Uma das principais arquitetas do pop nacional, Marina Lima completa também 45 anos de uma carreira cheia de hits e sobe ao palco do Noites Cariocas agora em abril
Sobrevivente de anos tenebrosos de pandemia e obscurantismo em que pátrias e famílias se partiram, Marina Lima segue colando os caquinhos, compondo, cantando, tocando e espalhando seu charme pelo mundo. A vida arranha, mas, mesmo assim, no dia 13 de abril essa eterna gata sobe ao Morro da Urca para apresentar no Tim Music Noites Cariocas seus hits atemporais.
Autora de clássicos dos anos 1980 e 1990 que até hoje soam modernos, Marina completa 70 anos no ano que vem, mas já no segundo semestre deste ano dá início à turnê de um novo show que vai celebrar esse marco “biológico” e os seus 45 anos de trajetória na música. A idade parece não ser um obstáculo capaz de conter seu ritmo fullgás nível hard.
A cantora Marina Lima – foto Candé Salles
E, se tudo correr conforme o planejado, em 2025 poderemos ver também uma série sobre sua vida e sua obra, um projeto coordenado por seu amigo Candé Salles, idealizado pela atriz Luiza Mariani e dirigido pela prima dela, Joana Mariani. Trata-se de uma vida que não cabe apenas em um filme, precisa de uma série com vários episódios: eclética, ela já gravou com Caetano Veloso, com Martinho da Vila e com Mano Brown, já posou nua para a “Playboy”, sua primeira transa foi com ninguém menos que Gal Costa, teve um clipe seu inaugurando as transmissões da MTV Brasil, foi apresentadora do “Saia Justa” (do canal GNT), teve um show com cenografia assinada pelo premiado arquiteto Isay Weinfeld e escreveu um livro de memórias.
Na entrevista que ela concedeu à 29HORAS, a carioquíssima Marina revela a alegria de voltar a se apresentar no Rio, confessa que ainda se sente uma “estrangeira” morando em São Paulo mesmo tendo se mudado para lá em 2010, diz que, apesar de ser gata todo dia, vive um momento em que se sente um cachorrão solto e também fala da sua voz, de envelhecimento e etarismo, de seus anseios por um mundo mais igualitário e de seu inabalável apetite pelo novo. Confira nas páginas a seguir tudo o que essa inquieta artista contou para a gente.
Em 2025, você completa 70 anos de vida, mas as celebrações começam agora em 2024, com o projeto “Rota 69”. O que é esse projeto? Esse será o meu próximo show, cuja turnê começa em agosto, no Rio, e depois vai rodar o Brasil. Pretendo mostrar uma espécie de esqueleto da minha carreira. Dar um panorama rico e completo. Já fiz milhares de apresentações ao vivo, mas eu acho que a base do meu trabalho todo está nos 21 discos que lancei, nas canções que compus e que gravei de outros compositores. Vou tentar mostrar esse perfil, o melhor que puder. Teremos ainda vídeos e imagens antigas nos cenários, lembranças e posturas que são para sempre.
E o seu show no Noites Cariocas, agora em abril no Morro da Urca? Como será essa apresentação? Até maio farei shows da turnê “Nas Ondas da Marina”. Esse do Tim Music no Noites Cariocas é um dos últimos que apresento nesse formato, apesar de ainda estar adorando fazer esse show. Modéstia à parte, eu gosto muito do meu repertório e, desde que comecei, sempre tive como meta fazer canções que resistissem ao tempo. E me orgulho de ver que tenho conseguido.
foto Guilherme Leite
Manter-se na ativa depois dos 50 – ou mesmo depois dos 40, em alguns casos – parece que incomoda muita gente… Outro dia ouvi você dizer que não quer ter outras idades, pois já viveu todas elas. O etarismo é uma questão que te incomoda ou é algo que nem merece a sua atenção? Merece a minha atenção porque a maioria das pessoas convencionais estão “presas” a esse problema. A questão que realmente me preocupa no envelhecimento é tentar manter a minha vida o mais saudável possível, para poder desfrutar dessa experiência que é amadurecer e envelhecer. David Bowie tem uma frase linda a respeito: “Envelhecer é um processo extraordinário em que você se torna a pessoa que você sempre deveria ter sido”. Vou te revelar uma coisa: só me senti inteiramente livre para tomar as decisões mais difíceis, com autonomia, depois dos 60. Tenho a sensação de que estava me preparando para isso.
