Ideias para as celebrações, os espumantes podem ser consumidos em diferentes momentos, ainda mais em dias quentes e ensolarados
O vinho convive com vários tabus no Brasil, um deles é de que os espumantes são bebidas para festas. Ora, claro que são perfeitos para as comemorações, mas por que devem ser consumidos apenas em celebrações? Para mim, os espumantes fazem parte do dia a dia, especialmente no verão.
Sempre me lembro de uma frase de meu amigo Davide Marcovitch, presidente para a América Latina da LVMH – holding francesa especializada em artigos de luxo –, que me disse: “Champagne é a bebida que transforma um momento trivial em um momento especial…”, não é bárbaro? As mais simples ocasiões podem se tornar excepcionais com uma taça.
foto iStockphoto
E não é somente Champagne, afinal há espumantes incríveis pelo mundo, especialmente no Brasil. Eu, como privilegiado que escreve sobre vinhos e não sobre parafusos, provei muitas borbulhas maravilhosas no último ano. Veja as recomendações a seguir:
• O Bebereta de Arinto e Chardonnay da Quinta do Porto Nogueira da região de Lisboa. Muito frescor com toques salinos e florais, uma delícia! Saem por R$ 200 no site www.quattroimport.com
• Quereu Rosé Brut Cuvée Reserve, chileno delicioso 100% Pinot Noir, borbulhas pequenas e persistentes. Por R$ 115, em www.premiumwines.com.br
• Estrelas do Brasil Nature, método tradicional das uvas Chardonnay, Viognier, Riesling Itálico e Trebbiano, com 30% do assemblage do vinho base fermentado em barricas usadas e mantido por, pelo menos, 36 meses em contato com as leveduras. No site www.estrelasdobrasil.com.br, custa R$ 160.
• Isadora Nature Rosé Guatambu, espetacular espumante de Chardonnay e Pinot Noir com 18 meses “Sur lies” muito fino. Por R$ 205,20, no site www.guatambuvinhos.com.br
• Pol Roger Brut Reserve, famoso e espetacular Champagne que mostra por que Champagne é Champagne. Em www.mistral.com.br, sai por R$ 828,50.
• Saint Felicien Nature, grande surpresa positiva com a assinatura Catena. De Chardonnay e Pinot Noir, método tradicional. A R$ 286,87 também em www.mistral.com.br
• X-Bulles do Vincent Caillé, de Chardonnay e Côt, biodinâmico delicioso com cremosidade e certa austeridade. Por R$ 183 no site www.delacroixvinhos.com.br.
• Saint Felicien Nature Champagne Fleury Brut Saignée, biodinâmico 100% Pinot Noir, com muita classe e frescor, cremosidade fina. Por R$ 642, em www.delacroixvinhos.com.br
• Saint Felicien Nature Crémant de Bourgogne Brut Rosé Henri de Villamont, biodinâmico 100% Pinot Noir, com muita classe e frescor, método tradicional. R$ 250 em www.weinhausexzellenz.com.br.
As festas de fim de ano devem ser motivo de comemoração e de pura alegria, e São Paulo oferece tudo o que precisamos para receber bem quem nos visitará em casa
Todo ano é a mesma coisa. As missões natalinas se resumem a encontrar um presente para cada um dos parentes e amigos que estarão com a gente e a produzir uma ceia que cumpra o protocolo e agrade a todos. Na verdade, é quase isso. Sabemos que nessa semana fatídica receberemos diversas outras visitas de pessoas queridas que não poderão estar na noite de Natal, mas que fazem questão de trazer um presente ou de apenas vir dar um abraço de fim de ano.
E é dessa situação que quero falar, porque é muito fácil estar preparado para visitas em cima da hora e poder fazer dessas ocasiões uma curtição em alto astral, sem estresse. O importante é ter um kit aperitivo fácil e rápido de montar, que possa alegrar essas situações inesperadas, além de resolver também o esquenta da noite da ceia.
A minha fórmula é simples: compre ou encomende dois bons patês e algumas boas charcutarias que você possa tirar da geladeira e colocar sobre tábuas, assim que tocar a campainha. A única coisa que tem que ser fresquinha é o pão. Sugiro um bom patê de champagne e um patê en croûte (aquele com uma casca em volta). O ideal é comprar pedaços grandes o suficiente para guardar embrulhado em papel filme e cortar uma fatia de cada quando a visita chegar. Na tábua, coloque essas duas fatias, um pequeno pote com alguns cornichons (pepininhos em conserva franceses), que são vendidos onde você irá comprar os patês.
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A outra tábua é das charcutarias e tem que ser um pouco maior, pois o ideal é ter uns quatro ou cinco itens diferentes. Eu colocaria um chorizo ou um fuet espanhol, uma copa curada, um pastrami e, claro, um bom presunto cru. Você pode escolher comprar esses produtos já fatiados (em embalagens menores para abrir somente o desejado) ou em peças e, nesse caso, deve fatiar tudo na hora. Prefiro desse jeito, porque mantém todos os produtos bem frescos. Nessa tábua, também coloque um copo com um pouco de gelo no fundo e tiras de pepino e de cenoura crua para neutralizar o paladar entre um sabor forte e o outro. Para acabar de dar uma cor e um frescor nessa tábua, sugiro ainda um pote com tomates cereja cortados ao meio com algumas folhas de manjericão. E pronto, está feito o seu “kit visita surpresa”!
