Esqueça os pontos turísticos e explore a cidade como um autêntico buenairense, entre charmosos terraços, bares de drinques, centros culturais e, como não pode faltar, bons restaurantes
Um pouco mais de 2 mil quilômetros separam São Paulo de Buenos Aires. A primeira impressão, ao desembarcar no Aeroporto Internacional de Ezeiza e ir de carro até o centro da capital, é de que são cidades parecidas em sua essência. Mas, ao se aproximar cada vez mais dos principais bairros, a arquitetura, a limpeza, o planejamento urbano e a segurança da cidade argentina revelam as diferenças que temos com os nossos vizinhos. Disparidades que ficaram ainda mais evidentes com a reabertura das fronteiras depois da pandemia.
Se deslocar por Buenos Aires acaba sendo bem mais fácil pelo fato de a cidade ser totalmente plana. Para quem opta pela estadia em Airbnb, por exemplo, é sempre uma boa dica ficar na região mais central, próximo ao Obelisco, e assim é possível se movimentar rapidamente por todos os bairros, como San Telmo, Palermo, Retiro, Recoleta e Puerto Madero. De carro ou a pé, é simples encontrar um bom lugar para comer empanadas na rua ou tomar a cerveja local, a Quilmes.
A grande beleza da capital argentina não está nos passeios turísticos já “manjados” como o El Caminito, mas, sim, na oportunidade de se deixar levar por ruas charmosas, prédios antigos e uma infinidade de praças e áreas de convivência. É incrível passear como um verdadeiro flâneur e ter a sorte de encontrar uma livraria de esquina em Palermo e se deparar com um café moderno no térreo e, no terraço, um bar restaurante aconchegante com várias camas, para descansar!
Vista aérea do obelisco no centro de Buenos Aires – Foto ISTOCKPHOTO
Isso sem contar as passagens “secretas” ou históricas espalhadas pela cidade, como é o caso da passagem Corina Kavanagh – uma travessa próxima à Plaza San Martin que geralmente não é muito frequentada por turistas brasileiros, já que fica em um ponto da cidade com pouco comércio, no bairro Retiro. Mas, para quem quer ter uma experiência mais portenha e apreciar a história e arquitetura da cidade, vale o passeio, tanto para contemplar o prédio Kavanagh quanto a Igreja do Santíssimo Sacramento, que fica logo após a passagem.
Você pode criar roteiros bem flexíveis para visitar os mais de trinta museus espalhados em diferentes bairros e ainda aproveitar para conhecer o comércio local. O dia de visitar o MALBA (Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires), por exemplo, pode ser o mesmo para conhecer o Paseo El Rosedal Garden, o Jardín Japonés e o Planetario Galileo Galilei – todos esses passeios ficam no bairro da Recoleta. E, mesmo para quem já conhece o MALBA, as exposições sempre variam para além do acervo fixo, então cada visita será uma experiência única, e convenhamos que não é nada entediante poder rever o Abaporu, de Tarsila do Amaral, e sentir o calor brasileiro em terras argentinas.
Fachada do MALBA – Foto ISTOCKPHOTO
Ainda no bairro, é destaque o Centro Cultural Recoleta, que também sempre renova suas exposições e é um ótimo lugar para descansar, com diversas áreas abertas, sofás, mesas e cadeiras. Os moradores aproveitam o espaço para trabalhar e estudar, mas ainda é possível curtir shows e apresentações por lá, dependendo da programação.
Área Externa no Centro Cultural Recoleta | Fotos Julya Vendite e Reprodução | Facebook
Para aproveitar bem a cidade, esqueça os horários convencionais de almoço e jantar e aproveite para explorar a riqueza gastronômica da cidade, que vai muito além de empanadas deliciosas. Some a essa lista: o choripan do Mercado de San Telmo, as fatias de pizza do Guerrin, as inúmeras opções de massas do Salgado, a costela do La Carniceria, a parrilla do La Brigada e a melhor milanesa do país, do El Preferido.
No último, a experiência conquista desde o visual do restaurante, um prédio rosa, de esquina, antigo, mas muito bem conservado pelo tempo, com opções de mesa na área interna e externa e um atendimento que encanta desde a fila de espera – na qual são servidas mini empanadas e taças de espumante para aqueles que não se anteciparam em fazer a reserva. De entrada, destaque para a burrata e, para o prato principal, à milanesa tradicional da casa vale a pena, ideal para “compartir”, e ainda acompanha purê de batatas e um bom vinho –, a carta também não decepciona, com ótimas vinícolas e preços sempre mais acessíveis em comparação ao Brasil.
Drinque e pratos do Rooftop Trade Sky Bar | Fotos Julya Vendite e Reprodução | Facebook
E já que falamos de comida, a bebida não poderia ficar de fora. Para quem aprecia coquetelaria, a cidade conta com ótimos bares, cada um com uma experiência diferente, como o bar secreto La Floreria, também na Recoleta: quem passa na rua vê apenas uma típica floricultura, mas ao entrar e perguntar sobre o bar, uma porta se abre e revela uma escada subterrânea que dá acesso ao charmoso espaço!