A 29HORAS é a revista da Ponte-Aérea, e você é uma pessoa que leva a sua vida nesse vai-e-vem entre as duas cidades. O que te levou a “migrar” de uma cidade para a outra em 2010? E o que São Paulo tem de melhor e o que o Rio tem que nenhuma outra cidade jamais vai ter igual? Em 2010, eu me sentia sufocada no Rio… parecia que não havia mais lugar para mim no cenário musical. Haveria, se ficasse fazendo mais do mesmo, como uma artista cristalizada que já tinha dado tudo que tinha para dar. E o meu caso era o oposto disso. Estava inquieta, cheia de ideias novas, querendo misturar o meu trabalho com outras sonoridades brasileiras e estrangeiras que estavam me interessando. Ao invés de ficar estagnada e chateada, resolvi me mexer. Me mudei para São Paulo, que é a maior cidade da América Latina. São Paulo é hospitaleira, acolhe um fluxo enorme de pessoas do Brasil e do mundo todo. O fato de eu mudar e encarar a vida lá me fez ser muito bem recebida, mas não é fácil você deixar uma cidade como o Rio de Janeiro. O Rio, além de lindo e de ter o mar, tem um jeito carioca que adoro com o qual me identifico. Eu me sinto uma estrangeira em São Paulo, mas descobri que isso me fez crescer muito.
Recentemente, vi imagens de um show que você apresentou em 2022 no Circo Voador e deu para perceber a euforia do público carioca por tê-la “de volta”. Você sente algo diferente quando se apresenta no Rio? É claro! Porque me vejo ali, na alma do povo carioca. Devo confessar que tenho uma relação de amor e raiva com o Rio (risos). Amo a minha cidade e, se pudesse ter escolhido, provavelmente jamais teria me mudado. Mas a vida nem sempre é como a gente quer. E eu aprendi a adorar morar em São Paulo. Com a sua grandeza, sua diversidade e os amigos queridos que também me aquecem. Desigualdade e violência existem nas duas cidades, sendo que São Paulo ainda tem um agravante: a poluição. Esse show no Noites Cariocas será outro reencontro meu com o público carioca. E vai ser em um lugar muito especial, onde você canta com a cidade toda aos seus pés, aquela vista que só o Rio de Janeiro tem…
foto Candé Salles
Logo após a pandemia, você desmanchou o seu casamento de dez anos com a advogada Lídice Xavier. Os períodos de confinamento e isolamento foram duros para você? Foi uma fase produtiva ou de bloqueio criativo? O período da pandemia foi uma fase rica para mim, de muita produção. Pela impossibilidade de sair, ver gente e trabalhar, direcionei a minha atenção para estudar, ler e compor. Foi nesse período que finalmente lancei o meu songbook contendo toda minha obra, que é bem grande… também lancei um EP digital com quatro inéditas. Às vezes esses sustos que passamos pela vida, como uma pandemia, genocidas, as mortes todas, nos fazem encarar o mundo de uma forma mais crua e real. Isso vale para casamentos, famílias, amizades. Tudo é revisto, né?
No final dos anos 1990, você teve sérios problemas com as suas cordas vocais. Clinicamente, qual é o estado da sua voz atualmente? Foi tudo superado. Era um problema emocional que afetou as minhas cordas vocais. Uma misto de depressão com crise existencial que durou alguns anos. Mas eu, como boa virginiana que sou, cavei, cavei e cavei até encontrar e trazer o meu ouro de volta. A fonoaudiologia foi também muito importante nesse processo. Parece brincadeira, mas a sensação que tenho é a de que, pelo fato de ter ficado alguns anos quase sem cantar e sem “brincar” com a minha voz, uma aura dela foi preservada. Tenho cantado com alegria, vigor e técnica novamente. Sinto que cada dia ela está melhor.
