Descanso em Niseko, agito dosado em Tóquio, espiritualidade em Quioto e Nara, e inovação em Osaka revelam uma viagem surpreendente e diversificada pelo Japão
Após longa ausência, a Famiglia Giramondo retorna para compartilhar dicas diversas sobre entretenimento, gastronomia e hospedagem, sempre em destinos cobiçados. Nesta edição, a nossa seleção foi o Japão. Programamos três semanas para esse destino encantador e diverso, que passa por mudanças perceptíveis nos últimos anos.
Começamos a jornada pela majestosa Ilha de Hokkaido, ao norte do país. Pousamos no moderno aeroporto de New Chitose e rumamos para a vila de Niseko – a primeira parada. O período que selecionamos para a viagem foi a primavera, que talvez seja o mais agradável de todos. A paisagem evidencia a natureza, com montanhas e lagos que começam a degelar, e os rios ficam rodeados por árvores florescendo.
Niseko é conhecida como reduto dos amantes de esqui. A escolha por essa cidade se deu basicamente por uma maravilhosa e confortável hospedagem e por ser o apoio central para visitarmos as cidades de Otaru e Sapporo – também em Hokkaido.
A última visita dos Giramondo ao Japão foi há treze anos e a busca por Hokkaido foi especial, uma vez que a localização foge das grandes cidades e de atrativos lotados. O serviço, a gastronomia e a hotelaria com direito a um onsen inacreditável (hospedagem com circuito de águas termais) no Park Hyatt Niseko, já valeriam toda a viagem.
Poder se locomover facilmente para o Porto de Otaru foi um grande diferencial. Depois de uma hora de trem, chegamos à estação principal onde se encontra o Mercado de Peixes. Pequeno e charmoso, esse local transcende qualquer expectativa. Apresentações de king crab, uni (ovas de ouriço-do-mar), vieiras e ikura (ovas de salmão) alucinarão seus pensamentos. O lugar deveria ser tombado como patrimônio mundial da cultura gastronômica!
Otaru é uma cidade portuária que merece um dia inteiro de visitação. Restaurantes como o Otaru Masazushi são imperdíveis, com seus incríveis 85 anos de existência. Por ali, os chefs servem não apenas nigiri de peixe sazonal, mas também grelhados, petiscos e outros pratos do dia de acordo com os gostos e preferências dos clientes.
No dia seguinte, é recomendado um descanso no delicioso spa e onsen do hotel, regado a chás maravilhosos e, para quem curte, um espetacular cigar club, com uma curadoria especial de charutos cubanos.
Com as energias restabelecidas, pegamos um táxi e fomos direto para Sapporo, também a uma hora de distância de Niseko. É um destino sonhado dos amantes de cerveja, saquê e uísque japoneses – por causa da qualidade da água cristalina da região. O lugar pode ser ainda uma opção de estadia para quem quiser um pouco mais de agito na ilha.
Iniciamos a exploração de Sapporo, como sempre, pelo Mercado de Peixes de Nijo Fish Market. Além das exposições de peixes e acessórios gastronômicos, esse mercado oferece restaurantes onde é possível provar o melhor uni do mundo. Digno de comer três bowls seguidos!
Sapporo merece também uma visita pelo centro, com avenidas largas, shoppings e belíssimos parques, que compõem suas ruas. Nos arredores, está a Torre do Relógio, que foi instalado em 1881 e comprado da E. Howard Watch & Clock Company de Boston, com um mecanismo impulsionado por peso. É o relógio de rua mais antigo do Japão.
A medida certa do agito
O próximo destino é Tóquio, a uma hora e meia de voo de Hokkaido. Na capital, optamos pelo tradicional bairro de Shinjuku – o hub de mobilidade para todas as localidades da cidade e do Japão.
Vale dizer que a capital japonesa está repleta de turistas. Basicamente 50% de chineses e 50% do restante do mundo. Outro dado alarmante sobre o destino é que o número de turistas internacionais já está 27% acima do período pré-pandemia.
Um ótimo exemplo dessa “loucura” é o Mercado de Tsukiji – o maior comércio de peixe do mundo, transferido para Toyosu em 2018. A cena de centenas de pessoas se acotovelando para comerem o que é possível comprar ficou bastante comum por ali. O mais bizarro é que você pode encontrar tudo em diversos locais da cidade, sem esse estresse.
Mas Tóquio se supera mesmo nas opções de restaurantes. Viciados em sobas (massa japonesa), tonkatsu (costeleta de porco empanada), unagui (enguia) e sushi se deliciam nessa megalópole. As ruas de Roppongi, Ginza, Harajuku e uma visitação à Torre de Tóquio fazem parte também desse roteiro de quatro dias. Perca-se pelas estações centrais e pelos parques!
Sugerimos uma visita ao Omoide Yokocho – também conhecido como Yakitori Alley. O local é um amontoado de izakayas e restaurantes, todos minúsculos, em um aperto charmoso de becos e ruas bem próximos à estação de Shinjuku – a maior da metrópole e a mais movimentada do mundo. Há ainda as ruínas da 2ª Guerra, na saída oeste da estação.