Coquetelaria do bar secreto La Floreria | Fotos Julya Vendite
Se a ideia é aproveitar seu drinque nas alturas, no topo do edifício Comega você encontra o Trade Sky Bar, que está na lista dos 25 melhores rooftops no mundo! Com uma vista 360º da cidade e uma carta de clássicos e autorais, esse com certeza é um passeio que não pode faltar na lista de quem ama Buenos Aires e de quem ainda precisa se apaixonar pela “Paris da América Latina”.
Primo distante da nossa querida cachaça e com seu nascimento creditado aos caribenhos do século 17, o rum – famoso destilado geralmente feito a partir do melaço da cana-de-açúcar – vem atraindo mais e mais adeptos no Brasil, tanto de forma pura, como em coquetéis clássicos e autorais criados e replicados país afora.
Apesar de sua imagem ainda muito ligada ao Caribe, a bebida pode ser produzida em qualquer lugar do mundo, pois não exige um certificado de denominação de origem como a cachaça, o Cognac e o Champagne. Um exemplo interessante sobre essa produção globalizada é que já temos marcas brasileiras, inclusive, reconhecidas!
Foto Tales Hidequi
Um dos fatores importantes para o aumento na procura e no consumo deve-se à inserção do rum em uma grande gama de menus de drinques da safra de bartenders atuais, com técnicas, estilos e harmonizações que o colocam como protagonista, coisa que até pouco tempo não havia sido tão explorado.
Para sair da mesmice
Por ser um destilado versátil com estilos desde o mais clássico, passando por um envelhecido até um mais amadeirado, o rum é a base de drinques clássicos reconhecidos no mundo todo, como o Daiquiri, a Cuba Libre e o Mojito. Para se diferenciar, seguem duas receitas de drinques para ousar em casa ou no seu bar favorito.
Kingston Negroni
FEITO EM MIXING GLASS.
40 ml rum jamaicano
30 ml vermute tinto
30 ml Campari
(Releitura do Negroni, mas tendo o rum como base)
Brado
FEITO NA COQUETELEIRA E COADO DUPLAMENTE.
50 ml rum Bacardí
Añejo Cuatro
30 ml chá preto
15 ml xarope de hortelã
10 ml licor Cynar
(Coquetel representante do Brasil no Bacardí Legacy Global 2020-2021)
Beg Destilaria Boutique, no distrito de Joaquim Egídio, recebe visitantes interessados em conhecer um pouco mais sobre essa bebida e a fim de elaborar um gim para chamar de seu
O Beg Gin é um destilado premium nacional produzido artesanalmente na Fazenda São José, no distrito Joaquim Egídio, em Campinas, quase na divisa com o município de Morungaba. A marca produz três rótulos, com características diferentes. Eles são elaborados com zimbro, sementes de coentro, raiz de angélica – os ingredientes tradicionais de praticamente todo gim – e alguns botânicos genuinamente brasileiros, como as folhas de pitangueira, o capim santo, as flores de sabugueiro-do-Brasil, a mexerica e a laranja lima.
A destilaria já foi premiada em importantes concursos brasileiros e internacionais. Vários dos mais conceituados bares de São Paulo e do Rio utilizam os gins da Beg no preparo de seus caprichados drinques. E, para quem quiser conhecer o processo de produção dessa excepcional bebida, a empresa se abre para visitas com atividades teóricas e práticas.
Workshop sobre gim, oferecido pela Beg Destilaria Boutique, que em Campinas | Foto Divulgação
A Beg Experience começa com um rápido tour guiado pela destilaria, passando pelo alambique, pelos tanques de armazenamento e pela área de engarrafamento. Depois acontece uma pequena palestra onde o processo é descrito em detalhes, as diferenças entre um gim artesanal e um industrial são evidenciadas e começa também a degustação de gim-tônicas. Aí os visitantes colocam mão na massa e podem produzir seu próprio gim em um dos dez mini-alambiques dispostos na sala. Ao final, cada um dos participantes leva para casa uma garrafa com esse destilado mais do que personalizado.
Como só existem 10 alambiques, só são aceitos dez participantes por edição da Experience. Cada um pode até levar um acompanhante, mas só levará para casa uma garrafa. Esses eventos acontecem aos finais de semana. Para agendar a sua participação, acesse www.begexperience.com.br. Cada um paga R$ 350 (se for com acompanhante, o valor cobrado de cada dupla sobe para R$ 400).
“Com esses encontros, tentamos fazer com que mais gente entenda que é possível ter um produto premium com preço acessível – principalmente quando comparado aos similares importados. Já faturamos medalhas e troféus na San Francisco World Spirits Competition, no Concours Mondial de Bruxelles, no International Wine & Spirits Competition de Londres e no World Gin Awards. Lá fora, a nossa qualidade já é reconhecida. Agora precisamos mudar a cabeça dos consumidores brasileiros”, analisa Arthur Flosi, sócio e master distiller da Beg.
