Recebo diversas perguntas de leitores que querem saber mais detalhes a respeito de vinhos e, muitas vezes, não sabem onde encontrar informações corretas e bem embasadas. Com grande prazer respondo aqui as dúvidas mais comuns e, quem sabe, algumas delas te ajudem na próxima escolha nas adegas e nos mercados!
O que é Vinho Reservado?
Eu brinco que o vinho é reservado para o desinformado… pois ele não tem atributo algum além do apelo de comunicação simplesmente genial que a Concha y Toro resolveu implementar em seus rótulos de entrada. Sabendo que o consumidor brasileiro pouco conhece sobre vinhos, a marca resolveu cunhar o termo “Reservado” e foi um sucesso. Entre um vinho comum que não traz destaque no rótulo e outro “Reservado”, o cliente fica com o “Reservado”, mas não há característica extra de qualidade. Hoje, outras marcas usam o mesmo apelo comercial.
O que torna um vinho encorpado?
Costuma-se chamar de “encorpado” um vinho com mais peso. Se colocarmos um gole de água na boca e uma colher com azeite depois, percebemos pesos totalmente diferentes, com o vinho acontece o mesmo. Um vinho com teor alcoólico alto, acidez alta e taninos bem presentes faz um conjunto de peso maior, o que o torna encorpado. Um bom teste é você comparar um Sauvignon Blanc com um Chardonnay, verá que o Chardonnay é mais encorpado. Isso também acontece com um Cabernet Sauvignon e um Pinot Noir, o Pinot Noir é menos encorpado.
O que é tanino?
Os taninos estão presentes nas uvas em seus engaços (armação do cacho da uva), em suas sementes e em sua pele. Normalmente não se quebram as sementes e nem se usam os engaços na fermentação, pois podem amargar o vinho. Assim extraem-se os taninos das peles das uvas que, inclusive, trazem inúmeros componentes benéficos a nossa saúde, especialmente o resveratrol. Para perceber os taninos, basta reparar que ele dá uma sensação de secura na boca, parece até enrugar nossos lábios internamente. Isso acontece com vinhos novos de taninos ainda muito presentes e nano polimerizados, que procuram por proteína e, se não temos alimento na boca, absorvem a proteína da nossa saliva, provocando essa sensação. Por essa razão, um alimento acompanhado de um vinho harmoniza melhor, deixando a refeição mais prazerosa.
O que torna um vinho ácido?
A acidez no vinho é sua coluna vertebral, percebe-se claramente um vinho com alta acidez ao colocarmos um gole na boca: salivarmos, é a reação natural do nosso organismo. A acidez é o que garante um bom futuro a esse vinho, aliada a bons taninos. Um vinho com boa acidez costuma ser um vinho gastronômico. No caso de brancos, por exemplo, acompanham bem as frituras e podem fazer o papel do limão em um peixe grelhado. Nos tintos, a acidez é fundamental para as harmonizações, é o caso dos Chianti, que fazem excelente companhia para massas com molhos de tomate.
Neste mês, no dia dos Pais, demonstre seu carinho com um vinho Chianti à mesa.
Uma coisa que sempre fez parte de minha vida foi comemorar o Dia dos Pais com vinho. Desde criança, em casa se consumia vinho, já que meu pai era filho de italianos e por essa razão o vinho estava sempre à mesa como um complemento alimentar. Porém em datas especiais, como o Dia dos Pais, por exemplo, o padrão do vinho subia e me lembro de garrafas do italiano Chianti, que tornavam a ocasião ainda mais prazerosa.
Esse hábito seguiu em minha casa depois que me casei e, hoje, meus filhos todos consomem habitualmente vinho e, na comemoração do Dia dos Pais, o Chianti continua na tradição familiar. O cardápio sempre se adapta a esse vinho que acompanha maravilhosamente massas com molho de tomates, lasagnas, bolognesas, carnes assadas, carnes de caça, sem falar dos “atipasti” (antepastos) deliciosos, como a pardela, a caponata, o pimentão em conserva sem pele e com alho, os salames e as copas.
