Em tempos de crise, o autocuidado se torna, para além de objeto de desejo, uma necessidade. Não à toa, evidências estatísticas apontam que o consumo de cosméticos tende a crescer em épocas de retração econômica – é o chamado ‘’Efeito Batom’’, que já foi vivenciado pela humanidade nos anos que se seguiram às duas Guerras Mundiais e, agora, deve voltar à tona na pós-pandemia, em nova roupagem.
Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC), o setor cresceu 5,8% em 2020, com altas consideráveis na venda de produtos voltados ao cuidado da pele (+21,9%) e itens de perfumaria (+8,4%). Investir em artigos importados também é uma tendência. Mas se, antes da pandemia, era hábito viajar em busca desses cosméticos, nos meses de isolamento social o e-commerce assumiu esse papel. “Em 2019, 58% das compras foram realizadas em outros países. Com os global shoppers ‘presos’ em casa, a preferência é pela pronta entrega e por revendedores nacionais”, pontua Sabrina Zanker, diretora geral da L’Oréal Luxe no Brasil, que, em 2020, presenciou um crescimento de 130% no mercado digital.
Mesmo com a abertura das fronteiras, a expectativa é que os consumidores continuem comprando em solo brasileiro. “Com a alta do dólar, os cosméticos adquiridos aqui podem sair até 32% mais em conta do que no exterior, além de haver a possibilidade de pagar com parcelamento sem juros. O Brasil é o quarto maior mercado de cosméticos do mundo, e as transações nacionais estão cada vez mais seguras, com revendedores e parceiros certificados”, explica.
Os gostos e as demandas dos consumidores também mudaram. O cuidado com as mãos, periodicamente besuntadas com álcool em gel, nunca foi tão valorizado. Marcas como a londrina Margaret Dabbs, por exemplo, têm investido em sanitizantes de luxo que aliam higienização e cuidado com a pele (o frasco de 30ml com essência de gerânios e tangerina custa por volta de R$ 160). E, se os lábios ficam escondidos por trás das máscaras de proteção, as cores têm que extravasar dos olhos – tanto é que as sombras coloridas e com toques de brilho figuraram, em 2021, entre os itens mais vendidos do e-commerce da canadense MAC.
Marcas comprometidas com ações pela preservação ambiental devem estar entre as queridinhas dos consumidores nos próximos meses. Lançada em julho de 2021 pela marca italiana Giorgio Armani, a fragrância My Way, neutra em carbono e produzida com ingredientes naturais adquiridos em colaboração com ONGs locais, é um dos destaques do movimento que deve representar o futuro próximo da indústria cosmética. “A pandemia trouxe importantes reflexões a respeito do cuidado integrado. Sustentabilidade é o grande sonho de consumo da atualidade.”
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