7 festivais que vão bombar em São Paulo ainda neste primeiro semestre

7 festivais que vão bombar em São Paulo ainda neste primeiro semestre

2023 começou com tudo no quesito festivais e São Paulo recebe mais shows nos próximos meses. Confira os eventos musicais e artísticos que acontecem em maio e junho

C6 Fest
O novo festival é ideal para os amantes de rock, soul e jazz, e acontecerá simultaneamente em São Paulo, no Parque Ibirapuera, nos dias 19, 20 e 21 de maio, e no Rio de Janeiro, no Vivo Rio, nos dias 18, 19 e 20. Dentre as atrações confirmadas, estão grandes nomes do jazz, como Jon Batiste e Samara Joy. A vencedora do Grammy deste ano na categoria de artista revelação se apresenta pela primeira vez no Brasil, e celebra: “Depois da pandemia, as pessoas perceberam o quanto a música ao vivo é importante para a comunidade”. Em São Paulo, o evento contará com quatro palcos: Tenda Heineken, Auditório Ibirapuera, Plateia Externa do Auditório Ibirapuera e Pavilhão das Culturas Brasileiras.
Av. Pedro Álvares Cabral, s/ nº (portões 2, 3 e 10), Av. IV Centenário (portões 6 e 7). Ingressos a partir de R$ 80. www.c6fest.com.br

Samara Joy - foto Meredith Truax

Samara Joy – foto Meredith Truax

Encontro das Tribos
A Arena Anhembi recebe a nova edição do Encontro das Tribos, que pela primeira vez ocorrerá em dois dias, 6 e 7 de maio. O tema deste ano é Circus e trará um ambiente lúdico, nostálgico e divertido para o público, com grandes nomes nacionais e internacionais do hip-hop, reggae, rock, R&B. Ice Cube, Whiz Khalifa, Steel Pulse, Racionais MC’s, Filipe Ret, Planet Hemp, Gloria Groove, Armandinho, Matuê, Pitty e Marcelo Falcão são alguns nomes que subirão aos palcos.
Avenida Olavo Fontoura, 1.209, Santana. Ingressos a partir de R$ 370. www.ticket360.com.br

Steel Pulse - Foto Alan Hess | reprodução Facebook

Steel Pulse – Foto Alan Hess | reprodução Facebook

 

Nômade Festival
Pela primeira vez, o Parque Villa-Lobos será palco da 4ª edição do festival, que acontece nos dias 20 e 21 de maio. O evento, que é conhecido pela atividade vanguardista em explorar diferentes cenas e gêneros musicais, traz em seu line-up grandes nomes da música brasileira, como Alcione, Nando Reis, Chico César e Geraldo Azevedo, Seu Jorge, Luedji Luna, Liniker e Criolo. O evento também terá obras dos ganhadores do concurso “Nômade Cria: Arte na Rua”.
Avenida Prof. Fonseca Rodrigues, 2.001, Alto de Pinheiros. Ingressos a partir de R$ 120. www.ticket360.com.br

Festival Nômade - foto @Cabrauu

Festival Nômade – foto @Cabrauu

 

Festival MITA
Com o sucesso de sua primeira edição em 2022, o Mita (Music Is The Answer) está de volta este ano com o mesmo espírito de inovação e irreverência. Após passar pelo Rio de Janeiro (em 27 e 28 de maio), o evento chega ao Vale do Anhangabaú, em São Paulo, nos dias 3 e 4 de junho, com dois palcos, mais de 16 atrações, artistas nacionais e internacionais e ativações. Na programação, destaque para Lana Del Rey, Florence + The Machine, NX Zero, Capital Inicial, Natiruts e Duda Beat.
Parque Anhangabaú, Vale do Anhangabaú, Centro. Ingressos a partir de R$ 467,50. www.eventim.com.br/mitafestival

Lana Del Rey - Foto divulgalção

Lana Del Rey – Foto divulgalção

 

Best of Blues and Rock
Completando 10 anos de história em 2023, o Best of Blues and Rock segue com o objetivo de difundir o rock e o blues no Brasil. A edição comemorativa, que acontece nos dias 2, 3 e 4 de junho, na plateia externa do Auditório Ibirapuera, terá como atração especial o veterano guitarrista norte-americano e lenda do blues Buddy Guy, que traz sua turnê “Damn Right Farewell Tour” para o país. Além dele, estão confirmados shows de Tom Morello, Steve Vai, Goo Goo Dolls, Extreme, Ira!, Dead Fish e Day Limns.
Av. Pedro Álvares Cabral s/n° (portões 2, 3 e 10), Parque do Ibirapuera. Ingressos a partir de R$ 450. www.eventim.com.br

