Para quem viveu os anos 2000, é impossível esquecer da popularidade dos celulares Nokia – acompanhados do jogo da cobrinha e de ringtones clássicos. Entre diversas referências na cultura pop e uma eterna nostalgia de um mundo sem internet móvel, os fãs da marca já estavam ansiosos pela volta dos aparelhos ao país.
Em 2020, a HMD Global anunciou que os smartphones Nokia seriam vendidos novamente no Brasil trazendo especificações premium e a interface Android pura – diferenciais no mercado local. “Entramos no mercado brasileiro ano passado e já temos onze produtos disponíveis: oito smartphones, dois fones e um telefone básico. Estamos felizes com a receptividade dos consumidores brasileiros com o retorno da Nokia para o país”, conta Junior Favaro, diretor de vendas e marketing da HMD Nokia no Brasil.
Foto divulgação – Oficina da Net
Mas não é apenas no consumidor final que a empresa está mirando no mercado brasileiro. Internacionalmente, a marca é reconhecida pela segurança, qualidade do software, resistência e portfólio recomendados para empresas – além de atualizar todos os modelos para as versões mais recentes do Android, independente da faixa de preço. Por exemplo, os recém-lançados Nokia C20 e Nokia C01 Plus já vêm com Android 11 (edição Go), o que oferece um desempenho 20% mais rápido – além das atualizações de segurança por dois anos.
No cenário atual, as empresas também estão buscando por soluções simples, fáceis de implementar e que possam auxiliar o acesso dos funcionários às ferramentas necessárias para o desemprenho de suas funções. A HMD Global lançou a sua própria ferramenta de gerenciamento de telefones corporativos (EMM) para IoT e uso corporativo: o HMD Enable Pro. “Hoje, entre 15 e 20% dos aparelhos corporativos são gerenciados com uma solução de EMM, e a demanda por ferramentas confiáveis vem aumentando”, diz Favaro.
Desde 2020, a HMD Global está indo além de ser um fornecedor de hardware para se tornar uma empresa holística de serviços móveis. A solução HMD Connect Pro permite que as empresas obtenham chips em massa, simplifiquem suas operações em roaming e se beneficiem do console de gerenciamento centralizado. “O nosso compromisso é trabalhar muito para oferecer mais aos nossos consumidores e parceiros corporativos – trazendo uma experiência ainda mais completa a um preço acessível para todos”, finaliza. Em entrevista, o executivo fala sobre a volta dos produtos Nokia ao país e os planos da empresa para o futuro.
Quando exatamente recomeçou a comercialização de smartphones Nokia no Brasil pela HMD?
Entramos oficialmente no mercado brasileiro em maio de 2020, com o lançamento do Nokia 2.3, primeiro smartphone da marca a ser comercializado no país. Estamos felizes com a receptividade dos consumidores brasileiros com o retorno da Nokia para o país. Os telefones Nokia têm recebido, historicamente, respostas fantásticas dos fãs do país, e a marca ainda é reconhecida como uma das melhores em qualidade na indústria.
Como a HMD Global enxerga esse cenário B2B como uma empresa recém-chegada ao mercado brasileiro?
Desde a fundação da HMD Global no final de 2016, falamos do reconhecimento da Nokia como sinônimo de qualidade, segurança e confiabilidade – valores que fazem parte do nosso patrimônio. Isso, somado ao nosso objetivo de contribuir para a democratização da tecnologia, trazendo equipamentos da mais alta qualidade e a preços acessíveis, faz com que a transferência de todos esses benefícios aos nossos clientes seja feita de forma natural, acompanhando e ajudando a enfrentar os desafios que a nova realidade lhes apresenta.
O Brasil e outros países estão em busca de tecnologia de rede 5G. Quantas oportunidades existem para smartphones Nokia nesse contexto?
Em todo mundo, estamos muito empolgados em oferecer aos fãs de telefones Nokia um novo telefone 5G. Vemos uma oportunidade específica para levar o 5G a um segmento mais acessível e estamos trabalhando em estreita colaboração com nossos parceiros para garantir que quando o país estiver pronto para o 5G, nós também estaremos. Em breve, lançaremos um smartphone com conexão 5G mais cessível do que os já disponíveis no mercado.
A cada dia, aparecem novos apaixonados pela cachaça. É uma bebida complexa, de muitas possibilidades em razão de seu “terroir”. Uma “branquinha” ou “amarelinha” nunca será igual a outra, mesmo com características semelhantes. Tudo vai depender do solo, do clima, da qualidade da cana e outras influências.