Em 1990, a MTV Brasil entrou no ar com um clipe seu – uma versão pop de “Garota de Ipanema”. A propósito, ao longo da sua carreira você já passeou pelos mais variados gêneros musicais e ritmos, como o rock, o soul, a bossa nova e a música eletrônica. Para onde caminha a sua música? Para qual direção a sua bússola tem apontado? Cara… Eu tô só esperando a hora de fazer uma nova imersão nos estudos de violão, no domínio da linguagem midi (para gravação) e na alimentação vegana. Estou em um momento de buscar sentidos para as coisas novamente, é uma coisa mais do que apenas musical. Sabe aquela imagem de quando se solta um cachorro em um campo verde, bem grande? Eu tô me sentindo como aquele cachorro.
foto Candé Salles
Para 2025, o seu amigo Candé Salles e a diretora Joana Mariani estão tocando o projeto de uma cinebiografia da sua trajetória. O que você pode adiantar para a gente sobre esse projeto? Essa é uma ideia que veio da Luiza Mariani, que é a atriz que vai me representar na tela. Nós já tivemos alguns encontros, nos quais eu contei um pouco da minha história. A Luiza é prima da Joana, e as duas já trabalharam juntas no filme “Todas as Canções de Amor”, uma como atriz, a outra como diretora. Vamos rodar uma série sobre minha vida e obra. Agora o projeto está em fase de roteiro, e as minhas expectativas são as melhores possíveis!
Neste momento, uma versão de “Eu Não Sei Dançar”, na voz de Maria Maud, está sendo destaque da trilha sonora da novela “Renascer”. Sei que você já teve várias canções em produções televisivas – até mesmo em aberturas de novela –, mas como é ver uma canção sua fazer sucesso na voz de outra cantora e ainda mais 33 anos após o seu lançamento? Me emociona. Ainda mais quando eu gosto, como é o caso da Maria. É aquilo que já te falei anteriormente, que sempre tive a meta de compor, gravar canções, criar arranjos, que resistissem ao tempo. É o caso com “Eu Não Sei Dançar”, uma canção do Alvin L que a Maria Maud regravou lindamente.
Você reclama que, no começo da sua carreira, todos questionavam a legitimidade de mulheres que eram cantoras e instrumentistas, compositoras e formadoras de opinião. Como se as mulheres não tivessem a capacidade de brilhar em tantas áreas. O que mudou no mundo da música nas últimas décadas e o que ainda tem de mudar para termos um ambiente mais igualitário e menos preconceituoso? Vamos ser justos, o que mudou foi o mundo inteiro, não só o nicho da música. Acho que nós, “minorias”, estamos caminhando bem. As mulheres, a população LGBTQIA+ e os pretos estão tendo mais reconhecimento e ocupando mais espaços. E, na boa, acho que só assim é que todos podemos ter uma visão do mundo real com todas as suas belezas, suas diferenças e até suas crueldades também.
Você é conhecida há décadas por ser uma mulher estilosa. Afinal, qual é o charme do mundo? Para mim, o charme do mundo reside na maneira que lidamos com as dificuldades, as durezas e as aberrações da vida. Quem consegue equilibrar tudo isso com bem-aventurança, leveza e uma certa alegria tem todo o charme do mundo.
Marina em seu apartamento no bairro paulistano de Higienópolis – foto Candé Salles
Há 20 anos trilhandoum caminho de sucesso no mercado da moda, a estilista Patrícia Bonaldi preza pelo handmade e amplia a presença internacional de sua marca
Já dizia Coco Chanel: “A moda passa, o estilo permanece”. De fato, somente aqueles que alcançam a atemporalidade conseguem escrever seu nome na história. Foi o que fez a icônica estilista francesa e é o caso da brasileira Patrícia Bonaldi. Com estilo único caracterizado pelos bordados artesanais, que são verdadeiras obras de arte, a mineira de Uberlândia tem apenas 43 anos de idade, mas já acumula mais de duas décadas na moda.
A estilista Patrícia Bonaldi – foto Léo Faria
Sua paixão pelo universo dos tecidos e costuras começou ainda na infância, porém o sonho ficou adormecido enquanto tentava se encontrar em outras áreas. Após um período de três anos no Japão – onde trabalhou em uma fábrica e aprendeu valores como disciplina, determinação e planejamento –, Patrícia retornou à sua cidade natal e, em 2002, deu seus primeiros passos como estilista, quando lançou sua marca homônima focada em vestidos de festa.
Hoje, a empresária responde apenas por PatBO, marca de moda casual lançada em 2012 e que lapida seu nome no mercado internacional. Com a mesma excelência nos bordados e no handmade – em coleções amplas que incluem beachwear, jeans, casual e evening –, já tem 12 lojas próprias no Brasil e está presente em mais de 26 países, sendo os Estados Unidos o maior mercado, com uma loja no Soho, em Nova York, e outra no Design District de Miami.
