NeoQuímica Arena recebe jogo da NFL entre os Philadelphia Eagles e os Green Bay Packers

NeoQuímica Arena recebe jogo da NFL entre os Philadelphia Eagles e os Green Bay Packers

Jogo da NFL leva tarde de gala para Itaquera, na NeoQuímica Arena, para a alegria dos milhares de fãs brasileiros desse esporte que pouco tem a ver com o ‘nosso’ futebol

São Paulo foi escolhida para receber o primeiro jogo da NFL fora da Europa e América do Norte. A partida, que é disputada entre os times do Philadelphia Eagles e do Green Bay Packers (sediado no estado de Wisconsin), acontece no dia 6 de setembro, às 21h, na NeoQímica Arena, o estádio do Corinthians em Itaquera.

O local foi escolhido por causa da capacidade do estádio e do tamanho de seus vestiários. É que, diferentemente das equipes de futebol, cada time de futebol americano da NFL costuma viajar com uma comitiva de 100 pessoas, entre atletas e comissão técnica. Os ingressos normais se esgotaram em apenas duas horas, mas ainda é possível encontrar lugares em camarotes como o Fielzone, com preços que variam de R$ 15 mil a R$ 30 mil.

 

foto divulgação

 

Os Eagles têm torcedores tão fanáticos que a American Airlines vai operar um voo direto da Filadélfia para São Paulo (Guarulhos) no dia 6, com retorno no dia 8. O metrô e a CPTM funcionarão 24 horas no dia da partida para facilitar o deslocamento dos torcedores. O acordo para o funcionamento contínuo das linhas foi alinhado com o governo estadual. Segundo a Prefeitura, a expectativa é que o evento gere cerca de R$ 340 milhões aos cofres da cidade. O Corinthians vai embolsar R$ 3,6 milhões por ceder sua “casa”.

E a festa não fica restrita à arena de Itaquera, tem também uma espécie de fan fest no Parque Villa-Lobos. Nos dias 6, 7 e 8 deste mês, a NFL Experience reúne desafios interativos, exposições e clínicas de Flag Football (espécie de futebol americano sem contato, que será esporte olímpico nos Jogos de Los Angeles, em 2028), em um espaço que conta ainda com lojinha de roupas, gadgets e artigos esportivos com a marca da liga norte-americana. Na galeria “Born to Play” os visitantes podem embarcar em uma viagem pelo futebol americano jogado no Brasil, mostrando rostos e lugares que vivem o esporte em diversas regiões do país. No dia 6, a partida será transmitida ao vivo, em um enorme telão. No domingo, dia 8, os outros jogos da NFL também serão exibidos no telão, direto dos Estados Unidos. A entrada é gratuita, mediante cadastro no aplicativo NFL OnePass.

NFL Experience no Parque Villa-Lobos
Avenida Prof. Fonseca Rodrigues, 2.001, Alto de Pinheiros.

Eliana inicia nova fase na carreira e aposta em outros formatos de programas na TV Globo e no GNT

Eliana inicia nova fase na carreira e aposta em outros formatos de programas na TV Globo e no GNT

Eliana entra em uma fase mais madura e investe em programas diferentes na TV Globo e no GNT, mantendo a leveza e uma relação próxima com seu público fiel

Quem cresceu entre os anos 1990 e 2000, sem dúvida tem alguma recordação com a Eliana. Seja logo no início de sua carreira, nos grupos musicais “A Patotinha” e “Banana Split”; como cantora solo – com os clássicos “Os Dedinhos”, “A Dança dos Bichos” e “Palavrinhas Mágicas” – ou como apresentadora infantil nos programas “Festolândia” (sua estreia na TV, em 1991) e “Bom Dia e Cia” (1993), ambos no SBT, a jovem descoberta pelo saudoso Silvio Santos marcou uma geração.

E ela segue encantando o povo brasileiro. Após se consagrar entre as crianças, Eliana se jogou no desafio de falar com famílias e um público menos infantil em programas de auditório no horário nobre das tardes de domingo. Sua transição aconteceu em 2005 com o programa “Tudo É Possível”, na Record (onde ficou até 2009), e se consolidou novamente no SBT, dessa vez com o “Programa Eliana” – no qual ficou à frente por 15 anos e se despediu definitivamente este ano para alçar um novo voo em sua trajetória.