Buddy Guy - Foto divulgação

Buddy Guy – Foto divulgação

 

João Rock
Mais um festival que também está celebrando uma data especial. Este ano, o João Rock completa 20 anos e promete mais uma edição histórica. No dia 3 de junho, a cidade de Ribeirão Preto receberá mais de 30 atrações, distribuídas em quatro palcos, além de manifestações artísticas, esportes radicais e ações interativas com o público. O line-up traz apenas artistas brasileiros, entre eles Emicida, Capital Inicial, CPM 22, Pitty, Gilsons, Tom Zé, Zé Ramalho, Alceu Valença e Gilberto Gil.
Av. Orestes Lopes de Camargo, 350, Jardim Jóquei Clube, Ribeirão Preto. Ingressos a partir de R$ 230. www.joaorock.com.br

Capital Inicial - Foto Leo Aversa

Capital Inicial – Foto Leo Aversa

 

Festival Turá
Nos dias 24 e 25 de junho, a área externa do Auditório Ibirapuera receberá também a segunda edição do Turá, festival que contempla música, gastronomia e outras manifestações culturais brasileiras. No line-up já estão confirmados Zeca Pagodinho, Maria Rita convidando Sandra de Sá, Jorge Ben Jor, Gilberto Gil & Família com o espetáculo “Nós, A Gente” – pela primeira vez em São Paulo –, Pitty, Joelma convidando Mariana Aydar e banda Tuyo, e muito mais.
Av. Pedro Álvares Cabral s/nº (portões 2, 3 e 10), Av. IV Centenário (portões 6 e 7ª), Av. República do Líbano (portão 7), Parque do Ibirapuera. Ingressos a partir de R$ 175. www.ticketsforfun.com.br

Festival Turá - foto divulgação

Festival Turá – foto divulgação

Otávio Muller e Letícia Isnard estrelam a comédia “O Caso”, no Teatro das Artes

Otávio Muller e Letícia Isnard estrelam a comédia “O Caso”, no Teatro das Artes

Na comédia “O Caso”, Otávio Muller e Letícia Isnard abordam a falta de interesse do homem moderno pelo outro, pela coletividade e por tudo mais ao seu redor

Otávio Muller e Letícia Isnard são os protagonistas da comédia “O Caso”, em cartaz até o dia 30 de abril no Teatro das Artes, no Shopping da Gávea. A peça, com texto do francês Jacques Mougenot e direção de Fernando Philbert, conta a história de um homem que busca na terapia a solução para um problema um tanto excêntrico: vive tomado por uma sensação de desinteresse absoluto por tudo e todos ao redor. Acha tudo muito chato e não consegue prestar atenção em nada que as pessoas dizem. Sua psiquiatra, intrigada, tenta de todas as maneiras decifrar a patologia. Quando crê que começa entender o que se passa, o caso toma um novo rumo. Num texto ágil, repleto de humor e diálogos rápidos, a peça aborda questões contemporâneas como a dificuldade de concentração em meio à avalanche de informações e os estímulos que chegam sem parar, além da falta de interesse pelo outro e pelo coletivo.

Letícia Isnard e Otávio Muller na comédia “O Caso” - Foto divulgação

Letícia Isnard e Otávio Muller na comédia “O Caso” – Foto divulgação

Teatro das Artes
Rua Marquês de São Vicente, 52, piso 2, Gávea, tel. 21 2540-6004.
Ingressos de R$ 50 a R$ 120

Consulado dos EUA em São Paulo inaugura mostra com obras de Eduardo Kobra

Consulado dos EUA em São Paulo inaugura mostra com obras de Eduardo Kobra

A mostra permanente, que pode ser conferida por solicitantes de visto, contempla 22 painéis que o artista fez nos Estados Unidos

O Consulado dos Estados Unidos em São Paulo, no bairro de Santo Amaro, inaugurou uma mostra permanente com 22 painéis de Eduardo Kobra, que reproduzem murais do artista urbano brasileiro nos Estados Unidos, país onde ele tem 50 obras, o maior número depois do Brasil. A exposição já pode ser conferida por solicitantes de visto na cidade e faz parte das celebrações pelo bicentenário das relações diplomáticas Brasil-EUA. Os Estados Unidos foram um dos primeiros países a reconhecer a Independência do Brasil e hoje figuram entre seus principais parceiros em áreas que vão de comércio e segurança a turismo, cultura e educação. As reproduções expostas incluem “A Bailarina”, obra localizada em Miami, na Flórida; e “Os Corajosos de 11/09” e “Gênio Andando de Bicicleta” (foto), murais em Nova York.

