Entre tantas opções de grandes produtores nacionais, vale descobrir vinhos de pequenas vinícolas espalhadas pelo país
Os vinhos brasileiros nunca estiveram em fase tão boa, tanto pela diversidade como pela qualidade. Gosto sempre de destacar as novidades dos pequenos produtores, que são a maioria no país, mas a minoria no mercado. Talvez o amigo leitor não saiba, mas o Brasil ostenta nada menos do que mil produtores de vinho, mas apenas cinquenta deles detêm 90% de toda a venda de vinhos brasileiros. Portanto quem precisa de divulgação são os pequenos! Prestigie, experimente e visite esses produtores.
Fiz uma lista a seguir, com dez vinhos que me surpreenderam recentemente e inverti a proporção apenas um é de grande produtor. São todos vinhos extraordinários, de qualidade e personalidade, muitos de fermentação espontânea aquela não manipulada e que acontece com as próprias leveduras das uvas e do ambiente onde são vinificadas.
São vinhos sinceros e autênticos. Procure nos sites ou busque no Google, pois os preços variam de site para site. Muitos deles também são vendidos pelo Facebook ou Instagram das vinícolas. Experimente os pequenos e bons produtores brasileiros, você vai se surpreender. Saúde!
Fotos Divulgação e Benzoix | Freepik.com
Dez vinhos imperdíveis
1 Nuances Cabernet Franc – Vinhos da Rua do Urtigão (Taquara, Rio Grande do Sul)
2 Vitale Pinot Grigio – Valparaiso (Barão, Rio Grande do Sul)
3 Sangiovese Zanotto – Campestre (Vacaria, Rio Grande do Sul)
4 Espumante Évidence Cuvée Sur Lie – Salton (Bento Gonçalves, Rio Grande do Sul)
5 Pinot Noir – De Lucca (Caçapava do Sul, Rio Grande do Sul)
6 Cabernet Franc – Vivente (Colinas, Rio Grande do Sul)
7 Merlot – Casa Viccas (Serafina Côrrea, Rio Grande do Sul)
8 Riesling Italico – Dominio Vicari (Monte Belo do Sul, Rio Grande do Sul)
9 Teroldego – Negroponte Vigna (Vacaria, Rio Grande do Sul)
10 Sangiovese – Leone di Venezia (São Joaquim, Santa Catarina)
Cada vinho é mais bem apreciado em determinada taça, mas não é necessário ter uma grande variedade para acertar
Muito tem se falado na publicidade e nas redes sociais sobre a importância, ou não, das taças para o consumo de vinhos. Devo dizer duas coisas importantes: as taças fazem, com certeza, muita diferença, mas não são fundamentais – beba seu vinho onde e como você quiser.
Dito isso, são inúmeras alternativas de consumo, até em latinhas, tão apropriadas para praia, campo, baladas etc. Mas a taça correta melhora muito o vinho. Isso não é frescura nem exagero. É ciência. Certa vez fui a uma degustação de taças comandada pelo próprio Georg Riedel, representante da 10ª geração da família fundadora da Riedel Crystal – a lendária grife de taças de cristal. Confesso que fui preparado para descobrir que tudo não passava de exagero, e quebrei a cara totalmente.
Foto IL21 | istockphoto
Imaginem que ele colocou quatro taças na frente de cada convidado, serviu então um Chardonnay em uma taça de Gewürztraminer, e pediu para que provássemos. O vinho ao nariz não se mostrou, depois na boca era pouco exuberante, era um Chardonnay comum. Em seguida, Georg Riedel nos pediu para passarmos aquele vinho para a taça própria para Chardonnay. O vinho ganhou muito em aromas e, na boca, ficou espetacular! Diante da surpresa de todos ele repetiu a cena com um Pinot Noir, servido em taça de Cabernet Sauvignon e depois passado para a taça apropriada. Deu-se o mesmo resultado.
