Artista múltipla, Vera Holtz estreia a peça “Ficções”, em São Paulo, e fala de projetos no cinema para o novo ano

Artista múltipla, Vera Holtz estreia a peça “Ficções”, em São Paulo, e fala de projetos no cinema para o novo ano

Dona de uma capacidade criativa impressionante e multiplataforma há muito tempo, a atriz Vera Holtz estreia a peça “Ficções” na capital paulista e não descarta as inúmeras possibilidades do acaso e da intuição em sua recheada carreira

Sobre um palco iluminado, ao som imponente de um único violoncelo, Vera Holtz se permite assumir qualquer forma. Ali ela vira bicho. Vira planta. Vira objeto de cena, matéria-prima teatral, ferramenta do espetáculo. Canta, recita, seu corpo e sua voz em movimento, ressoando. “Nessa artesania preciosa que é o teatro, sou um instrumento”, explica a atriz, que hoje investe toda sua versatilidade em cena, na peça “Ficções”, em cartaz no Teatro FAAP, em São Paulo. Com texto e direção de Rodrigo Portella, o monólogo livremente inspirado no best-seller “Sapiens – Uma Breve História da Humanidade”, de Yuval Noah Harari, propõe reflexões a respeito da evolução humana e suas ilusões. “Aqui versamos sobre a capacidade do ser humano de criar e crer, além das consequências, nas ficções que cria.”

Vera Holtz - Foto Ale Catan

Vera Holtz – Foto Ale Catan

 

Com 69 anos de idade e quase 50 de carreira, Vera bem entende dos poderes de uma força criativa pulsante. Nascida e crescida nas bordas de Tatuí, no interior de São Paulo, fez de sua capacidade imaginativa uma plataforma propulsora. Aos 20 anos, pôs a casa e o acaso na mala e se mudou para a capital. Formou-se nas Artes Plásticas, Dramáticas e nas da reinvenção. De lá para cá, adicionou 55 peças teatrais, 28 filmes e 40 produções televisivas no currículo, viveu personagens icônicas em telenovelas premiadas e angariou seus 1,2 milhão de seguidores no Instagram, na pele da “Vera Viral”, uma “entidade criativa, fotográfica e crítica que se apropria das redes como forma de expressão”. Em fotografias superproduzidas de cunho crítico, reflexivo e incrivelmente cênico, ela parece instituir às redes o teatro estático. “É como se fosse um único frame de uma esquete que a minha intuição me pede para apresentar ao público.”

Nesta entrevista exclusiva à 29HORAS, Vera recordou sua infância no interior, refletiu sobre o futuro da humanidade e de suas ficções – estejam elas dentro ou fora das telas –, elucubrou sobre o papel das redes sociais na opinião pública e deu detalhes sobre suas futuras produções. Confira a seguir trechos dessa conversa:

Foto Ale Catan

Foto Ale Catan

 

Você nasceu e cresceu em Tatuí; depois, se mudou para a capital; e, agora, flui entre SP e Rio. Que memórias você carrega dessa infância no interior? Há algo de Tatuí que permanece na Vera cosmopolita de hoje? Onde, hoje, se sente em casa?
Nasci e cresci entre Tatuí, Pereiras e municípios adjacentes, na década de 1950, filha da geração criativa e combativa do pós-guerra. Minhas memórias no interior são de absoluta liberdade. De sair para lavar roupa com as lavadeiras, tirar leite da vaca, comer toda fruta direto do pé. Ali aprendi tudo que sei sobre a natureza humana e o meio ambiente, naquela aldeia de ascendência italiana onde todos tinham autonomia para me criar e me instruir. Dali, aos 20 anos de idade fui para São Paulo estudar Artes Dramáticas na USP e depois segui para o Rio, onde consolidei meus contatos profissionais e minha carreira. Hoje, fluo entre todos esses pontos e percebo que esse espectro de moradia é muito amplo para mim. Eu moro em todo lugar que me acolher e me permitir criar conexões. Tenho lares em todo canto. Mas dos 60 para cá, tenho sentido aquela profecia mitológica se concretizando: dizem que os elefantes sempre voltam às origens, e eu me percebo nessa fase, de retorno.

