Recém-inaugurada em Pinheiros, a Fábrica de Dengo mistura gastronomia, entretenimento e cultura

Recém-inaugurada em Pinheiros, a Fábrica de Dengo mistura gastronomia, entretenimento e cultura

Tem cascata de chocolate, tem amêndoas de cacau que acabaram de chegar de Ilhéus e tem um irresistível aroma doce pairando no ar, entre outras atrações. A Fábrica de Dengo – recém-inaugurada loja conceito da marca mais cool de chocolates bean to bar do país – é uma mistura de “A Fantástica Fábrica de Chocolates” com “Ó Paí Ó”. Não espere encontrar oompa loompas dançando axé com Gabriela, mas pode ter certeza de que esse lugar vai encher os olhos e fazer a alegria das crianças e dos chocólatras de todas as idades.

 

Vista geral da Fábrica da Dengo – Foto Divulgação

 

Point mais visitado e mais instagramado da cidade neste Natal e nas férias de verão, a Fábrica de Dengo é um complexo com 1.500 m2 de área construída que mistura gastronomia, cultura e entretenimento. Tudo ali foi concebido para proporcionar aos visitantes uma verdadeira imersão no universo chocolático. Logo na entrada, um circuito mostra todo o processo de fabricação do chocolate bean to bar – da amêndoa do cacau à barra de chocolate. Ele começa nas sacas produzidas de pequenos agricultores do sul da Bahia. Dali, dutos transparentes transportam os ‘grãos’ até máquinas de torrefação, separação das cascas, moagem e, finalmente, à tentadora conchagem, feita em um antigo mélanger restaurado.

 

Dutos que transportam os grãos de cacau para torrefação

 

Os produtos ficam expostos em diferentes pontos da loja. No térreo ficam as barras, e no 1º andar ficam as pepitas, os bombons, a oficina de customização de barras quebra-quebra (onde cada pessoa pode escolher os ingredientes e o chocolate que vai servir de base) e a sorveteria, onde dá para provar o delicioso gelato de polpa cacau – uma gostosura refrescante e azedinha que lembra o cupuaçu e a graviola.
O 2º andar é inspirado no litoral da Bahia. Além do restaurante e do bar especializado em drinques de ingredientes brasileiros, com varanda e mesas ao ar livre, abriga também uma mesa para confraternização e sala de aula para cursos e degustações. A Biblioteca do Chocolate oferece produtos bean to bar de outros fabricantes nacionais. Por fim, no 3º piso, fica o terraço aberto com redário, perfeito para fazer uma pausa e desacelerar.

Para quem quiser apenas comer um docinho (como brigadeiro, tartelette ou brownie), a dica é se aboletar nos confortáveis sofás da cafeteria do térreo. Nos fins de semana, esse é o lugar perfeito para um caprichado brunch. A cozinha do restaurante e da cafeteria é comandada pela chef Sanae Mattos (ex-Capim Santo). Não deixe de experimentar o Bolo Dengo, recheado com chocolates com diferentes concentrações de cacau.

 

Bolo Dengo

 

Fábrica de Dengo: Avenida Brig. Faria Lima, 196, Pinheiros, tel. 93399-9371.

Um passeio pelos museus, restaurantes e ruas de Minas Gerais

Um passeio pelos museus, restaurantes e ruas de Minas Gerais

Minas Gerais é um estado que sintetiza bem o Brasil, seja pela culinária múltipla, pela diversidade de ecossistemas ou pelo acolhimento das pessoas. Cidades históricas da época da exploração do ouro, uma capital verdadeiramente cosmopolita, artes para todos os gostos e refúgios charmosos na natureza demostram a riqueza desse estado com 853 municípios e mais de 580 mil quilômetros quadrados.

Tem muito o que conhecer, vá com calma, com estômago preparado, olhos sensíveis e comece por Belo Horizonte. O Aeroporto Internacional de Confins fica a 45 minutos da capital e por ali não faltam opções seguras de transporte – há fretados, locadoras de carros, táxi e motoristas de aplicativos.

 

Capela Curial de São Francisco de Assis – Foto Embratur | Alexandre Siqueira

 

Na vida pandêmica que ainda levamos, as redes de hotéis devem ter a sua preferência na hora de escolher uma hospedagem, já que estão seguindo protocolos sanitários rígidos. O Ramada Encore Hotel, na região central da cidade de Minas Gerais e o Hilton Garden Inn, próximo ao bairro boêmio Savassi, oferecem conforto e seguem regras como check in virtual, circulação reduzida em elevadores, opção de café da manhã nos quartos e limpeza em escala para garantir menor contato entre hóspedes e funcionários.

A cidade é conhecida pela diversidade incrível de bares, os mineiros gostam de beber e sabem bem aproveitar um copo de cerveja gelada. O Jeremias Arte e Bar e o Bar Ideal, no Savassi, exemplificam o costume de se sentar, conversar e passar uma tarde inteira degustando bons petiscos. No primeiro, peça os bolinhos Mineirinho Arretado, feitos com arroz de suã na cachaça, servidos com geleia de pimenta.

Por falar em entradas suculentas, não deixe de experimentar o acarajé mineiro, criação de Vera, filha da dona Lucinha, ícone de cozinheira mineira e fundadora do restaurante Dona Lucinha, no mesmo bairro. É uma releitura mais suave do prato típico baiano, dessa vez feito com creme de moranga.

