Cada vez mais mulheres ocupam espaço em orquestras brasileiras e se tornam maestras, inspirando novas líderes de excelência na música clássica
Ainda é raro observar mulheres regentes à frente de orquestras no Brasil. Mas esse cenário começa a mudar – acrescido de outras revoluções importantes na música, como a própria abrangência do estilo clássico no país. Após a pandemia, teatros de ópera e balé seguem lotados, com um público sedento para assistir aos espetáculos.
As mudanças se personificam nos gestos, na coerência e na comunicação de algumas profissionais. Priscila Bomfim ingressou no Theatro Municipal do Rio de Janeiro como pianista e após muito trabalho se tornou a primeira mulher a reger uma ópera dentro da temporada oficial. “Depois dessa estreia, outros convites surgiram para reger orquestras no país, como a Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB), as Orquestras Sinfônicas de Vitória (ES), de Porto Alegre (RS), de Campinas (SP), do Theatro São Pedro (SP) e da Universidade de São Paulo”, lembra.
Priscila Bomfim, do Theatro Municipal do Rio de Janeiro – foto Ana Clara Miranda
A maestra participou ainda da fundação da Orquestra Sinfônica de Mulheres do Brasil com a trompetista Luciene Portella, e há três anos dirige a Orquestra Sinfônica Juvenil Chiquinha Gonzaga – a primeira orquestra brasileira formada apenas por meninas da rede pública de ensino. “O trabalho de um regente é o de conduzir, ser um excelente músico e, nos dias atuais, entender como aproximar a música orquestral do público em geral”.
Mariana Menezes também acumula feitos pioneiros e relevantes. Após o mestrado em regência instrumental na University of Manitoba, no Canadá, ela retornou ao Brasil e foi a única mulher da primeira turma da Academia de Regência da maestra Marin Alsop, na Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSESP). “Como atual regente associada da Orquestra Filarmônica de Goiás, me emociona ver um público jovem e interessado. E já vejo muitas jovens maestras se inspirando e se formando em universidades e conservatórios nos últimos anos”, conta.
Mariana Menezes, regente da Orquestra Filarmônica de Goiás – foto divulgação
Neste ano, Mariana atuará como regente convidada de orquestras em outros estados, como a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais e Orquestra Sinfônica de Campinas. Priscila Bomfim fará a preparação de diversos solistas na temporada de óperas no Theatro Municipal do Rio de Janeiro e regerá concertos esperados pelo público, como o espetáculo em homenagem a Chico Buarque.
Luciana Villas Boas comanda o Camarote Salvador, que leva milhares de turistas e foliões para a capital baiana, em uma estrutura de 10 mil m2 e três palcos com mais de 60 atrações
Salvador é sinônimo de festa quase ininterrupta para muitos carnavalescos e – para além dos trios elétricos e dos blocos de rua – os camarotes se multiplicam e já representam fatia considerável do movimento da economia local nessa época. É o caso do Camarote Salvador – o mais disputado da Bahia e a maior festa privada de Carnaval do Brasil. E a mulher à frente desse evento, que movimenta mais de R$ 100 milhões, é Luciana Villas Boas. “Somente o Camarote Salvador gera cerca de cinco mil empregos diretos e indiretos. É uma relevância muito grande para a economia do estado”, enfatiza.
foto Lucas Muylaert
A diretora-executiva da Premium Entretenimento, responsável pela criação e produção do Camarote, fez carreira na Rede Bahia de TV em 19 anos de emissora. “O meu último cargo foi como diretora de Planejamento e Pessoas, acredito que a organização e a gestão são duas vertentes essenciais para o sucesso de um negócio”, afirma.
A empresa prioriza o desenvolvimento de equipes e treinamento para que todos estejam alinhados com o padrão de atendimento do evento. Segundo Luciana, os camarotes elevam cada vez mais o nível de serviço e a Premium Entretenimento investe em estrutura e atrações para também acompanhar as novidades em relação ao cenário musical. “O axé continua forte, mas Salvador já abre espaço para vários outros estilos e artistas, a exemplo de Bloco da Anitta e os trios do Alok e de DJs internacionais.”
E quando o Carnaval acaba não há nem tempo de esquecer a folia. Diante de acertos e erros, a empresária foca em como melhorar e inovar na próxima festa. “Iniciamos o planejamento para a edição seguinte a partir do último dia de Carnaval. As vendas começam na Quarta-Feira de Cinzas, ou seja, durante o ano todo estamos debruçados em como realizar a maior festa de Carnaval do país!”
