Lenny Kravitz traz sua turnê mundial a São Paulo neste mês, em show único no Allianz Parque

Lenny Kravitz traz sua turnê mundial a São Paulo neste mês, em show único no Allianz Parque

Lenny Kravitz traz a Blue Electric Light Tour 2024 para o Brasil, segue afirmando seu amor pelo Brasil e multiplica suas expressões artísticas em diferentes áreas, como fotografia, moda e negócios

Considerado um dos músicos de rock mais proeminentes, estilosos e cheios de atitude da atualidade, Lenny Kravitz transcendeu gênero e estilo ao longo de uma carreira musical que já dura mais de três décadas e acumula incríveis 40 milhões de discos vendidos. Depois de passar pela Europa e pelos Estados Unidos, ele agora traz a Blue Electric Light Tour 2024 para o Brasil, sendo o único show em São Paulo, em 23 de novembro, no Allianz Parque.

Sem se apresentar na capital paulista desde 2019, quando subiu ao palco do Lollapalooza Brasil, Lenny apresentará ao público canções do recente álbum e clássicos que marcaram a sua trajetória. Liniker, Frejat e a cantora e compositora britânica Lianne La Havas farão os shows de abertura da noite. “Nós acabamos de finalizar o primeiro trecho da turnê, que aconteceu no verão europeu. Fizemos algumas alterações para os shows de Las Vegas [que aconteceu em 18 de outubro] e para a apresentação no Brasil. Estamos sempre evoluindo o formato e faremos pequenas mudanças no setlist”, antecipa.

 

foto Mia Ross

 

“Blue Electric Light” é o seu novo álbum – o décimo segundo da carreira – produzido durante a pandemia e lançado seis anos após “Raise Vibration”. O projeto é uma mistura potente de funk, rock e grooves sedutores, que materializam seu domínio do multi-instrumentalismo e da produção musical. “Vejo que a pandemia em si não influenciou a sonoridade do trabalho, mas me colocou em um único lugar por um longo período. Eu fiquei no meu estúdio nas Bahamas por dois anos e meio, rodeado por natureza e com um círculo de, no máximo, dez pessoas. Eu tinha natureza, paz e tempo. Então fiz três álbuns e ‘Blue Electric Light’ foi o que senti que tinha de lançar primeiro. Foi um tempo de muita criatividade, sem pessoas dizendo que eu tenho que estar em algum lugar específico ou marcando compromissos para mim.”

Mente aberta, corpo são

Lenny Kravitz nasceu em Nova York, em 26 de maio de 1964, e cresceu em um ambiente multicultural, sendo filho de uma atriz de ascendência bahamense e afro-americana, Roxie Roker, e de um produtor de televisão judeu, Sy Kravitz. “A minha maior influência e o que mais me impactou foi ter crescido em Nova York, nos anos 1970, com um pai e uma mãe que amavam arte. Eles me levavam para todos os lugares, como teatros, museus, locais de poesia, de música. Eu vi de tudo, de todos os lados e de todos os tipos. Foi uma verdadeira vantagem para mim!”, conta.

 

Lenny com seus pais em sua juventude – foto arquivo pessoal

 

Lenny celebra as influências de soul, rock e funk dos anos 1960 e 1970 em seus álbuns, além de tocar muitos instrumentos, como guitarra, baixo, bateria e piano – autenticidade e criatividade que o fizeram ganhar quatro prêmios Grammy. O músico ainda foi recentemente homenageado com o Prêmio Ícone da Música no People’s Choice Awards 2024 e foi indicado como integrante do Rock and Roll Hall of Fame 2024.

“Ser um multi-instrumentista me permite trabalhar sozinho ou com apenas mais uma pessoa. Craig Ross, por exemplo, é meu guitarrista, engenheiro de som e parceiro de estúdio. Na maioria das vezes, somos só nós dois no estúdio. Assim consigo fazer o meu som sem a necessidade de ter de explicar para os outros o que desejo comunicar”, afirma. “Eu me vejo como um pintor: tenho a tela e os sons dos instrumentos são como as cores. Tenho vários modelos de guitarras, baixos, baterias, teclados, aparelhos analógicos, eletrônicos, instrumentos clássicos e percussão. E todos eles ficam plugados na mesa de som, prontos para serem tocados. Então eu posso ir de um para o outro aleatoriamente. Eu tenho todas essas cores para pintar e expressar o que quero.”