E é claro que nesse calor absurdo de dezembro é fundamental deixar algumas garrafas na geladeira. Indico ter duas de espumante brut e duas de rosé. O tinto, se alguém fizer questão, pode estar na adega ou na despensa, basta deixar na geladeira 5 minutos antes de servir. E durante essa semana de surpresas, se tirou uma garrafa, já repõe logo em seguida.
Com isso, não tem como você ser pego de surpresa pelas visitas. O máximo de correria que pode vir a sofrer é sair para comprar um belo pão fresquinho para acompanhar todos esses “amuse bouche”. A seguir, alguns lugares para encontrar patês e frios, fatiados ou não:
Vinhos de sobremesa são excelentes opções de presente e algumas dicas são fundamentais no momento da harmonização com os doces
O paladar de muitos brasileiros costuma recorrer com frequência aos doces, e a hora da sobremesa é aguardada com entusiasmo em muitas mesas. Como amante de vinho, ressalto que esse momento também pode ser harmonizado e existem diversos tipos de vinhos de sobremesa no mercado, como os late harvest, os botritizados, os appassimento e os fortificados. Infelizmente, não há espaço nesta coluna para falar em detalhes de cada um, já que o assunto poderia virar um livro. Mas os late harvest, que são os vinhos elaborados com uvas de colheita tardia, costumam ser os mais acessíveis e fáceis de se encontrar no país, e existem verdadeiras maravilhas nas gôndolas.
Os vinhos doces, ou de sobremesa, são ainda opções excelentes e elegantes de presentes, pois a maioria vem em meia garrafa. O importante sobre esses rótulos são as dicas de harmonização para que o resultado não decepcione.
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Fique atento a algumas dessas recomendações:
1) É fundamental que a sobremesa não seja mais doce do que o vinho, pois a harmonização não irá funcionar. O vinho ficará ácido e não produzirá um sabor agradável.
2) Sobremesas com chocolate, cada vez mais comuns, não devem ser harmonizados com vinhos doces brancos, prefira os Porto ou Banyuls.
3) Os vinhos doces podem ser a própria sobremesa, ou seja, um cálice do vinho é suficiente, eventualmente pode ser acompanhado apenas por biscoitos. Fica elegante e gostoso.
4) Com frutas, use os espumantes doces ou demi-sec.
Os moscatéis, por exemplo, são bons, baratos e ficam excelentes com frutas ou receitas à base de frutas.
5) Sorvetes não funcionam com os vinhos de sobremesa pelo fato de o gelado anestesiar as papilas gustativas.
6) Tábua de queijos fortes, como reblochon e Saint Paulin, já bem evoluídos, harmonizam excepcionalmente bem com qualquer vinho doce.
7) Os contrastes, como o dito anteriormente, são bem-vindos com os vinhos doces. O exemplo mais clássico é servir o caríssimo Sauternes com foie gras – caso é citado por muitos apreciadores, ainda que poucos tenham realmente provado essa combinação.
Lista de compras: Casa Madeira Valduga. Chardonnay com Riesling Itálico, R$ 45 no site do produtor.
Após nossa deslumbrante visita à Serra Catarinense, apresentada na coluna da edição passada, a viagem continua pela BR 116 em direção à Serra Gaúcha
Vindo de Lages, em Santa Catarina, pela Regis Bittencourt, já às margens da cidade de Vacaria, o cartão de boas-vindas gaúcho não poderia ser mais bonito e acolhedor. O visual do rio Pelotas – que se avista atravessando a ponte da divisa de estado ao pé de uma serra que rasga uma floresta de araucárias centenárias – é lindo. Estamos adentrando um estado onde a influência das colônias alemã e italiana desenharam não apenas os costumes, a arquitetura e a culinária, mas também a indústria.
Logo antes de chegar a Vacaria e à beira da rodovia, encontra-se a primeira parada obrigatória: a Vinícola Campestre. Ali são produzidos os rótulos da Zanotto, que são premiados na Europa, e o lugar apresenta ainda um restaurante no mezanino envidraçado que oferece uma vista para as parreiras. Além dos vinhos e espumantes para venda e degustação, ficam expostos os sucos de uva, geleias, queijos da colônia e outros produtos regionais.
Cuidado para não se exceder e carregar demais o carro, porque a viagem é longa e há muito mais pela frente. Ainda em Vacaria, vale a pena parar na Dalaio Alimentos para levar as excelentes maçãs e experimentar os diversos tipos de queijos coloniais, são surpreendentes. O roteiro segue em direção a Caxias do Sul, que fica a 110 km e passa por São Marcos – cidade conhecida pelo apelido “cidade dos caminhoneiros”, isso porque em determinada época um a cada dois homens dessa cidadezinha era caminhoneiro.