 

Liberdade, imersão e contemplação

Tire dois dias inteiros para conhecer os museus de BH, em Minas Gerais. No Circuito Liberdade – que engloba equipamentos culturais do centro da cidade – é possível conhecer museus e galerias a pé, andando por calçadas largas e seguras. O Palácio da Liberdade é um espetáculo à parte, a arquitetura eclética do final do século 19 traz elementos requintados que lembram verdadeiros palácios europeus.

No interior podem ser vistos os candelabros em bronze dourado, o piso em parquet, lustres em cristal, painéis alegóricos e a beleza da escadaria principal encomendada a uma empresa da Bélgica (vale uma foto!). Nos anos 1920, os reis belgas visitaram o Brasil e ficaram no Palácio, e o rico mobiliário adquirido para recebê-los estão expostos. A entrada é gratuita e as visitas ocorrem aos finais de semana, com ingresso reservado pelo aplicativo Sympla.

O Museu Mineiro é outro que vale a visita. Localizado no corredor de acesso à Praça da Liberdade, o belo casarão também do final do século 19 já foi sede do Senado Mineiro. São mais de 3.500 obras, incluindo o acervo da Pinacoteca do Estado. A coleção de arte sacra é memorável, com destaque para as pinturas de Manoel da Costa Ataíde, o mestre Ataíde – contemporâneo e comparável a Aleijadinho.

E como a arte não precisa estar entre muros e dentro de um museu para ser contemplada, Belo Horizonte se destaca também pela arte urbana. É a única cidade do mundo com um mirante para se avistar obras em empenas de prédios. Há cinco anos, é realizado o Circuito de Arte Urbana (CURA), em que artistas são convidados para pintar novas obras e o público pode assistir ao processo criativo. Destaque para as lindas pinturas de Diego Mouro sobre afeto e masculinidade e da artista indígena Daiara Tukano, sobre os rios. Todas as empenas são visíveis da rua Sapucaí, no bairro Floresta, na zona leste, consolidando o Mirante CURA Sapucaí, que hoje soma 14 murais gigantes na região.

 

Obra de Diego Mouro no CURA

 

Já que comida também é arte, o Mercado Central é um verdadeiro museu sensorial. Com 485 lojas, o local vende 380 toneladas de queijo por mês. Tem cachaçaria, restaurantes, farmácias e até uma capela em seu interior. É aquele ditado: você quer conhecer uma cidade, precisa ir a seu mercado municipal.

Com tempo curto para explorar as diversas opções, vá na queijaria Roça Capital e leve o delicioso parmesão Vale do Testo para casa. Outra loja imperdível é a Lamas Destilaria, que prova que não é só de cachaça que vive o mineiro. O gin London Dry é excelente e o whisky Canem já foi premiado em São Francisco, nos Estados Unidos. Para almoçar, escolha o restaurante Jorge Americano, simples, com prato bem servido e muito tradicional. O típico frango com angu e quiabo é uma boa pedida.

 

Mercado Central de Belo Horizonte

 

Charme mineiro

Ouro Preto é destino certo para aqueles que buscam descanso, arte e refúgio. A 130 quilômetros de Belo Horizonte, a cidade histórica abriga muito do nosso passado em poucas ruas. O Hotel Pousada Arcanjo tem quartos confortáveis com amplas janelas para a natureza e igrejas históricas, que simbolizam a arquitetura barroca conhecida da região.

A Igreja Nossa Senhora do Pilar exemplifica a ostentação da segunda fase do Barroco, com muito ouro e opulência. Já a Igreja de São Francisco de Assis, de 1810, traz obras de Aleijadinho e a Santa Ceia pintada por mestre Ataíde. Para compreender como todo aquele ouro chegava às igrejas e era exportado no século 18, vale visitar a Mina Santa Rita, administrada hoje por Jefferson – uma figura conhecida da cidade, que explica como os negros escravizados trabalhavam duro e sob condições desumanas para extrair esse minério precioso.

Para além da arte sagrada e do ouro, o Museu Casa Guignard conta a trajetória do pintor modernista Alberto da Veiga Guignard, com pinturas, desenhos, cartões, objetos e documentos. E o melhor restaurante da cidade é, sem dúvida, O Passo, que está instalado em belo casarão do século 18, e possui uma linda varanda arborizada. De entrada, peça o queijo brie com geleia de jaboticaba e, de sobremesa, a deliciosa combinação de goiabada com castanha e sorvete de queijo.

 

Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto – Foto Getty Images e Paula Calçade

 

Nada óbvio

A cidade de Brumadinho é associada ora à tragédia ambiental ora a Inhotim. Para ir além e conhecer e fortalecer as pessoas que moram na cidade, a agência HT Happy Travel oferece visitas a galeria de artistas da região e que estão fora do circuito óbvio.

Do barro à arte, o Ateliê Saracura, de Beto e Jéssica, imortaliza sementes e cascas do Brasil como material e inspiração para lindos utensílios diversos para casa. Já o Ateliê Xakra, do artista plástico alemão Benedikt Wietz, apresenta vasos, pratos, xícaras e obras em cerâmica, que já foram expostas no Museu da Casa Brasileira, em São Paulo, e em mostras na Alemanha, Espanha e Cuba.

 

Cerâmica do artista plástico Benedikt Wietz

 

Minas Gerais como um todo não é óbvia, são necessárias muitas viagens para conhecer a diversidade desse estado que conta a história do país por meio da arquitetura, da gastronomia e das pessoas. Vá aos poucos e, depois desta, já planeje o próximo destino mineiro.

 

*A repórter viajou a convite da Embratur (www.embratur.com.br) e da Secretaria de Cultura e Turismo de Minas Gerais (minasgerais.com.br)