FOTO ISTOCKPHOTO
O vinho é essencialmente a bebida da confraternização, por isso você deve brindar com seu pai nessa data, se você tiver a sorte de tê-lo vivo, pois eu já não tenho mais, e comemorar a vida e mostrar seu afeto e carinho a essa pessoa especial nesse momento ainda delicado que vivemos. Diga a ele que você o ama e brinde a tudo isso com ele. Vai ser muito bom para os dois, para todos em casa. Vou listar alguns Chianti para surpreendê-lo, ok? Feliz Dia dos Pais!
Muito além do vinho tinto, a estação mais fria do ano também combina com espumantes e vinhos brancos.
Existem algumas verdades no mundo do vinho no Brasil, como o inverno ser associado ao vinho tinto e o vinho branco ser indicado mais vezes durante o verão. Embora tenha que me curvar diante da realidade do mercado, como apreciador e estudioso do vinho, devo dizer que não concordo totalmente com esses comportamentos.
Fondue de Queijos – Foto: Getty Images
Há diversos vinhos tintos para o verão, que oferecem frescor, é o caso dos Beaujolais, dos Pinot Noir novos, dos Garnacha, os Novello e os Grignolinos. Vender mais vinho no inverno é totalmente cultural e vem da percepção da maioria dos consumidores de que o vinho esquenta. Ora, duas latinhas de cerveja dão ao corpo a mesma quantidade de álcool que o vinho tinto, e o vinho branco também tem álcool – e é esse o componente que eleva a temperatura corporal. Sugiro, então, situações diferentes para você experimentar diversos vinhos na estação mais fria do ano, que tal?
Espumantes e vinhos brancos harmonizam muito bem com ostras gratinadas. Minhas sugestões para essas combinações são: Espumante LH Zanini (Mistral) e Chardonnay Venturini (site do produtor), ambos brasileiros e de excelente qualidade. Entre os importados, indico o Champagne Pol Roger ou o Chardonnay Bourgogne Blanc Joseph Drouhin (Mistral).
As tábuas de queijos pedem vinhos brancos em 80% dos casos. Com um espumante e um Riesling ou Chardonnay, você resolve a maioria dos queijos na harmonização correta. Os tintos entram apenas para os queijos parmesão, os muito fortes, ou os azuis que pedem um tinto evoluído ou um Amarone –, os queijos azuis e os Auslese alemães de colheita tardia também são excelentes combinações.
Para uma bela carne de panela com seu molhinho apurado e batatas cozidas com sal grosso e alecrim, sugiro o Millésime Cabernet Sauvignon da Aurora (Pão de Açúcar), ou o Les P’tits Gars Rouge do Domaine Oratoire Saint Martin (De La Croix), vinho do Rhone de Grenache e Syrah.
Por último, a boa e velha canja de galinha, ou um Capelleti in bordo que, como aprendi em casa, vai muito bem com meia taça de vinho tinto no prato… esquenta na hora e você nunca mais vai querer uma canja sem vinho! Saúde!
LH Zanini, Miolo Single Vineyard Riesling Johannisberg, Talise Pinot Noir, Aurora Millésime Cabernet Sauvignon e Les P’tits Gars Rouge – Fotos: Divulgação
Um brinde à qualidade dos vinhos brasileiros: paulistas, catarinenses, pernambucanos e gaúchos
Não é de hoje que os vinhos brasileiros surpreendem a qualquer visitante que chegue do exterior e não imaginava encontrar bons vinhos por aqui. E não é apenas no Rio Grande do Sul, onde se concentra mais de 85% da produção do vinho brasileiro. Estados como Santa Catarina, Pernambuco e São Paulo, por exemplo, dão o que falar em originalidade de vinhos. O conhecido crítico inglês Oz Clarke não se furtou em dizer que Santa Catarina é o Médoc brasileiro – famosa região de Bordeaux.
Não resta dúvidas de que o nosso ponto forte é o espumante com suas características de frescor e jovialidade, há inúmeros maravilhosos, mas temos também vinhos brancos, tintos e rosés sensacionais. Relacionei dez vinhos nacionais que recomendo que você experimente. Copie a lista ao lado para sua próxima ida ao mercado, a empórios e a adegas de sua preferência:
Thera Rosé da Vinícola Thera. De Santa Catarina, custa em torno de R$ 138.