Como reconhecer uma cachaça de qualidade?
Os cachaceiros costumam dizer que a melhor cachaça é a que está no copo, o que pode deixar apreciadores confusos com a diversidade nas lojas. Vou deixar, então, algumas dicas para reconhecer uma “marvada” desse naipe.
O primeiro e mais importante ponto é comprar uma cachaça legalizada, que tenha registro no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA). O selo atesta que o produto está dentro dos padrões de qualidade exigidos. Às vezes, a cachacinha da roça, sem rótulo, pode trazer malefícios para a saúde.
Se atente também aos valores olfativos e visuais. Ao abrir aquela garrafa de caninha, o aroma deve convidar, ser fresco ou ter características da madeira que o influenciou no processo de envelhecimento. Não pode ser muito alcoólico, arder o nariz ou lacrimejar os olhos, apesar de sua graduação estar entre 38% e 48%. A cachaça deve ser límpida (sem resíduos), brilhante e deve produzir lágrimas (oleosidade) na borda da taça, quando agitada.
Paixão da coquetelaria
Os drinques com cachaça estão dominando os melhores bares. Com um produto versátil, nasce uma coquetelaria potente e criativa no Brasil, com admiradores no mundo todo. Quer conhecer coquetéis diferentes com cachaça? Seguem meus preferidos:
Serigueijo
– 50 ml de cachaça Tiê Ouro
– 50 ml de água de coco
– 20 ml de limão Tahiti
– 2 colheres de chá de geleia de seriguela
Modo de fazer: Adicione todos os ingredientes em uma coqueteleira e bata com gelo, coe para um copo longo com gelo.
Serigueijo, drinque com cachaça, coco e siriguela – Foto: Banqueta Coquetelaria Bar | Divulgação
Joelho de Abelha
– 50 ml de cachaça Tiê Prata
– 30 ml de xarope de mel de abelha jataí
– 20 ml de sumo de limão siciliano
Modo de fazer: Adicione todos os ingredientes em uma coqueteleira com bastante gelo, faça uma coagem dupla para uma taça de martini previamente gelada.
Joelho de abelha, drinque com cachaça, mel e limão siciliano – Foto: Banqueta Coquetelaria Bar | Divulgação
Com o ciclo de chuvas cada vez mais irregular no paístodo, a crise hídrica pode deixar de ser esporádica ese tornar permanente.
Com a crise hídrica que só se agrava no Brasil com as mudanças climáticas, seria interessante que o agronegócio passasse a investir em técnicas de racionalização do uso da água. De toda a água consumida no país, a agropecuária é responsável por cerca de 60%. O consumo de todas as residências, onde vivem os nossos mais de 200 milhões de compatriotas, é representa “apenas” 28% do total. O agro precisa economizar um pouco, e a população brasileira precisa adotar hábitos de consumo mais sustentáveis.
Quando conhecemos a pegada hidrológica de cada alimento (quantidade de água empregada em todo o ciclo produtivo de determinado produto), entendemos de onde vem toda essa “gastança”. Por exemplo, para cada xícara de café chegar à sua mesa, são gastos 132 litros de água. E, para produzir um ovo são necessários 196 litros de água.
Mas os recordistas são a carne bovina e o chocolate: para obter um quilo de carne, são despendidos 15.400 litros, enquanto um quilo do doce oriundo da mistura de cacau, açúcar e leite exige 17.200 litros para ser elaborado!
FOTO | DIVULGAÇÃO
Por isso, enquanto rogamos aos agricultores que desenvolvam metodologias e estratégias para reduzir o uso de água no campo, pedimos a você, consumidor, que também reveja alguns de seus comportamentos:
Antes de comprar, reflita sobre a real necessidade do alimento;
Não desperdice comida, coloque no prato apenas o que irá comer;
Não desperdice alimento deixando-o estragar na geladeira ou na despensa;
Sempre que possível, use todas as partes do alimento;
Prefira alimentos da estação e produzidos perto de onde você mora;
Diminua o consumo de carne bovina, substituindo-a eventualmente por carne suína, frango, queijo ou outro alimento com menor pegada hídrica.
A água é um recurso finito. É necessário que todos nos mobilizemos para usá-la com sabedoria e comedimento.
