La Rioja, na Argentina, reserva experiências etílicas, mas com um toque desértico e arqueológico

por | out 24, 2022 | Viagens | 0 Comentários

Em La Rioja, no noroeste do nosso país vizinho, passeios entre cânions e vinícolas revelam uma viagem gastronômica e de aventura ainda pouco comum

Mais ao norte da conhecida região de vinhos de Mendoza, na Argentina, La Rioja também reserva experiências etílicas, mas com um toque desértico e arqueológico. Entre fósseis de dinossauros do período triássico, cânions e estrutura de mineração da década de 1920, a província no noroeste do país é uma interessante opção de viagem em tempos de câmbio favorável.

Em um voo de duas horas, partindo de Buenos Aires, se chega ao pequeno Aeroporto de La Rioja, que já introduz o cenário de uma Argentina diferente daquela a que os brasileiros estão acostumados, com montanhas enormes, planícies áridas e cânions de rochas avermelhadas. A província faz divisa com Córdoba, a leste, e com o Chile, a oeste. A capital homônima fica também a 690 km de Salta, que tem chamado a atenção dos turistas do Brasil.

 

Fotos | Paula Calçade

Fotos | Paula Calçade

 

No meio de montanhas e cânions, formam-se vales de clima semiárido, propícios para a produção de vinhos. A província se destaca pela forte presença da uva Torrontés Riojano, variedade nativa, além de Malbec, Bonarda e Syrah. Para conhecer de perto a produção local, a Finca Vista Larga propõe passeios em suas vinícolas e olivais. A empresa familiar abriga oliveiras, videiras e nogueiras em 80 hectares, seguindo em pequena escala e quase artesanal. Os turistas podem agendar visitas guiadas (www.vistalarga.com.ar) com degustação dos produtos, que são todos orgânicos. E o azeite da marca é realmente delicioso e lembra o porquê de a região também ser a maior produtora de azeitonas do país.

Nos cardápios de La Rioja, ensopados com batatas e milho, as famosas empanadas, os suculentos presuntos crus, os doces de nozes e os alfajores de vinho feitos com Torrontés Riojano estão por todos os lugares, e vão bem em qualquer época do ano.

Por falar nisso, as temperaturas variam muito na província, assim como em todos os destinos semidesérticos, e o ideal é ficar atento. Os dias costumam ser ensolarados e as noites frias. No inverno não costuma nevar, mas as temperaturas são baixas, entre 0ºC e 10ºC. Já no verão, o calor pode chegar aos 40ºC!

Pequeno Chile

Chilecito é a segunda maior cidade de La Rioja e conta com boa infraestrutura, como hotéis, agências, lojas e restaurantes. É a melhor alternativa para a hospedagem, já que a localização é estratégica para quem quer explorar o oeste da província, onde estão os atrativos naturais.

Na cidade, um passeio interessante é a visitação à mina desativada de Cable Carril, no alto da Serra de Famatina. Toda a estrutura de exploração de ouro, prata e cobre da década de 1920 continua preservada, como teleféricos e maquinários. Um pequeno tour mostra a história do local, que remonta ao empreendimento construído por ingleses a fim de transportar os minerais extraídos até os trilhos que ligavam a cidade ao Porto de Buenos Aires.

Vinícola e produtos da Finca Vista Larga, em La Rioja - Foto Paula Calçade

Vinícola e produtos da Finca Vista Larga, em La Rioja – Foto Paula Calçade

 

Vinícola e produtos da Finca Vista Larga - Fotos | Paula Calçade

Vinícola e produtos da Finca Vista Larga, em La Rioja – Foto Paula Calçade

 

Fotos | Paula Calçade

Fotos | Paula Calçade

 

Vista panorâmica e maquinário da mina Cable Carril, em Chilecito - Foto Paula Calçade

Vista panorâmica e maquinário da mina Cable Carril, em Chilecito – Foto Paula Calçade

 

Hoje a mina é um marco também do cuidado com os recursos naturais, já a exploração de minérios poderia comprometer o fornecimento de água na região, e há muitas décadas foi desestimulada. Em Chilecito, o abastecimento hídrico ocorre principalmente pelo degelo das neves da Cordilheira.

Aos pés dos Andes

As experiências na natureza são, sem dúvida, o que mais chama a atenção em La Rioja. O grande destaque é o Parque Nacional de Talampaya, com 213 mil hectares, declarado Patrimônio Mundial da Unesco. A aventura começa no caminho até o lugar, na Cuesta de Miranda um caminho estreito cercado de paredes íngremes na Ruta 40, a maior rodovia da Argentina. Há um mirante onde é possível estacionar o carro e sair para apreciar a vista panorâmica e os enormes paredões de granito de variadas cores.

Presunto cru produzido localmente - Fotos Paula Calçade

Presunto cru produzido localmente – Foto Paula Calçade

 

No vale do Talampaya, viveu um dos maiores dinossauros do período Triássico, há aproximadamente 230 milhões de anos. Por ali, existem possibilidades de trilhas autoguiadas e gratuitas, além de aluguel de 4×4 e vans em roteiros maiores e que adentram os vales entre os paredões dos cânions. Para aqueles aventureiros que adoram observar céus estrelados no silêncio e na imensidão da natureza, é possível ainda reservar um passeio noturno. Na sede do parque, fica uma simpática lojinha de souvenires e um pequeno restaurante, que oferece saborosas empanadas!

Paredões do Parque Nacional de Talampaya, patrimônio da Unesco - Foto iStockphoto

Paredões do Parque Nacional de Talampaya, patrimônio da Unesco – Foto iStockphoto

 

Entrada do Parque Nacional de Talampaya, patrimônio da Unesco - Foto iStockphoto

Entrada do Parque Nacional de Talampaya, patrimônio da Unesco – Foto iStockphoto

 

Uma versão menor do Parque Nacional de Talampaya é o Canon del Triasico, que também apresenta as paisagens desérticas da província. Os percursos de três horas são todos feitos em veículos 4×4 que podem ser alugados em agências locais, no aplicativo Turismo La Rioja Argentina se encontram os principais fornecedores, e outras indicações importantes e chegam ao topo de algumas montanhas, de onde se observa as rochas vermelhas em contraste com o céu quase sempre azul. A vista é deslumbrante e nos lembra a incrível diversidade natural da Argentina, que está tão próxima da gente.

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