Fazenda Santa Vitória exalta sua história sem perder o charme no campo

Fazenda Santa Vitória exalta sua história sem perder o charme no campo

A Fazenda Santa Vitória é o local perfeito para se conectar com a natureza e com os saberes locais, em interessante diálogo com design contemporâneo e gastronomia atemporal

A sensação é de visitar uma fazenda de um amigo, não há recepção e, sim, muitos espaços para descanso e imersão completa na gastronomia e na cultura regional. Na Fazenda Santa Vitória – local com 4 mil hectares e produção de queijos e outros laticínios – o design é cuidadoso e as experiências na natureza são autênticas. Situado entre a Serra da Mantiqueira e a Serra da Bocaina, em Queluz, no Vale do Paraíba, o lugar está a 240km de São Paulo.

 Casas do Pomar - Foto André Yamamoto | divulgação

Casas do Pomar – Foto André Yamamoto | divulgação

 

É necessário excluir qualquer conceito de hotel fazenda que ainda possa constituir ideias de viagens ao campo. Recomendada pelo disputado guia de hotelaria de luxo Condé Nast Johansens, a fazenda de 1923 é ideal para casais e grupos de amigos, conta com apenas cinco opções de hospedagens e, em breve, deve inaugurar uma nova vila com suítes reclusas e afastadas da sede.

Por ali, as Casas do Pomar atraem por equilibrar conforto e desconexão. Contam com lareira, quarto amplo, banheiro com banheira estilo vitoriana, varanda, wi-fi, frigobar e dispositivo Alexa. Há ainda as Casas na Montanha, com arquitetura contemporânea integrada à paisagem, compostas de duas suítes, sala de estar, cozinha de apoio e um amplo deck com vista para a Serra da Mantiqueira. Isoladas no alto de uma encosta, essas hospedagens oferecem uma visão panorâmica para o vale e acomodam até dois casais.

Piscina e spa - Foto André Yamamoto | divulgação

Piscina e spa – Foto André Yamamoto | divulgação

 

Entre as experiências rurais, o convite para adentrar os encantos naturais acontece em caminhadas e passeios a cavalo e bicicleta. É possível acompanhar o curso do ribeirão, identificar as árvores, os pássaros e vivenciar o cotidiano de uma fazenda produtiva de leite e derivados. Outros destaques do lugar são a quadra de tênis, o spa com massagens e espaço para a prática de yoga, além das saunas, dos caldários e das piscinas.

Área para caminhada da Fazenda Santa Vitória - Foto André Yamamoto | divulgação

Área para caminhada da Fazenda Santa Vitória – Foto André Yamamoto | divulgação

 

Talvez ainda mais agradável que tudo isso seja a gastronomia da Fazenda Santa Vitória. Sob o comando do chef Alex Sander Lopes, as refeições – do lento café da manhã em etapas ao jantar – utilizam ingredientes frescos produzidos na fazenda, como as deliciosas ricotas, e fornecidos por pequenos produtores da região. Há também noites de pizza no haras e almoço tradicional caipira servido próximo a uma cachoeira.

Cozinha da Fazenda Santa Vitória - Foto André Yamamoto | divulgação

Cozinha da Fazenda Santa Vitória – Foto André Yamamoto | divulgação

 

Fazenda Santa Vitória
Rodovia João Batista Melo Souza, km 5, Queluz (SP). Tel 12 99784-2568.
Diárias a partir de R$ 2.200.

