Uruguai se destaca por experiências em bodegas e oferece hotelaria confortável que completa a viagem etílica

Uruguai se destaca por experiências em bodegas e oferece hotelaria confortável que completa a viagem etílica

País ao sul do continente, Uruguai oferece enoturismo com bons rótulos, gente educada e cidades limpas e seguras

O enoturismo é palavra de ordem no mundo do vinho. No Uruguai não é diferente, e sugiro a você que gosta de bons rótulos, de gente educada, civilizada e simpática, e que busca cidades limpas e seguras – onde, por exemplo, é possível usar seu celular sem se preocupar – que visite nosso país vizinho. Pode ser um feriado ou mesmo um final de semana. Escolha Montevidéu ou Punta del Este e me agradecerá a dica.

Em Montevidéu, onde há inúmeros hotéis, me atrevo a sugerir um lugar onde me hospedei em dezembro e adorei a experiência, o Aloft Montevidéu – que apresenta estrutura, conforto, bom atendimento e é exatamente ao lado do Shopping Carrasco e a uma quadra da Ramblas Montevideo – avenidas litorâneas com mais de 20 km de extensão às margens do Rio de la Plata. É prazeroso um passeio à noite em segurança, vendo os charmosos bares e restaurantes bem frequentados e convidativos.

 

Bodega Garzón, no Uruguai – foto Alejandro Goldemberg

 

A cidade está na região de Canelones, onde há a maioria das bodegas do Uruguai. No próprio hotel oferecem transporte e agendamento de visitas a algumas delas. Com estrutura de enoturismo, com receptivo, sugiro a Bouza, a Pizzorno e a Juanicó – opções em que você sempre será bem recebido e degustará vinhos excepcionais.

Se sua escolha for por Punta, também há fartura de ótimos vinhos e acomodações confortáveis. Fiquei no Enjoy Punta del Este – o antigo hotel Conrad e que todos ainda conhecem por esse nome, para o desespero dos novos donos chilenos. É um super hotel com cassino, lojas, uma piscina espetacular e tem Punta a seus pés.

Por lá, sugiro a gigante e linda Bodega Garzón – faça a visita e almoce no local, parece que você está na Califórnia, pela paisagem plana, rústica e bastante solar. Seus vinhos são especiais, muitos seguem a técnica da utilização de leveduras indígenas, como prega seu consultor italiano, o enólogo Alberto Antonini.

Conheça também, em Pueblo Garzón, a pequena notável Compañia Uruguaya de Vinos de Mar, a Bodega Oceánica e a Alto de la Ballena, que são surpreendentes. Há muito mais, mas você precisaria de mais tempo e essas são bons começos. Saúde!

Bom de copo: dicas de espumantes para refrescar os dias mais quentes do ano

Bom de copo: dicas de espumantes para refrescar os dias mais quentes do ano

Ideias para as celebrações, os espumantes podem ser consumidos em diferentes momentos, ainda mais em dias quentes e ensolarados

O vinho convive com vários tabus no Brasil, um deles é de que os espumantes são bebidas para festas. Ora, claro que são perfeitos para as comemorações, mas por que devem ser consumidos apenas em celebrações? Para mim, os espumantes fazem parte do dia a dia, especialmente no verão.

Sempre me lembro de uma frase de meu amigo Davide Marcovitch, presidente para a América Latina da LVMH – holding francesa especializada em artigos de luxo –, que me disse: “Champagne é a bebida que transforma um momento trivial em um momento especial…”, não é bárbaro? As mais simples ocasiões podem se tornar excepcionais com uma taça.

 

foto iStockphoto

 

E não é somente Champagne, afinal há espumantes incríveis pelo mundo, especialmente no Brasil. Eu, como privilegiado que escreve sobre vinhos e não sobre parafusos, provei muitas borbulhas maravilhosas no último ano. Veja as recomendações a seguir:

• O Bebereta de Arinto e Chardonnay da Quinta do Porto Nogueira da região de Lisboa. Muito frescor com toques salinos e florais, uma delícia! Saem por R$ 200 no site www.quattroimport.com

• Quereu Rosé Brut Cuvée Reserve, chileno delicioso 100% Pinot Noir, borbulhas pequenas e persistentes. Por R$ 115, em www.premiumwines.com.br

• Estrelas do Brasil Nature, método tradicional das uvas Chardonnay, Viognier, Riesling Itálico e Trebbiano, com 30% do assemblage do vinho base fermentado em barricas usadas e mantido por, pelo menos, 36 meses em contato com as leveduras. No site www.estrelasdobrasil.com.br, custa R$ 160.

• Isadora Nature Rosé Guatambu, espetacular espumante de Chardonnay e Pinot Noir com 18 meses “Sur lies” muito fino. Por R$ 205,20, no site
www.guatambuvinhos.com.br

• Pol Roger Brut Reserve, famoso e espetacular Champagne que mostra por que Champagne é Champagne. Em www.mistral.com.br, sai por R$ 828,50.