Genious is ridding a bike - New York - Foto divulgação

Genious is ridding a bike – New York – Foto divulgação

Consulado dos EUA:
Rua Henri Dunant, 500, Santo Amaro

Vik Muniz expõe obras feitas com fragmentos de dinheiro na galeria Nara Roesler

Vik Muniz expõe obras feitas com fragmentos de dinheiro na galeria Nara Roesler

Conhecido por conceber obras de arte com chocolate, diamantes, molho de tomate ou lixo, Vik Muniz agora usa dinheiro picado para montar imagens dos animais que estampam as cédulas do nosso bonito e desvalorizado real. As obras ficam expostas na galeria Nara Roesler até o dia 22

Há quatro décadas, Vicente José de Oliveira Muniz faz a gente pensar com suas obras de arte feitas com materiais inusitados. Hoje, seus trabalhos são expostos nos principais museus e galerias do planeta. Em 2010, seu trabalho no lixão do Gramacho gerou o longa “Lixo Extraordinário”, que concorreu ao Oscar de Melhor Documentário. Agora, com 61 anos, o artista nascido em São Paulo e radicado no Rio expõe na galeria Nara Roesler (no Jardim Europa, na capital paulista) a série “Dinheiro Vivo”, com imagens compostas com fragmentos de dinheiro que seriam descartados pela Casa da Moeda, mas em suas mãos ganharam novo valor e novos significados.

“Dinheiro Vivo” se divide em duas partes. A primeira traz representações dos animais que estampam as cédulas do dinheiro brasileiro: a tartaruga marinha da nota de R$ 2, a garça da cédula de R$ 5, a arara (R$ 10), o mico-leão-dourado (R$ 20), a onça-pintada (R$ 50), a garoupa (R$ 100) e o lobo-guará (R$ 200). Mesmo triturado e sem valor financeiro, esse dinheiro serve para articular uma nova imagem, com aspectos metalinguísticos e novos simbolismos.

 

No segundo grupo de trabalhos, Muniz recria pinturas e gravuras de paisagens brasileiras do século 19, feitas por pintores viajantes como o alemão Johann Moritz Rugendas, o norte-americano Martin Johnson Heade e o francês Félix Taunay. Essas recriações também conferem a essas pinturas tão famosas novas interpretações e novas perspectivas. Afinal, dinheiro vivo (feito de papel) é sinônimo de floresta morta.

Em entrevista que concedeu à 29HORAS, Vik fala do processo de criação dessas novas obras, de suas próximas exposições na Europa e da sua dificuldade para se adaptar a esses tempos modernos em que tudo deixa de ser físico e analógico para se tornar digital e imaterial – como a música, os livros e o próprio dinheiro. Veja a seguir os principais trechos dessa conversa:

A releitura de Vik Muniz para uma pintura do alemão Johann Moritz Rugendas - Foto divulgação

A releitura de Vik Muniz para uma pintura do alemão Johann Moritz Rugendas – Foto divulgação

Você realizou o sonho de muita gente: entrou na Casa da Moeda e saiu de lá carregando sacos de dinheiro! Como foi que você fez isso?
Pouco antes da pandemia, estava participando da organização de uma mostra com obras feitas a partir das cinzas do Museu Nacional, destruído em um incêndio em novembro de 2018, para angariar fundos para a recuperação da instituição. Um dos lugares que cogitamos para sediar a exposição foi o Museu da Casa da Moeda, na Praça da República, no centro do Rio. As negociações para fazer a mostra ali não avançaram, mas quando estive lá no museu, me convidaram para visitar a gráfica da Casa da Moeda, no subúrbio de Santa Cruz, na zona oeste do Rio. Como sou muito curioso, fui lá! É impressionante ver como o dinheiro é produzido. As prensas são gigantescas, e o trabalho ali é fantástico. Ao ficarem prontas, as pranchas com as notas de dinheiro são examinadas por dezenas de mulheres muito minuciosas. Se tiverem qualquer defeito minúsculo, são descartadas e trituradas. Ao final da visita, me deram de presente um pacotinho, do tamanho de um saco de pipoca, com dinheiro picado. Perguntei se eles poderiam me dar mais e eles responderam que sim, que eu poderia retirar ali o quanto quisesse. No dia seguinte, enchi duas vans com 14 pacotes de dinheiro triturado, dois sacos com fragmentos de cada cédula!