Além dos destaques no meio musical, o cantor recebeu neste ano uma estrela na Calçada da Fama de Hollywood e foi reconhecido pelo CFDA (Council of Fashion Designers of America) com o prêmio Ícone da Moda por seu papel não apenas como um dos músicos mais respeitados do rock, mas também como uma grande influência no universo fashion. E ele está à frente da empresa criativa Kravitz Design Inc., que possui um portfólio interessante e diversificado, incluindo propriedades hoteleiras, projetos de condomínios, residências privadas e trabalhos para marcas lendárias de luxo como Rolex, Leica e Dom Pérignon. “Se em algum momento não estou fazendo música ou quero dar uma pausa, eu posso usar outros meios e ainda assim me expressar”, define.

 

Lenny Kravitz com sua estrela na Calçada da Fama, em Hollywood – foto Mathieu Bitton

 

Em 2022, ele lançou sua própria marca de bebidas ultra-premium, Nocheluna Sotol, um destilado feito em Chihuahua, no México, derivado da planta sotol. O artista ainda é autor do livro “Flash”, que reúne fotografias de sua autoria, que capturam a essência do que é ser uma estrela do rock que está constantemente sob os holofotes. Sua recente autobiografia, “Let Love Rule”, lançada em 2020, também o colocou na lista de best-sellers do jornal “The New York Times”. “Minha vida é toda sobre opostos”, ele escreve. “Preto e branco. Judeu e cristão. Jackson 5 e Led Zeppelin. Eu aceitei minha alma de Gêmeos. Eu a abracei. Eu a adorei. Yins e yangs se misturaram em várias partes do meu coração e da minha mente, me dando equilíbrio e alimentando minha curiosidade e conforto.”

O músico é o rosto global da colônia da grife Yves Saint Laurent Beauty e é embaixador global dos relógios de luxo Jaeger-LeCoultre. E ele se aventurou ainda no cinema em sucessos de bilheteria como “Jogos Vorazes” e em filmes aclamados pela crítica como “Preciosa” e “O Mordomo”.

Aos 60 anos e com uma alma tão versátil, Lenny Kravitz surpreende pela excelente disposição e forma física. Em publicações nas redes sociais, ele é elogiado por fãs em fotos e vídeos que mostram sua rotina de treinos na academia. Questionado constantemente sobre o assunto em entrevistas, Lenny reforça que a idade não importa, celebra por estar vivo e faz escolhas essenciais para manter sua energia em alta, como uma dieta vegetariana.

 

Lenny segurando seu prêmio no VMA 2024, em que ganhou na categoria “Melhor Canção de Rock”, com a faixa “Human” – foto divulgação

 

Brasilidades no coração

Os brasileiros são fãs de Lenny Kravitz e ele é fã do Brasil. “O amor pelo país veio das pessoas, da cultura, da música, da arquitetura, da Bossa Nova, do Tropicalismo… Eu tive a oportunidade de conhecer esses movimentos. Cresci amando a obra do Oscar Niemeyer, por exemplo”, conta. Esse sentimento criou raízes e o cantor adquiriu uma fazenda avaliada em R$ 12 milhões em Duas Barras, município no interior do Rio de Janeiro e terra natal do mestre do samba Martinho da Vila.

O astro da música produz alimentos vegetarianos de alta qualidade no local e tem uma suntuosa casa, com academia, piscina, piano de acrílico e até uma poltrona que pertenceu a Andy Warhol. Sem visitar a propriedade desde a pandemia, ele a disponibiliza em plataformas de aluguel de casas de luxo, com diárias na faixa dos R$ 18 mil.