Villaggio Grando Pinot Noir 2014, sai por R$ 180 no site do produtor, é um espetáculo de elegância.
Hiragami Torii, um Cabernet Sauvignon excepcional de um produtor japonês radicado na Serra Cata, em Santa Catarina, custa em torno de R$ 86,50 no site Vinhos & Vinhos.
Cave Amadeu Brut Rosé é a melhor relação qualidade e preço de um rosé. Do produtor Mario Geisse de Pinto Bandeira, é vendido por R$ 62 no site do produtor.
Valmarino Espumante Nature Sur Lies 2015, da Serra Gaúcha. Simplesmente surpreendente pela complexidade e frescor! Custa R$ 98 no site da Valmarino.
Entre Vilas Cabernet Franc de vinhedos orgânicos produzidos no estado de São Paulo, em São Bento do Sapucaí. Um espetáculo de pureza e frescor com tipicidade da casta. Custa R$ 120 no site.
Guaspari Vale da Pedra Sauvignon Blanc, de Espírito Santo do Pinhal, no interior de São Paulo. É uma preciosidade de frescor com relva cortada e frutos cítricos, e custa R$ 109 no site da Sonoma.
Rio Sol Assinatura de Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon, Syrah e Malbec, produzido no Vale do São Francisco, em Pernambuco. Espetáculo de vinho que você encontra no site do produtor por R$ 138.
Era dos Ventos Trebbiano da Serra Gaúcha, que resgata uvas dos imigrantes, um espetáculo de densidade e frescor, e custa R$ 170 no site Família Kogan.
O brasileiro é apaixonado pelo Cabernet Sauvignon do Chile, que é realmente espetacular. Para se ter uma ideia, quase metade de todos os vinhos finos importados para o Brasil vêm do Chile, mas o mundo do vinho é muito rico e vasto, e existem países produtores excelentes, que são praticamente desconhecidos para a maioria de nós.
Foto divulgação – Getty Images
Falando da América do Sul, por exemplo, temos o vizinho Uruguai, que faz vinhos maravilhosos, tanto tintos como brancos e rosés. Basta experimentar um Pisano RPF Tannat (Mistral), um Marichal Tannat Reserva (Ravin) ou ainda um Ombú Moscatel (Cantu) para saber do que estou falando.
Agora, se atravessarmos o Atlântico, há um Mundo – na verdade um Velho Mundo – repleto de iguarias. Listei alguns vinhos que você precisa conhecer:
Há ainda outros países pouco explorados por nós, como o Líbano. De lá bem o delicioso Château Musar rouge 2011 (por R$ 559,34, também na Mistral), um vinho excepcional feito a partir das castas Cabernet Sauvignon, Carignan e Cinsault. Da Nova Zelândia, recomendo o Oyster Bay Marlborough Sauvignon Blanc 2017, que sai por R$ 279,39, da Vinci Vinhos. O país tem uma maioria de produtores orgânicos ou biodinâmicos, e esse vinho tem muito frescor e toques de aspargos.
Direto da Grécia, experimente o Monograph Agiorgitiko 2016, que custa R$ R$ 162,37 (Mistral) e é um espetáculo de vinho tinto com muito frescor e elegância, além de ser uma ótima oportunidade para conhecer um vinho de um país milenar nessa produção. E. da África do Sul, comece pelo Fairview Sauvignon Blanc, por R$ 156 na Importadora Ravin. É um delicioso Sauvignon Blanc desse continente que produz vinhos há mais de 400 anos. O proprietário é também produtor de queijo de cabra – que a propósito cai como uma luva para essa harmonização. Experimente!
Acima, Ombú Moscatel (Uruguai), Château Musar rouge (Líbano), Zweigelt Rosé (Áustria) e Monograph Agiorgitiko (Grécia) – Fotos divulgação
A lista é imensa, mas acho que você tem aqui um bom caminho para, não desfazendo dos Cabernets chilenos, experimentar outras castas e outras procedências…Saúde!
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