Única brasileira no calendário oficial do Council of Fashion Designers of America, ela já é figurinha carimbada na New York Fashion Week, na qual apresentou em fevereiro sua coleção de Fall/Winter 24, batizada de “Femme Frames” e inspirada no empoderamento da mulher moderna e em suas múltiplas facetas.
Ajuste final da coleção “Femme Frames” – foto Leca Novo
Em entrevista à 29HORAS, Patrícia Bonaldi fala sobre seus sonhos, como enxerga o mercado da moda e qual é a sensação de vestir celebridades como Alicia Keys, Jennifer Lopez e, mais recentemente, a diva Beyoncé em sua Renaissance Tour. Confira a seguir os principais trechos:
Como surgiu a sua relação com a moda? Quais foram as suas referências? Minha ligação com a moda floresceu com a minha mãe, que sempre foi minha inspiração – eu a acompanhava nas lojas e apreciava profundamente o trabalho das estilistas. Desde cedo, desenvolvi um amor por explorar tecidos e visualizar o processo de confecção de roupas. Observar mulheres discutindo desenhos e participando desse universo se tornou uma rotina incrível para mim! Essa interação constante com o mundo da moda não apenas aprofundou minha paixão, mas também moldou meu desejo por participar ativamente do desenvolvimento de peças únicas.
Qual foi a primeira peça que você criou? O que ela significava para você? Em 2002, dei o primeiro passo ao inaugurar uma loja multimarcas em Uberlândia. Muitas clientes demonstravam interesse pelos vestidos que eu mesma desenhava e usava. Explicava que essas peças eram exclusivas e não estavam disponíveis para venda, mas houve um momento marcante em que uma cliente insistiu, sugerindo que eu começasse a criar para outras pessoas. Encarei o desafio e prometi a ela que faria algo exclusivo, com total liberdade criativa. Assim, surgiu um vestido preto midi de cetim. Esse foi o ponto de virada: ao trazer minha visão única e minhas próprias criações para o negócio, tudo começou a mudar de direção.
O que a levou a criar a marca Patrícia Bonaldi em 2002 e, em 2012, a PatBO? Ao retornar do Japão após três anos, minha intenção era empreender. Foi assim que, em 2002, nasceu a marca Patrícia Bonaldi, dedicada ao segmento de festas, que destacava vestidos bordados. Uma década mais tarde, em 2012, surgiu a PatBO, impulsionada pelo meu desejo de explorar o universo mais casual da moda. Mantivemos como pilar central o cuidado artesanal e elevamos o bordado, a alfaiataria e as estampas para um local mais experimental e ousado. Essa diversidade reflete a evolução da marca ao longo do tempo e nossa constante busca por inovação e versatilidade, mantendo sempre a essência do handmade.
foto Leca Novo
Quais são as principais diferenças entre as duas marcas? As peças de Patrícia Bonaldi eram desenvolvidas para o segmento de festas e roupas de gala, exalando sofisticação. Já a PatBO tem como objetivo principal a elegância, mas com um toque descontraído, e apresenta uma variedade de itens que transitam pelo universo do jeans, do casual e do beachwear. Os shapes distintivos e os bordados marcantes continuam a ser elementos essenciais, proporcionando uma identidade consistente e reconhecível.
Apesar das nuances em nossas propostas, o DNA permanece o mesmo.
Como foi o processo de internacionalização? Qual a diferença entre o comprador brasileiro e o de outros países? É importante ter um negócio consolidado para o processo de internacionalização. Exportar não se resume apenas a ter um produto desejado, é crucial possuir uma logística bem estruturada e estar preparado, sem margem para erros. No caso da Saks Fifth Avenue [loja de departamento americana que vende artigos de luxo], por exemplo, foram necessários três anos até que iniciassem a compra de produtos da PatBO. O público brasileiro te permite a experimentação, aprender com as tentativas. Em outros países, essa margem de manobra é significativamente reduzida e exige compreender o processo de internacionalização para seguir o negócio. Aprendi com o internacional a trazer esse formato mais fragmentado. Tenho uma marca com olhar e estratégia globais. São poucas coisas que adaptamos para cada hemisfério, porque queremos que a experiência de compra seja a mesma.
