Milton Nascimento se despede dos palcos com turnê “A Última Sessão da Música”
A última turnê do maior carioca mineiro, Milton Nascimento, passará pela Europa, pelos Estados Unidos e pelo Brasil, mas sua música jamais cessará
Milton Nascimento, uma das vozes mais lindas e celebradas do Brasil, está se despedindo dos palcos! Bituca completa 80 anos em outubro deste ano e saiu em turnê mundial com o espetáculo “A Última Sessão de Música”. Neste momento em que escrevo, ele está pela Europa. A ideia de sair pelos palcos da vida foi de seu filho Augusto Kesrouani Nascimento, que também criou um vídeo lindo em que o cantor e compositor nos convida para essa “travessia”, vestido com uma belíssima peça do estilista Ronaldo Fraga (foto).
O público atendeu ao chamado com entusiasmo, os ingressos já estão esgotados em Belo Horizonte, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Afinal, são décadas de sucessos, décadas fazendo a trilha sonora da vida de tanta gente.
Milton viaja com uma banda primorosa e com aquele repertório de clássicos que todo mundo quer ouvir. Carrega em si uma vida longa dedicada à música. São 42 discos lançados, o primeiro em 1967, além de parcerias internacionais com Wayne Shorter e Quincy Jones, cinco prêmios Grammy e canções gravadas por vozes do mundo inteiro que, aqui no Brasil, começaram por Elis Regina: “Cais”, “Vera Cruz”, “Canção do Sal”, entre outras maravilhas.
Ganhou um acordeão da avó quando muito criança e, aos 13 anos, já era crooner de orquestra de baile em Minas Gerais. Wagner Tiso, compositor, arranjador e pianista, foi seu grande parceiro de viagens e bailes nesse começo. Em 1972, com uma turma de jovens mineiros geniais fez o clássico “Clube da Esquina”, trabalho que está sempre nas listas de melhores discos feitos no Brasil.
Bituca nasceu no Rio de Janeiro, mas foi criado em Minas e é de lá que vem a inspiração primeira para sua música – é mineiro de coração e alma. Duvido muito que você que me lê não conheça essa obra, mas eu gostaria de indicar aqui dois discos que adoro e são menos falados. O primeiro é “Native Dancer”, com o saxofonista Wayne Shorter e lançado em 1975. Tem Robertinho Silva e Airto Moreira na bateria e na percussão, Wagner Tiso e Herbie Hancock nos pianos e teclados, e Milton na guitarra. Esse disco levou o repertório do cantor aos ouvidos de Esperanza Spaldin, uma baixista contemporânea maravilhosa e apaixonada por música brasileira.
O outro é “Yauaretê”, de 1987. O nome do disco veio do pequeno poema que Tom Jobim escreveu para Bituca: “Meu Yauaretê Pixuna, minha onça verdadeira. Você é o rei da floresta, da mata brasileira. Meu taquaraçu de espinho, meu carioca mineiro. Meu amor e meu carinho, uirapuru verdadeiro. O amador de passarinho”. O álbum traz lindas canções e as participações do Uakti e dos amigos do jazz que já estiveram com ele no Native Dancer.
Salve Milton! Da música, ele nunca se despede.
Ouça no Spotify a playlist by Patricia Palumbo no 29HORAS Play: link da playlist.
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