Quando a arte entra na sua vida?
Desde cedo, eu e minhas quatro irmãs aprendemos música, no Conservatório de Tatuí. Eu estudava piano com a tia Rita, que também era professora de canto lírico, e tio Rolf, pintor de natureza morta, me incentivou a amar as Artes Plásticas. O teatro veio me capturar depois.

Por falar em teatro, você acaba de estrear em São Paulo a peça “Ficções”, inspirada no livro “Sapiens”, de Yuval Noah Harari. Como surgiu o convite para essa produção? Você já tinha contato com essa obra?
Já conhecia o livro e presenteei muitas pessoas com ele. Muito me encanta poder refletir sobre essa capacidade do ser humano de criar e crer no que cria – e sobre como isso pode influenciar o comportamento de gerações, e criar obstáculos à nossa evolução. Quando Rodrigo Portella, o diretor e roteirista, me convidou, ele não tinha nada planejado, só sabia que queria uma mulher, um Sapiens fêmea, para contar essa história e provocar essa reflexão. Aceitei de cara.

Aliás, aproveitando o ensejo da peça: a que rumo caminha a humanidade? A quais ficções estamos submetidos hoje?
Tudo que nos cerca, e não é natureza, é ficção, criação do ser humano. Religiões, leis, idiomas, o nome de todas as coisas e todas as ideologias: são todas ordens imaginárias que criamos e em que cremos coletivamente. Acredito que, hoje, estamos em um momento de ruptura. No caminho para transformação de vários dos nossos sistemas de crenças. Não sei ao certo a qual destino esse caminho nos levará, mas creio que a evolução é o motor.

Vera reproduz cenas da peça "Ficções", com direção de Rodrigo Portella - Foto Ale Catan

Vera reproduz cenas da peça “Ficções”, com direção de Rodrigo Portella – Foto Ale Catan

 

Você já antecipou que, logo após “Ficções”, pretende partir para mais um projeto no teatro: uma peça-adaptação da obra “Finnegans Wake”, de James Joyce. Como você escolhe as peças e os papéis aos quais se lançará?
Por incrível que pareça é minha intuição quem escolhe. Antes de tomar qualquer decisão, eu sempre peço um tempo para sentir o que aquele trabalho espera de mim e se é realmente de mim que ele espera algo. Sou flexível, porém rigorosa. Gosto de receber a proposta e deixá-la em efervescência. Se essa obra permanecer reverberando dentro de mim nos dias que se seguirem, eu sei que devo acolhê-la. Se ela não se fixar, prefiro deixá-la ir. E não há problema algum nisso. Os papéis têm vida própria. Se eu não os puder vestir, eles vão caber em outro alguém. Há tantos talentos neste país!

Aliás, de Mãe Lucinda (em “Avenida Brasil”) a Candê (em “Passione”), são muitas as faces que você vestiu ao longo desses mais de 40 anos de carreira. Você costuma pegar para si características das personagens que interpreta? De que forma essas ficções se unem para compor a Vera real?
Na realidade, acho que ao invés de me emprestarem características ou comportamentos específicos, as personagens que vivo me expandem. Existem infinitas possibilidades de dinâmicas emocionais a serem atingidas pelos seres humanos, que vão desde a depressão profunda até a euforia. Eu sinto que meu trabalho me permite fluir por essa linha, em todos os seus níveis e espectros. Cada persona me exige um estado psíquico, social, filosófico e técnico diferente, e, através dela, vou expandindo meu repertório humano – afinal, a humanidade é a matéria-prima do meu trabalho. Em “Mulheres Apaixonadas” (2003), por exemplo, vivi a Santana, uma mulher alcoolista, que tinha que lidar com a solidão de seu vício e tudo que derivava dele. Em “A Lei do Amor” (2016), tomei a pele de uma assassina, e precisei mergulhar em seu interior para racionalizar o que motivava seus crimes. No fim, minhas personagens são um exercício de empatia tremendo. Acho que esse é o grande legado que elas deixam para a Vera daqui de fora.