Em 2020, você fez a sua estreia na New York Fashion Week. Como aconteceu o convite e como foi a experiência? Para você, o que o evento significa para o mercado da moda? Atribuo esse sucesso à abordagem que adotamos para a internacionalização da PatBO. Na nossa estreia em 2020, apresentamos em uma plataforma digital peças exclusivas para os Estados Unidos, e o desfile se revelou um momento crucial para introduzir nossa coleção a uma audiência que incluía tanto celebridades quanto compradores renomados. Foram quatro anos de dedicação, seguindo minha visão de construir a marca por meio da produção de roupas autênticas. Cada participação no NYFW é motivo de celebração! Ser a única brasileira no CFDA (Council of Fashion Designers of America) é uma honra e representa a consolidação da marca no cenário internacional, resultado de uma trajetória longa e muito comprometida.
foto Leca Novo
É muito diferente de se apresentar no São Paulo Fashion Week? Como você enxerga o evento no Brasil? A estreia da PatBO no SPFW, em 2015, foi uma emoção indescritível e representou um marco. A decisão de integrar o calendário foi tomada com a certeza de que estávamos trilhando o caminho adequado para participar do evento de moda mais relevante do país. Enxergo o evento no Brasil de forma positiva, a ponto de decidirmos retornar às passarelas brasileiras. No ano passado, apresentamos nossa coleção de Alto Verão diretamente em nossa flagship. Sentia a necessidade de compartilhar essa experiência com nossas clientes e quis proporcionar algo ao nível da NYFW.
Modelo desfila peça da coleção “Femme Frames” na NYFW – foto BFA
Hoje as suas roupas vestem diversas celebridades mundiais, como é o caso de Beyoncé, em sua última turnê. Quando você começou, qual era a sua principal ambição em termos de sucesso? Sem dúvida a presença de celebridades vestindo nossas peças representa uma parte emocionante e significativa da jornada da PatBO, é uma validação do trabalho duro que dedicamos em busca da excelência criativa. Mas meu foco primordial para alcançar o sucesso é a criatividade e o design exclusivo das peças. É essa singularidade que naturalmente atrai a atenção das personalidades, impulsionando a notoriedade da marca. Ver a PatBO no ponto em que está hoje é a realização de um sonho! Porém, sou alguém que confia na intuição. Não se trata de estagnar e continuar fazendo a mesma coisa indefinidamente. É sobre se adaptar de maneiras diversas, evoluindo com o tempo e com o aprendizado acumulado. É uma narrativa em constante transformação.
As suas peças são feitas à mão, valorizando os processos artesanais. Como você vê esse mercado atualmente no Brasil e no mundo? Quando comecei, estávamos imersos em uma fase da moda mais minimalista, pelo menos aqui no Brasil. Decidi ousar, indo na contramão desse movimento. Um dos valores que ganhou maior destaque internacional para minha marca é a produção no Brasil, em especial o bordado realizado em minha cidade natal. Não encaro a moda como apenas a criação de mais uma peça de roupa, como uma simples calça jeans. Para mim, cada peça deve contar uma história, transmitir algo especial e provocar sensações únicas. Sempre ressalto que cada mercado tem seus objetivos específicos; nada é uniforme. O fundamental é acreditar em sua proposta e seguir em frente com determinação.
foto Leca Novo
Quais são seus próximos passos e como imagina o futuro? Ainda quer realizar algum grande sonho com as marcas? A médio prazo, tenho a intenção de consolidar a presença da PatBO no mercado asiático. Durante minha viagem para a China, realizei um estudo aprofundado em colaboração com minha equipe para compreender as nuances desse mercado e suas oportunidades. Além disso, pretendo dedicar parte do foco ao nosso Projeto Costurando Sonhos, que nasceu do desejo de perpetuar a técnica manual, capacitar mulheres e gerar conhecimento. Essa iniciativa representa um passo significativo na promoção da habilidade artesanal. Quero expandir essa escola para outrosestados – buscando profissionalizar e inspirar em diversos setores empresariais – e ampliar de outras formas a PatBO, como fazer sapatos… Estamos só começando!
Vestido da coleção “Femme Frames” – foto BFA
Sintonia na SPFW!