Prosa rápida
Frio cruel
As ondas de frio deste inverno estão um pouco mais intensas do que as de anos anteriores. E, como consequência disso, agricultores de diferentes regiões estão tendo perdas com as geadas. Prejuízos vêm sendo notificados pelos cafeicultores do Sul de Minas, pelos produtores de trigo do Paraná, pelos donos dos grandes milharais do Mato Grosso do Sul, pelos citricultores de Limeira (SP) e até pelas fazendas de cana-de-açúcar de Ribeirão Preto!
Onda ruim
A pororoca no rio Araguari, no estado de Amapá, não existe mais. O fenômeno, formado pelo encontro das águas do rio ao desaguarem no Oceano Atlântico, atraíam surfistas do mundo para deslizar por suas ondas que duravam longos minutos e percorriam mais de dez quilômetros. É que os criadores de búfalos da região criaram valas para drenagem em seus pastos e esses canais causaram o assoreamento do rio, que ficou raso demais até para a navegação.
Praga feroz
Assim como aconteceu aqui na tríplice fronteira entre Brasil, Argentina e Uruguai no ano passado, uma nuvem de gafanhotos está devastando agora pastagens e plantações nos Estados Unidos. A superpopulação de insetos está deixando seu rastro de destruição por 15 estados do Oeste, como Montana, Wyoming, Oregon, Idaho e Nebraska. Gafanhotos são comuns nesta região, mas houve uma explosão populacional este ano, turbinada pela seca e pelas altas temperaturas.
O estilista mineiro Ronaldo Fraga, que acaba de lançar na SPFW uma coleção inspirada nas cores e na cultura do Sertão do Cariri, fala sobre a impressionante potência inspiradora desse e de outros magníficos tesouros de um Brasil que ainda existe, insiste, resiste e encanta
O azul do céu, a brancura da batina de Padre Cícero, o colorido dos pássaros do Sítio Pau Preto do Potengi, as surpreendentes formas dos aviões de lata do mestre Françuli, os arabescos de Espedito Seleiro, os tambores do reisado e as rezas de dona Zulene: toda essa riqueza de tradições, sons e cores do Cariri Cearense inspiraram Ronaldo Fraga, de 53 anos, na concepção de “Terra de Gigantes”, sua mais recente coleção, lançada com um vídeo na edição online da SPFW, em junho.
O estilista mineiro sabe como ninguém explorar a potência inspiradora desse Brasil que nem todo mundo sabe que existe, mas que resiste, insiste e encanta. Não à toa, ele foi o primeiro representante da moda brasileira a receber a medalha da Ordem do Mérito Cultural, em 2007, concedida pelo então ministro da cultura Gilberto Gil. A comenda se destina a personalidades que dão corpo à cultura brasileira com seu trabalho.
FOTO ANA COLLA
As criações de Ronaldo já foram apresentadas no Japão, na Europa e em vários países da América Latina. Ele já escreveu e ilustrou livros, já criou figurinos para peças teatrais, já desenvolveu produtos para marcas como L’Occitane, Tok&Stok e Chilli Beans, e foi selecionado pelo Design Museum, de Londres, como um dos sete estilistas mais inovadores do mundo.
Na entrevista a seguir, Ronaldo Fraga fala um pouco de seus projetos e ações que buscam reduzir a distância que existe entre o Brasil feito à mão e o Brasil industrial, fala também dos rumos da moda brasileira e mundial e ainda exalta a importância fundamental da liberdade na criação e na vida.
Você acaba de abrir a edição 2021 da SPFW com um lindo vídeo rodado no Sertão do Cariri, que foi a região que inspirou toda a sua nova coleção. Por que o Cariri? E por que agora?
Para mim, o Nordeste é o grande amálgama da cultura brasileira, e o Sertão do Cariri é o epicentro disso. Muito da formação da nossa face mestiça tem esse lugar como referência. O caldeirão étnico da região mistura índios Kariris com escravizados malês muçulmanos trazidos do Norte da África e judeus e cristãos novos que fugiram da Europa na época da Inquisição. Essa riqueza explica a potência da cultura desse lugar. Falar disso agora é para não perdermos de vista um Brasil que ainda existe, resiste, insiste e encanta. Nesses tempos duros e cinzentos, quisemos ir ao encontro de algo festivo, fértil e puro. É preciso trazer oxigênio para as pessoas. Acredito que essa é uma das funções de todo designer.
E de onde surgiu a brilhante ideia de centrar todo o “desfile” em uma só modelo, a musa Suyane Moreira?