 

foto Danilo Borges

 

Mais madura, agora aos 51 e mãe de dois filhos, ela surpreendeu a todos em junho, quando anunciou seu contrato com a Globo para atuar em outros formatos. Em agosto, a apresentadora estreou como âncora do “Saia Justa”, da GNT, ao lado de Bela Gil, Tati Machado e Rita Batista, para debater assuntos relacionados ao universo feminino. No dia 28 de novembro, apresentará o “Vem Que Tem”, na TV Globo, que é um esquenta da Black Friday. Para fechar o ano, ela comandará o especial de Natal do reality musical “The Masked Singer Brasil”, com a responsabilidade de apresentar sua quinta temporada em 2025, no lugar de Ivete Sangalo.

Em entrevista à 29HORAS, Eliana fala sobre os desafios da nova fase profissional, faz um balanço da vida aos 50 e de seus mais de 30 anos de carreira, e compartilha seus maiores aprendizados com Silvio Santos. Confira, a seguir, trechos dessa conversa:

Você inicia uma nova fase em sua carreira, agora na Globo. O que motivou essa mudança? Já era algo que planejava ou foi uma surpresa?
Essa transição de carreira acontece após meses de reflexão e planejamento, com movimentos muito pensados. Ao mesmo tempo, o convite da TV Globo foi, sim, uma surpresa. Eu diria que essa nova oportunidade é resultado de mais de três décadas de trabalho, sempre em diálogo constante e honesto com o telespectador.

Quais foram os maiores aprendizados no SBT e com o Silvio Santos?
Eu nasci como comunicadora no SBT, sob mentoria do Silvio. Sou eternamente grata por ele ter visto esse potencial em mim, na época ainda uma menina, e investido na minha carreira de apresentadora. Silvio Santos foi um dos maiores comunicadores do país e tenho o maior orgulho de ter tido a oportunidade de vê-lo trabalhar de perto. Com ele, aprendi a ter esse olhar para o futuro, de como antecipar os desejos do telespectador. Isso é essencial! Ele também me ensinou sobre a importância de entendermos o tempo certo para as coisas. Imagina, lá em 1998, quando fiz a transição do SBT para a Record, ele mesmo me encorajou a topar esse novo desafio. E me disse: ‘Na hora certa você volta’. Nunca me esqueci dessa frase e, 11 anos depois, de fato retornei à casa dele. Cresci, amadureci profissionalmente e retornei ao SBT para dividir os domingos com o maior comunicador da TV brasileira.
Pensei muito nisso enquanto refletia sobre a possibilidade de ir para a Globo, que também aconteceu no tempo certo, pouco a pouco, após uma tomada de decisão muito cuidadosa. O Silvio era um homem de negócios e, como empresária da minha própria carreira, sigo inspirada pelos talentos dele. Sempre levo esses aprendizados e experiências comigo!

 

Com Silvio Santos no Troféu Imprensa – foto arquivo pessoal

 

Como é iniciar projetos diferentes nessa fase de vida, após tantos anos na mesma emissora e no mesmo formato de programa?
Estou sempre aberta às mudanças e aos novos desafios. A frase pode parecer clichê, mas é real. Já vivi algumas transições profissionais importantes, como a que fiz do público infantil para o familiar e feminino, em 2005. Todas foram desejadas e planejadas. O novo desafio vem agora com a missão de assumir como âncora do ‘Saia Justa’, um programa que foi revolucionário na forma com que comunicava o protagonismo feminino, mais de vinte anos após a sua estreia no GNT. Estou amando esse novo momento, o convívio com ‘as saias’ e o desafio de me aprofundar em temas importantes ali no sofá.
Em 28 de novembro, comandarei o ‘Vem que Tem’, programa da Black Friday no horário nobre da TV Globo. E no mês seguinte, faço um retorno aos domingos no especial de Natal do ‘The Masked Singer Brasil’, que estreia sua quinta temporada oficialmente no ano que vem. Apresentarei quatro novidades diferentes, dialogando com públicos e temas diversos. É um desafio daqueles, mas tenho a meu favor mais de 30 anos de experiência e um tesão enorme pelo que faço.