• Saint Felicien Nature, grande surpresa positiva com a assinatura Catena. De Chardonnay e Pinot Noir, método tradicional. A R$ 286,87 também em www.mistral.com.br

• X-Bulles do Vincent Caillé, de Chardonnay e Côt, biodinâmico delicioso com cremosidade e certa austeridade. Por R$ 183 no site www.delacroixvinhos.com.br.

• Saint Felicien Nature Champagne Fleury Brut Saignée, biodinâmico 100% Pinot Noir, com muita classe e frescor, cremosidade fina. Por R$ 642, em www.delacroixvinhos.com.br

• Saint Felicien Nature Crémant de Bourgogne Brut Rosé Henri de Villamont, biodinâmico 100% Pinot Noir, com muita classe e frescor, método tradicional. R$ 250 em www.weinhausexzellenz.com.br.

Que tal uma boa leitura com vinho? Confira opções sobre os encantos da vinicultura

Que tal uma boa leitura com vinho? Confira opções sobre os encantos da vinicultura

Livros essenciais para quem quer se aprofundar no universo do vinho e do consumo, que são também opções de presentes neste final de ano

Se há um ritual de que gosto muito é abrir uma garrafa e me sentar na companhia de um livro, seja no sol ou na sombra, no verão ou no inverno. Essa harmonização é infalível, ainda mais quando os títulos são sobre vinhos! Há uma variedade enorme de livros para ler, aprender e ganhar em cultura e informação a respeito do cultivo, da produção, da degustação e da história do vinho.

Gastei um bom dinheiro em livros em minha vida profissional e garanto a você que um dos três pilares para se saber sobre vinicultura e consumo de excelentes rótulos é lendo. Os outros dois são, claro, degustar com atenção e viajar para vinícolas. Relaciono, abaixo, alguns dos autores mais importantes para se ter na prateleira. Aliás, aproveite o tema para presentear pessoas queridas que curtam vinho. Saúde!

 

Foto Shutterstock

 

• “A História do Vinho”, de Hugh Johnson, um espetáculo de livro com um panorama geral sobre esse universo, por um dos mais consagrados críticos de vinho.

• “Vinho e Guerra”, que é resultado de três anos de pesquisa de Don e Patty Kladstrup, sobre as artimanhas de produtores para salvar seus vinhos durante a Segunda Guerra Mundial.

• “Expert em Vinhos em 24 Horas”. A incrível Jancis Robinson sintetizou seus conhecimentos de forma didática para ajudar na escolha de um bom vinho. A autora sugere maneiras de fazer uma degustação com os amigos e traz dicas para escolher a garrafa certa.

• “Vinho: O Guia Fundamental para Apreciador Moderno”, de Oz Clarke, traz crônicas mundanas do degustador contemporâneo. O crítico inglês dá um panorama de tipos, estilos e regiões, com cerca de 300 vinhos indicados para diversas ocasiões.

• “Wine Folly – Guia Essencial do Vinho”. Madeline Puckett e Justin Hammack, do site Wine Folly, explicam as diversas uvas e estilos em um guia delicioso com um panorama geral e dicas de harmonização.

• “Presença do Vinho no Brasil”, de Carlos Cabral. Um livro sensacional para quem quer saber mais sobre como o vinho começou no nosso país, desde o descobrimento do cultivo até os dias de hoje.

• “As Crônicas Mundanas”, do jornalista Luiz Horta, que tem o melhor texto do jornalismo de vinho no Brasil. Ele reuniu suas crônicas dos tempos em que esteve no caderno Paladar, do Estadão. Imperdível!

• “O Gosto do Vinho”, de Émile Peynaud e Jacques Blouin. Considerado pelos aficionados como um dos mais sérios livros sobre degustação de vinhos. Um clássico, para iniciados.

• “Os Segredos do Vinho para Iniciantes e Iniciados”, de José Osvaldo Albano do Amarante, um livro sensacional com um panorama mundial do vinho.

Elegância final: como harmonizar vinhos com doces e sobremesas

Elegância final: como harmonizar vinhos com doces e sobremesas

Vinhos de sobremesa são excelentes opções de presente e algumas dicas são fundamentais no momento da harmonização com os doces

O paladar de muitos brasileiros costuma recorrer com frequência aos doces, e a hora da sobremesa é aguardada com entusiasmo em muitas mesas. Como amante de vinho, ressalto que esse momento também pode ser harmonizado e existem diversos tipos de vinhos de sobremesa no mercado, como os late harvest, os botritizados, os appassimento e os fortificados. Infelizmente, não há espaço nesta coluna para falar em detalhes de cada um, já que o assunto poderia virar um livro. Mas os late harvest, que são os vinhos elaborados com uvas de colheita tardia, costumam ser os mais acessíveis e fáceis de se encontrar no país, e existem verdadeiras maravilhas nas gôndolas.