Nos últimos anos, você também se destacou por sua atividade nas redes sociais. A Vera Viral foi um hit! Como e por que surgiu esse projeto? De onde vêm as inspirações para essas criações?
A Vera Viral é uma entidade própria, que age em seu próprio tempo e à sua própria ordem e gosto. Eu não mando nela, ninguém manda. Ela aparece quando a intuição pede, quando uma ideia vem, quando uma imagem se forma na minha cabeça e eu preciso que ela seja expandida para além de mim, nas redes sociais. Aliás, ela nasceu nas redes e quer permanecer ali. Ela não produz a todo momento, não segue a lógica da correria que a internet quer impor. Nela, encontrei uma forma de colocar em prática toda a capacidade criativa que deixo guardada aqui desde a faculdade de artes plásticas. As inspirações? Elas vêm do mundo, do noticiário, das ruas, de quem está ao meu redor. Nunca sei quando e como essa personalidade vai se expressar, ela só aparece. Acho que é por isso que ela fez tanto sucesso. Por isso e pela nossa produção primorosa, que fica a cargo dos talentosíssimos Renato Santoro (o fotógrafo), Charles Asevedo e Evaldo Mocarzel, que é quem titula as obras.

 

Produção fotográfica da "Vera Viral" no Instagram - foto reprodução | Instagram

Produção fotográfica da “Vera Viral” no Instagram – foto reprodução | Instagram

 

Na sua opinião, como as redes sociais ajudam – ou atrapalham – o trabalho de um artista hoje?
Mais que um obstáculo ou uma dádiva, as redes sociais são, para mim, uma forma de se ler o mundo. Assim como um livro, um telejornal ou uma novela, a internet é uma janela para a realidade. E das poderosas, pois condensa todo tipo de gente, todo tipo de informação e todo tipo de crença. As redes sociais criam contratos de pensamento para além da realidade – veja as ficções de Harari aqui, novamente (risos) –, que influenciam, sim, a arte e o trabalho dos profissionais da área. Não podemos nos manter alheios a isso. Hoje não se lê mais tanto quanto antes: preferem-se os caracteres rápidos. Também não se tolera muito a monotonia: é preciso que os diretores audiovisuais escrevam capítulos mais dinâmicos, pensem em enquadramentos mais atrativos e desenvolvam conteúdos mais cativantes ainda. A arte tem se adaptado a esse novo combinado social e seguido seu rumo.

E quanto à TV? É um desejo voltar às telinhas? Aliás, como você tem percebido o mercado televisivo com a chegada dos streamings? Para você, qual é o futuro das telenovelas nacionais?
Para ser bem sincera, o que tenho engatilhados são trabalhos cinematográficos, já em vias de lançamento. Em fevereiro, sai pela Roseira e pela Kinossaurus Filmes, “Tia Virgínia”, um longa com direção de Fabio Meira, que encabeço ao lado de Louise Cardoso e Arlete Salles. Mais para frente, também lanço com a O2 Filmes o documentário ficcional “Quatro Irmãs”, de Evaldo Mocarzel. Aqui, revivemos a história da minha família, nos arredores de Tatuí. Quanto ao retorno às novelas, não sei ao certo quando virá – mas também não acho que esse tipo de narrativa esteja fadada ao esquecimento. Na verdade, sinto que o mercado se beneficiou bastante com a chegada do streaming e seus formatos inovadores, que podem muito bem ser aplicados à TV aberta. Vejo que as novelas, clássicas, como conhecemos, nunca morrerão. Tivemos aí “Pantanal”, uma produção tão diferenciada, com seu próprio ritmo narrativo, que conquistou o Brasil justamente por essa pureza e liberdade. Para mim, enquanto houver alguém criando e disposto a se dedicar às novelas, elas resistirão, com público cativo.