 

O cantor em sua propriedade no Brasil – foto divulgação

 

“O Brasil é uma mistura de tudo o que eu amo, como a natureza e a sofisticação. Eu moro nas Bahamas, onde tem toda aquela natureza; e eu moro também em Paris, que é uma cidade super sofisticada e conhecida por sua arquitetura. O Brasil, da sua maneira, junta tudo isso em um só lugar. É um país colorido, além de ter uma diversidade enorme de paisagens, sabores e culturas. Então a Bahia não é igual a São Paulo; e São Paulo é diferente do Rio de Janeiro; enquanto o Rio não é como o Recife. Não importa aonde você vá, terá sabores diferentes. Eu amo as pessoas, o espírito e a terra brasileira!”, declara.

Joalherias impulsionam o crescimento do mercado da moda no país

Joalherias impulsionam o crescimento do mercado da moda no país

O mercado de joalherias de luxo cresceu 18% em 2022, atingindo o patamar de R$ 74 bilhões

Não é de hoje que as joalherias são parte percursora e motriz do segmento de luxo. Com a ascensão das redes sociais e a rápida digitalização das informações pós-pandemia, a comunicação de moda também despertou o interesse de diversos públicos sobre a joalheria, que enxergam as peças-desejo além de itens de moda, mas, principalmente, como um investimento a longo prazo.

 

Joia da marca brasileira Diamond Design – foto Luis Morais

 

De acordo com uma pesquisa realizada pela Bain & Company, o mercado da joalheria de luxo cresceu 18% em 2022, atingindo o patamar de R$ 74 bilhões. O público feminino com maior poder aquisitivo ainda é predominante no interesse e no consumo de peças clássicas e valiosas. Porém, é notável a propensão de mais homens investindo em joias neutras e com design sofisticado nos últimos anos.

Em uma era de tendências virais de moda que vão e vêm a todo tempo na internet, a geração Z, por exemplo, é influenciada a buscar por joias permanentes e personalizadas, sendo em maioria colares e pulseiras criadas de acordo com cada preferência. Singulares e práticas, essas pedras podem ser coringas para dar match com todos os estilos e momentos, transitando entre as tendências que já foram e as que estão por vir.

 

foto divulgação

 

E o Brasil é um dos maiores fornecedores de pedras naturais do mundo. A grande quantidade de gemas preciosas e semipreciosas em território brasileiro se deve à geografia e geologia vasta e privilegiada. Toda essa diversidade e extensão territorial atrai olhares do mundo para a nossa riqueza nacional. Por aqui, as pedras mais trabalhadas são as de diamantes ou esmeraldas, que lideram o ranking de vendas e preferência nessa categoria premium. Dentre as joias com um design mais exclusivo e maximalista, turmalina, topázio e quartzo estão entre as principais escolhas.

Com essa realidade à vista, o mercado de luxo vive o seu melhor momento e prevê um futuro ainda mais próspero, graças à internet. Apesar do efeito fluído das tendências de moda, fica evidente que as joias exclusivas e com design único permanecerão como um acessório que atravessa gerações e são o melhor investimento para os próximos anos.

 

 

*Ana Carolina Fontenele é designer e diretora criativa da Diamond Design

Peças feitas à mão valorizam a cultura e os designers locais e se destacam no mercado da moda global

Peças feitas à mão valorizam a cultura e os designers locais e se destacam no mercado da moda global

As marcas que trazem suas raízes em seu DNA são as que mais têm se destacado no cenário da moda nacional e internacional

Um dos movimentos mais interessantes a surgir na moda brasileira pós-pandemia é a ascensão de marcas e estilistas que colocam a brasilidade como principal identidade de estilo, seja pela temática ou pelo uso de manualidades ancestrais como crochê, rendas, bordados e cestaria.

A pandemia certamente atuou como aceleradora desse movimento de “olhar para dentro”, fazendo com que consumidores acostumados a viajar para o exterior para compras e diversão tivessem de satisfazer seus desejos no próprio país. No cenário global, ainda evidenciou o feito à mão, sobretudo no mercado de luxo, sendo uma resposta à homogeneização da produção em massa impressa pelo fast fashion.