Como você comentou, o ‘Saia Justa’ é um programa emblemático de debate e análises. Como é expressar a sua opinião de forma aberta? E como lida com opiniões diferentes?
Estou descobrindo novas versões de mim nesse processo, sabia? E acho isso uma delícia! Amo o formato do ‘Saia Justa’ por esse motivo. Historicamente, o programa é conhecido por abraçar discussões que são caras principalmente para nós, mulheres. Isso sempre foi importante para mim, me sinto feliz de estar apresentando um programa que permite que eu me aprofunde de fato nesses debates, mas agora com uma nova proposta, sugerida pelo GNT, de trazer mais leveza para as noites de quarta-feira.
É claro que algumas opiniões vão divergir nesses debates. Acho que a riqueza da coisa está aí mesmo, nessa possibilidade do diferente. É por isso também que amo o nosso elenco. Eu, Bela, Rita e Tati somos muito diferentes, com vivências e trajetórias distintas e acho que isso só enriquece a experiência de quem assiste.

 

Eliana com as apresentadoras do ‘Saia Justa’, no GNT – foto Kelly Fuzaro / globo

 

Qual balanço você faz dos mais de 30 anos de carreira? Teve algum programa inesquecível ou memória mais marcante nos últimos tempos?
Tenho muito orgulho da minha trajetória, que é cheia de momentos lindos, marcantes, outros difíceis e desafiadores… Para citar uma memória recente, nunca esquecerei do acolhimento que vivi durante as gravações da minha primeira matéria com o ‘Fantástico’, lá nos Estúdios Globo, ainda na semana em que anunciei essa transição. Foi uma tarde deliciosa, em que me senti abraçada pelo público e pelos novos colegas de trabalho também.

O que significa ter 50 anos?
Eu celebrei muito a chegada dos 50 e faço isso ainda hoje. O amadurecimento para mim significa que estou vivendo, mudando, evoluindo, e que tenho a possibilidade de ver os meus filhos crescerem. Isso é essencial para mim!

Como surgiu a sua veia artística? Você sempre quis ser apresentadora?
Foi um desejo que surgiu cedo, na infância, quando tive a oportunidade de apostar na carreira de modelo com o apoio da minha mãe. Comecei fazendo comerciais, como o ‘Meu primeiro sutiã’, aquele premiado e criado por Washington Olivetto; depois cantando. Porém, eu não me imaginava como apresentadora até o Silvio Santos ver esse potencial em mim, no início da década de 1990, após participações do Banana Split (do qual eu fazia parte) em seu programa. Ele confiou em meu carisma, mesmo sem que eu tivesse comandado um auditório antes.
Minha estreia como apresentadora foi comandando o ‘Festolândia’, um programa enorme, com cenários, personagens, balé e auditório. Estudei, treinei e me dediquei para fazer dar certo. No entanto, três meses depois o programa foi descontinuado, devido a um corte de gastos. Eu ainda era muito menina, mas super determinada, então bati na porta do Silvio e pedi mais uma chance na emissora. Ele me colocou para apresentar desenhos, em um formato bem mais modesto, mas que acabou dando muito certo. A canção dos “Dedinhos”, que nasceu devido às limitações de espaço daquele cenário, foi um sucesso! Minha carreira se solidificou e só expandiu.
Então, o meu começo na televisão foi cheio de lindas oportunidades, mas também grandes desafios. Fiz faculdade de psicologia por 3 anos, mas o desejo de dar certo nessa carreira artística se sobressaiu. Investi e deu tão certo que hoje não me imagino fazendo outra coisa.

 

Eliana nos primeiros anos do programa infantil ‘Bom Dia e Cia’, no SBT – foto arquivo pessoal

 

Quais foram as suas maiores inspirações na vida?
Minha mãe e minha irmã, porque, durante minha infância e juventude, quase não se falava sobre temas como feminismo, empoderamento e representatividade feminina. Mas, hoje, olhando para trás, entendo que minha mãe, principalmente, era uma baita feminista sem saber. Quando falo de independência e protagonismo feminino, logo penso nela, que me criou dessa forma. Além disso, tive a minha irmã Helena como modelo. Ela já era adolescente quando eu ainda era menina, então recorri a ela como inspiração em muitos momentos.