Bom, e depois de tantos trabalhos renomadíssimos, papéis inesquecíveis e prêmios, o que Vera ainda sonha realizar?
Eu nunca fui uma pessoa de criar expectativas. Acho a coisa mais linda quem tem seus sonhos da vida. Mas eu nunca fui assim. Sou uma pessoa motivada. Quando algo vem a mim, mergulho por inteira naquilo, no presente. Não me atrai pensar no amanhã. Estou sempre aqui e agora. O acaso me basta.

Inaugurado há cem anos, o hotel Belmond Copacabana Palace terá ao longo de 2023 uma série de festas e eventos

Inaugurado há cem anos, o hotel Belmond Copacabana Palace terá ao longo de 2023 uma série de festas e eventos

O Hotel Copacabana Palace completa um século de existência com passagens de hóspedes célebres, e começa a divulgar uma intensa programação de eventos gastronômicos e culturais idealizados especialmente para a memorável celebração de seu centenário

Existem grandes hotéis. Muitos. E existem ícones da hotelaria. Poucos. O Copacabana Palace pertence a esse segundo grupo. Além de 239 lindos quartos, suntuosos salões de festa, duas magníficas piscinas e três fantásticos restaurantes, o Copa tem uma herança histórica e uma alma única. Lá, se hospedaram reis da Inglaterra, da Espanha e da Bélgica, entre outros tantos. Foi ali, em 1928, que o presidente Washington Luís foi baleado pela marquesa italiana Elvira Maurich, que supostamente era sua amante. Barack Obama, Nicolas Sarkozy e Nelson Mandela tiveram passagens mais tranquilas.

Fachada Copacabana Palace – Foto Kike Martins da Costa

 

Foi num guardanapo do hotel que Walt Disney criou o Zé Carioca. Em seus palcos, cantores como Maurice Chevalier, Marlene Dietrich e Nat King Cole se apresentaram. Foi lá também que Fernanda Montenegro fez sua estreia numa montagem teatral, em 1950. Naquela piscina nadaram a discreta Lady Di (bem cedinho, para não ser fotografada pelos paparazzi) e a desinibida Janis Joplin, pelada, sem se importar com quem por acaso a estivesse observando.

Foi em um dos corredores do hotel que a diva dos musicais de Hollywood Ginger Rogers ensinou novos passos de dança ao playboy Jorginho Guinle, herdeiro da família que construiu aquele monumento. E foi também ali que popstars como Madonna, Justin Bieber e Paul McCartney se acomodaram quando visitaram o Brasil. Rod Stewart destruiu vários objetos de sua suíte ao jogar futebol com seus coleguinhas após uma noite de bebedeira.

 

Janela do Copacabana Palace - Foto Edgardo Contreras/divulgação

Janela do Copacabana Palace – Foto Edgardo Contreras/divulgação

 

Mais comportados, os Rolling Stones fixaram residência no hotel durante uma de suas turnês pela América Latina. Iam tocar em Santiago e voltavam para o Rio. Iam para Lima e retornavam ao Copa. Se apresentavam em Buenos Aires e rapidinho regressavam às suas suítes de frente para a orla carioca. Ao partirem de volta a Londres, a mulher do guitarrista Ron Wood levou a cama do hotel, que para ela era a melhor do mundo!

Outro artista que veio e ficou foi o cantor e compositor Jorge Benjor. Depois que sua casa foi inundada por uma dessas chuvas torrenciais que vêm assolando o Rio de Janeiro, ele se instalou na torre de apartamentos conhecida como “Anexo” no início de 2020 e de lá nunca mais saiu, até hoje.
Tem coisas que só acontecem no Copacabana Palace!