Com muito brilho, a atriz Erika Januza assume mais uma vez o posto de rainha de bateria da Viradouro e divide seu tempo com produções em diferentes streamings
O coração de uma escola de samba talvez seja o posto de rainha de bateria. Toda a pulsão e a energia que os movimentos – ora suaves, ora intensos – que ela evoca na Avenida são essenciais para a composição e a harmonia de toda a agremiação. E Erika Januza – atriz natural de Contagem, em Minas Gerais – sabe bem dessa responsabilidade. “Acho importante estar presente em todos os ensaios, assim como é fundamental acompanhar outros eventos relacionados à escola”, enfatiza.
Desde 2021, ela representa a Unidos do Viradouro – escola de samba de Niterói. Mas o Carnaval é uma paixão antiga. Antes, foi musa de bateria da Império Serrano, Império da Tijuca, Vai-Vai, Grande Rio e Salgueiro. “Fico nervosa da mesma forma e me emociono todos os anos”, compartilha.
foto Márcio Farias
Imersa também nas gravações de uma releitura de “Dona Beja” para a HBO – que promete envolver o público como a versão original da TV Manchete, de 1986 –, Erika interpreta a personagem Cidinha e opina que, agora, a obra será mais ajustada ao nosso tempo: “Atores negros compõem lindamente o elenco principal!”
Em entrevista à 29HORAS, Erika Januza compartilha detalhes da intensa rotina de uma rainha de bateria, lembra o início de sua carreira e discorre sobre as produções que refletem seu trabalho diversificado na atuação. Confira os principais trechos:
Você é rainha de bateria da Unidos do Viradouro. Como é a preparação para viver os dias intensos de Carnaval? Como concilia os ensaios com a sua rotina de gravações?
Por coincidência, nos meus três anos como rainha, também estava envolvida em outros projetos como atriz. Já me acostumei e gosto dessa correria. Eu tento sempre priorizar os ensaios, seja os de rua ou de quadra. Acho importante estar presente em todos, assim como é fundamental acompanhar outros eventos relacionados à escola. Carnaval não se faz apenas com o desfile na Avenida. E para dar conta de ter energia do começo ao fim, tento manter uma rotina mais regrada, sem excessos. Descanso é o mais difícil, mas uma boa hidratação e atividade física são essenciais.
Erika em ensaios na Unidos do Viradouro – foto divulgação
O que significa ser uma rainha de bateria? Quais mulheres do Carnaval e do samba te inspiram?
Desde criança era apaixonada pelo que via na TV. E mesmo parecendo distante da minha realidade, desse amor veio o desejo de fazer parte da festa, de estar presente no Carnaval, em especial no Rio de Janeiro. Me emociono e fico nervosa da mesma forma, todos os anos. Quando o convite para assumir o posto de rainha surgiu, foi uma mistura de sentimentos, da alegria à responsabilidade de estar à frente do que é o coração da escola. De maneira geral, muitas mulheres me inspiram…adoro uma ex-rainha de São Paulo chamada Arielen Domiciano. Ela tem uma energia que nunca vi igual. E algumas das mulheres que admiro nem estão no holofote. Neste ano, por exemplo, decidi enaltecer o trabalho feminino de guerreiras, artesãs de várias regiões do país, que vivem de suas artes e sustentam suas famílias. Elas mandaram suas peças e meu stylist, Vitor Carpe, criou as fantasias com esses adereços.
Como é a sua relação com a escola de samba? Você já desfilou em outras agremiações, quais singularidades a Viradouro traz para o Carnaval do Rio?
A minha relação é a mais próxima possível! A cada ano que passa tento me aproximar ainda mais da comunidade que faz a magia acontecer. Na Viradouro, quase todo mundo se conhece e o trabalho flui de maneira organizada, super profissional. Essa escola tem algo de especial, um sentimento forte de que todo mundo está unido em um mesmo propósito. E essa família tem força, acredita em si mesma e envolve qualquer um que se aproxima.
Celebrando o terceiro lugar da Viradouro, no Carnaval de 2022 – foto divulgação
Lembrando o início de sua carreira como atriz, como foi sair de Contagem, em Minas Gerais, para morar no Rio de Janeiro?
Foi um desafio inesperado e maravilhoso. Eu me vesti de coragem e vim para o Rio! Tinha fé de que as coisas dariam certo. Mas deixei tudo em stand by em Minas, caso algo desse errado. Minas está em mim, em tudo. Minhas referências, minha formação, minha essência. Mas adotei o Rio como a minha casa, é a cidade que me acolheu. Sempre gostei de fazer minhas coisas sem necessariamente ter a companhia de alguém. E aqui no Rio faço muito isso. Saio para jantar, vou ao cinema… Adoro essa liberdade – um pouco contraditória – que a cidade traz. Falo em contradição porque, infelizmente, convivemos com essa violência urbana cada vez mais crescente.