 

Bolsa da Catarina Mina – foto divulgação

 

Essa valorização do handmade não se limitou apenas ao exímio trabalho de couro de maisons francesas como Hermès ou Louis Vuitton. Engloba também o trabalho têxtil da Colômbia, a cestaria africana e, claro, o crochê e as rendas do Nordeste do Brasil.

Nota-se também um desejo crescente na população em consumir histórias, e não somente peças de roupa. Marcas autorais, cujos estilistas possuem raízes no interior, têm sido especialmente bem-sucedidas nesse quesito e tornaram-se foco dentro do Nordestesse – em uma proposta de impulsionar esses criadores que reforçam a cultura nacional.

Fundamos o hub que cresce de maneira colaborativa junto aos designers para que as raízes de nossa terra sejam resgatadas, evidenciadas e valorizadas.

 

Camisa Imbira, da marca Foz – foto divulgação

 

Marcas nordestinas se saem muito bem, uma vez que a região foi o ponto de convergência entre europeus, povos originários e negros, formando o berço da nossa nação. Além de boa parte dos nossos saberes manuais ancestrais terem nascido no Nordeste, eles se mantiveram razoavelmente intactos porque a região não foi tão beneficiada pelo processo de industrialização, mantendo a população dependente de seus talentos manuais como forma de sustento.

As marcas que trazem suas raízes em seu DNA são as que mais têm se destacado no cenário da moda nacional – como a alagoana Foz e a cearense Catarina Mina, que debutou este ano no SPFW.

São marcas que abraçam o regional criando produtos de interesse global, sobretudo para os consumidores de alta renda, que podem se dar ao luxo de priorizar em seu guarda-roupa o feito à mão.

 

Daniela Falcão, fundadora da Nordestesse – foto Bruna Guerra

 

*Daniela Falcão é jornalista e fundadora da plataforma Nordestesse.

A estilista Julia Pak desponta no mercado de vestidos de noiva e peças feitas sob medida

A estilista Julia Pak desponta no mercado de vestidos de noiva e peças feitas sob medida

Com apenas 32 anos, a estilista Julia Pak acumula uma década de carreira no mercado de vestidos de noiva e peças feitas sob medida

Desde pequena, Julia Pak usava a moda como forma de expressão. De família asiática e natural de Vitória, no Espírito Santo, ela evoluiu da vontade de se disfarçar no meio da multidão para o desejo de usar roupas diferentes e ser autêntica. Naturalmente, decidiu trilhar o caminho da moda, formando-se na FAAP, em São Paulo. Mas foi um pedido inusitado, em 2014, que a fez recalcular a rota na área: fazer o vestido de noiva da sua prima. Com apenas 22 anos – e inspirada pela estilista Vera Wang –, a jovem topou o desafio e logo no casamento conseguiu a sua segunda cliente.

“Comecei tocando a marca aos finais de semana, na casa dos meus pais, até que o reality ‘Um Show de Noiva’, da E! Entertainment Television, me achou na internet e me lançou no mercado”, relembra. Logo em seguida, em 2016, criou o seu ateliê e tirou do papel o projeto de criar peças que abraçassem a diversidade de formas, curvas, tamanhos e medidas, e trouxessem representatividade para as mulheres. “Há dez anos, eu via amigas adotando dietas bizarras para caber no vestido de noiva. O mercado estava carente de uma marca que fizesse algo sob medida. Hoje consigo atender uma variedade enorme de corpos, incluindo clientes PCD”, explica a estilista, que também ganhou o reality show “Prova de Noiva”, do Discovery Home & Health Brasil, em 2019.

 

A estilista Julia Pak – foto Anna Quast e Ricky Arruda Fotografia

 

Com o aumento da procura, ampliou a equipe – formada apenas por mulheres –, alugou um sobrado na Bela Vista e, mais tarde, abriu sua loja na Rua Oscar Freire. “Eu queria que esse novo espaço nos Jardins pudesse ser uma extensão do nosso propósito da marca, que é feita para celebrar o espírito livre das mulheres e que pudesse valorizar o processo sob medida, sem padrões e sem regras”. Mas apenas três meses após a inauguração, veio a pandemia. Mesmo com todas as dificuldades do período, seguiu firme no propósito e lançou sua marca casual e sob medida, denominada “by Julia Pak”, em formato e-commerce. Foi por causa desse projeto que, em 2021, ela entrou na lista da Forbes Under 30. 

