. Dos tropicalistas aos sertanejos temos milhas de distância e um mar gigante no meio. Por que o Brasil ouve sempre a mesma coisa? A discussão sobre a indústria da música não cabe neste espaço, mas me intriga saber por que o ouvinte não fica curioso para ir além do que os veículos de massa oferecem.

Pop e popular, para mim, é Gaby Amarantos. A artista paraense que estourou há quase dez anos com seu primeiro álbum chamado “Treme”. Lembram que ela foi chamada de Beyoncé do Pará quando fez a versão de “Single Ladies”? Seu segundo disco chega agora em todas as plataformas com tudo que a gente ama e quer: tecno brega, carimbó chamegado, o som da aparelhagem, música para dançar. Tradição e contemporaneidade.

 

Foto Rodolfo Magalhães | Divulgação

Gaby é pop star nas aparelhagens e tem tudo para estar nas listas entre os populares. “Purakê” é o novo álbum. Indígena, feminino, sexy, abusado e cheio de participações incríveis: Elza Soares, Alcione, Dona Onete, Ney Matogrosso, Liniker, a lista é grande. Foi produzido por Jaloo – artista paraense interessantíssimo – e tem na ficha técnica outros expoentes da música do Norte. Não deixe de ouvir. Coloque na sua playlist. Faça popular o artista pop do Brasil!

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