Nós ainda estamos aprendendo a lidar com essa coisa de ‘fashion film’ para as semanas de moda. A proposta não foi simplesmente adaptar um desfile para o formato de vídeo. Nessa nossa produção, mostramos o que está por trás da roupa, de onde ela nasceu. Tudo – a cor, a luz, a música, a paisagem – exala e exalta a cultura do Cariri. E a Suyane foi uma escolha natural e perfeita para sintetizar tudo isso. Nascida em Juazeiro do Norte, ela é neta de kariris, foi lançada como modelo aos 18 anos e hoje, aos 38 e com dois filhos, está no auge de sua beleza brasileiríssima.
O estilista Ronaldo Fraga com a modelo Suyane Moreira, que personifica a nova coleção – Foto Augusto Pessoa
Em 2050, quando você estiver com 83 anos e Mano Brown Jr., recém-empossado como Ministro da Cultura, resolver homenageá-lo com um museu dedicado à sua obra e à sua colaboração para a cultura brasileira, qual coleção você gostaria que ocupasse a sala principal da exposição de abertura da Fundação Ronaldo Fraga?
Que pergunta divertida, adorei! Mas é difícil escolher. Acho que esse espaço nobre deveria ser ocupado pela coleção de 2008, que faz parte da exposição “Rio São Francisco Navegado por Ronaldo Fraga”, que rodou o Brasil entre 2010 e 2013. Foi o primeiro projeto de moda com patrocínio aprovado pela Lei Rouanet, enxergando a moda como cultura. Era um projeto transversal: tinha vídeos realizados pelo Wagner Moura, poemas do Drummond declamados por Maria Bethânia, tinha arte popular e tinha também a moda. Nessa exposição, a moda dialogava maravilhosamente com outros vetores da cultura.
Esses tesouros do Brasil mais autêntico, como a estética do Cariri e outros exemplos dessa cultura que resiste, deveriam estar mais presentes na moda brasileira?
Sim, claro. O Brasil é de uma potencialidade inspiradora impressionante. Precisamos valorizar essa diversidade, esse patrimônio. Estilistas franceses, ingleses e japoneses vêm para cá se inspirar. E só depois que acontece esse reconhecimento estrangeiro, os jovens estilistas brasileiros começam a dar valor ao que temos, ao que somos. As coisas estão melhorando, mas ainda há muito a avançar nesse processo. Até recentemente, as peças brasileiras ficavam só na cozinha e na área de serviço, mas aos poucos vão ganhando mais e mais espaço na sala.
Foto Augusto Pessoa
A propósito, você recentemente ajudou os atingidos pelo rompimento da Barragem de Fundão na ressignificação dos produtos artesanais e gastronômicos de Mariana e Barra Longa, já estimulou as artesãs do Vale do Jequitinhonha e, recentemente, revelou para o mundo o magnífico trabalho do Museu Orgânico do Cariri, que reúne mestres da cultura da Chapada do Araripe. E agora, para onde está virado o seu radar?
A moda é poderosa e transita muito bem por várias outras áreas. Ontem à noite ela dormiu com o Teatro, depois tomou café com a História, fez uma reunião com as Artes Plásticas, almoçou com a Economia e, de tarde, tomou chá com a Psicologia. Ela tem o poder de encontrar poesia em terrenos áridos. E eu sou assim também. Adoro tudo que me alumbra e me assombra. Fujo dos cartões-postais, dos lugares onde está tudo lindo. Prefiro a beleza de lugares em que nem todo mundo consegue enxergá-la. Minha bússola sempre me leva para onde tem ruído, tem fantasma, tem vida e morte – ou seja, o Brasil me oferece muuuitas possibilidades. [risos]
O que aconteceu com a moda brasileira, que viveu um grande “boom” nos anos 1990 e no início deste século 21, mas de repente “derreteu”, viu várias grifes encolherem e incontáveis estilistas simplesmente sumirem do mapa? Por que eventos como as semanas de moda perderam grande parte da visibilidade que tiveram no passado?
Bem, se a moda é um documento eficiente do tempo em que vivemos, ela está fazendo muito bem o seu papel. Ela registra e reflete um momento de apatia, de desalento e de incertezas. Mas a moda vai renascer. Nessas últimas duas décadas, vimos a nossa indústria têxtil migrar para os países asiáticos e não fizemos nada para conter esse movimento, mas a sanha criativa dos brasileiros persiste. Acredito que as semanas de moda precisam ser repensadas e readequadas, e vale lembrar que esse ‘flop’ delas não é um fenômeno exclusivo do Brasil, é uma tendência global. Só uma coisa é certa: a janela virtual que se abriu não vai fechar nunca mais.