Sucre reúne construções históricas em branco que formam uma arquitetura singular

Sucre reúne construções históricas em branco que formam uma arquitetura singular

Destino romântico e acolhedor, a cidade boliviana de Sucre reúne construções históricas em branco que formam uma arquitetura singular. Em um interessante equilíbrio, o Salar de Uyuni, também na Bolívia, é lugar de natureza desértica verdadeiramente encantadora Por uma feliz coincidência, a cidade de Sucre tem um nome que, em francês, significa “açúcar”. Nada mais propício: esse centro urbano da Bolívia – a distantes 550 km de La Paz e a 480 km de Santa Cruz de La Sierra– tem suas paisagens tomadas por edifícios pintados de branco e é dominado por um ambiente metaforicamente doce. Sucre é acolhedora e oferece um clima agradável durante grande parte do ano. Seu compacto centro histórico, considerado Patrimônio Mundial pela Unesco, é perfeito para ser conhecido em tranquilas caminhadas. E, nessas andanças, o turista se depara com algumas das mais belas joias arquitetônicas da América do Sul.

Vista panorâmica da arquitetura histórica de Sucre - Foto Shutterstock

Vista panorâmica da arquitetura histórica de Sucre – Foto Shutterstock

A Bolívia, por sua vez, é famosa por sua enorme variedade de paisagens – e, além da “cidade de açúcar”, abriga um enorme deserto de sal: o Salar de Uyuni. Trata-se de um lugar completamente diferente de Sucre, assim como são opostos os sabores doces e salgados. No Salar, as obras da natureza substituem as construções humanas e encantam os visitantes: seu solo salino, plano e branco, parece se estender ao infinito, em um cenário que lembra um território extraterrestre. E na época de chuvas, quando surge um espelho d’água sobre esse terreno, com as nuvens refletidas no chão, o viajante sente que está caminhando no céu, em uma experiência turística única no mundo. Sucre é história. O Salar é natureza. Mais do que antagônicos, porém, os dois destinos são complementares. E devem fazer parte de qualquer viagem à Bolívia.   Cidade branca Sucre não tem esse nome em homenagem ao açúcar e à França. O município foi batizado dessa maneira em referência ao marechal Antonio José de Sucre, herói do processo de independência boliviano. E uma imersão na história da Bolívia é o que espera quem estiver disposto a desbravar esse lindo centro urbano do país. O coração de Sucre é a Plaza 25 de Mayo, densamente arborizada e onde se reúnem diariamente, para bater papo, muitos dos habitantes locais. Escute as conversas: além do espanhol, a língua quíchua ainda é falada nessas ruas, por uma numerosa população indígena.

Plaza 25 de Mayo - Foto Shutterstock

Plaza 25 de Mayo – Foto Shutterstock

De um lado da praça, surge a fotogênica Catedral Metropolitana, erguida a partir do século 16 e que abriga uma célebre imagem da Virgem de Guadalupe. São tantas as joias que adornam a santa que os nativos afirmam, às vezes sérios, às vezes brincando, que a dívida externa da Bolívia poderia ser paga com a venda das peças. No outro canto da praça, está um dos mais importantes museus do território boliviano: a Casa de la Libertad, edifício onde ocorreu a assinatura da ata de independência do país, em 1825 – e que hoje exibe objetos que contam a saga da Bolívia na busca pela liberdade.

Casa de la Libertad - Shutterstock

Casa de la Libertad – Shutterstock

Os prédios históricos de Sucre são pintados de branco para dar uniformidade visual à cidade e, entre eles, se destacam as edificações religiosas. Fundado no século 18 por frades carmelitas, o convento San Felipe de Neri abriga um belíssimo pátio com arcadas e estilo neoclássico – e tem um terraço, acessível a turistas, que proporciona a melhor vista do centro histórico. Já a Basílica de San Francisco exibe lindos exemplos de arte mourisca e altares em estilo barroco. Os arcos brancos que decoram a rua da igreja são uma das mais famosas imagens de Sucre. E a Iglesia de la Merced possui também um belo altar barroco e pinturas do famoso artista boliviano Melchor Pérez de Holguín.