O hotel em 1930, na então longínqua praia de Copacabana - Foto reprodução

O hotel em 1930, na então longínqua praia de Copacabana – Foto reprodução

 

A história do hotel começa por volta de 1919, quando os empresários Octávio Guinle e Francisco Castro Silva atendem a uma solicitação do então presidente Epitácio Pessoa, que desejava um grande hotel na então capital do país, para receber o grande número de convidados e visitantes da Exposição do Centenário da Independência do Brasil, um evento de dimensões internacionais a ser realizado na Esplanada do Castelo, em 1922. Para a execução do projeto, foi contratado o arquiteto francês Joseph Gire, que se inspirou em dois famosos hotéis da Riviera Francesa: o Negresco, de Nice, e o Carlton, de Cannes.

O edifício, com fachada sóbria e imponente, foi inaugurado apenas em 13 de agosto de 1923, quase um ano depois da Exposição, por causa das dificuldades na importação de mármores italianos e cristais tchecos, além do atraso na execução das suas fundações e dos danos causados por uma violenta ressaca que, em 1922, praticamente destruiu a Avenida Atlântica. A inauguração teve show da vedete francesa Mistinguett.

Durante anos, um cassino funcionou no térreo do hotel, mas em 1946 o presidente Eurico Gaspar Dutra proibiu o jogo no país. O cassino foi transformado em uma casa de espetáculos, e o hotel passou por uma ampla reforma. Foi quando surgiram a pérgula lateral e o chamado “Anexo”, nos fundos.

Com a transferência da sede do governo federal para Brasília, em 1960, o hotel entrou numa fase de lenta decadência. Em 1985, sua demolição chegou a ser cogitada, mas o Copacabana Palace acabou tornando-se patrimônio histórico, sendo tombado nas esferas federais (Iphan), estadual (Inepac) e municipal (Sedrepahc).

 

Copacabana Palace-Noble Room - Foto Divulgação

Copacabana Palace-Noble Room – Foto Divulgação

 

Em 1989, a família Guinle vendeu-o ao grupo Orient-Express, que deu início a um processo de reabilitação do hotel, adequando o ultrapassado empreendimento a alguns padrões internacionais. Em 2015, o grupo Orient Express agrupou seus espetaculares hotéis espalhados pelo mundo (como o londrino Cadogan, o madeirense Reid’s Palace e o Splendido, de Portofino, na Riviera Italiana) sob a bandeira Belmond, e assim o Copa passou a ser chamado oficialmente de Belmond Copacabana Palace. No final de 2018, a rede Belmond foi adquirida pelo conglomerado de luxo LVMH, dono de poderosas marcas globais como Dior, Givenchy, Fendi, Louis Vuitton, Marc Jacobs, Moët Chandon, Dom Pérignon, Guerlain, Tiffany & Co. e TAG Heuer.

Hoje, prestes a completar 100 anos, o hotel voltou aos seus dias de glória. O Belmond Copacabana Palace não é apenas um hotel, é um destino. A cada dia, o lugar se consolida como ponto de encontro e como hub gastronômico e cultural. Nenhum outro hotel da América Latina possui dois restaurantes com estrelas Michelin – caso do italiano Cipriani e do pan-asiático Mee.

Segundo o general manager do hotel, Ulisses Marreiros, o Copacabana Palace envelheceu bem, sabendo se modernizar, mas sem se descaracterizar e sem perder seu charme vintage e sua brasilidade genuína. “Um hotel é feito de pessoas. E a nossa equipe – modéstia à parte – é maravilhosa. É graças ao trabalho de todo nosso time de colaboradores que hoje somos considerados um símbolo do Rio, um monumento que reflete o espírito vibrante da cidade”, avalia.

E, para marcar esse centenário, várias celebrações e novidades estão programadas para o ano de 2023. Em fevereiro, por exemplo, o tradicional Baile da Copa terá como tema “O Túnel do Tempo”. Nessa viagem, os convidados serão levados ao passado e ao futuro em uma festa que promete ser simplesmente estonteante.