Desfile da coleção “Rio São Francisco navegado por Ronaldo Fraga”, que rodou o país entre 2010 e 2013, e as criações inspiradas em Zuzu Angel, na SPFW2020 – Fotos Marcelo Soubhia
A moda está fora de moda? Como ela se insere no mundo pós-pandemia, que deve ser um tempo de menos consumismo e mais consciência?
Durante décadas, a moda reinou absoluta como referência de consumo. Mas, a meu ver, a gastronomia, a decoração e a tecnologia vêm assumindo esse papel nos últimos anos. A moda perdeu força? Sim. Ela morreu? Não, mas precisa urgentemente achar o seu novo lugar no mundo. Ela precisa sair dessa coisa ensimesmada e encontrar um jeito de voltar a ser relevante. Sobre essa mudança para uma vida com menos consumismo e mais consciência, eu sinceramente adoraria ver todo mundo pegar esse caminho, mas acredito que essa transformação será mais individual do que coletiva. Algumas pessoas trarão isso para suas vidas, mas infelizmente nem todos vão embarcar nessa.
Sua coleção de 2020 homenageou a estilista Zuzu Angel, mãe de Stuart Angel, assassinado por militares durante a ditadura nos anos 1970. No lançamento dessa coleção, você disse que todas suas coleções são políticas e poéticas. Qual é o “statement”, a mensagem que a sua coleção atual quer mandar para quem a vê, a aprecia, a consome?
Para mim, o ato de vestir é sempre um ato político. Falar de povos originários, de ancestralidade e de uma cultura que resiste é uma forma de fazer política. Não estou me referindo à “polititica” – aquela porcaria toda que rola em Brasília –, mas sim a questões que precisam ser discutidas e ganhar destaque neste momento sombrio do país.
Os bastidores da coleção “Terra de Gigantes”, de Ronaldo Fraga, inspirada no sertão do Cariri, no Ceará, e lançada na São Paulo Fashion Week 2021 – Foto Augusto Pessoa
Como bom mineiro e como uma pessoa extremamente criativa, você acredita que a Liberdade é tão essencial à vida como o oxigênio?
Sem liberdade não existe criatividade. Direitos conquistados estão seriamente ameaçados. Não podemos regredir, jamais. Chega de atraso. Precisamos fortalecer o que já conquistamos e avançar em novas questões morais, comportamentais e sociais.
Depois de 19 anos casado com a mãe de seus dois filhos, você iniciou seu primeiro romance com outro homem. Agora em junho, no Dia dos Namorados, publicou na revista “Piauí” um bonito depoimento falando de sua relação com o apicultor Hoslany, que foi criado em um circo, é filho de um atirador de facas e se vestia de Monga no trem-fantasma. Como está sendo esta nova experiência?
Sempre tive um cuidado de não criar um descompasso entre o que eu falo e o que eu faço, pessoal e profissionalmente. Sou um homem que desenha a sua vida pelos traços e tintas do amor e da paixão. O meu trabalho é baseado no desejo de liberdade. Não fazia sentido eu tentar aprisionar esse desejo, como um tigre raivoso. É fácil? Nada é fácil. Tudo tem um preço: tem a exposição, o estranhamento, a curiosidade, a pressão e até a agressividade da sociedade. Mas eu não me incomodo em pagar pelo que é justo. Pela paixão, sempre vale a pena. Desde o início, eu dividi essa descoberta com os meus filhos e lhes disse que, mesmo que eles não aceitassem esse meu novo amor, pelo menos os filhos deles já nascerão libertos e encararão isso com naturalidade. Mas o Ludovico e o Graciliano, meus queridos filhos de 15 e 17 anos, me entenderam e me deram todo apoio. O Brasil é um dos países onde há mais violência contra pessoas LGBTQIA+. É muito importante que eu fale sobre esse meu novo amor e que o governador do Rio Grande do Sul resolva sair do armário em rede nacional. Eu acho importantíssimo que todos que tenham condições se posicionem e se manifestem em voz alta sobre questões como a liberdade de colocar o seu coração no lugar onde ele bate. Esse é o nosso compromisso civil. O momento em que vivemos nos cobra posicionamentos.
Os bastidores da coleção “Terra de Gigantes”, de Ronaldo Fraga, inspirada no sertão do Cariri, no Ceará, e lançada na São Paulo Fashion Week 2021 – Foto Augusto Pessoa
Por fim, qual é o futuro da moda, a seu ver? Não acha meio extemporâneas essas imposições de “cor do ano” e “peça da estação” nessa época em que individualidade e diversidade são cada vez mais valorizadas?