De 9 a 14 de abril, o Iguatemi São Paulo, o JK Iguatemi e outros locais icônicos da capital paulista recebem mais uma Semana de Moda, que nesta edição apresenta o tema “Sintonia”. “Sempre enxergamos as pessoas, a moda e o Brasil no lugar da potência, e o SPFW como esse espaço de experiências e encontros sintonizados com os temas de seu tempo, e que ajudam a desenhar novos modelos de mundo no século 21”, explica Paulo Borges, fundador e diretor criativo do SPFW. Entre as 27 marcas que desfilam, estão nomes muito conhecidos pelo público, como Lilly Sarti, Lino Villaventura, Patricia Viera, Glória Coelho e João Pimenta, ao lado de estreantes como Catarina Mina e Reptilia. Mais informações em: www.spfw.com.br
Centro de Pesquisa Avançada do Novo Samba Tradicional Onde o Coro Come, de Marcelo D2, tem oficinas, debates, ensaios musicais e uma mostra de fotos que retratam o dia a dia nos subúrbios cariocas
O músico Marcelo D2, em parceria com Luiza Machado, é o idealizador do Centro de Pesquisa Avançada do Novo Samba Tradicional Onde o Coro Come, que funciona até o dia 22 de março no centro histórico do Rio, com a exposição “Linhagem Suburbana”. A mostra reúne 22 obras do fotógrafo Wilmore Oliveira, também conhecido como Youknowmyface, retratando o cotidiano dos subúrbios cariocas. O espaço mistura arte, moda, educação, tecnologia e comportamento, refletindo a contínua busca de D2 por experimentações sonoras e compartilhamento de seu processo criativo, e é uma continuação do projeto Iboru. O centro abriga ainda uma série de eventos e atividades, incluindo ensaios abertos de Marcelo D2 com convidados especiais, lançamentos de livros, oficinas e debates que celebram a cultura brasileira. A programação completa pode ser conferida no perfil de D2 no Instagram (@marcelod2), e a entrada é gratuita.
foto Caiano Midam | divulgação
Centro de Pesquisa Avançada do Novo Samba Tradicional Onde o Coro Come
Rua Sete de Setembro, 43, Centro.
Até o dia 22, de terça a sábado, das 11h às 19h.
Menu vegano do restaurante Gurumê traz legumes, frutas e verduras como ingredientes principais de sushis e ceviches
O restaurante Gurumê acaba de lançar seu cardápio vegano, o Veg Mê, assinado por Nanda Capobianco, naturopata e certificada como terapeuta de nutrição integrativa pelo Landmark Worldwide e pelo Instituto de Nutrição Integrada, ambos de Nova York. O novo menu tem maravilhas como a pipoca de couve-flor, o ceviche de banana da terra, os sushis crocantes de palmito pupunha, os jyos de abobrinha e provolone vegano, a “posta” de tofu em crosta de pistache e creme de cogumelos, o usuzukuri de abobrinha e os hot rolls de edamame com molho tarê.
Surgida a partir da demanda de clientes por opções veganas, a linha Veg Mê tem preços inferiores aos da linha de pratos “convencionais”, sendo, portanto, mais acessível. E os produtos não foram pensados exclusivamente para o público vegan, eles são atraentes, saborosos e capazes de satisfazer todas as pessoas que apreciam a delicadeza e a potência da gastronomia japonesa.
foto divulgação
Gurumê
Avenida Ataulfo de Paiva, 270, Leblon.
Tel. 21 4042-1914.
A capital gaúcha Porto Alegre tem motivos suficientes para ser destino final e não apenas parada de turistas
Porto Alegre oferece novas possibilidades para aqueles que desejam conhecer o Rio Grande do Sul para além de suas serras e pradarias. A oferta gastronômica e cultural da cidade se tornou mais atrativa no último ano – o que já se reflete na busca pelo destino – que cresceu 83% entre julho e agosto de 2023 em comparação com o mesmo período de 2022, na plataforma Booking. A cidade também aparece na 3a posição entre os destinos que são tendências nacionais.
O Benjamin Osteria Moderna – no térreo do Edíficio JBZ, no quilômetro com a maior concentração de edifícios corporativos de Porto Alegre –, é talvez a mais interessante entre as novidades quentes da gastronomia local. O restaurante é uma homenagem dos filhos, Bruno, Mauro e Fernanda ao pai, o empresário João Benjamin Zaffari. A família convidou o chef Bruno Hoffmann para criar o menu, que reúne pratos tradicionais e outros fora do óbvio, que se renovam a cada estação. O chef tem passagem por São Paulo e pelo estrelado Michelin Al Castello Di Alessandro Boglione, na Itália.