Quarto da Penthouse Ocean View Suite, com vista para a Orla de Copacabana – Foto Edgardo Contreras/divulgação

 

Em junho, o novo sistema de luzes vai deixar o Copa ainda mais majestoso à noite, graças ao trabalho de uma empresa inglesa de lightning design especializada na iluminação de monumentos pela Europa. Ao longo do ano, o Teatro Copacabana Palace – que ficou fechado de 1994 a 2021 – receberá peças de grandes nomes das artes dramáticas brasileiras.
O Cipriani e Mee terão jantares preparados por chefs de renome internacional, convidados especialmente para a celebração do centenário, como o peruano Virgilio Martinez, do premiado Central, de Lima, que figura no topo de todos os rankings de melhores restaurantes da América Latina. E, para quem gosta de festa, o mítico Bar do Copa será ressuscitado em quatro noites exclusivas, reunindo os melhores DJs e mixologistas do país. Por fim, em agosto o tapete vermelho será estendido para a realização de um evento cinematográfico. O hotel está preparando uma festa de arromba para os cariocas, cheia de surpresas.

No Copacabana Palace é assim: um dia é de celebração à vida, e o outro também! A propósito, o título desta matéria é uma referência a isso e também à biografia de Jorginho Guinle, lançada em 1997 e intitulada “Um Século de Boa Vida: Memórias de um Brasileiro Que Nunca Trabalhou”.

Para conhecer esse templo da hotelaria de luxo, acesse www.belmond.com e faça a sua reserva. As diárias variam de R$ 2 mil a R$ 14 mil, de acordo com a data e a categoria da acomodação. Pode parecer muito, mas momentos memoráveis não têm preço. Vale aquele ditado: “as melhores coisas do mundo não são coisas”.

Estela Farina, da Norwegian Cruise Line, fala das perspectivas para a temporada 2023 de cruzeiros

Estela Farina, da Norwegian Cruise Line, fala das perspectivas para a temporada 2023 de cruzeiros

O ano se inicia com uma temporada de cruzeiros turbinada, fortalecendo roteiros que passam pela costa brasileira, e que promete injetar bilhões na economia nacional. À frente da Norwegian Cruise Line no Brasil, Estela Farina espera ainda mais entretenimento a bordo e hóspedes que priorizam espaço e qualidade gastronômica

Até 20 de abril, mais de dez enormes navios de cruzeiros farão roteiros pela costa brasileira, com viagens partindo dos portos de Santos, Rio de Janeiro, Salvador, Maceió e Itajaí. Esta temporada de cruzeiros no Brasil pode ter recorde de passageiros, de acordo com estimativas da Associação Brasileira de Navios Cruzeiros – braço da Cruise Lines Internacional Association (CLIA).

As expectativas ultrapassam os patamares da temporada 2019/2020, última antes da pandemia, quando 470 mil passageiros passearam pelas águas brasileiras. A alta, na comparação, será de 43%. Segundo projeções do Ministério do Turismo, cerca de R$ 4 bilhões serão injetados na economia nacional. Além das embarcações de cabotagem, que ficam mais de um mês atracadas, o país receberá também 35 embarcações que saem de destinos internacionais, param no Brasil e seguem seus itinerários.

 

Navio Norwegian Prima - Foto Susan Seubert e NCL | divulgação

Navio Norwegian Prima – Foto Susan Seubert e NCL | divulgação

 

A Norwegian Cruise Line (NCL) é uma dessas companhias que incluem a costa brasileira em seus roteiros. O grupo estadunidense promove cruzeiros durante todo o ano e navega seus 18 navios nos muitos mares do mundo, deslocando parte da frota para o verão europeu e, da mesma forma, quando a navegação não é possível nos meses de inverno da Europa, os navios vão para o Caribe ou para outros destinos.