A cada dia, aparecem novos apaixonados pela cachaça. É uma bebida complexa, de muitas possibilidades em razão de seu “terroir”. Uma “branquinha” ou “amarelinha” nunca será igual a outra, mesmo com características semelhantes. Tudo vai depender do solo, do clima, da qualidade da cana e outras influências.
Como reconhecer uma cachaça de qualidade?
Os cachaceiros costumam dizer que a melhor cachaça é a que está no copo, o que pode deixar apreciadores confusos com a diversidade nas lojas. Vou deixar, então, algumas dicas para reconhecer uma “marvada” desse naipe.
O primeiro e mais importante ponto é comprar uma cachaça legalizada, que tenha registro no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA). O selo atesta que o produto está dentro dos padrões de qualidade exigidos. Às vezes, a cachacinha da roça, sem rótulo, pode trazer malefícios para a saúde.
Se atente também aos valores olfativos e visuais. Ao abrir aquela garrafa de caninha, o aroma deve convidar, ser fresco ou ter características da madeira que o influenciou no processo de envelhecimento. Não pode ser muito alcoólico, arder o nariz ou lacrimejar os olhos, apesar de sua graduação estar entre 38% e 48%. A cachaça deve ser límpida (sem resíduos), brilhante e deve produzir lágrimas (oleosidade) na borda da taça, quando agitada.
Paixão da coquetelaria
Os drinques com cachaça estão dominando os melhores bares. Com um produto versátil, nasce uma coquetelaria potente e criativa no Brasil, com admiradores no mundo todo. Quer conhecer coquetéis diferentes com cachaça? Seguem meus preferidos:
Serigueijo
– 50 ml de cachaça Tiê Ouro
– 50 ml de água de coco
– 20 ml de limão Tahiti
– 2 colheres de chá de geleia de seriguela
Modo de fazer: Adicione todos os ingredientes em uma coqueteleira e bata com gelo, coe para um copo longo com gelo.
Serigueijo, drinque com cachaça, coco e siriguela – Foto: Banqueta Coquetelaria Bar | Divulgação
Joelho de Abelha
– 50 ml de cachaça Tiê Prata
– 30 ml de xarope de mel de abelha jataí
– 20 ml de sumo de limão siciliano
Modo de fazer: Adicione todos os ingredientes em uma coqueteleira com bastante gelo, faça uma coagem dupla para uma taça de martini previamente gelada.
Joelho de abelha, drinque com cachaça, mel e limão siciliano – Foto: Banqueta Coquetelaria Bar | Divulgação
O brasileiro é apaixonado pelo Cabernet Sauvignon do Chile, que é realmente espetacular. Para se ter uma ideia, quase metade de todos os vinhos finos importados para o Brasil vêm do Chile, mas o mundo do vinho é muito rico e vasto, e existem países produtores excelentes, que são praticamente desconhecidos para a maioria de nós.
Foto divulgação – Getty Images
Falando da América do Sul, por exemplo, temos o vizinho Uruguai, que faz vinhos maravilhosos, tanto tintos como brancos e rosés. Basta experimentar um Pisano RPF Tannat (Mistral), um Marichal Tannat Reserva (Ravin) ou ainda um Ombú Moscatel (Cantu) para saber do que estou falando.
Agora, se atravessarmos o Atlântico, há um Mundo – na verdade um Velho Mundo – repleto de iguarias. Listei alguns vinhos que você precisa conhecer:
Há ainda outros países pouco explorados por nós, como o Líbano. De lá bem o delicioso Château Musar rouge 2011 (por R$ 559,34, também na Mistral), um vinho excepcional feito a partir das castas Cabernet Sauvignon, Carignan e Cinsault. Da Nova Zelândia, recomendo o Oyster Bay Marlborough Sauvignon Blanc 2017, que sai por R$ 279,39, da Vinci Vinhos. O país tem uma maioria de produtores orgânicos ou biodinâmicos, e esse vinho tem muito frescor e toques de aspargos.
Direto da Grécia, experimente o Monograph Agiorgitiko 2016, que custa R$ R$ 162,37 (Mistral) e é um espetáculo de vinho tinto com muito frescor e elegância, além de ser uma ótima oportunidade para conhecer um vinho de um país milenar nessa produção. E. da África do Sul, comece pelo Fairview Sauvignon Blanc, por R$ 156 na Importadora Ravin. É um delicioso Sauvignon Blanc desse continente que produz vinhos há mais de 400 anos. O proprietário é também produtor de queijo de cabra – que a propósito cai como uma luva para essa harmonização. Experimente!
Acima, Ombú Moscatel (Uruguai), Château Musar rouge (Líbano), Zweigelt Rosé (Áustria) e Monograph Agiorgitiko (Grécia) – Fotos divulgação
A lista é imensa, mas acho que você tem aqui um bom caminho para, não desfazendo dos Cabernets chilenos, experimentar outras castas e outras procedências…Saúde!
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