Basílica de San Francisco, em Sucre - Shutterstock

Basílica de San Francisco, em Sucre – Shutterstock

Para curtir novas vistas panorâmicas de Sucre, suba a rua até o Mirador de la Recoleta, localizado à sombra dos morros Sica Sica e Churuquella e que é adornado com um fotogênico conjunto de colunas. A visão, de lá de cima, é incrível. E há um lugar que disputa com a Plaza 25 de Mayo o título de área verde mais bonita da cidade: o Parque Bolívar, recheado de alamedas e que tem, junto à sua paisagem, o imponente prédio da Corte Suprema de Justiça. Sucre abriga ainda bons restaurantes – principalmente nos arredores da Plaza 25 de Mayo – onde é possível provar saborosas receitas locais. Invista na cazuela de maní (sopa que mistura verduras, amendoim, carne, batata desidratada e grão-de-bico), no picante de lengua (língua de vaca com molho de tomate apimentado e servida com batata desidratada) e, logicamente, nas deliciosas salteñas (empanadas de massa levemente adocicada e recheadas com carne e caldos bem condimentados).

Apetitosas salteñas, empanadas típicas da região - Foto Shutterstock

Apetitosas salteñas, empanadas típicas da região – Foto Shutterstock

Entre o surreal e o fascinante Um deserto de sal com mais de 10 mil km² e localizado a mais de 3.500 metros sobre o nível do mar. Na época das chuvas, geralmente entre dezembro e março, o solo branco e extremamente plano fica coberto por uma lâmina de água que reflete, com perfeição, as cores e nuvens do céu. E, no resto do ano, um período mais seco faz com que o chão adquira um fotogênico aspecto árido, que lembra outro planeta. Esse é o Salar de Uyuni, que, por causa de sua enorme extensão, é explorado por turistas a bordo de carros 4×4, em roteiros guiados por agências de viagem. Os tours costumam sair da cidade de Uyuni, que fica perto do Salar – e, geralmente, duram entre dois e quatro dias.

Salar de Uyuni - Shutterstock

Salar de Uyuni – Shutterstock

Há muitas atividades para realizar nesse tempo: antes de chegar ao deserto de sal, os passeios visitam um cemitério de locomotivas no meio de uma área desértica, em uma paisagem que lembra um filme de apocalipse. Já no meio do salar, é possível sair do carro e subir, a pé, uma íngreme ilha de cactos gigantes. E, nos arredores do deserto de sal, existem fantásticas lagoas coloridas, cheias de flamingos e rodeadas por montanhas. Os roteiros também incluem visitas a gêiseres e piscinas naturais de águas termais – onde é possível dar um mergulho.

Paisagem desérticas do Salar de Uyuni - Foto Shutterstock

Paisagem desérticas do Salar de Uyuni – Foto Shutterstock

Não muito longe do Salar fica o surreal Deserto Salvador Dalí, que, com sua coloração com diversos tons de marrom e formações rochosas de aparência exótica, lembra um quadro do próprio Dalí. Explorar toda essa região exige muitas horas passadas dentro dos veículos 4×4. Mas tudo vale a pena. Durante o dia, repare como o céu sobre o Salar de Uyuni tem um azul diferente, mais intenso do que o visto em outros lugares do mundo. E, à noite, maravilhe-se com a quantidade de estrelas perfeitamente visíveis sobre sua cabeça. O fascínio é garantido.   Dicas importantes Reserve pelo menos oito dias para visitar Sucre e Salar de Uyuni, incluindo o tempo de locomoção entre os destinos. E, nesse roteiro, Sucre merece ser visitada antes, por uma razão: a cidade está a uma altitude mais baixa (cerca de 2.800 metros sobre o nível do mar) do que o Salar de Uyuni (que fica a mais de 3.500 metros de altura). Chegar a Sucre primeiro ajuda o turista a se adaptar melhor aos efeitos negativos da altitude no corpo. Partindo de São Paulo, a melhor opção é pegar um voo direto para Santa Cruz de La Sierra e, de lá, outro voo até Sucre. Uyuni, por sua vez, também é servida por um aeroporto. Mas há muitos turistas que vão de ônibus desde Sucre. A viagem por terra, porém, é cansativa, chegando a durar mais de oito horas. Para percorrer o Salar, agências podem ser contratadas na própria cidade de Uyuni. E os passeios quase sempre incluem pernoite em hotéis feitos de sal, que ficam no meio do Salar. Mesmo em épocas mais quentes do ano, as noites podem ser muito geladas na andina Bolívia: leve roupas para frio, junto com calçados de caminhada, óculos de sol, boné e protetor solar.