Riedel explicou que os diferentes aromas dos vinhos têm diferentes volatilidades. Aromas mais florais, por exemplo, são mais leves e precisam ser segurados pelo design da taça para serem mais bem percebidos, enquanto os aromas mais pesados, não, que é o caso do Chardonnay. O Gewürztraminer é floral e se for servido na taça aberta, os aromas vão embora. Isso é sensacional!
E não é preciso gastar uma fortuna para ter uma seleção de taças apropriadas para cada tipo de vinho e em quantidade necessária para seus convidados – isso seria impensável, acho que somente é possível nas propriedades dos Riedel. Em casa, procure por uma taça bojuda, ligeiramente mais fechada na borda e funcionará como coringa. Em outra oportunidade falarei a respeito do design das taças de Champagne, que também foi tema de uma conversa que tive com o Georg Riedel, mas essa é uma história que fica para outra coluna. Saúde!
Para acompanhar deliciosos doces, especialmente na Páscoa, alguns vinhos de sobremesa se destacam e proporcionam harmonizações perfeitas
No mundo dos vinhos há uma frase que todo importador, produtor ou comerciante profere: “Vinho de sobremesa todo mundo gosta, mas ninguém compra”. E é verdadeira, pois normalmente são vinhos mais caros e as garrafas são menores, de 375 ml. Apesar disso, eu particularmente considero um presente muito elegante e versátil.
Esses vinhos, que existem em diversos tipos e com diferentes processos de produção, podem fechar com chave de ouro uma boa refeição. Quando um vinho de sobremesa acompanha um doce, deve-se observar que sempre precisa ser ainda mais doce do que a própria sobremesa. Há a opção também de degustá-lo como uma sobremesa em si, o que gosto muito, além de acompanhar muito bem queijos fortes.
Para quem quer harmonizar esses vinhos com os chocolates da Páscoa, sugiro os Vinhos do Porto, os Madeira doces e os Banyuls, todos fortificados, quando os chocolates têm pouca presença de cacau – aqueles que fazem parte de nossa memória afetiva. Casam-se bem por similaridade, ou seja, doce com doce e por causa do álcool elevado, que dissolve a gordura do chocolate que costuma encobrir nossas papilas, impedindo assim uma boa percepção de sabores.
Vinho e doces de páscoa – Foto Lechatnoir | Istockphoto
Como tem aumentado o interesse por chocolates com 70%, 80% até 90% de cacau, que são mais intensos, bem menos doces e bastante estruturados, indico que os harmonize com os vinhos das castas Syrah Grenache e Cabernet Franc. Para esse tipo de chocolate amargo ou meio amargo, curiosamente esses vinhos ficam bons por seu perfil de taninos, especialmente os novos, mais adstringentes. Já entre os chocolates brancos, experimente combiná-los com espumante demi-sec.
Certa vez estive em um jantar muito fino promovido pelo rótulo dos vinhos argentinos Cheval des Andes, o chef era importante e os convidados idem. No cardápio, um dos pratos era um foie gras com figo maduro caramelizado, logo pensei como seria essa harmonização, que pediria um vinho doce, como Sauternes ou Tokaji. Pois o chef deu um toque de mestre, incluiu no prato um bom pedaço rústico de cacau, intenso, austero, com uma estrutura enorme e alta acidez. Foi o equilíbrio perfeito!
Feliz Páscoa! Bacio!
Da esquerda para a direita: Vinho Elégance Syrah Grenache; Gérard Bertrand Banyuls Vintage Rouge; Cheval des Andes; Vinho do Porto Taylor’s Fine Tawny; e espumante Salton demi-sec
Alguns vinhos tintos combinam perfeitamente com o verão, basta escolher rótulos refrescantes
Com a chegada da estação mais quente do ano vem sempre aquele senso comum de que vinho tinto é para beber no inverno e os brancos, no verão. Claro que um gostoso espumante, um refrescante branco e um sedutor rosé nos vem à mente nesses dias, na beira de piscina, na cadeira da varanda, na praia, no piquenique, porém gostaria de apresentar alguns rótulos tintos que se adequam ao verão, especialmente por sua estrutura.