Salão do Benjamin Osteria Moderna – foto Bauce
Para o verão, Bruno deixa de lado os molhos potentes e carnes mais gordurosas para focar em pedidas mais leves e frescas. Dentre as inovações, destaque para o crudo de atum servido com stracciatella, pepino e castanha de butiá – palmeira típica da região. Nos principais, o ravioli de massa verde recheado de alho poró, creme de limão e espinafre chama a atenção. Na ala das sobremesas, se evidencia o cioccolato bianco e frutti gialli – um cremoso de chocolate branco com gelato de butiá (fruta típica) e maracujá, pêssego em calda de laranja e compota de manga e manjericão.
Torta de ricota do Benjamin Osteria – foto Doug Minuzzo
Já com uma pegada mais descolada, no bairro Moinhos de Vento, o Fogo exalta todos os preparos na brasa, do almoço ao jantar e até no brunch aos sábados, durante o verão. Nas noites de sexta, os frutos do mar ganham destaque com o menu Noite de Fogo & Mar – uma parrilla especial com uma seleção de peixes como meca, atum, salmão, polvo e camarão. O restaurante não tem mesas e o único balcão aproxima os clientes dos preparos no fogo. A coquetelaria também se destaca e seus ingredientes podem passar pela brasa – como no mocktail Té, que leva chá mate, suco de limão siciliano, abacaxi grelhado, tostado e adocicado.
Drinque do Fogo – foto Mônica Coimbra
O entorno do restaurante se revela arborizado, com praças e parques, como o Parque Moinhos de Vento – conhecido como Parcão, que é ideal para corridas e passeios em família. A poucos metros dali, está o Hilton Porto Alegre, opção confortável de hospedagem na cidade e conectado ao shopping Moinhos – com porta de acesso no lobby do hotel. Aos domingos, é oferecido aos hóspedes e visitantes o brunch (R$ 129 por pessoa) no restaurante Clos Du Moulin, ao lado da entrada principal.
Passeios culturais, históricos e com vista
No antigo prédio do Banco Nacional do Comércio, no Centro Histórico, o Farol Santander de Porto Alegre foi inaugurado em 2019 e ampliou recentemente sua atuação cultural, com concertos de música clássica e popular, além de espetáculos de dança e teatros musicais. O Grande Hall do local abriga exposições de artistas nacionais e internacionais; como a mostra imersiva “Reflexos [In]versos no País das Maravilhas”, de Vera Uberti, em cartaz até 17 de março – com instalações multimídia de grande escala inspiradas no famoso livro escrito por Lewis Carroll, “Alice no País das Maravilhas”. Os ingressos para a visitação de todo o espaço saem por R$20.
Exposição no Farol Santander – foto divulgação
No subsolo do Farol, o bar e restaurante Moeda funciona onde eram os antigos cofres – espaço interessante para um drinque ou mesmo almoço com culinária variada e contemporânea após o passeio. O local recebe ainda mostras periódicas, em parceria com galerias e curadores convidados.
A região concentra também outros equipamentos culturais, como a Casa de Cultura Mário Quintana, originalmente Hotel Majestic, que teve seu auge nas décadas de 1930 e 1940. Com entrada gratuita, o imponente prédio cor de rosa, projetado pelo arquiteto alemão Theodor Alexander Josef Wiederspahn, reúne diferentes exposições e intervenções artísticas, e acervos – como de Elis Regina e o quarto do poeta Mário Quintana, que viveu nas dependências do hotel.
Casa de Cultura Mário Quintana – foto divulgação
E logo em frente, está o Cais Embarcadero – nova atração de Porto Alegre com lazer e gastronomia às margens do rio Guaíba. A proposta de recuperar os armazéns históricos do cais e revitalizar a região se materializou durante a pandemia. Por ali, o Press do Cais é uma alternativa interessante para um happy hour com vista para o pôr do sol. Com janelões abertos, um deck e mesas internas e externas, o lugar conta com uma carta de drinques esperta, uma considerável seleção de vinhos e gostosos petiscos, que ajudam a compor um clima descontraído.
Espaço do Press do Cais – foto divulgação
Hilton Porto Alegre
Rua Olávo Barreto Viana, 18, Moinhos de Vento, Porto Alegre
Tel. 51 2121-6000.
Diárias a partir de R$ 700.
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