Foto Shutterstock

Foto Shutterstock

Conforto e experiência autêntica em meio à badalação de Jurerê

Conforto e experiência autêntica em meio à badalação de Jurerê

Baladas com DJs famosos, beach clubs, restaurantes com menus do mundo todo, hotelaria à beira mar e refúgios próximos, além de mansões e carros importados, fazem de Jurerê um lugar constantemente buscado por festeiros

A praia de Jurerê, em Florianópolis, ainda é destino badalado para quem gosta de música eletrônica, bastante estrutura pé na areia e luxo. É justo dizer, no entanto, que é preciso separar joio do trigo para encontrar o que de fato oferece conforto e experiência autêntica em meio à conhecida ostentação local. Passando por reformas desde o final de 2021, o lugar descontinuou o “Internacional” do nome, criado há décadas para se diferenciar da vizinha Jurerê Tradicional, e agora virou apenas “Jurerê In”, o que promete ser o prenuncio de novidades na região.

Vista aérea de Jurerê Internacional - Foto divulgação

Vista aérea de Jurerê Internacional – Foto divulgação

 

As mudanças já deram mais espaço para a circulação de pessoas e destacam serviços próximos à praia. Foi colocado um palco para shows, um parquinho infantil e uma estrutura de madeira de dois andares para abrigar uma grande praça de alimentação ao ar livre. E o Open Shopping ainda é um lugar bastante agradável para um sorvete e drinques ao fim da tarde, com cadeiras e mesas convidativas e diferentes lojas, principalmente de moda verão e marcas brasileiras.

Sushi de vieiras canadenses defumadas, com purê de trufas e manteiga trufada do Kuay Kitchen - Foto divulgação

Sushi de vieiras canadenses defumadas, com purê de trufas e manteiga trufada do Kuay Kitchen – Foto divulgação

 

 

Por ali, quatro restaurantes chamam a atenção, o italiano Olivia Cucina, o mediterrâneo Jay Bistrô e os japoneses Noma e Kuay Kitchen, que são boas opções nas proximidades de um dos hotéis mais conhecidos, o IL Campanario Villaggio Resort. De frente para a praia, o local oferece também opção de day use, que inclui café da manhã, acesso às piscinas, sauna seca e úmida, espaço kids, e empréstimo de cadeiras e guarda-sóis – pelo valor de R$ 300 reais por pessoa.

 

Piscina do IL Campanario, em Jurerê - Foto divulgação

Piscina do IL Campanario, em Jurerê – Foto divulgação

 

Outra opção em “Jurerê In” é o hotel Beach Village, que dispõe de suíte com vista para o mar e espaços para eventos corporativos e culturais. O hotel ainda apresenta o “cardápio de aventuras”, com diversas alternativas de passeios por Florianópolis e suas ilhas, como trilhas, cavalgadas, aluguel de lanchas e roteiros feitos de canoas, além de voo panorâmico de parapente e helicóptero.

Recepção do Beach Village - Foto divulgação

Recepção do Beach Village – Foto divulgação

 

Para aqueles que buscam refúgio depois da badalação e não dispensam uma atenção ao mobiliário assinado por designers brasileiros nas acomodações, o Fuso eleva qualquer nível de hospedagem na região. São apenas quatro bangalôs – de 70 a 168 metros quadrados – no Morro do Forte, vila de pescadores com a privilegiada localização entre a tradicional Praia do Forte e Jurerê Internacional. O hotel é vizinho da centenária Fortaleza de São José da Ponta Grossa, o Forte erguido no século 18 e tombado em 1938 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