Como você começou a atuar? Quais são as suas referências hoje?
As artes cênicas entraram na minha vida em 2012, com meu primeiro trabalho. Digo que a minissérie ‘Suburbia’ foi minha primeira grande escola. E fui aprendendo cada vez mais com outros projetos. Quando mais jovem, não tinha muitas atrizes negras para me inspirar. Mas amava ver, por exemplo, Taís Araújo em ‘Xica da Silva’, Isabel Fillardis como Ritinha… dona Ruth de Souza, Zezé Motta, Léa Garcia. Elas foram inspiração para uma geração orgulhosa e sonhadora com as possibilidades que um dia poderiam existir para todos nós. Ainda em Minas, a TV foi a minha janela. Era ali, consumindo as novelas, em especial, que eu sonhava. Hoje me sinto completamente realizada em minha profissão. Mas ainda cheia de desejos a realizar!
A atriz em “Suburbia” – foto Rede Globo | AF Rodrigues
Alguns de seus papéis em novelas da TV Globo, como “Em Família”, “O Outro Lado do Paraíso” e “Amor de Mãe”, eram dramáticos e a questão do preconceito e da luta antirracista atravessavam suas personagens. Como é, para você, abordar esses temas por meio da atuação? Quais outras temáticas gostaria de vivenciar nesse formato televisivo?
Falar sobre racismo foi algo que demorei para fazer. Mas vivi muito. Precisei amadurecer antes de me expressar para o mundo. Mas entendi que isso se fazia necessário e urgente! Poder dar voz a personagens que trazem narrativas que pertencem ao universo de uma mulher preta é algo que me motiva. Dar nome às formas de preconceitos que ainda vivemos nesse país, que é tão miscigenado e preconceituoso, ao mesmo tempo, é algo essencial. O que me encanta ao aceitar um trabalho é um combo: uma boa história, uma boa personagem, uma equipe afinada e ter a oportunidade de ser uma atriz boa para aquela personagem. Para além da temática do preconceito, não sei se há um tema central que desejo representar. Até porque sou muito grata às oportunidades que tive ao longo da minha caminhada, ainda em construção, mas tão diversa. Mas sonho com algumas personagens, como ser uma vilã… e fazer Xica da Silva e Elza Soares!
Gravando “A Magia de Aruna” – foto divulgação
Você inicia 2024 com muitos trabalhos em diferentes streamings. Está em “Arcanjo Renegado”, produção do Globoplay, e em “Magia de Aruna”, do Disney+. Quais são as diferenças e as semelhanças em relação às novelas?
‘Arcanjo’ me ajudou a amadurecer muito enquanto artista. A personagem passou por muitas mudanças, amadureceu também. Compor esse arco dramatúrgico é riquíssimo. Estou apaixonada pelo gênero. Fazer ação é uma delícia! Sobre ‘Magia de Aruna’, ter recebido o título de bruxa brasileira da Disney foi uma honra. Foi um encontro lindo com Cleo Pires e Giovanna Ewbank. É uma série leve, cheia de efeitos e magia. Mexer com o imaginário das pessoas é muito interessante. A novela tem um batidão, uma entrega diária e a obra é aberta. Tudo pode acontecer. Não dá muito tempo de parar para olhar para trás. A gente tem que se apropriar do processo. Em uma série, geralmente, a gente já entende o caminho pelo qual o personagem e a história seguirão. A forma de compor acontece antes mesmo de entrar no set. Se tem melhor? Se eu prefiro alguma? Não! Amo meu trabalho, independentemente da plataforma.
Na série “Arcanjo Renegado” – foto divulgação
Você também está gravando o remake de “Dona Beja”, do HBO Max. Como foi sua preparação para viver Candinha? Poderia compartilhar um pouco mais sobre a sua personagem?
‘Dona Beja’ vem como uma releitura da história. Estou muito feliz em fazer parte desse capítulo novo da dramaturgia, que é uma novela no streaming. A história vem cheia de surpresas arrebatadoras. O texto é fortíssimo e mexe muito comigo. Terei a oportunidade de dizer em cena tantas coisas que sinto na vida real. E foi uma obra emblemática, que povoa o imaginário de muita gente. Fez muito sucesso na época em que foi exibida. Não busco inspiração na versão original, estou focada no texto, que me deu todos os elementos para dar forma à personagem. Como se trata de uma releitura, é uma obra mais ajustada ao nosso tempo. Atores negros compõem lindamente o elenco principal. Aguardem: vai valer a pena!
Depois do Carnaval e das gravações de “Dona Beja”, o que planeja para 2024?