Como surgiu a ideia de fazer arte com dinheiro? Você acha o dinheiro brasileiro bonito?
Acho lindo o dinheiro brasileiro. Lá em casa, tenho uma gaveta onde guardo algumas notas que trago das minhas viagens pelo mundo. Minha filha, Nina, chama o dólar de “dinheiro de velho” – por causa das efígies de ex-presidentes que ilustram as cédulas – e o real ela apelidou de “dinheiro de bicho”, por causa dos animais estampados nas notas. É muito mais bonito um dinheiro de bicho do que um dinheiro de velho, né não? O dinheiro é um material sempre carregado de simbolismos. Eu gosto de criar as minhas obras a partir de elementos assim, como os diamantes que compõem o rosto de Liz Taylor, o lixo que forma as imagens dos catadores do Jardim Gramacho e o açúcar usado para “retratar” as crianças dos canaviais e engenhos caribenhos.

Existem pelo mundo vários museus de numismática (dedicados aos aspectos artístico, histórico e econômico das cédulas e moedas). Ou seja, dinheiro é arte. E arte também é dinheiro – pinturas, esculturas e NFTs são ativos cada vez mais valorizados. Essa exposição é sobre isso, sobre o valor do dinheiro e da arte?
Prefiro não direcionar o pensamento de quem visita minhas exposições. Cada um processa de um jeito as minhas obras. Dinheiro e pinturas ou fotografias são meros produtos, como outros quaisquer. Mas esses três, especificamente, são carregados de significados e valores – subjetivos ou objetivos. O dinheiro tem isso bem claro, ele tem o seu valor estampado, com destaque. Já uma imagem ou uma escultura só atinge o status de obra de arte e um alto valor agregado quando tem um outro sentido, além daquele óbvio, de ser um pedaço de papel impresso ou de um bloco de bronze modelado. A arte tem uma qualidade reflexiva, um fetiche, uma série de interpretações e entendimentos. Essa proposta de fazer dinheiro com dinheiro e expor numa galeria certamente abarca essa discussão do valor do dinheiro como arte e da arte como dinheiro, mas essa é apenas uma das muitas leituras possíveis. Sou um artista plástico, mas não sou um Michelangelo. Mais do que criar peças de rara beleza, crio situações que estimulam reflexões.

 

Mosaicos feitos com dinheiro picado e reproduzindo a garça da nota de R$ 5, a tartaruga marinha da cédula de R$ 2, a garoupa da nota de R$ 100 e a onça-pintada da cédula de R$ 50 – Foto divulgação

 

Com esses animais feitos de dinheiro, vai ficar mais fácil para as pessoas compreenderem que a fauna brasileira é um valioso patrimônio nacional?
Para mim, só o fato de termos esses animais nas notas já deixa evidente que a nossa fauna é uma das maiores riquezas do país. Só não compreende isso quem confunde meio ambiente com meio de pagamento. Mas eu prefiro não induzir ou direcionar o olhar e a compreensão de quem admira essas imagens. Como já disse, quero que cada um tenha a sua interpretação, minha proposta é que isso gere uma reflexão diferente em cada pessoa que aprecia as minhas obras.

E, com as reproduções feitas em dinheiro de pinturas de Rugendas e Taunay, a sua ideia foi mostrar que a floresta em pé tem um valor bem maior do que o de áreas devastadas?
Sim, sem dúvida, mas novamente acho que não cabe a mim “explicar” essas imagens. Essas releituras não são “manifestos” ambientais. O que vejo de interessante nessas obras é que elas foram feitas com pedaços de floresta derrubada – dinheiro, afinal, é um pedaço de árvore, é feito de celulose. Essa renovação, essa reciclagem, é uma abordagem recorrente no meu trabalho. E é importante também lembrar que as obras originais que deram origem a esses meus mosaicos foram feitas por pintores europeus que participaram, no fundo, de expedições que tinham um considerável cunho comercial. Com essas obras, eles passavam duas mensagens para a corte europeia: a primeira era “vejam quanta beleza, como são exóticos os trópicos”, o que é perfeitamente OK. Mas a segunda era mais na linha “vejam quanta coisa tem aqui para vocês explorarem. Venham!”

Você criou essas obras durante a pandemia, quando o dinheiro vivo passou a ter menos valor – o dinheiro eletrônico está cada vez mais popular e as cédulas e moedas são consideradas algo sujo e infecto. Nesse aspecto, a série “Dinheiro Vivo” tem a ver com “Lixo Extraordinário”, com o material utilizado em suas obras ganhando uma segunda chance, uma “nova vida”?
Sim, essa minha série de trabalhos é sobre isso, sobre a materialidade e sobre uma segunda vida e um novo valor dado a um material que perdeu sua função original. Eu ainda ando sempre com dinheiro no bolso, mas as notas e moedas estão em extinção, como os animais que estão estampados nas cédulas. Cada vez mais, os pagamentos são feitos com transferências, pix, QR codes e criptomoedas. O dinheiro vivo é como um cartão-postal – está fora de moda, caiu em desuso. Na pandemia, então, ele era inútil, nada era pago da forma tradicional. Nasci e cresci no mundo analógico, e estou sofrendo com essa transição para o imaterial, para o etéreo, para essa época em que as coisas deixam de ter um lastro real – na hora de pagar, na música, na fotografia, na leitura… Agora tudo é digital!