 

Piscina do hotel Fuso, próximo à praia do Forte - Foto divulgação

Piscina do hotel Fuso, próximo à praia do Forte – Foto divulgação

 

Meses de curtição

Conhecida por trazer atrações internacionais para Jurerê desde 2006, a Posh Club promove baladas luxuosas no verão, são 22 noites de festa ao ano. Nesta temporada, já passaram pelo club DJs como Laolu, Michael Canitrot, Black Coffee e Jack-E – famosos por tocarem em Ibiza, Mônaco, St. Tropez e Miami. Em abril, a programação se encerra com festas em todos os finais de semana e é possível garantir ingressos em www.poshclub.com.br. A Posh passará a ser o primeiro club brasileiro de luxo a abrir uma filial na Europa. A inauguração está marcada para julho em Algarve, Portugal.

Posh Club - Foto Divulgação

Posh Club – Foto Divulgação

 

IL Campanario Villaggio Resort
Avenida dos Búzios, 1.760 – Jurerê Internacional, Florianópolis. Tel 48 3261-6000.
Diárias a partir de R$ 500.

Beach Village
Alameda César Nascimento, 646 – Jurerê, Florianópolis. Tel 48 3261-5100. Diárias a partir de R$ 400.

Fuso Concept Hotel
Serv. José Cardoso de Oliveira, 633, Praia do Forte, Florianópolis. Tel. 48 3380-3200. Diárias a partir de RS 2.800.

Ilha do Ferro e Piranhas revelam a impressionante arte de artesãos e a espetacular natureza recortada pelo Velho Chico

Ilha do Ferro e Piranhas revelam a impressionante arte de artesãos e a espetacular natureza recortada pelo Velho Chico

A história da Ilha do Ferro na beira do rio São Francisco, a 235 km da capital Maceió, na região do sertão alagoano – começa por aquelas contingências cósmicas que posicionaram uma série de elementos para que essa narrativa fosse escrita. Em 1985, o povoado pleiteava a chegada de energia elétrica. No meio do caminho havia uma árvore, havia uma árvore no meio do caminho.

Derrubaram a árvore, e toda sua madeira, chamada de mulungú, ficou espalhada na frente da entrada da pequena vila – que constituía o lugar – especificamente perto do “Redondo”, espaço de confraternização na casa de Fernando Rodrigues, que era um ótimo anfitrião, mas não tinha nenhum banco para receber quem chegava em dia de festa.

Ele olhou para todo aquele mulungú no chão e pensou em fazer bancos para os seus convidados. Acontece que nesse gesto, transformou todo o curso da Ilha do Ferro. Ao privilegiar o formato da madeira na composição de suas peças, o artesão criou algo totalmente original. Enxergou um ofício. Mais do que isso: compartilhou com outros moradores como manusear o mulungú e desenvolveu uma expressão artística local.

As obras de Fernando e do que viria a se tornar o Ateliê Boca do Vento fizeram parte da mostra “Brésil, Arts Populaires”, que aconteceu no Grand Palais, em Paris, em 1987. Hoje, essas peças fazem parte do acervo do Centro Cultural de São Francisco e do Museu de Arte Popular, em João Pessoa, na Paraíba. Ele também foi figurinha carimbada na Casa Cor de São Paulo e viveu a experiência de expor suas obras na abertura do Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba.

 

Peças de Fernando Rodrigues, na Ilha do Ferro - Foto divulgação

Peças de Fernando Rodrigues, na Ilha do Ferro – Foto divulgação

 

O pioneiro artista faleceu em 2009, deixando um legado inestimável. Ao visitar a Ilha do Ferro, é possível conhecer o Espaço de Memória Artesão Fernando Rodrigues dos Santos e um verdadeiro museu ao ar livre. Na região, todos são acolhidos por uma aura lúdica dentro de cada ateliê, na casa dos artesãos, onde as famílias recebem a quem chega com um café e um sorriso no rosto.