Você sempre teve uma relação muito especial com as crianças. A maternidade transformou essa relação de alguma forma?
A maternidade causou uma revolução em mim, colocou todo o resto em perspectiva. Hoje em dia sei que, se meus filhos estão felizes e saudáveis, todo o resto se alinha mais rápido. Não romantizo, pois sei que é um momento cheio de desafios, principalmente para as mulheres. Mas celebro muito a maternidade, que chegou com tudo na minha vida e me mudou para melhor.

 

Com o marido e os filhos durante férias em Paris – foto arquivo pessoal

 

Você já tem uma carreira consolidada e muitas realizações pessoais. Qual é o seu maior sonho hoje? O que ainda almeja em sua carreira?
Meu maior sonho é assistir o crescimento e amadurecimento dos meus filhos. A minha prioridade é essa. Profissionalmente, estou animada pelos próximos capítulos da minha trajetória. Tem muitos projetos legais vindo aí, são trabalhos que já me orgulham. Me sinto realizada!

Foto da capa: Danilo Borges

Gilberto Gil se despedirá dos palcos com a turnê “Tempo Rei”, que rodará o país em 2025

Gilberto Gil se despedirá dos palcos com a turnê “Tempo Rei”, que rodará o país em 2025

A turnê de Gilberto Gil se inicia em março do ano que vem, em Salvador, e em seguida percorrerá outras cidades brasileiras. Os shows exaltarão o vasto repertório que compõe sua carreira de mais de 60 anos como cantor, compositor e instrumentista, sempre referenciado pelo público ao longo de gerações

“Não me iludo, tudo permanecerá do jeito que tem sido, transcorrendo, transformando, tempo e espaço navegando todos os sentidos”, canta Gilberto Gil na música “Tempo Rei”, de 1984. A canção agora nomeia a sua turnê de despedida dos palcos, que se inicia em março do ano que vem, em Salvador, e em seguida percorrerá outras cidades brasileiras. Os ingressos estão à venda na plataforma Eventim.

Gil quer desocupar o seu tempo, pretende levar seus dias mais tranquilos em casa, ditando os próximos passos sem pressa e anseios grandiosos. Aos 82 anos, ele afirma já não ser fácil realizar grandes turnês, apesar do gosto por estar perto do público. É hora de frear a correria. “Ficando mais em casa, vou achar naturalmente outras maneiras de ocupar (ou desocupar) os meus dias”, compartilha.

 

foto Giovanni Bianco

 

O tempo foi generoso com Gilberto Gil e, certamente, com seu público que pode apreciar suas poesias musicadas. “Como um dos maiores artistas do mundo, ele não poderia se despedir dos palcos sem antes fazer uma grande celebração. A obra de Gil é muito rica, então o conceito da turnê surgiu de forma muito natural, com o nome de ‘Tempo Rei’, uma música que consegue abraçar a sua importância”, reforça Pepeu Correa, CEO da produtora 30e que, em parceria com a Gege Produções, realizará a turnê.

O repertório será escolhido por Gilberto Gil, junto aos filhos Bem Gil e José Gil, responsáveis pela direção musical dos shows. Em entrevista à 29HORAS, o também imortal da Academia Brasileira de Letras discorre sobre o tempo, compartilha algumas memórias e outras filosofias, e antecipa mais detalhes da turnê. Confira!

O nome da turnê que você inicia em 2025 é “Tempo Rei”. Para você, o tempo é um agente que transforma as velhas formas do viver e ajuda a melhorar a sua obra (como faz com os vinhos) ou é um inimigo da permanência?
O tempo ajuda a melhorar a minha obra, a exemplo dos vinhos, como você colocou, mas também a faz envelhecer e, eventualmente, desaparecer depois de um transcorrer dele mesmo, ao mesmo tempo. O tempo é a palavra que criamos para falar desse mistério, desse deus por trás de tudo, o tempo passa e transforma.