Em maio, a marca Julia Pak completa 10 anos com um currículo que inclui celebridades como a dupla Anavitória e Sandy – ela criou uma saia e o vestido de noiva que a cantora usa no filme “Evidências do Amor”, lançado em abril nos cinemas. A data especial será celebrada no evento Bridal Circular, que acontece no dia 23, na Casa Bovero, em Perdizes, e tem como objetivo incentivar a moda circular por meio da venda de vestidos de noiva criados e confeccionados no ateliê. “Quem busca uma peça assinada por mim sabe que terá algo único, atemporal, consciente, 100% brasileiro e que valoriza os profissionais por trás de cada bordado”, finaliza.

A estilista brasileira Patrícia Bonaldi é famosa por seus bordados artesanais e internacionaliza sua marca PatBO

A estilista brasileira Patrícia Bonaldi é famosa por seus bordados artesanais e internacionaliza sua marca PatBO

Há 20 anos trilhando um caminho de sucesso no mercado da moda, a estilista Patrícia Bonaldi preza pelo handmade e amplia a presença internacional de sua marca 

Já dizia Coco Chanel: “A moda passa, o estilo permanece”. De fato, somente aqueles que alcançam a atemporalidade conseguem escrever seu nome na história. Foi o que fez a icônica estilista francesa e é o caso da brasileira Patrícia Bonaldi. Com estilo único caracterizado pelos bordados artesanais, que são verdadeiras obras de arte, a mineira de Uberlândia tem apenas 43 anos de idade, mas já acumula mais de duas décadas na moda.

 

A estilista Patrícia Bonaldi – foto Léo Faria

 

Sua paixão pelo universo dos tecidos e costuras começou ainda na infância, porém o sonho ficou adormecido enquanto tentava se encontrar em outras áreas. Após um período de três anos no Japão – onde trabalhou em uma fábrica e aprendeu valores como disciplina, determinação e planejamento –, Patrícia retornou à sua cidade natal e, em 2002, deu seus primeiros passos como estilista, quando lançou sua marca homônima focada em vestidos de festa. 

Hoje, a empresária responde apenas por PatBO, marca de moda casual lançada em 2012 e que lapida seu nome no mercado internacional. Com a mesma excelência nos bordados e no handmade – em coleções amplas que incluem beachwear, jeans, casual e evening –, já tem 12 lojas próprias no Brasil e está presente em mais de 26 países, sendo os Estados Unidos o maior mercado, com uma loja no Soho, em Nova York, e outra no Design District de Miami. 

Única brasileira no calendário oficial do Council of Fashion Designers of America, ela já é figurinha carimbada na New York Fashion Week, na qual apresentou em fevereiro sua coleção de Fall/Winter 24, batizada de “Femme Frames” e inspirada no empoderamento da mulher moderna e em suas múltiplas facetas. 

 

Ajuste final da coleção “Femme Frames” – foto Leca Novo

 

Em entrevista à 29HORAS, Patrícia Bonaldi fala sobre seus sonhos, como enxerga o mercado da moda e qual é a sensação de vestir celebridades como Alicia Keys, Jennifer Lopez e, mais recentemente, a diva Beyoncé em sua Renaissance Tour. Confira a seguir os principais trechos:

Como surgiu a sua relação com a moda? Quais foram as suas referências?
Minha ligação com a moda floresceu com a minha mãe, que sempre foi minha inspiração – eu a acompanhava nas lojas e apreciava profundamente o trabalho das estilistas. Desde cedo, desenvolvi um amor por explorar tecidos e visualizar o processo de confecção de roupas. Observar mulheres discutindo desenhos e participando desse universo se tornou uma rotina incrível para mim! Essa interação constante com o mundo da moda não apenas aprofundou minha paixão, mas também moldou meu desejo por participar ativamente do desenvolvimento de peças únicas.