Outra atração noturna com direito a prédios de karaokês e restaurantes com ótimos sushis é a região de Kabukicho, vizinha a Shinjuku. O lugar é conhecido como o distrito da luz vermelha no Japão, em razão de sua iluminação neon e do agito de seus bares com música. Dirija-se à grande avenida Yasukuni Dori e você verá a enorme loja Don Quixote, que marca a rua principal de Kabukicho.
Ancestralidade e conexão
Plenamente satisfeitos com o que a capital tinha a nos oferecer, seguimos à última etapa de nossa viagem. A bordo de um trem bala (Shinkansen), chegamos a Quioto, agora nossa base para visitarmos Nara e Osaka.
Essa cidade foi capital do Japão entre o século 13 e 17, onde a família imperial residia e guarda parte significativa da história desse país mágico. Com menos de 2 milhões de habitantes, Quioto encanta com seus templos, bairros escondidos, rios surpreendentes e gueixas pelo centro histórico, tornando-se a localidade que revela o Japão antigo. Histórias milenares se misturam com a cultura contemporânea.
Passear pela floresta de bambus de Arashiyama (Patrimônio Munidial da Unesco) é mágico. Na região, é recomendado ainda visitar o templo Tenryu-ji – construído em 1339, que já foi um enorme complexo de templos formado por mais de 100 subtemplos. Hoje, restam apenas algumas estruturas e a principal razão para fazer o passeio é o jardim, um dos melhores exemplos de design tradicional japonês. Por ali, admirar as inúmeras quantidades de árvores e flores também valeria o destino.
Outra parada obrigatória é o templo de Sanjusangen-do com suas 1001 estátuas de guerreiros que guardam a estátua de Buda. E o templo dourado Kinkaku-ji, que parece flutuar sobre o lago. É possível observar o reflexo espelhado do Pavilhão Dourado na serena Lagoa Kyoko-chi e visitar os seus jardins exuberantes, cobertos de musgo, e a casa de chá no local.
Indicamos passeios ao Mercado de Nishiki, que apresenta uma variedade de alimentos frescos e em conserva, além de doces japoneses. Pode-se encontrar ainda excelentes utensílios de cozinha e elegantes artigos em cerâmica, especiarias e condimentos e artigos de papel. Restaurantes exclusivos de wagyu, unagui, grelhados de king crab são os destaques desse mercado.
E Quioto está a apenas 50 minutos de trem para Nara, cidade maravilhosa que surpreende pelos parques e templos. Saindo da estação, rume para o templo de Todai-ji. Nesse caminho, cervos cercam os visitantes o tempo todo. São centenas de animais livres, passeando ao seu lado, lhe acariciando por apenas algumas bolachinhas!
A visitação ao templo Todai-ji impacta pela imponência da estátua gigante de Buda – a maior no interior de um templo no Japão. O Grande Buda tem 14,98 m de altura e até suas orelhas têm 2,54 m de comprimento. Deve-se ainda subir as escadas até o Salão Nigatsu-do e apreciar as vistas fantásticas da bacia de Nara. A cidade merece um dia inteiro e, obrigatoriamente, prove seu sushi típico, embrulhado em folhas de caqui.
Para encerrarmos essa temporada no Japão, ainda com base em Quioto, fomos para Osaka, a um pouco menos de uma hora de trem. A segunda maior cidade do Japão sediará em novembro do ano que vem a Expo25. Ao longo de sua história, as Exposições Mundiais têm sido o evento global em que novas tecnologias e produtos são apresentados e popularizados, levando a avanços importantes. O tema desta edição é “Projetando a sociedade do futuro para nossas vidas”. O arquiteto Sou Fujimoto é o responsável pelo projeto, coordenando as diretrizes para os países participantes.
Osaka abriga uma série de arranha-ceús espetaculares e uma culinária especial. Não deixe de provar os típicos okonomiyaki (panquecas de repolho, carne e frutos-do-mar) e os takoyakis (bolinho assado de polvo), que são os melhores do Japão e representam muito bem a deliciosa gastronomia do país.
Pena que tudo que é bom sempre acaba cedo. Como em uma deliciosa mordida, a viagem termina, inspirando as próximas!
Recomendações essenciais
Dinheiro
Os cartões são utilizados em todos os estabelecimentos no país, mas é possível trocar dinheiro físico em qualquer aeroporto ou nas grandes estações. E o momento é vantajoso para a viagem, uma vez que o Iene desvalorizou cerca de 40% nos últimos anos.
Mobilidade
Vale muito a pena optar por voos internos para grandes distâncias (acima de 800km), pois ganha-se tempo. Também é importante garantir o passe de trem e metrô, que pode ser adquirido nas principais estações. Basta entrar em qualquer box de informações para turistas. Já os serviços de táxi são relativamente baratos e servem para distâncias curtas.
Comunicação
Para uma viagem 100% sem estresse, esteja com seu celular conectado no Google Tradutor e nas IAs. O japonês é seguramente o povo mais solícito do mundo, mas muitos não falam inglês.
Tips
No Japão, não se aceita gorjeta, é um hábito cultural enraizado em todos os serviços. Eles trabalham com muito orgulho e prazer e recusam as famosas “tips”.
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