Como você pretende passear por seu vasto repertório de mais de 60 anos de carreira? Quais serão os recortes e os enfoques na turnê?
Penso que a primeira coisa óbvia a considerar são as marcas lacradas de algumas das canções. Há uma memória que precisa ser respeitada e atendida. Muita gente vai querer ouvir suas canções preferidas. Haverá, certamente, um desfile de sucessos. Mas também outras surpresas. Eu espero que essa turnê seja no padrão histórico da minha relação com o palco, com a obsessão que tenho com a preparação, gosto muito de ensaiar! A lenda que corre é que cada ensaio meu é um show, mas a verdade é que há sempre nervosismos em estreias, em estar diante do público.
O tempo me ensinou os deleites do palco, o prazer e o gosto bom do encontro, com a minha própria música, depois com os músicos, em suas várias dimensões – e o tempo foi generoso e bondoso comigo, não me estressou, não me causou acidentes, e eu fui cantando por aí. Essa condição benigna de fazer o trabalho musical.

 

Gilberto Gil em turnê com sua família – foto Geovane Peixoto

 

Como você lida hoje em dia com o frisson de se apresentar para grandes audiências, em estádios e arenas?
Fui me acostumando a me apresentar para grandes públicos, grandes praças, estádios e tudo mais. Para mim, é mesmo mais difícil, mas dá-se um jeito. E vou trazer para o palco comigo homenagens a grandes artistas que me influenciaram. Desta vez, penso em cantar um Caymmi, um Luiz Gonzaga. Alguém mais, quem sabe… Veremos!

Na recente coletiva de imprensa que fez para anunciar a turnê, você disse que deseja “desocupar” o seu tempo despedindo-se dos palcos. Em seu grande sucesso “Palco”, você exalta a alegria de cantar evocando o “Fogo eterno pra afugentar / o inferno pra outro lugar”. O que mudou, essa chama esmoreceu? Com o que pretende “reocupar” o seu tempo daqui para frente?
As chamas sempre esmorecem, é claro. Eu mantive o gosto de subir ao palco e creio que será sempre assim. Mas fazer turnês extensas e intensas já não é tão simples. Eu não tenho boa memória, a minha tendência é esquecer os detalhes, mas me lembro de algumas viagens, lugares que visitei para fazer shows e lembro de descer de um trem na França, perto de Nice, para um show… esse acontecimento nunca me saiu da memória. Era uma correria para desembarcar com os instrumentos! São memórias assim, pouco relacionadas com o lado charmoso, eu fui carregador de piano. Nesse sentido, aos 82 anos fica mais difícil carregar pianos.
Há muito tempo venho pensando em desocupar o meu tempo, porque tocar, gravar, fazer música, encontrar pessoas, viajar em aviões, trens, ônibus, carros, navios… tudo isso ocupa um tempo danado. Chega de correria! Já são mais de 60 anos assim, é um bocado de tempo. Ficando mais em casa vou achar naturalmente outras maneiras de ocupar (ou desocupar) os meus dias.

No “Livro das Citações”, de Roberto Duailibi, há uma frase sua muito interessante: “Com a velhice, o corpo vai ficando solidário com a mentalidade”. O que você quis dizer com isso, exatamente? Ainda concorda com esse pensamento?
Essa é uma afirmação muito pessoal e particular. Não creio que haja um “exatamente” em tal frase. Concordo, no entanto, com a atualidade da ideia de que há uma “conformidade conforme a idade” entre todas as partes constituintes do eu.
Se adquirimos um certo equilíbrio em tudo o que somos, penso que é natural que essa solidariedade corpo-mente vá se dando melhor cada vez mais.

 

Gilberto Gil em posse na Academia Brasileira de Letras – foto Danielle Paiva / ABL

 

Além de um dos maiores compositores e cantores da música brasileira, você sempre foi muito admirado também por seu talento e sua habilidade como instrumentista. Você já teve problemas na voz e até perdeu uma das suas cordas vocais, algo que o forçou a fazer uma cirurgia na laringe. Mas como você diria que está a sua performance como violonista/guitarrista agora aos 82 anos de idade? E sobre a sua voz? Como você avalia a condição dela neste momento?
Inventei uma maneira muito pessoal de tocar violão, que foi se ajustando aos meus propósitos como instrumentista que acompanha seu próprio canto. Pertenço a essa vasta comunidade contemporânea dos “canto-autores” que se desenvolveram desde a última metade do século passado. Continuo adaptando meu violão e minha guitarra ao meu jeito de me acompanhar; e o meu canto ao que ainda pode a minha voz.

