Cada vinho é mais bem apreciado em determinada taça, mas não é necessário ter uma grande variedade para acertar
Muito tem se falado na publicidade e nas redes sociais sobre a importância, ou não, das taças para o consumo de vinhos. Devo dizer duas coisas importantes: as taças fazem, com certeza, muita diferença, mas não são fundamentais – beba seu vinho onde e como você quiser.
Dito isso, são inúmeras alternativas de consumo, até em latinhas, tão apropriadas para praia, campo, baladas etc. Mas a taça correta melhora muito o vinho. Isso não é frescura nem exagero. É ciência. Certa vez fui a uma degustação de taças comandada pelo próprio Georg Riedel, representante da 10ª geração da família fundadora da Riedel Crystal – a lendária grife de taças de cristal. Confesso que fui preparado para descobrir que tudo não passava de exagero, e quebrei a cara totalmente.
Imaginem que ele colocou quatro taças na frente de cada convidado, serviu então um Chardonnay em uma taça de Gewürztraminer, e pediu para que provássemos. O vinho ao nariz não se mostrou, depois na boca era pouco exuberante, era um Chardonnay comum. Em seguida, Georg Riedel nos pediu para passarmos aquele vinho para a taça própria para Chardonnay. O vinho ganhou muito em aromas e, na boca, ficou espetacular! Diante da surpresa de todos ele repetiu a cena com um Pinot Noir, servido em taça de Cabernet Sauvignon e depois passado para a taça apropriada. Deu-se o mesmo resultado.
Riedel explicou que os diferentes aromas dos vinhos têm diferentes volatilidades. Aromas mais florais, por exemplo, são mais leves e precisam ser segurados pelo design da taça para serem mais bem percebidos, enquanto os aromas mais pesados, não, que é o caso do Chardonnay. O Gewürztraminer é floral e se for servido na taça aberta, os aromas vão embora. Isso é sensacional!
E não é preciso gastar uma fortuna para ter uma seleção de taças apropriadas para cada tipo de vinho e em quantidade necessária para seus convidados – isso seria impensável, acho que somente é possível nas propriedades dos Riedel. Em casa, procure por uma taça bojuda, ligeiramente mais fechada na borda e funcionará como coringa. Em outra oportunidade falarei a respeito do design das taças de Champagne, que também foi tema de uma conversa que tive com o Georg Riedel, mas essa é uma história que fica para outra coluna. Saúde!
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