Criatividade e tecnologia são as palavras-chave para os negócios hoje. Encarando que os cuidados ainda precisam ser levados a sério, os setores de hotelaria, franquias, agronegócio e eventos se preparam para uma realidade de retomada com porcentagem mais expressiva de vacinados no Brasil e para a possibilidade de encontros presenciais acontecerem de forma segura.
O governo do estado de São Paulo, em parceria com algumas prefeituras, realiza no segundo semestre deste ano trinta eventos-teste, para preparar a retomada das atividades que ficaram fechadas durante toda a pandemia. O primeiro desses eventos foi a feira de negócios em Santos, a Expo Retomada (foto abaixo), que aconteceu em 21 e 22 de julho, no Santos Convention Center. Ao todo, foram 1.264 visitantes únicos e 240 profissionais envolvidos na montagem.
Foto: Expo Retomada | Divulgação
“Testagem rápida de todos os inscritos, uso obrigatório de máscara, além de limitar a capacidade de pessoas em todo pavilhão em ambientes distanciados foram alguns dos protocolos exigidos, e o rastreamento desse público após semanas para analisar o impacto da realização do evento”, explica Paulo Octavio de Almeida, diretor da Live Marketing, consultoria de eventos e organizadora da feira. “Os resultados iniciais obtidos durante o evento nos levaram a afirmar que, com todas as medidas de segurança, realizar eventos é mais seguro do que ir a um supermercado ou a um shopping center, por exemplo.”
Paulo Octavio de Almeida, diretor da Live Marketing – Foto: Divulgação
Entre os eventos-testes na capital paulista, 12 são relacionados a economia criativa, dois de negócios, 14 eventos sociais e dois esportivos, como uma prova de corrida de 10 quilômetros em São Paulo e o GP Brasil de Fórmula 1, no autódromo de Interlagos, em novembro. Shows no Allianz Parque, na zona oeste da cidade, a SP Oktoberfest – a ser realizada entre novembro e dezembro –, a Campus Party – com data entre outubro e novembro –, a CCXP e a SP Arte são outros grandes eventos que marcam as análises para a retomada.
Aliada à indústria de calçados, a cadeia da moda é responsável por cerca de 8% das emissões de gases de efeito estufa, e o tema vem estampando manchetes com alertas cada vez mais graves.
Estudos mostram que desde 1938 há um aumento da temperatura na Terra em relação ao século anterior. O engenheiro britânico Guy Callendar colheu dados de 147 centros de estudos climáticos ao redor do mundo para chegar a essa conclusão, relacionando o fato ao aumento da concentração de CO2.
De lá para cá, a população mundial só vem aumentando, assim como as atividades industriais, agropecuárias e logísticas para atender à demanda desse crescimento demográfico. E com mais gente, mais produtos e, obviamente, mais emissões de gases de efeito estufa.
Novos e inúmeros estudos comprovaram o aumento das emissões de CO2 e sua relação com efeitos climáticos. Em 1988, a ONU criou o Painel Intragovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC). No mês passado, em agosto de 2021, o mais recente relatório do IPCC, que reuniu 234 especialistas de 66 países, causou estado de alerta com dados tão alarmantes como a temperatura média da Terra, que pode chegar a 1,5 ou 1,6 graus Celsius a mais do que na era pré-industrial em 2030.
Os números divulgados mostram um planeta próximo do ponto de inflexão climático – um patamar científico que estabelece o momento em que o aumento da temperatura global provoca mudanças permanentes nos ecossistemas.
Foto: Rawpixel | Paeng
E o que a moda tem a ver com tudo isso?
Um estudo do Report Quantis, de 2018, estima que a indústria da moda é responsável por cerca de 8% das emissões de gases de efeito estufa, e que junto com a indústria de calçados, emitiu quase 4 milhões de toneladas de CO2. Esse número só tende a aumentar, e segundo a consultoria McKinsey, pode chegar a 2,1 bilhão de toneladas em 2030.
A cadeia da moda precisa reduzir drasticamente suas emissões no curto prazo e as marcas devem considerar todo o ciclo de vida de seus produtos; incluindo a origem dos insumos, uso de energia de fontes renováveis e planejamento para destinação de descarte; desenhando produtos que possam fazer parte de ecossistemas regenerativos.
A única saída possível é a adoção de políticas climáticas pelas empresas do setor, implementando cálculo, compensação e, principalmente, redução das emissões de CO2, além de investir em educação e letramento sobre o tema para toda sua cadeia de valor e stakeholders.
A moda que representa os nossos tempos está alinhada às mudanças que o mundo pede e não pode esconder aquelas provocadas pela falta de responsabilidade socioambiental. A mensagem sobre as alterações climáticas é urgente e o poder que a moda tem em transmitir vozes deve ser usado para mobilizar as atuais gerações em prol do clima.
Comemorando 70 anos de história, a Bienal deste ano traz a resiliência como tema principal e tem número recorde de participação de artistas indígenas.