Os vinhos doces, ou de sobremesa, são ainda opções excelentes e elegantes de presentes, pois a maioria vem em meia garrafa. O importante sobre esses rótulos são as dicas de harmonização para que o resultado não decepcione.

 

foto iStockphoto

 

Fique atento a algumas dessas recomendações:
1) É fundamental que a sobremesa não seja mais doce do que o vinho, pois a harmonização não irá funcionar. O vinho ficará ácido e não produzirá um sabor agradável.
2) Sobremesas com chocolate, cada vez mais comuns, não devem ser harmonizados com vinhos doces brancos, prefira os Porto ou Banyuls.
3) Os vinhos doces podem ser a própria sobremesa, ou seja, um cálice do vinho é suficiente, eventualmente pode ser acompanhado apenas por biscoitos. Fica elegante e gostoso.
4) Com frutas, use os espumantes doces ou demi-sec.
Os moscatéis, por exemplo, são bons, baratos e ficam excelentes com frutas ou receitas à base de frutas.
5) Sorvetes não funcionam com os vinhos de sobremesa pelo fato de o gelado anestesiar as papilas gustativas.
6) Tábua de queijos fortes, como reblochon e Saint Paulin, já bem evoluídos, harmonizam excepcionalmente bem com qualquer vinho doce.
7) Os contrastes, como o dito anteriormente, são bem-vindos com os vinhos doces. O exemplo mais clássico é servir o caríssimo Sauternes com foie gras – caso é citado por muitos apreciadores, ainda que poucos tenham realmente provado essa combinação.

Lista de compras:
Casa Madeira Valduga. Chardonnay com Riesling Itálico, R$ 45 no site do produtor.

Casa Silva Late harvest. Sémillon, Gewürztraminer e Viognier, R$ 146 na importadora Sonoma.

Carmes de Rieussec 2011. Sémillon, Sauvignon Blanc e Muscadelle, R$ 275,81 na Mistral.

Vin Santo del Chianti Il Nostro. Malvasia bianca, Trebbiano Toscano e San Colombano, R$ 268 na World Wine.

Ravasqueira Late Harvest de Viognier, R$ 213 no Santa Luzia.

Vinho como protagonista no restaurante Mont Cristo, em Santo André

Vinho como protagonista no restaurante Mont Cristo, em Santo André

Restaurante Mont Cristo reúne loja de vinhos, wine bar e uma adega com rótulos selecionados em endereço ainda pouco explorado pelos paulistanos

Para quem como eu que vive de degustar vinho e escrever a respeito, não há nada mais gostoso do que ir a um restaurante que seja realmente amigo do vinho e o coloque como protagonista. Por sorte, eles existem. É o caso do Mont Cristo, em Santo André, onde o competente e traquejado sommelier Leonardo Sipriano – que é sócio do empreendimento – exerce com simpatia, competência e muita amabilidade sua função.

O conjunto todo contempla uma loja de vinhos com cerca de 700 rótulos muito variados e a bons preços; um wine bar, com drinques fantásticos; uma adega climatizada para atender ao restaurante e algumas servidoras de vinhos com excelente e variada seleção de garrafas.

 

Foto Luis Vinhão

 

Acho bárbaro quando um restaurante tem essas servidoras, pois permitem tirar apenas uma prova (30 ml), meia dose (60 ml) e uma dose inteira (120 ml), que seria a medida da taça servida normalmente. Assim, o cliente tem a oportunidade de passear por uns quatro ou cinco vinhos, sem exagerar, e pode ainda diversificar sua harmonização com os pratos que pedir.

Em um grupo de mais pessoas, o lugar também acomoda o gosto de cada um. A cozinha é de primeiríssima e até lagosta Thermidor, que não via há anos, servem no cardápio. Eu provei um rosé para começar e curtir o delicioso tartar, preparado pelo maitre Batista, que é mestre nessa receita. Em seguida, Sipriano me serviu quatro tintos de idades diferentes, décadas de 1970, 80 e 90, e um merlot italiano delicioso.

Essa é outra vantagem desse sistema de servir os vinhos, pois caso você não conheça um determinado rótulo caro e famoso, por exemplo, pode comprar apenas uma prova e experimentar. Tomei um delicioso Sauternes e provei o Les Compères, que funcionou como a própria sobremesa. Adorei!
No andar superior, há um salão classudo e com outra servidora com vinhos mais selecionados ainda e um local para se fazer palestras e encontros. E, se você quiser uma garrafa inteira em seu almoço ou jantar, é possível comprar na mesa o vinho a preço da loja, o que é muito raro hoje em dia.

O restaurante fica na Rua das Figueiras, número 631, no bairro Jardim. Coloque Santo André e especialmente o Mont Cristo no seu roteiro enogastronômico. Vale a “viagem”. Saúde!

 

Foto Luis Vinhão