Nos seus retiros espirituais, você fala com Deus sempre que folga os nós dos sapatos, da gravata, dos desejos e dos receios? Qual o Deus que te guia?
O deus que me guia é o deus desconhecido. Ou aquele que emana das múltiplas maneiras de captar o seu significado, desconhecido, a rigor. Vai-se buscando um nome aqui, uma forma ali, um sentimento acolá, e deus vai se manifestando, é “um vago deus por trás do mundo, por detrás do detrás”, como nos versos da canção “Quanta”.

Você tem filhos e netos que seguiram os seus passos e se tornaram músicos. O que você enxerga de seu nas canções da Preta e dos Gilsons? Na sua visão, onde o seu DNA se manifesta nos trabalhos dos seus “sucessores”?
Os meninos e as meninas da minha prole, os meus “sucessores”, são frutos do meio ambiente saturado de arte e criatividade que tem caracterizado a minha vida, a “nossa” vida. Natureza (DNA) e Cultura. Quem sabe, herança genética e meio cultural. Talento e formação.

 

Ao lado do filho caçula, José Gil, carregando as netas gêmeas Pina e Roma – foto acervo Flora Gil

 

A rica poesia presente em suas canções o levou à Academia Brasileira de Letras. Como é a vida de um imortal? Você tem poemas que não foram musicados? Já pensou em lançar um livro com essas criações inéditas? Ou um livro de memórias?
Há vários poemas que não foram musicados, outros cujas músicas foram esquecidas, outros que já foram “remusicados” por colegas jovens e muitos que, provavelmente, permanecerão canções inacabadas. Não tenho pensado em ter uma reedição especial desse material. Nem, tampouco, um livro de memórias.

Metade dos estudiosos da história da música popular brasileira diz que você foi o grande idealizador da Tropicália, enquanto a outra metade atribui esse epíteto a Caetano. Você vive afirmando que foi ele e ele rebate falando que tudo só aconteceu por causa de uma epifania sua. Afinal, quem é o “pai” da coisa? Ou o movimento é um filho com guarda compartilhada?
“Guarda compartilhada” é a última conclusão a que chegamos. Talvez não houvesse “Tropicália” sem a minha intuição ou sem a inteligência dele. Mas também, sem dúvida, sem a contribuição de toda a turma que se deu ao trabalho.

 

Gil ao lado de Caetano Veloso – foto Flora Gil / Instagram

 

Nesse mundo com tantas guerras e tanto ódio sendo destilado a todo momento, você ainda tem uma visão otimista, como cantou em “A Paz”, ao lembrar que foi “uma bomba sobre o Japão que fez nascer o Japão da paz”?
O lado perverso da criação humana continuará sempre oscilando entre a paz e a guerra, até que ocorra uma migração definitiva para um estado puro de existência ou de inexistência, algo que considero improvável.

Foto da capa: Giovanni Bianco

Na Argentina, Mendoza é um destino que deve ser explorado em etapas

Na Argentina, Mendoza é um destino que deve ser explorado em etapas

A apenas 3 horas de voo de São Paulo, a cidade argentina de Mendoza é um destino que deve ser explorado aos poucos, preservando a tranquilidade e a calma que a beleza da Cordilheira impõe

Mendoza é um daqueles lugares que não devem ser visitados apenas uma vez e a minha sugestão é que a cada visita você passe de três a quatro noites, de preferência a contrafluxo, evitando a maior quantidade de turistas que costuma se concentrar aos finais de semana. A ideia é conhecer duas ou três bodegas por dia, o que pressupõe degustar vários rótulos e, após três dias nesse ritmo, é possível voltar para casa satisfeito.