Por ali, o Redário Ilha do Ferro é a hospedagem ideal para quem quer viver essa experiência artística, em pleno sol do sertão, e retornar ao fim do dia para esticar as pernas e brindar de frente ao Velho Chico. Com apenas quatro quartos e trabalhada majoritariamente no cimento queimado, a arquitetura do lugar exalta os dois principais elementos da Ilha: suas veias artísticas e o São Francisco. O quarto é pensado para casais e o pequeno hotel se torna uma alternativa para se juntar com os amigos ou a família e fechar um pacote completo.

 

Obras do artesão Petrônio - Foto Lucas Bicudo | divulgação

Obras do artesão Petrônio – Foto Lucas Bicudo | divulgação

Capítulos finais do Cangaço

A 90 km da Ilha do Ferro – talhado em um majestoso cânion – o sítio histórico e paisagístico de Piranhas foi tombado em 2004, como Patrimônio Histórico e Artístico do Brasil, pelo Iphan. É um destino que está intimamente ligado à história do Cangaço e aos seus capítulos finais – é prato cheio para quem ama um lugar carregado de simbolismos. Uma cidade colonial, que acompanha o relevo das montanhas, rumo ao Baixo São Francisco. Perfeita para tomar banho de rio, para comer uma comida sertaneja, para passar tempo tomando uma boa cerveja e para se hospedar em grande estilo.

O Pedra do Sino Hotel, à beira dos cânions, é um local ideal para preparar um banho de banheira, botar um jazz para tocar e aproveitar a paisagem. O hotel fica em uma pequena estrada de terra, que sai da via principal rumo ao São Francisco. Hospedado na suíte master, com vista direta para o rio, a experiência em Piranhas e no sertão é deslumbrante.

Pedra do Sino Hotel - Foto Lucas Bicuto | Foto divulgação

Pedra do Sino Hotel – Foto Lucas Bicuto | Foto divulgação

 

Na cidade, a primeira parada é o Museu do Sertão, na antiga estação ferroviária. Com exposição permanente de peças ligadas ao cangaço, à estrada de ferro Paulo Afonso, à navegação a vapor, à religiosidade sertaneja e aos costumes locais, o acervo é composto de fotografias, documentos e artefatos de época. Lá, por exemplo, está a famosíssima fotografia dos cangaceiros do bando de Lampião mortos em Angico. A Igreja de Santo Antônio de Lisboa – a mais antiga edificação de Piranhas – construída em 1790, é outro destaque.

 

Casa Pedro Cândido, em Piranhas - Foto Lucas Bicudo | Divulgação

Casa Pedro Cândido, em Piranhas – Foto Lucas Bicudo | Divulgação

 

O centro histórico também é ponto de boemia. De dia, as atenções se concentram nos bares da orla que ficam às margens do São Francisco e há pontos sinalizados para banho. À noite, com a cidade iluminada, o cenário da “Lapinha do Sertão” – nome dado por D. Pedro II quando visitou Piranhas – é ainda mais encantador.

E, para mergulhar na natureza, a 30 minutos do centro, o clube Espaço Angicos surpreende. O lugar pede por um dia inteiro de sossego, com drinques e petiscos à beira rio em espreguiçadeiras. Em contraste interessante, o clube abre as portas da história efervescente da região. Por ali, o visitante pode fazer a mesma trilha pela qual a polícia de Piranhas emboscou Lampião na Grota do Angico. É possível passar pela casa do Coiteiro Cândido – ainda preservada nas características de taipa –, pelo Alto das Perdidas, posição estratégica do ataque, até descer onde hoje residem as lápides em homenagem aos cangaceiros mortos naquele fatídico dia 28 de julho de 1938. O local parece uma arena teatral a céu aberto e as cruzes fincadas nas pedras mantêm viva a memória da quase mística história do sertão brasileiro.