Skyglass, em Canela, é uma das maiores plataformas de aço e vidro do mundo – foto divulgação
O ideal é se programar para chegar em Caxias entre 11h30 e 14h para almoçar maravilhosamente bem. A melhor galeteria da região é a disputada Alvorada. Trata-se do famoso galeto primo canto (baby galeto) na brasa no esquema rodízio, que começa com a sopa de capeletti seguida pelo galeto grelhado e seus acompanhamentos típicos da colônia italiana. São eles a salada de radicci (folha meia amarga) com bacon, maionese de batata, polenta frita e polenta ao forno e uma escolha de massa e de molhos variados.
Continuamos descendo para Porto Alegre e logo chegamos em Nova Petrópolis – que parece um cartão postal da Bavaria, com as casas parecendo de boneca e seus jardins de flores coloridas e milimetricamente recortados. E é dali que seguimos pela famosa estrada das hortênsias, rumo a Gramado e Canela. Essas duas cidades já estão no top 3 dos destinos turísticos do Brasil. São muitos passeios, como o Mundo de Chocolate da Lugano, com famosas paisagens do mundo feitas de chocolate maciço.
E no vale da Ferradura há uma atração recém-inaugurada. A Skyglass (foto), em Canela, que é uma das maiores plataformas de aço e vidro do mundo e que avança 35 metros para o vale. Ali, a cereja do bolo é o Abusado: um monotrilho suspenso que leva a um passeio a 360 metros de altura sobre o rio Caí.
No caminho entre Gramado e Canela, avista-se ainda o Vale dos Quilombos. O famoso hotel Laje de Pedra, com paisagem incrível para esse mesmo vale, deu lugar a um empreendimento de altíssimo luxo chamado Kempinsky. E para quem gosta de cerveja, deve conhecer a Cervejaria do Farol, pioneira na produção de brejas artesanais na Serra Gaúcha.
Se continuássemos pela estrada que sai de Canela, iríamos para São Francisco de Paula e Cambará do Sul, que é a base para explorar cânions, como o do Itaimbezinho. Mas isso é outra viagem. Até a próxima!
Gastronomia descomplicada faz a alegria de quem frequenta o icônico prédio Copan, cujo cardápio inclui restaurante, sorveteria, bar, loja de vinhos e um café instalado dentro de uma livraria
Projeto icônico de Oscar Niemeyer e símbolo de São Paulo, o Copan tem mais moradores do que 1.331 cidades brasileiras. Mas não são “apenas” os 5 mil moradores do prédio que dão vida ao local e preenchem suas ruas laterais, entrando e saindo do andar térreo do edifício. Por ali, restaurantes, bares, livraria, lojas e cafés são verdadeiras alternativas de passeio para paulistanos e turistas.
A fachada do icônico edifício Copan – FOTO Pablo Trincado | Flickr
Aberto em plena pandemia, em 2021, o bar e loja Paloma se dedica aos vinhos, que ficam expostos nas prateleiras e dão ar alegre ao lugar – o que também se reflete nas paredes e mesas claras e nos rótulos servidos em copos, não em taças. Vinhos chilenos, argentinos e espanhóis ganham destaque e da cozinha também saem petiscos, como a manjuba com salsa, ostras, coração empanado com maionese da casa, azeitonas marinadas, além das seleções de queijos.
O salão da loja Paloma – FOTO divulgação
O bartender Felipe Rara, um dos sócios do Paloma, também está à frente do Fel, bar de drinques logo ao lado que abre todos os dias – o que combina com o Copan e a própria cidade. Com ambiente intimista, o local dispõe de apenas de 13 lugares no balcão e oferece atenção especial em sua carta de coquetéis. Vale se sentar e conversar com a equipe de bartenders para receber alguma surpresa em uma taça, mas o Modus Vivendi – com Jerez, gin e angustura – e o espresso martini, valem a pedida.
O balcão do bar Fel – FOTO Rafael Define
Em contraste interessante, a sorveteria Tem Umami – que não tem salão e reúne apreciadores de casquinhas na calçada – vende sorvetes no estilo soft, aqueles que saem rodopiando da máquina. São dois sabores, um rotativo e um fixo, esse de baunilha servido com cupuaçu em calda, farofinha doce e um pedaço de doce de flor de sal feito na casa dentro da casquinha de fubá.
Uma casquinha da sorveteria Tem Umami – FOTO Danilo Machado
Para fechar o passeio, o Cuia Café, da chef Bel Coelho, fica dentro da livraria Megafauna e apresenta um interessante menu que vai do brunch ao jantar. Para a entrada, a tostadinha com hommus, picles, tubérculos e sementes se revela um prato leve. Também na linha vegetariana, a moqueca traz vegetais orgânicos e arroz agroecológico em um caldo quentinho, e vai bem em dias frios. Há ainda o tartare de wagyu com maionese de pimenta baniwa e mix de sementes tostadas com fritas; e o peixe do dia com salada de feijão manteiguinha, farinha d’água e molho de tucupi.
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