Cor do ano e peça da estação já não fazem nenhum sentido há muitos anos. A moda não pode querer ditar o tempo. Ela é um reflexo do tempo, do que vemos no retrovisor da história. Para o futuro, vejo uma moda cada vez mais diversa, inclusiva e trazendo discussões de temas muito para além de formas, proporções, tecidos e cores. Porque – vamos combinar – roupa nem é o que nós mais estamos precisando, não é? O mundo está carente de tantas outras coisas.
São José dos Ausentes e Praia Grande, no sul do Brasil, oferecem hotelaria charmosa e diversos passeios entre cânions e ao ar livre.
O vento e o frio não têm pressa na região onde os cânions do sul brasileiro são protagonistas. O sopro de ar entra pelos fios do tecido da roupa, deixa os cabelos desalinhados e indica que o inverno pode durar bem mais que os três meses do calendário. Em São José dos Ausentes, no Rio Grande do Sul, e Praia Grande, em Santa Catarina, o inverno é aliado da natureza. É quando as araucárias despejam pinhão no chão e as fogueiras ficam intensas.
Foto: Divulgação
Cercada de estradas de chão e pouco asfalto, São José dos Ausentes é rústica e tem muito a desenvolver. Porém, o potencial natural e as baixas temperaturas fazem com que o destino seja especial para o isolamento. Por lá, é possível desbravar a imensidão dos cânions, entre eles o Montenegro e o Encerra, conhecido como Amola Facas e um dos mais bonitos da região. No cenário, está o Pico do Montenegro, que é o ponto mais alto do Rio Grande do Sul – com 1403 metros. Para chegar, é preciso caminhar ou ir a cavalo.
Mais adiante, no Desnível dos rios Silveira e Divisa, avista-se os dois rios correndo paralelos e em direções opostas. Em determinado ponto, as águas se juntam e formam uma cachoeira. Na cidade também está o Cachoeirão dos Rodrigues, com 28 metros de altura.
Passeio no Desnível dos rios Silveira e Divisa – Foto: Anelise Zanoni
O descanso após os passeios é feito em pousadas, a maioria muito simples. Entretanto, na fronteira entre São José dos Ausentes e o município de Bom Jesus, está a charmosa Pousada Estância das Flores. Em uma ampla área verde, a hospedaria é um diferencial, com suítes com banheira e aquecimento, sala com lareira, kits de boas-vindas com pantufas, roupões e amenities. A pensão é completa, com cardápios harmonizados. A imersão no isolamento de luxo pode incluir piquenique no topo de uma montanha, regado a vinhos da região do Campos de Cima da Serra.
Quarto da Pousada Estância das Flores, nas proximidades de São José dos Ausentes – Foto: Divulgação
Do outro lado dos cânions, na catarinense Praia Grande, o ecoturismo é rei. Cavalgadas ao amanhecer, trilhas com bicicleta e longas caminhadas debaixo dos cânions atraem visitantes. Um dos programas disputados é se hospedar na famosa Morada dos Canyons, uma pousada boutique localizada no topo de uma montanha. O empreendimento tem dez chalés com frente para uma cadeia de cânions. Alguns com janelões de vidro e jacuzzi, que dão romantismo ao cenário. Aqueles que não tem vista, receberam um terraço para ver as belezas do alto. No hotel, um dos espaços mais bonitos e fotografados é a piscina aquecida com borda infinita, que tem como paisagem os paredões.
Quarto do hotel, em Praia Grande – Foto: Divulgação
Durante a pandemia, a Morada ousou ainda mais. Inaugurou duas casas de campo exclusivas que ficam a três minutos da área principal, e uma delas tem piscina privativa. Nos próximos meses, mais chalés devem ter piscinas exclusivas, já que os sócios do local perceberam que os hóspedes querem mais privacidade e isolamento.
A exclusividade é marcante também nos passeios. A empresa parceira da pousada, a Canyons e Peraus, organiza viagens em 4×4 e piqueniques na beira do cânion (R$ 300 a R$ 500 por pessoa). Para os aventureiros, há passeio de balão (entre R$ 500 e R$ 1 mil por pessoa). Nas serras catarinense, o luxo de isolamento tem seu próprio tempo. Para se hospedar na Morada dos Canyons, é preciso fazer reserva com pelo menos três meses de antecedência.
Vista aérea da Morada dos Canyons – Foto: Divulgação
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