Em janeiro e fevereiro, a frota da NCL navega o Caribe, Bahamas (onde a companhia tem uma ilha particular), Belize, Canal do Panamá, Costa Oeste dos EUA e Riviera Mexicana. Neste verão, os navios Norwegian Prima e Norwegian Star passam pelo Brasil. O Star, por exemplo, parte de Buenos Aires para o Rio de Janeiro, numa viagem de 7 dias, e no Rio inicia seu retorno à Europa, em um itinerário que inclui ainda Salvador e Fortaleza, antes de cruzar o Atlântico rumo a Lisboa.

 

Estela Farina – Arquivo NCL. Foto divulgação

 

Mercado estratégico para o turismo internacional – dinâmico na geração de renda e de emprego para brasileiros e em todo o planeta – o setor de cruzeiros foi duramente afetado pela pandemia. Após a tormenta, enfim é possível navegar em mares mais calmos e muito promissores. “O cruzeirista estava – e ainda está – ávido por voltar a singrar os oceanos”, analisa Estela Farina, diretora geral dos escritórios da Norwegian no Brasil. Ela compartilha sua visão sobre a retomada dos cruzeiros, o perfil do novo viajante e as expectativas para 2023 em conversa com a 29HORAS, que você confere a seguir:

A Norwegian Cruise Line navega durante todo o ano. Assim, não há exatamente essa noção de “temporada”, como ocorre nos cruzeiros de verão na costa brasileira. Quais são os principais desafios dessa operação contínua? Como inovar e surpreender os passageiros nesse contexto?
Os roteiros e destinos dos cruzeiros estão muito ligados às condições climáticas e condições de navegação. Portanto, mesmo não ocorrendo uma temporada no Brasil, nos preparamos para as temporadas de Europa e Alasca, que acontecem entre abril e outubro de cada ano. E no período em que ocorrem os cruzeiros no Brasil, nós oferecemos uma temporada cheia de opções. Há uma grande variedade de roteiros pelo Caribe com embarque desde Miami, Nova York, Porto Canaveral, Tampa ou Galveston. Há ainda roteiros pela América do Sul (Patagonia e Antártica) e pela África do Sul, pela Australia e Nova Zelândia e ainda Ásia. Nosso desafio é sempre o de criar itinerários alinhados com o desejo de nossos hóspedes e é, por isso, que anualmente incluímos novas rotas e novos portos em nossa programação.

Lançado em agosto de 2022, o Norwegian Prima é o novo navio de cruzeiro mais espaçoso do setor, com maior área de convés ao ar livre e acomodações amplas. Menos passageiros e mais espaço estavam entre as demandas dos clientes? Qual é o perfil do passageiro do Norwergian Prima?
O Norwegian Prima oferece ambientes mais abertos e espaços mais exclusivos. Um maior contato com o mar, e a sensação gostosa de estar mais próximo à natureza. E essa é a experiência que os hóspedes vêm buscando. Mesmo acomodando um pouco mais que 3 mil pessoas, há sempre um espaço aconchegante. Vale comentar que um navio com o tamanho do Norwegian Prima poderia acomodar mais de 4 mil pessoas, mas a escolha foi oferecer cabines espaçosas. Nossos cruzeiros atendem perfeitamente famílias, casais ou viajantes solo que buscam uma excelente gastronomia e um serviço amigável e eficiente.
E para quem busca mais exclusividade, ainda que em um grande navio com muitas opções gastronômicas e de entretenimento, há a área The Haven, que é onde se localizam as nossas suítes. Ali, é oferecido também piscina, restaurante e área de spa exclusivos para quem estiver acomodado nessa categoria premium, além de serviço de mordomo e concierge.

Serviço de spa disponível nos cruzeiros - Foto Susan Seubert e NCL | divulgação

Serviço de spa disponível nos cruzeiros – Foto Susan Seubert e NCL | divulgação

 

De dezembro a março, o Norwegian Star viaja pelo sul do continente americano e retorna à Europa, visitando vários portos brasileiros no caminho. Qual é a importância de destinos no Brasil para o público da Norwegian?
Para o público estrangeiro, a grande atração é poder conhecer um pouco do nosso país e, para o Brasil, a vantagem de se abrir para um público de cruzeiristas que não tem a oportunidade de visitar nossa costa em viagens regulares, durante todo o ano, como acontece no Caribe, por exemplo.