Ainda tem muita gravação de ‘Dona Beja’ pela frente e mais uma temporada de ‘Arcanjo’. Espero que seja um ano de muito trabalho, com um projeto emendando no outro.
Confira alguns refúgios verdes em São Paulo perfeitos para piqueniques com a família e os amigos ou mesmo um encontro romântico
Jardim Botânico
Por não ser permitida a prática de esportes e a entrada de animais de estimação, o local é ideal para um piquenique tranquilo – especialmente para os casais. Por lá, destacam-se ainda a estufa de plantas e as escadarias de pedra verdadeiramente fotogênicas. Para ter acesso à variada flora do Jardim Botânico de São Paulo, é necessário pagar a entrada de R$ 10. Além de diversas espécies de flores e plantas, é possível encontrar alguns animais, como macacos, e fazer trilha. Av. Miguel Estefno, 3031, Vila Água Funda, São Paulo. De terça a domingo, das 9h às 17h.
foto Ciete Silvério | A2 Fotografia
Cinemateca Brasileira
Para aqueles que buscam estender a toalha em um cenário fora do óbvio, a Cinemateca Brasileira, na Vila Mariana, tem um agradável gramado, mesas e bancos entre árvores e esculturas, que compõem um espaço reservado para um lanche em família. Após a refeição, vale conferir o lugar, que abriga um acervo com quase 250 mil rolos de filmes e milhares de títulos de filmes nacionais. Largo Sen. Raul Cardoso, 207, Vila Mariana. De segunda a quarta, das 8h às 18h. Quinta a domingo, das 8h às 21h.
foto divulgação
Parque do Povo
O Parque é muito procurado para a prática de atividades físicas, como corrida e caminhada, em razão de seu terreno plano e por oferecer quadras poliesportivas, ciclovia, pista de caminhada e estações de ginástica. Para finalizar o exercício em grande estilo, os gramados e jardins do parque são espaços interessantes para piquenique e ponto de avistamento de diferentes aves, como quero-quero e beija-flor-tesoura. Avenida Henrique Chamma, 420, Itaim.De segunda a domingo, das 6h às 22h.
foto divulgação
Centro Cultural São Paulo
Se a ideia for aproveitar a tarde entre amigos, o Centro Cultural São Paulo dispõe de um jardim suspenso com vista panorâmica para a cidade, que funciona como pôr do sol ou mesmo happy hour diferente do comum. Em janeiro e fevereiro, o local também recebe peças de teatro, shows e filmes. Rua Vergueiro, 1000, Paraíso. De terça a sexta, das 10h às 21h. Sábado, domingo e feriados, das 10h às 20h.
Confira dicas de padarias e docerias para se deliciar em São Paulo, que servem clássicos da confeitaria francesa, como canelés, macarons e choux
Le Blé Casa de Pães Viennoiserie é a técnica francesa de produzir pães folhados – que se tornou especialidade do padeiro Fabio Pasquale, à frente da Le Blé Casa de Pães, com unidades no Higienópolis e nos Jardins. Além de receitas clássicas, como o croissant, ele cria outras delícias com essas massas, como as cestinhas recheadas de creme e mirtilos. O choux cream, massa francesa igual à da carolina com recheio levíssimo, é outro destaque da padaria. Rua Pará, 252, Higienópolis, tel. 3663-4626. Rua Padre João Manuel, 968, Jardins, tel. 2645-4456.
foto divulgação
Belle Pâtisserie Campeã do programa “Que Seja Doce”, do canal GNT, a confeiteira Izabelle Albuquerque montou a confeitaria Belle Pâtisserie. Formada pela Le Cordon Bleu de São Paulo, ela oferece apenas para delivery e retiradas opções como a pavlova, merengue assado com chantili, belíssimas tortas recheadas de pistache e framboesa e a tourbillon – uma torta de chocolate, avelã e caramelo, criada por Izabelle depois de sua mais recente viagem a Paris. Outros queridinhos dos clientes da doceria são os macarons, apresentados em oito diferentes variações. Rua Flórida, 865, Brooklin, tel. 94252-2205.
foto divulgação
Leveda Padaria Natural
A padeira Mariana Galhardo sempre foi fascinada pelos encantos da cozinha, que transformou em sua profissão após morar na França e se apaixonar pelas padarias locais. À frente da Leveda Padaria Natural, no Alto da Lapa, ela é entusiasta da fermentação natural e apresenta aos clientes diferentes pães, panetones, baguetes, croissant e os novos adorados do lugar – os canelés, um bolinho de baunilha típico da região de Bordeaux, que possui crosta caramelizada e interior úmido e aerado. Rua Cerro Corá, 1995, Alto da Lapa, tel 3641-3655.
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