A província abrange regiões produtoras distintas: Maipú, Valle de Uco e Luján de Cuyo. Você pode fazer as duas primeiras em um mesmo roteiro – que estão respectivamente a 30 km da capital –, mas deixe Luján de Cuyo, que se encontra em uma altitude superior (entre 1.000 e 1.200 metros), para uma única viagem, já que está a cerca de 80 km da cidade e o trajeto pode ser cansativo.

Saindo de Mendoza, esses três terroirs se encontram em direção ao Chile e, chegando na região de Luján de Cuyo, todas as rotas que saem da estrada principal em direção à Cordilheira dos Andes atravessam intermináveis plantações de uva, com um pano de fundo único. Adentrando essas vinhas, a imensidão coberta de neve aumenta, provocando um efeito hipnótico de tão imponente. Por lá, recomendo uma visita à Bodega Septima, que produz um dos melhores Malbec da região e que impressiona pela beleza da arquitetura de suas instalações. O lugar é de bom gosto e o rooftop oferece um verdadeiro camarote para as montanhas.

 

Mendoza – foto Georges Henri Foz

 

Vale dizer que os vinhedos são mais bonitos durante o verão, mas nessa época o calor castiga os amantes de um bom tinto e ainda mais de um Malbec. Podendo escolher, opte pelo inverno, que se estende até setembro e apresenta um visual interessante com maior cobertura de neve.

Outra parada obrigatória é na premiada Pulenta, conhecida pelo seu Cabernet Franc, variedade de uva que está em alta nos cardápios do mundo todo. Não muito longe, vale ainda passar umas horas na Bressia – bodega detentora de alguns rótulos de alta qualidade, como o Profundo e o premiadíssimo Conjuro – blend de Malbec, Cabernet Sauvignon e Merlot.

Também acho muito agradável parar em um lugar apenas por curiosidade. Foi assim que conheci um restaurante de fachada discreta, com uma placa que dizia “Bermelón, Cocina de Mercado e Casa de Vinos”. Ao entrar, é necessário passar por uma sala de estar e por uma pequena venda de vinhos, e assim se chega a um jardim que parece um verdadeiro oásis, com um bar, uma parrilla e poucas mesas espalhadas no bonito gramado (foto). Ali, degustando ossos com tutano e cortes simples de carne acompanhados de um vinho despretensioso, tive um dos melhores momentos da viagem.

De volta a Mendoza, não faltam opções para jantar. Destaque para o Los Toneles (uma vinícola desativada), a 10 minutos de carro do centro, mas que vale pelo cenário, pela comida e pela lojinha onde se pode comprar azeites de muita qualidade. Reparem que não mencionei visitas a instituições mais conhecidas, como Catena Zapata, Chandon, Escorihuela Gascón, pois acredito que Mendoza merece mais calma. O importante é que beleza natural e bom vinho não faltam na região! Hasta luego!

Entrevista com a diretora de marketing do Bradesco: “A personalização de campanhas é um caminho sem volta”

Entrevista com a diretora de marketing do Bradesco: “A personalização de campanhas é um caminho sem volta”

Nathalia Garcia, diretora de marketing, CRM e Vendas Digitais do Bradesco, discute a união da inovação e da criatividade para surpreender com campanhas verdadeiras no segmento financeiro

Com 20 anos de experiência no mercado financeiro, a executiva Nathalia Garcia é a primeira mulher a assumir a diretoria de marketing do Bradesco – atualmente o segundo maior banco em número de clientes do país, de acordo com o Banco Central. Ela já passou pelo CitiBank, GPS (Julius Baer Family Office) e HSBC, até ingressar na área de investimentos do Bradesco.

Líder de 400 funcionários, Nathalia está à frente de toda a comunicação do banco. Diante dos atuais desafios, ela destaca a criatividade humana aliada à tecnologia para a elaboração de campanhas impactantes para o público. “Hoje, as pessoas esperam que as marcas entendam e ofereçam aquilo que elas de fato necessitam, na hora que precisam e no canal de sua preferência”, afirma.

Em entrevista à 29HORAS, a diretora de marketing do Bradesco também antecipa outras tendências da comunicação no setor financeiro.