 

Centro histórico de Piranhas - Foto Lucas Bicudo | Divulgação

Centro histórico de Piranhas – Foto Lucas Bicudo | Divulgação

 

Redário Ilha do Ferro
Rua Seguindo a Igreja, Ilha do Ferro, Alagoas.
Diárias a partir de R$ 500.
Tel. 82 99982-0909.

Pedra do Sino Hotel
Rua Alto do Mirante, 1.600, Centro Histórico,
Piranhas, Alagoas. Diárias a partir de R$ 480.
Tel. 82 98807-3918.

A cidade de Cunha, a cerca de 200 km da capital paulista, reserva incríveis atrações

A cidade de Cunha, a cerca de 200 km da capital paulista, reserva incríveis atrações

Estrutura turística de Cunha ainda tem muito a evoluir, mas possui formidáveis diferenciais, como suas incontáveis cachoeiras e seus fascinantes ateliês de cerâmica

No meio da antiga estrada que ligava Ouro Preto a Paraty, a cidade de Cunha sempre foi vista como apenas mais uma parada, desde o século XVII. Esse engano, no entanto, vem aos poucos sendo corrigido por paulistanos que cada vez mais vêm explorando e se encantando pelas belezas da região.

Na zona rural de Cunha, dezenas de cachoeiras fazem a alegria de quem gosta de se banhar em águas limpas e fresquinhas. A fotogênica Cachoeira do Pimenta e a mais escondida Cachoeira do Desterro são perfeitas para quem quiser se conectar à natureza, com muita paz e sem muvuca.

 

Cachoeira do Pimenta - Foto divulgação

Cachoeira do Pimenta – Foto divulgação

 

Também nos arredores da cidade, é possível visitar haras que oferecem aulas de equitação e cavalgadas. Tem até um lavandário, onde uma colina é recoberta for flores de lavanda, principalmente no outono e no inverno. Mas não espere encontrar uma paisagem perfumada e colorida como a da Provence francesa – aqui as plantinhas não são tão exuberantes.

E, se você for fã de laticínios artesanais, vale a pena conhecer a Sapore di Puglia, uma propriedade onde são produzidas burratas, scamorzas e mozzarellas fior di latte com leite de vacas criadas ali mesmo. Quem quiser experimentar esses queijos e também alguns embutidos típicos da Itália não pode deixar de ir ao restaurante Il Pumo, bem pertinho da Praça Central da cidade. Outra excelente opção para quem busca um cantinho gostoso para almoçar ou jantar é o simpático Veríssima Bistrô.

Outro diferencial de Cunha é a elevada concentração de ateliês de cerâmica. Alguns ficam mais afastados e espalhados pelas montanhas, mas em uma das entradas da cidade fica a Alameda dos Ateliês, onde é possível comprar peças artísticas, utilitárias e o que mais você imaginar. O Aeon Cerâmicas e a Casa do Artesão se destacam pelas lindas criações expostas e por seus espaços acolhedores.

Peças do Aeon Cerâmicas - Foto Kike Martins da Costa

Peças do Aeon Cerâmicas – Foto Kike Martins da Costa

 

E, quando o cansaço bater, o ideal é descansar em um lugar bem tranquilo e aconchegante, não? Então reserve um dos dez chalés da Pousada Candeias, que fica a 14 km do Centro, em meio a 200 mil m² de área verde com trilhas, piscina e sauna. Nas noites de frio, acenda a lareira e relaxe. O café da manhã – com bolos, tortas, pães e geleias caseiras – é preparado e servido pelos proprietários do local, os simpáticos Antonio e Kika Turci.

 

Chalé da Pousada Candeias - Foto divulgação

Chalé da Pousada Candeias – Foto divulgação

 

Pousada Candeias
Estrada do Campo Alegre, km 1,1, Bairro Aparição. Acesso pelo km 58,5 da rodovia SP 171 (Cunha-Paraty). Tels. 12 3111-2775 e 12 99603-5892.
Diárias a partir de R$ 480.
www.pousadacandeias.com.br