Entre os clientes brasileiros, quais rotas são as mais buscadas, o que o passageiro do Brasil mais procura nos cruzeiros?
Para 2023, estamos observando uma grande procura por roteiros que visitem Ilhas Gregas e roteiros pela Europa em geral, seja pelo Mediterrâneo ou pelo Adriático ou Mar do Norte. Também há uma busca crescente por roteiro pela Islândia, e Alasca e Havaí são itinerários do desejo de muitos.
Os brasileiros apreciam a experiência que oferecemos, que significa mais flexibilidade e escolhas, como as muitas opções de restaurante e a possibilidade de o hóspede decidir onde, quando e com quem terá suas refeições, por exemplo, além de todo o entretenimento a bordo, que inclui até pista de kart de três andares.

 

Pista de kart a bordo e área premium The Haven, também no Prima - Foto NCL | divulgação

Pista de kart a bordo e área premium The Haven, também no Prima – Foto NCL | divulgação

 

A pandemia impactou fortemente o setor. Passada a crise, quais aprendizados ficaram para a Norwegian? Alguns protocolos e procedimentos iniciados naquele momento permanecem nos navios?
Os cruzeiros, no geral, sempre tiveram um padrão altíssimo de higiene a bordo e que foi ainda mais intensificado naquele período. Passamos a agilizar o processo de check in que trouxe mais rapidez e conforto no embarque. Toda a nossa frota teve filtros Hepa instalados em todo sistema de ar-condicionado e as enfermarias a bordo foram ampliadas. Esses filtros eliminam 99% dos virus e bactérias no ar. Além disso, vários navios foram renovados durante a pandemia, assim como a gastronomia de bordo, que foi aprimorada. A renovação é percebida em todos navios da frota.

Como foi a retomada para a companhia? 2022 trouxe números favoráveis?
Foi um marco e um grande desafio. Mas também muito emocionante. Ficamos 500 dias com toda a frota parada, o que na época significava 27 navios das três marcas, sendo 17 navios da Norwegian Cruise Line. Em julho de 2021, iniciamos uma retomada com o primeiro cruzeiro saindo de Atenas. Tive a oportunidade de testemunhar esse retorno a bordo. Ver toda a tripulação emocionada e feliz, além de funcionários de vários escritórios, foi um evento realmente inesquecível! O cruzeirista estava, e ainda está ávido por voltar a singrar os mares.
A partir de julho de 2021, mensalmente um ou dois navios foram voltando à operação até que todos estivessem ativos. Isso se deu em maio de 2022, com um roteiro pelo Tahiti. E, na sequência, em agosto, inauguramos o belíssimo Norwegian Prima, que foi mais um importante marco para a companhia.
Esse foi o primeiro navio a ser batizado na Islândia, um destino tão especial, e por uma popstar tão querida em todo o planeta, a Katy Perry!

 

Rumo à Antártica

O Norwegian Star tem 294 metros de comprimento e capacidade para 2348 passageiros. Recém-reformado, o navio passou por melhorias em suas cabines, espaços públicos, restaurantes, bares e salões. Até março, o navio fica no sul do continente e retorna à Europa. São nove viagens na temporada 2023, duas percorrem o extremo sul da América visitando a Patagônia argentina e os fiordes chilenos cruzando o estreito de Magalhães, vindo de Buenos Aires em dezembro de 2022, e no roteiro inverso, partindo de Santiago para a capital argentina, neste mês. Depois, o Norwegian Star faz viagens de 14 dias que incluem a Antártica, passando pelas belas vistas de Deception Island e Elephant Island, a noroeste da península, retornando para a capital argentina.

 

Foto divulgação