Em outubro de 1951, o Brasil fazia sua estreia no circuito mundial de arte contemporânea, com a primeira edição da Bienal de São Paulo. De lá para cá, a capital paulista acompanhou 33 edições do evento, com a exibição de mais de 70 mil obras, produzidas por aproximadamente 11 mil artistas, vindos de 140 países. Considerada a terceira maior exposição artística do mundo, atrás apenas da Bienal de Veneza e da Documenta de Kassel, na Alemanha, a mostra comemora seu septuagésimo aniversário com uma programação especial, marcada por ineditismo e recordes de representatividade.
Obra “Território de Mito”, de Abel Rodriguez – Foto: Divulgação
Além da tradicional exposição presencial de entrada gratuita – em cartaz, este ano, entre os dias 4 de setembro e 5 de dezembro no Pavilhão das Culturas Brasileiras, no Parque do Ibirapuera – desta vez o evento se desdobra em intervenções culturais também no ambiente online. Através do catálogo “Tenteio”, o primeiro inteiramente virtual da história da Bienal, o público tem acesso a um dossiê completo das obras sem precisar sair de casa.
Para uma experiência sensorial ainda mais completa, os visitantes virtuais podem mergulhar no arquivo histórico do evento assistindo ao curta-metragem documental “O passado em perpétua construção”, lançado em julho no canal do YouTube oficial do evento. Outra opção é escutar os dez episódios do podcast “Bienal, 70 anos”, produzidos pela Fundação Bienal em parceria com o UOL. Com narração da apresentadora Marina Person e trilha sonora original de Fernando Cespedes, os áudios resgatam curiosidades sobre a mostra e estão disponíveis gratuitamente em todas as plataformas de streaming.
Obra “Mil Quase Mortos”, de Emerson Úyra – Foto: Divulgação
Após um ano de adiamentos devido à pandemia, a 34ª edição do evento se desenrola em meio a um apagão cultural, evidenciado pelas tragédias recentes em instituições artísticas, como o Museu Nacional do Rio de Janeiro e a Cinemateca Brasileira. Não à toa, o tema deste ano é “Faz escuro, mas eu canto”, título inspirado em um verso do poeta amazonense Thiago de Mello, que, segundo os organizadores da mostra, resume com excelência o momento presente. “Embora tenha sido escolhida antes da pandemia, é uma frase extremamente atual. Em tempos de escuridão e silenciamentos, queremos mostrar que fazer arte é um ato corajoso de resistência e esperança no amanhã”, explica Jacopo Crivelli Visconti, curador geral da exposição.
O diferencial desta edição também está na diversidade. Pela primeira vez, entre os 91 artistas selecionados, a distribuição entre homens e mulheres é equilibrada, e cerca de 4% dos expositores identificam-se como não-binários. Prezando pela pluralidade, o evento se destaca pelo protagonismo inédito da arte indígena, representada por cinco nomes brasileiros e quatro de povos originários da Colômbia, Groenlândia, Chile e Estados Unidos – que, juntos, correspondem a 10% dos artistas confirmados.
Daiara Tukano – Foto: Facebook
“Este tema diz muito sobre quem somos. Os povos indígenas vivenciam a escuridão há mais de 520 anos, o apocalipse não é uma coisa nova para nós”, pontua Daiara Tukano, muralista, professora, ativista e uma das expositoras desta edição. Ela apresenta a obra “Dabucuri no Céu”, um conjunto de quatro pinturas suspensas que representam os pássaros sagrados do clã Tukano: gavião-real, urubu-rei, garça-real e arara-vermelha. “São essas aves que, para meu povo, seguram o céu e impedem que o sol queime a terra fértil. Na minha origem, quando a situação está difícil, dizemos que o céu desabou. No momento que estamos vivendo, de crise sanitária, destruição ambiental e diante de todos os retrocessos do governo, o céu realmente caiu. Mas essas aves-guia, trazidas à terra nas pinturas, nos ajudam a resistir”, conta.
Ativação “Plantando bananeira em netos de makunaimî”, de Gustavo Caboco – Foto: Divulgação
E “resiliência” é a palavra que norteia a produção de Gustavo Caboco, multiartista descendente do povo Wapichana, situado na fronteira entre Paraná e Roraima. “A obra que exponho nesta edição leva o nome ‘Kanau’kyba’, que, na nossa língua, significa ‘caminho das pedras’”, diz. São obras que misturam fotografias, animações, bordados e performances ao vivo, produzidas no que Gustavo nomeou como “ateliê em deslocamento”. “Partimos em grupo para várias partes do Brasil, seguindo o caminho dos nossos antepassados, que foram vítimas do deslocamento forçado. A inspiração para a arte veio e continua vindo da nossa própria história. Fomos tirados da nossa terra, mas nunca nos esquecemos do nosso caminho”, finaliza.
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