Japão para além do óbvio: um mergulho na província de Miyazaki, no sul do país

por | dez 21, 2023 | Hospedagem, Passeios, Turismo, Viagens | 1 Comentário

A província de Miyazaki, ao sul do Japão, é destino de natureza singular e imersão cultural, religiosa e histórica ainda pouco explorado por turistas brasileiros

O fascínio pela cultura milenar e a curiosidade pela convivência pacífica entre a tradição e a modernidade atraem visitantes do mundo inteiro ao Japão, e o Brasil não é exceção. Para nossa sorte, desde o final de setembro, brasileiros em viagens de curta permanência não necessitam mais de visto para visitar o país do sol nascente.

O principal destino para quem viaja ao Japão é a cosmopolita Tóquio, além do símbolo nacional Monte Fuji e as cidades relativamente próximas à capital, como Quioto, Nara, Osaka, Hiroshima e Kobe, e que podem ser acessadas por trem-bala, o shinkansen. Mas o país asiático é repleto de destinos incríveis e, se quiser estender um pouco mais a estadia, você pode se surpreender com a diversidade de passeios que outros locais menos visitados proporcionam.

 

Vista das palmeiras Phoenix e da formação rochosa de Oninosentakuita em Horikiri Pass – foto iStockphoto

 

O Japão é constituído por quatro ilhas maiores: Hokkaido ao norte, a ilha maior Honshu, Kyushu e Shikoku mais ao sul, e as ilhas de Okinawa. A 932 km de Tóquio, na ilha de Kyushu, fica a província de Miyazaki, conhecida como o Japão ensolarado. A região está entre as melhores do país em temperatura média, horas de sol e número de dias ensolarados. O voo direto de Tóquio a Miyazaki dura pouco menos de duas horas. Caso vá de trem, tome o trem-bala da JR Tokaido/Sanyo/Kyushu Shinkansen de Tóquio até Kagoshima, e de lá o trem da JR Kirishima Limited Express até Miyazaki, totalizando 9,5 horas de deslocamento. Esse trajeto é coberto pelo JR Pass, um passe de trem exclusivo para turistas estrangeiros válido para linhas de Japan Railways Group.

Miyazaki também é repleta de mitologia japonesa e relacionada a lendas sobre o primeiro imperador do Japão e fundador da dinastia imperial, o Jinmu Tennou. Segundo a tradição xintoísta, Jinmu é considerado descendente direto da deusa do sol, Amaterasu Ômikami, citado em Kojiki, considerado o livro mais antigo sobre a história do país.

Ao norte da província está localizado o famoso Desfiladeiro de Takachiho, na cidade homônima. O cenário da beleza natural junto ao rio Gokase, torneado pelo estreito desfiladeiro, é de tirar o fôlego. Por ali, é possível alugar botes a remo e navegar pelo rio, apreciando a tranquila paisagem e a queda de 17 metros de altura da cachoeira Manai (Manai no taki) – o aluguel sai por 4100 ienes (R$ 135 na cotação atual) para três pessoas em um passeio de 30 minutes, de terça a quinta-feira, e o valor fica em 5100 ienes (R$ 168) de sexta a segunda.

 

Desfiladeiro de Takachiho e a cachoeira de Manai – foto Depositphotos

 

Takachiho tem ainda importância no âmbito religioso e espiritual. Próxima ao desfiladeiro, está a caverna sagrada Amano Iwato, palco de um episódio mitológico envolvendo a deusa do sol. Irritada com o caos criado pelo seu irmão Susanoo, deus do mar, Amaterasu escondeu-se na caverna celestial Amano Iwato. Mergulhados na escuridão com a falta de luz, os deuses planejaram uma grande festa para despertar a sua curiosidade. A estratégia funcionou e ela teria espiado pela fresta da rocha que fechava a caverna, de modo que foi puxada para fora e o mundo voltou a ser iluminado. Nesse local, foi erguido o santuário Amano Iwato Jinja – possivelmente construído durante o século 9. A caverna não pode ser acessada, porém há um mirante atrás do edifício principal do santuário, de onde os visitantes contemplam o rio. Para acessá-lo, é necessário solicitar a um sacerdote uma visita guiada.

