Do alto de seus 1,94 m e de seus 15 anos de sucesso na música, Fernando Fakri de Assis – o Sorocaba da dupla Fernando & Sorocaba – já se tornou uma referência no meio sertanejo. Maior arrecadador do Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) por anos, ele é uma verdadeira máquina de fazer negócios. Já foi um dos jurados-investidores na primeira temporada do programa “Shark Tank Brasil” (do canal Sony) e é dono ou sócio de empresas nos mais variados segmentos.
Equilibrando a divisão de seu tempo entre a família, a música e os negócios, ele aproveitou o confinamento forçado pelo coronavírus para curtir o filhote Théo, de apenas 1 aninho (fruto de seu casamento com Biah Rodrigues, ex-Miss Distrito Federal), e para analisar oportunidades de investimento que estão brotando nesse novo mundo pós-pandemia – inclusive na área musical.
Dia 8 de maio, na véspera do Dia das Mães, a dupla Fernando & Sorocaba se une a Luan Santana para realizar a live show “O Início”, com transmissão no canal dos artistas e em outras plataformas digitais. “A mãe é a luz de todos nós. Neste mundo assolado pela pandemia, ‘O Início’ é tudo o que remonta à esperança e a uma existência melhor”, afirma Sorocaba, que assina o conceito do projeto.
Em entrevista à 29HORAS, o cantor e compositor nascido na capital paulista e criado em Sorocaba fala um pouco de seus projetos musicais e de sua expectativa pelo retorno dos shows ao vivo. Fala até de um plano de se aventurar em uma carreira internacional, a partir de Nashville, a capital da country music nos Estados Unidos.
Confira a seguir os principais trechos dessa conversa:
Você se diferencia de outros artistas por sua incrível capacidade de compor canções de sucesso e pela sua habilidade nos negócios. Como você divide o seu tempo entre a música e essas outras atividades?
Diria que hoje divido meu tempo em três partes: 1/3 família, 1/3 música e 1/3 negócios. Acredito que encontrei um equilíbrio interessante e saudável para fazer coisas que me dão prazer, pois amo meu estilo de vida atual.
Você se envolve diretamente na administração e no dia a dia dos negócios ou apenas supervisiona e delega as decisões do cotidiano dessas empresas para profissionais de sua inteira confiança, com plena autonomia?
Alguns sim e outros não. O destino acabou me levando a administrar a minha própria carreira e a de outros artistas. Sempre procuro aprender com a carreira de um artista e aplicar na carreira de outro. Acho que é possível fazer vários paralelos entre a carreira de um artista e um negócio.
Como celebridade do universo country, como vê a agronegócio brasileiro?
O agronegócio brasileiro está talvez em um dos momentos mais incríveis da sua história, movido principalmente pela competência do agricultor brasileiro que investiu por anos em tecnologia produzindo muito mais no mesmo espaço de terra. A música sertaneja e o agronegócio sempre influenciaram um ao outro, e essa é nossa grande esperança com a volta dos shows. Simbora fazer feira agropecuária no Brasil inteiro!!!
E, agora mudando para o showbiz, para os negócios relacionados ao seu lado artístico, para onde você diria que está caminhando a música?
Nos últimos anos, o sertanejo tem sofrido – com algumas raras exceções – de uma explosão de artistas fazendo coisas muito parecidas e isso tem sido um pouco prejudicial para o segmento, na minha opinião. Enxergo que o sertanejo é o gênero do Brasil e sempre vai ter sua força, mas no atual momento vejo outros gêneros – com o forró, por exemplo – conquistando um maior espaço.
É verdade. A propósito, dois dos mais recentes sucessos da dupla Fernando & Sorocaba foram gravações com Tarcísio do Acordeon (“Só Não Divulga”) e Barões da Pisadinha (“Amor da Despedida”), não?
Sim. A verdade é que, com a digitalização da música, a barreira entre os gêneros musicais caiu. E música boa independe de gênero.
Como você vê o crescimento do funk no país? Sei que você já se apresentou com Ludmilla e Monobloco, mas consegue enxergar uma interação maior entre o funk e o sertanejo?
O sertanejo é um gênero agregador. A história recente da nossa música mostra isso, acredito que o sertanejo fará isso cada vez mais, não só com o funk, mas com outros gêneros também. É incrível a versatilidade do nosso estilo musical e a facilidade de absorver novas nuances. Se isso vai ser bom ou não só saberemos com o tempo, mas como disse acima, música boa sempre vai ser música boa, sou zero preconceitos!
Com os shows totalmente paralisados no país por causa da pandemia, o que você e a FS Produções estão programando para movimentar a agenda dos artistas que agenciam e da dupla Fernando & Sorocaba? Como sobreviver neste momento?