Qual foi a primeira peça que você criou? O que ela significava para você?
Em 2002, dei o primeiro passo ao inaugurar uma loja multimarcas em Uberlândia. Muitas clientes demonstravam interesse pelos vestidos que eu mesma desenhava e usava. Explicava que essas peças eram exclusivas e não estavam disponíveis para venda, mas houve um momento marcante em que uma cliente insistiu, sugerindo que eu começasse a criar para outras pessoas. Encarei o desafio e prometi a ela que faria algo exclusivo, com total liberdade criativa. Assim, surgiu um vestido preto midi de cetim. Esse foi o ponto de virada: ao trazer minha visão única e minhas próprias criações para o negócio, tudo começou a mudar de direção.

O que a levou a criar a marca Patrícia Bonaldi em 2002 e, em 2012, a PatBO?
Ao retornar do Japão após três anos, minha intenção era empreender. Foi assim que, em 2002, nasceu a marca Patrícia Bonaldi, dedicada ao segmento de festas, que destacava vestidos bordados. Uma década mais tarde, em 2012, surgiu a PatBO, impulsionada pelo meu desejo de explorar o universo mais casual da moda. Mantivemos como pilar central o cuidado artesanal e elevamos o bordado, a alfaiataria e as estampas para um local mais experimental e ousado. Essa diversidade reflete a evolução da marca ao longo do tempo e nossa constante busca por inovação e versatilidade, mantendo sempre a essência do handmade.

 

foto Leca Novo

 

Quais são as principais diferenças entre as duas marcas?
As peças de Patrícia Bonaldi eram desenvolvidas para o segmento de festas e roupas de gala, exalando sofisticação. Já a PatBO tem como objetivo principal a elegância, mas com um toque descontraído, e apresenta uma variedade de itens que transitam pelo universo do jeans, do casual e do beachwear. Os shapes distintivos e os bordados marcantes continuam a ser elementos essenciais, proporcionando uma identidade consistente e reconhecível.
Apesar das nuances em nossas propostas, o DNA permanece o mesmo.

Como foi o processo de internacionalização? Qual a diferença entre o comprador brasileiro e o de outros países?
É importante ter um negócio consolidado para o processo de internacionalização. Exportar não se resume apenas a ter um produto desejado, é crucial possuir uma logística bem estruturada e estar preparado, sem margem para erros. No caso da Saks Fifth Avenue [loja de departamento americana que vende artigos de luxo], por exemplo, foram necessários três anos até que iniciassem a compra de produtos da PatBO. O público brasileiro te permite a experimentação, aprender com as tentativas. Em outros países, essa margem de manobra é significativamente reduzida e exige compreender o processo de internacionalização para seguir o negócio. Aprendi com o internacional a trazer esse formato mais fragmentado. Tenho uma marca com olhar e estratégia globais. São poucas coisas que adaptamos para cada hemisfério, porque queremos que a experiência de compra seja a mesma.

Em 2020, você fez a sua estreia na New York Fashion Week. Como aconteceu o convite e como foi a experiência? Para você, o que o evento significa para o mercado da moda?
Atribuo esse sucesso à abordagem que adotamos para a internacionalização da PatBO. Na nossa estreia em 2020, apresentamos em uma plataforma digital peças exclusivas para os Estados Unidos, e o desfile se revelou um momento crucial para introduzir nossa coleção a uma audiência que incluía tanto celebridades quanto compradores renomados. Foram quatro anos de dedicação, seguindo minha visão de construir a marca por meio da produção de roupas autênticas. Cada participação no NYFW é motivo de celebração! Ser a única brasileira no CFDA (Council of Fashion Designers of America) é uma honra e representa a consolidação da marca no cenário internacional, resultado de uma trajetória longa e muito comprometida.

