A expectativa é de que os níveis de operação doméstica das companhias aéreas possam se equiparar aos de 2019 ainda no primeiro semestre de 2021, segundo o Ministério do Turismo. Após a queda no número de voos em virtude das medidas para o combate à disseminação da Covid-19, em 2020, as operadoras dos aeroportos brasileiros seguiram protocolos sanitários, reformaram pistas e terminais, diversificaram serviços e agiram para não parar. A seguir, os empresários à frente dos principais aeroportos do país avaliam a retomada do setor e compartilham projetos para o novo ano:
Ricardo Gesse – CEO do Floripa Airport & ASeB (Vitória e Macaé) – Zurich Airport Latin America
“O espírito empreendedor e o trabalho conjunto foram estratégicos para enfrentar a crise e ficarão após a vacina. Diversificamos nossa receita e criamos serviços não dependentes das operações de voos. Em Florianópolis, temos o Boulevard 14/32, uma grande praça de entretenimento, lazer e compras em frente à entrada do novo terminal. O espaço de 11 mil metros quadrados se tornou uma opção de lazer, com áreas abertas e um leque variado de serviços como um supermercado, barbearia, salão de beleza e farmácia. Temos ainda projetos futuros que envolvem telemedicina, terminal de ônibus e uma unidade do Detran.”
Marcelo Mota – Diretor de Operações do Aeroporto de Campinas – Viracopos Aeroportos Brasil
“Foi um ano desafiador para todo o setor, mas Viracopos atravessou a pandemia com impactos razoáveis. Seguimos com uma recuperação gradual mensal e estamos operando com 92% de nossa capacidade. Temos um terminal moderno, onde as medidas de distanciamento foram perfeitamente aplicadas, e centralizamos as ações de combate à Covid-19 em um Comitê de Gestão. Recebemos o certificado internacional de segurança em saúde pelo Airports Council International (ACI) e as pessoas perceberam que viajar é seguro.”
João Márcio Jordão – Superintendente do Aeroporto de Congonhas – Infraero
“A Infraero se valeu da queda na movimentação para antecipar uma série de intervenções necessárias nas instalações aeroportuárias de Congonhas, sendo a mais importante de todas a substituição completa do pavimento da pista principal de pouso e decolagem. Agora, o sistema de câmeras de segurança está sendo aumentado e será acrescido de câmeras termográficas, para a verificação automática da temperatura individual das pessoas, como prevenção à disseminação da Covid-19. Nos últimos meses, registramos aumento no movimento de passageiros no aeroporto e esperamos que a demanda de viagens retorne progressivamente aos patamares anteriores.”
Júlio Ribas – CEO do Salvador Bahia Airport – Vinci Airports
“Reconfiguramos o aeroporto com o apoio da ANAC e implementamos rapidamente tecnologias que permitiram a manutenção dos negócios, como a instalação de telas que informam a lotação de banheiros, além de painéis de energia solar que diminuem a nossa pegada de carbono e permitem a expansão de nosso terminal. As rotas também ficaram mais eficientes, há voos diretos entre Salvador e todas as capitais do Nordeste e temos conexão para todas as capitais do país. O aeroporto opera com mais de 70% do volume do mesmo período do ano passado.”
Santiago Yus – Diretor-presidente da Aena Brasil – Aeroportos de Recife, Maceió, Aracaju, João Pessoa, Juazeiro do Norte e Campina Grande
“Mesmo vendo uma queda de 90% no movimento, gerir seis aeroportos durante uma crise sanitária não foi uma tarefa simples. Mas acredito que nos saímos bem. O Aeroporto do Recife, por seu compromisso e rigor com os protocolos de prevenção à disseminação do coronavírus, recebeu o selo Turismo Seguro do governo pernambucano e o selo Safe Travels – concedido pelo Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC). Com as restrições às viagens para o exterior, o turismo interno foi aquecido, e nossos aeroportos – que estão em uma região bastante turística – estão sendo beneficiados.”
Andreea Pal – CEO da Fraport Brasil – Aeroportos de Fortaleza e Porto Alegre
“Antes da pandemia, a média diária no Fortaleza Airport era de 22 mil passageiros. A média atual está em 11 mil passageiros/dia. No momento mais crítico, vimos nossa receita registrar uma queda de 98%. Reduzimos drasticamente os contratos de terceirizados e algumas funções passaram a ser realizadas por colaboradores da Fraport Brasil. Mesmo nesse ano difícil para a aviação, conseguimos orgulhosamente entregar a ampliação do terminal de passageiros e um novo pátio, aumentando a capacidade operacional do aeroporto e oferecendo mais espaço aos viajantes.”
Kleber Meira – CEO da BH Airport – CCR e Zurich Airpots
“Estamos no caminho da retomada e no final do ano de 2020 estávamos com 75% das operações que eram realizadas na pré-pandemia. Lançamos, recentemente, uma nova plataforma de venda de passagens aéreas e o diferencial desse novo serviço está em proporcionar aos passageiros a possibilidade de adquirir bilhetes com conexão entre empresas aéreas distintas e garantir a viagem em caso de atrasos, cancelamentos e alterações de horários de voos. Além disso, o aeroporto vai inaugurar no primeiro semestre deste ano três novas rotas internacionais partindo do terminal, operadas pela Eastern Airlines.”
Antônio Claret – Presidente do Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo – DAESP
“O país ainda precisa ampliar a malha aeroportuária, principalmente na aviação subregional, que alavancaria o turismo regional como um todo. As lições de gestão aprendidas com a pandemia foram, então, investir na infraestrutura, na internacionalização de aeroportos e na continuidade da concessão à iniciativa privada para uma resposta robusta à crise. Nos últimos meses, concluímos o processo de internacionalização do Aeroporto de Sorocaba, que é o mais importante na manutenção de aeronaves executivas do estado e agora possui uma torre de controle moderna, e investimos em aeroportos pequenos, como o de Barretos, onde promovemos uma intensa reforma na pista e no terminal.”
Jorge Arruda – Presidente da Inframerica – Aeroportos de Brasília e Natal
“Com a pandemia, o turismo interno aqueceu e as companhias aéreas investiram em voos regionais, capitalizaram mais as malhas e Natal já desponta como destino mais procurado por pessoas que desejam viajar. Mesmo com a pandemia, nossos projetos continuaram. Em Brasília, abrimos a Praça Pick-up, um complexo moderno, construído ao ar livre, em frente ao terminal aéreo. É um centro de mobilidade urbana para os passageiros após o desembarque e um espaço de conveniência, que conta ainda com restaurantes, bares, playground para crianças, lounges de locadoras de veículos e até obras de arte.”
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