Além de estarmos em pandemia, não sabemos quando voltaremos a fazer shows. Mas acredito que vai haver uma demanda reprimida por shows que vai aquecer o mercado com força assim que tenhamos um norte sobre a retomada dos eventos. Enquanto isso não chega, temos algumas datas confirmadas da minha turnê de “IssoÉChurrasco”– um evento gourmet musical – que tenho certeza de que vai bombar Brasil afora, como já vinha acontecendo antes da pandemia.
Você já foi o líder de arrecadação de direitos autorais no país, em 2015. Hoje você está em qual posição neste ranking?
Fui número 1 em arrecadação por quatro anos e número 2 do ranking por três anos. Tive algumas músicas muito executadas pela dupla Fernando & Sorocaba e pelo Luan Santana. Confesso que um dos grandes motivos para ter conseguido tal feito foi o fato de compor muito sozinho. Hoje estamos em um momento em que os compositores compõem em grupos muito grandes e, para chegarem ao topo, criam muitas músicas para ver se acertam uma.
A indústria fonográfica derreteu, mas você ainda teve a oportunidade de vivenciar o final da era dos CDs, de surfar no boom dos DVDs, de fazer grandes apresentações em festas de boiadeiro e megashows. O que ainda falta ser feito na carreira da dupla Fernando & Sorocaba?
Apesar das limitações do idioma – infelizmente o português não nos proporciona muitas oportunidades pelo mundo –, gostaria de produzir algumas músicas em inglês. Estou me conectando a Nashville, nos Estados Unidos, para um possível projeto. Para quem não sabe, Nashville é a capital da música country norte-americana.
Em quais projetos a dupla está trabalhando neste momento? O que podemos esperar de vocês para o curto prazo?
Sempre fomos muito inovadores na hora da produção de nossos projetos. No momento de pandemia, fizemos isso com as nossas lives. E antes de dar início a cada uma delas, gravamos uma ou duas músicas inéditas, muitas delas tive a oportunidade de compor e meu parceiro Fernando, de produzir. Vamos lançar um álbum inédito com 20 canções, este mês ou em junho. Esse projeto está muito lindo musical e cenograficamente. Acreditamos que vai dar o que falar!
Agora casado, pai de um lindo garotinho, você diria que seu estilo mudou, que está menos “Paga Pau”, “As Mina Pira” e “Assim, Você Mata o Papai” e mais para “Bom Rapaz” e “Zona de Risco”?
Certamente mudou muito, estou vivendo um momento incrível. A história do home office e o fato de não estarmos viajando e nos apresentando todas as semanas talvez tenha sido responsável por permitir que eu passe mais tempo com minha família e viva com eles de uma forma que nunca imaginei antes. Estamos muito felizes. Com certeza eu estou muito mais para “Bom Rapaz” do que para “As Mina Pira”!
Como foi seu ano de 2020? Onde ficou confinado com a sua família? Foi um período criativo, artisticamente? Que lições você tirou dessa crise global que abalou de maneira tão profunda as nossas vidas?
Moro em São Paulo e meu escritório também fica na capital, mas essa pandemia me proporcionou passar mais tempo com minha família na propriedade rural dos meus pais no interior do Estado. Está sendo – depois do meu início de carreira – o momento em que mais estou compondo e produzindo músicas. Sem sombra de dúvidas ter tempo faz toda diferença para o lado criativo de uma pessoa. A música muitas vezes vem quando ela quer, e não quando a gente quer, e dar tempo para ela é importantíssimo. As conclusões que tirei desse período de retiro foi uma crença ainda mais forte na necessidade de ter mais qualidade de vida. Percebi como isso me ajuda a ter paz e ser mais produtivo.
E como andam os trabalhos da Fundação FS? Que tipo de trabalhos ela tem patrocinado ultimamente?
Nosso principal foco sempre foi o Hospital do Câncer de Barretos. Por meio de nossas lives em 2020, arrecadamos mais de R$ 600 mil para o hospital, e no ano de 2021 estamos ajudando a viabilizar a construção de um lago ornamental e de um jardim sensorial que será implantado nas dependências do hospital e ajudará trazer conforto e bem-estar, servindo como terapia para os pacientes do hospital.
Quando você imagina que voltará a fazer shows? Qual a sua expectativa?
Ainda não temos uma previsão, mas se eu pudesse fazer um exercício de futurologia, acredito que será a partir de outubro. Com o avanço da vacinação, temos esperança de voltar ainda esse ano. Conversando com meus amigos dos Estados Unidos da indústria da música, recebi a informação que o Dia da Independência norte-americana (4 de julho) será uma data marco para reabertura de shows de grande porte nos Estados Unidos. Mas infelizmente nem tudo que acontece por lá pode ser repetido por aqui. A vacinação lá está muito mais adiantada.
Para finalizar, mande por favor uma mensagem de esperança para os seus fãs, para que eles sejam fortes enquanto essa crise não termina.
Acredito que fé, resiliência e esperança são o que mais precisamos para atravessar este momento. Que Deus possa confortar as famílias que perderam seus entes queridos. Sejam fortes, juntos vamos vencer mais essa!
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