 

foto Leca Novo

 

É muito diferente de se apresentar no São Paulo Fashion Week? Como você enxerga o evento no Brasil?
A estreia da PatBO no SPFW, em 2015, foi uma emoção indescritível e representou um marco. A decisão de integrar o calendário foi tomada com a certeza de que estávamos trilhando o caminho adequado para participar do evento de moda mais relevante do país. Enxergo o evento no Brasil de forma positiva, a ponto de decidirmos retornar às passarelas brasileiras. No ano passado, apresentamos nossa coleção de Alto Verão diretamente em nossa flagship. Sentia a necessidade de compartilhar essa experiência com nossas clientes e quis proporcionar algo ao nível da NYFW.

 

Modelo desfila peça da coleção “Femme Frames” na NYFW – foto BFA

 

Hoje as suas roupas vestem diversas celebridades mundiais, como é o caso de Beyoncé, em sua última turnê. Quando você começou, qual era a sua principal ambição em termos de sucesso?
Sem dúvida a presença de celebridades vestindo nossas peças representa uma parte emocionante e significativa da jornada da PatBO, é uma validação do trabalho duro que dedicamos em busca da excelência criativa. Mas meu foco primordial para alcançar o sucesso é a criatividade e o design exclusivo das peças. É essa singularidade que naturalmente atrai a atenção das personalidades, impulsionando a notoriedade da marca. Ver a PatBO no ponto em que está hoje é a realização de um sonho! Porém, sou alguém que confia na intuição. Não se trata de estagnar e continuar fazendo a mesma coisa indefinidamente. É sobre se adaptar de maneiras diversas, evoluindo com o tempo e com o aprendizado acumulado. É uma narrativa em constante transformação.

As suas peças são feitas à mão, valorizando os processos artesanais. Como você vê esse mercado atualmente no Brasil e no mundo?
Quando comecei, estávamos imersos em uma fase da moda mais minimalista, pelo menos aqui no Brasil. Decidi ousar, indo na contramão desse movimento. Um dos valores que ganhou maior destaque internacional para minha marca é a produção no Brasil, em especial o bordado realizado em minha cidade natal. Não encaro a moda como apenas a criação de mais uma peça de roupa, como uma simples calça jeans. Para mim, cada peça deve contar uma história, transmitir algo especial e provocar sensações únicas. Sempre ressalto que cada mercado tem seus objetivos específicos; nada é uniforme. O fundamental é acreditar em sua proposta e seguir em frente com determinação.

 

foto Leca Novo

 

Quais são seus próximos passos e como imagina o futuro? Ainda quer realizar algum grande sonho com as marcas?
A médio prazo, tenho a intenção de consolidar a presença da PatBO no mercado asiático. Durante minha viagem para a China, realizei um estudo aprofundado em colaboração com minha equipe para compreender as nuances desse mercado e suas oportunidades. Além disso, pretendo dedicar parte do foco ao nosso Projeto Costurando Sonhos, que nasceu do desejo de perpetuar a técnica manual, capacitar mulheres e gerar conhecimento. Essa iniciativa representa um passo significativo na promoção da habilidade artesanal. Quero expandir essa escola para outros  estados – buscando profissionalizar e inspirar em diversos setores empresariais – e ampliar de outras formas a PatBO, como fazer sapatos… Estamos só começando!   

 

Vestido da coleção “Femme Frames” – foto BFA

 

Sintonia na SPFW!

De 9 a 14 de abril, o Iguatemi São Paulo, o JK Iguatemi e outros locais icônicos da capital paulista recebem mais uma Semana de Moda, que nesta edição apresenta o tema “Sintonia”. “Sempre enxergamos as pessoas, a moda e o Brasil no lugar da potência, e o SPFW como esse espaço de experiências e encontros sintonizados com os temas de seu tempo, e que ajudam a desenhar novos modelos de mundo no século 21”, explica Paulo Borges, fundador e diretor criativo do SPFW. Entre as 27 marcas que desfilam, estão nomes muito conhecidos pelo público, como Lilly Sarti, Lino Villaventura, Patricia Viera, Glória Coelho e João Pimenta, ao lado de estreantes como Catarina Mina e Reptilia. Mais informações em: www.spfw.com.br