 

Nathalia Garcia, diretora de marketing, CRM e Vendas Digitais do Bradesco – foto divulgação

 

Você é a primeira mulher a assumir a diretoria de marketing do Bradesco. Nos últimos anos, o que aconteceu dentro e fora do banco para que esse marco importante fosse alcançado?
A posição que ocupo me deixa muito feliz e, ao mesmo tempo, traz uma grande responsabilidade, principalmente por inspirar outras mulheres. Tenho visto, nos últimos anos, movimentos importantes em prol da liderança feminina, não só dentro do banco, mas em toda a indústria. Cada vez mais as mulheres têm ganhado espaço e alcançado posições representativas nas corporações. No Bradesco, lidero o grupo de afinidades “Mulheres”, a fim de fortalecer o protagonismo feminino dentro da companhia. E, hoje, já conseguimos ver um equilíbrio nessa questão: 51% do quadro de funcionários é composto por mulheres.

Antes de adentrar a área de marketing, você passou pelos setores comercial e financeiro. Como essas experiências contribuem para a sua liderança na comunicação?
Ao longo da minha carreira tive a oportunidade de passar por diferentes áreas da economia, regiões do país e, principalmente, conhecer e me conectar com diversos perfis profissionais. Toda essa transversalidade possibilitou ampliar minha visão estratégica e de negócios, e conhecer diferentes culturas organizacionais, moldando a pessoa, a profissional e a líder que me tornei. Aplico esses aprendizados no dia a dia e com o meu time, promovendo um ambiente de trabalho inclusivo e colaborativo, em que cada pessoa se sinta encorajada a desenvolver todo o seu potencial e criatividade, buscando entregar sempre os melhores resultados.

Como a tecnologia é incorporada nas estratégias de marketing do Bradesco?
A tecnologia é um pilar fundamental dentro das estratégias de negócios do banco e, consequentemente, do marketing e da comunicação. Em um mundo cada vez mais globalizado, onde acompanhamos constantemente mudanças no comportamento das pessoas e como elas têm consumido informações e conteúdo, é impossível não ter a tecnologia como uma aliada.
Hoje, esses avanços nos permitem ter um conhecimento aprofundado dos diferentes perfis dos nossos clientes, apontando necessidades, interesses e demandas, tudo isso com muita agilidade e precisão. Na comunicação, estamos falando da possibilidade de termos campanhas praticamente personalizadas para cada cliente. Além disso, a tecnologia nos permite acessar dados de performance em tempo real e mudar a rota, se necessário, com a mesma agilidade. Mas, não podemos deixar de mencionar que toda essa evolução deve vir acompanhada de responsabilidade, ética e verdade, só assim a comunicação será realmente efetiva e impactante.

E como equilibrar esses avanços com a criatividade humana?
A criatividade é fio condutor de toda comunicação. É por meio dela que conseguimos enxergar os desafios sob novas perspectivas. Por isso, a criatividade talvez seja a oferta de valor mais intangível do marketing. Ela é quem dá luz e vida às nossas comunicações e contribui para estabelecer conexões reais e emocionais com nosso público. A tecnologia nos ajuda a viabilizar essas entregas criativas e personalizadas, ela está disponível para todos, mas a forma criativa que entregaremos a experiência para o cliente é que vai fazer diferença nessa comunicação.

Quais outras tendências de marketing aplicadas no mercado financeiro você destacaria? Entre elas, o que o Bradesco já pretende incorporar no futuro próximo?
A personalização de campanhas é um caminho sem volta, assim como a escuta ativa de redes sociais e a adoção de novas tecnologias. As empresas que souberem aliar a criatividade a essa tríade terão sucesso nas suas comunicações. Hoje, temos um consumidor cada vez mais exigente, que espera mais do que um serviço e produto, ele preza por experiências, customização e, principalmente, que as marcas entendam e ofereçam aquilo que eles de fato necessitam, na hora que precisam e no canal de sua preferência. Nosso desafio é que cada interação com a marca seja inovadora e, ao mesmo tempo, ressoe emocionalmente com nossos clientes.

Bradesco
• Fundado em 1943, em Marília, em São Paulo
• Presente em mais de 7 mil pontos de atendimento • 86 mil funcionários em todo o país
• Sua inteligência artificial já realizou mais de 2 bilhões de interações
• 70 milhões de clientes, distribuídos em todas as regiões do Brasil