FOTO SOLOVYOVA | ISTOCKPHOTO
É o caso da uva Gamay, aquela dos deliciosos vinhos do estilo francês Beaujolais. Aqui no Brasil, a Miolo produz um gama com as próprias leveduras – é um vinho fresco e frutado que deve ser consumido em temperatura mais baixa do que normalmente consumimos os tintos.
Da esquerda para a direita: Vinho Gamay, da Miolo; Aurora Pinot Noir Varietal; Pinto Bandeira; Talise Pinot Noir; e Dogliani San Luigi | Foto Divulgação
Todas essas castas citadas acima lhe darão grande prazer, sempre refrescados a 12ºC ou 13ºC, o que se consegue em 15 minutos de balde com gelo e água. Um vinho refrescado realça a acidez e a fruta, isso possibilita curtir perfeitamente um tinto no verão.
Para harmonizar, priorize sanduíches, saladas que incluam mozzarella e tomates, além de bruschettas, quiches diversas, saladas de batata com rosbife, e mesmo os antepastos italianos tão gostosos como as caponatas, os pimentões sem pele e temperados, as azeitonas temperadas e o queijo parmesão.
Com antecedência e algumas informações básicas sobre quem amamos, o Natal é um bom momento para pensar em rótulos para presentear e surpreender amigos e familiares
O final de ano nos lembra a importância de ter pessoas queridas por perto, e merecemos brindar junto a elas. Fiz uma lista baseada em alguns relacionamentos que tenho em minha vida e saiu uma interessante composição, que pode te ajudar na hora de escolher um bom vinho para presentear alguém nessas festas.
Para uma moça simpática que está aprendendo sobre vinhos, pensei no Château St-Hilaire Rosé Tradition Coteaux D’Aix-en-Provence 2018, importado pela Premium Wines e que custa por volta dos R$ 230. Vai ser um sucesso pela finesse, qualidade e cor super sensual.
Se o presente for para um amigo do interior, brasileiro ufanista, que quer que tudo que é nosso seja valorizado, como um querido amigo meu, um Cabernet Sauvignon Millésime da Aurora 2017 é uma maravilha de vinho e custa cerca de R$ 140 no Pão de Açúcar. Satisfação garantida!
Já para aquele companheiro que faz o melhor pato que já comi e que também gosta dos vinhos brasileiros, mas não gosta de gastar muito com vinhos, o Talise Pinot Noir sai por R$ 85 na Vinci Vinhos e é uma excelente opção. Elegante, bem feito e muito em conta. Fica um espetáculo com o pato!
Para uma amiga que faz uns arenques defumados espetaculares e que prometi surpreendê-la com uma inusitada harmonização, o Alsace Complantation 2018, do Domaine Marcel Deiss da Alsace, custa por volta dos R$ 330 na Mistral e satisfaz pelo leve dulçor, pela ótima acidez e raiz forte. Certamente vai surpreender paladares exigentes!
E ao amigo super italianão, daqueles que tudo da Itália é melhor e que é bom de pizza em um forno a lenha, sempre levo o Chianti Riserva DOCG 2016 do Bonacchi, que sai por R$ 160 na Mistral e simplesmente arrebenta.
Àqueles que adoram espumante, a dica é um Chandon que está com rótulo novo, é espetacular sem custar muito (R$ 100) e se encontra fácil. Fica uma delícia com canapés de salmão defumado!
Para minha tia, que está velhinha e me adora, compro um Porto Taylor’s LBV, sai por R$ 300 no Pão de Açúcar e levo com um bolo de frutas que aquela minha amiga do arenque defumado faz e é de matar. E você? Qual amigo está esperando uma bela garrafa sua, hein? Saúde e boas festas!
Château St-Hilaire Rosé Tradition Coteaux D’Aix-en-Provence, Cabernet Sauvignon Millésime Aurora, Talise Pinot Noir, Alsace Complantation – Domaine Marcel Deiss e Porto Taylor’s LBV
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