 

Santuário de Amano Iwato – foto Tereza Maeyama

 

E essa história é encenada em um espetáculo de dança com 33 atos, conhecido como Yokagura, com dançarinos mascarados e música com instrumentos tradicionais japoneses. Como a apresentação inteira é longa, recomenda-se assistir a Takachiho Yokagura – uma versão em quatro atos, encenada todas as noites, das 20 horas às 21 horas, no santuário Takachiho Jinja, com ingresso a 1000 ienes (R$ 33 na cotação atual). O lugar fica no extremo oeste do centro da cidade, a 15 minutos a pé do Centro Rodoviário Takachiho. Alguns hotéis da região oferecem ônibus gratuito de ida e volta para as apresentações noturnas.

Paisagem quase tropical

Seguindo viagem em direção ao sul pela costa de Nichinan, o cenário montanhoso dá lugar à linda vista do Oceano Pacífico e à rodovia margeada por palmeiras Phoenix – árvore-símbolo oficial da província – trazendo à lembrança a nossa paisagem tropical. De fato, Miyazaki possui um clima mais ameno em relação ao norte do Japão, a ponto de ser famoso pela produção de mangas.

Uma das principais atrações de Miyazaki é a ilha de Aoshima, cujo acesso do continente é feito atravessando a ponte Yayoi. A areia é substituída pela peculiar formação rochosa chamada Oni no Sentaku Ita, ou literalmente “Tábua de lavar do Diabo”, visível na maré baixa. Essas rochas que circundam a ilha são compostas de arenito e argilito que se acumularam em camadas no fundo do mar há 6,5 milhões de anos, sofreram erosão das ondas, formando desníveis. A própria ilha foi denominada monumento natural, enquanto a sua flora, composta por plantas subtropicais, é “monumento natural nacional especial”. Da estação de Miyazaki à estação de Aoshima são apenas 30 minutos de viagem de trem.

 

A ilha de Aoshima – foto divulgação

 

A cerca de 40 km da capital Miyazaki, está o santuário Udo Jingu — a apenas 90 minutos de ônibus a partir da cidade. O honden, santuário principal, localizado dentro de uma caverna na encosta de um penhasco, oferece uma vista espetacular e fica aberto das 6h às 18h. Para chegar até lá, percorre-se o caminho pela encosta, com vista para o mar. Dedicado a Ugayafuiaezu, pai do imperador Jinmu Tennô, o santuário é associado à gravidez e ao parto. Como em outros santuários, há lojinhas que vendem amuletos para diversos fins, como proteção à saúde e sucesso.

 

Penhasco a caminho de Udo Jingu – foto Rose Oseki

 

Para descansar e recarregar as energias após todos esses passeios, o Phoenix Seagaia Resort – um espaçoso resort à beira-mar que se estende por quase dez quilômetros de costa – oferece atrações como fontes termais, spas, restaurantes, praias para prática de surf, quadras de tênis e diversas atividades ao ar livre. Em frente, está o Sheraton Grande Ocean Resort, um edifício de 45 andares, cujos quartos apresentam uma vista panorâmica espetacular do Oceano Pacífico, além de incluir campos de golfe Tom Watson, projetados pelo famoso jogador Tom Watson da PGA, e o Phoenix Country Club, que sedia um dos maiores campeonatos da Japan Golf Tour.

A riqueza gastronômica também se manifesta na província. Em Miyazaki, além de pratos típicos da região, como Chicken Nanban (frango mergulhado em vinagre doce) e o Hiyajiru (sopa fria), pode-se saborear a culinária japonesa com ingredientes frescos da estação, como no almoço servido em Obi Hattori-Tei, a 40 minutos de carro de Aoshima. O restaurante funciona diariamente, das 11h às 14h, em uma propriedade centenária e a cidade é conhecida por abrigar casas de samurais bem preservadas.

 

Almoço servido em Obi Hattori-Tei com ingredientes locais – foto Rose Oseki

 

Sheraton Grande Ocean Resort
Hamayama, Yamasakicho, Miyazaki 880-8545, Província de Miyazaki.
Diárias a partir de R$ 1.250,00.

*A editora de arte viajou a convite do governo de Miyazaki

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1 Comentário

  1. Sheila Maria

    Lugar lindíssimo. Estou visitando esse lugar belíssimo que é o Japão, estive em Okynawa, lugar mto lindo. Não vou ter tempo de ir a Miyazaki,vai ficar para a próxima visita que espero ser mto breve. Agradeço a Deus pela oportunidade de ter vindo nesse lugar abençoado por Deus.

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