Autorretrato de Vik Muniz, produzido em 2012 como parte da série "Pictures of Magazines" - Foto reprodução

Autorretrato de Vik Muniz, produzido em 2012 como parte da série “Pictures of Magazines” – Foto reprodução

Essas obras na exposição são peças únicas, ou são comercializadas reproduções numeradas de cada “mosaico”? Quais estão vendendo mais?
Não quero ser visto como um às das colagens, dos mosaicos, das artes manuais. Sou um artista plástico, e me defino como fotógrafo. Cada uma dessas montagens feitas com dinheiro picado foram fotografadas e ganharam seis reproduções em fine art. São essas peças numeradas que estão sendo comercializadas pela galeria. Quando selecionamos o material que iria compor a exposição, imaginava que os animais fossem vender bem mais do que as florestas, principalmente a onça (da nota de R$ 50) e a garoupa (da nota de R$ 100). Mas, como a gente nunca consegue prever o que vai acontecer, estamos vendo um equilíbrio entre a venda das imagens dos bichos e as releituras das pinturas antigas dos artistas viajantes europeus. Quem está surpreendendo mesmo é a tartaruga marinha (das notas de R$ 2). Acho que ela é a nossa campeã de vendas!

Você já pensou em criar obras com cabelos e unhas, com imagens que gerem reflexões sobre o universo da beleza?
Já trabalhei com material humano há alguns anos. Foi um trabalho que fiz para o MIT (Massachusetts Institute of Technology), com material celular. Eram obras em escala microscópica. Nunca pensei em trabalhar com unhas, pele e cabelos humanos. Considero substratos meio nojentos. Mas talvez fosse interessante brincar com essas matérias-primas que geram asco para refletir sobre a beleza…

O que você está preparando para o futuro próximo? Em quais projetos você está trabalhando no momento?
Para este ano, o que posso te dizer é que vou dar continuidade a duas séries que já expus, mas que ainda não explorei todas as suas possibilidades. Estou falando de “Superfícíes” (com fragmentos de obras de arte utilizados para compor imagens realistas) e “Fotocubismo” (fruto de uma longa pesquisa em torno de obras clássicas do cubismo, assinadas por mestres como Picasso, Braque e Gris). Além disso, estou com várias exposições programadas na Europa. A galeria Ben Brown, de Londres, vai exibir os trabalhos da série “Fotocubismo”; o Museu do Prado, de Madri, vai expor obras da série “Verso” (que explora o lado de trás de quadros de Da Vinci, Rembrandt, Van Gogh e Klimt, entre outros); e terei uma retrospectiva da minha trajetória em cartaz na inauguração do Centro Cultural Santander, no país basco. 2023 está sendo um ano bem intenso!

 

Vik Muniz - Foto Fabio Ghivelder

Vik Muniz – Foto Fabio Ghivelder

Pinacoteca Contemporânea chega para reforçar o corredor cultural no Centro de São Paulo

Pinacoteca Contemporânea chega para reforçar o corredor cultural no Centro de São Paulo

Com essa expansão, a Pinacoteca se torna o segundo maior museu da América Latina

A Pinacoteca de São Paulo acaba de “Dar Cria”, mais uma vez. Em 2004, nasceu a Estação Pinacoteca, na antiga sede da Estrada de Ferro Sorocabana; agora é inaugurada a Pinacoteca Contemporânea, um novo espaço sustentável e acolhedor, que ocupa o imóvel que outrora abrigou a Escola Estadual Prudente de Moraes. Com esse terceiro prédio, a Pinacoteca se torna o segundo maior museu da América Latina (atrás apenas do Nacional de Antropologia, do México), com um total de 22 mil m² de área expositiva e potencial para receber até 1 milhão de visitantes por ano.

O projeto se integra ao centenário Parque da Luz e aos bairros do Bom Retiro e da Luz. A Pina Contemporânea se abre ao parque e estimula a circulação do público, com uma arquitetura permeável e inclusiva, que reflete o espírito de integração social presente em todos os programas desenvolvidos pelo museu, favorecendo a experimentação da arte contemporânea.

Na reforma da antiga escola, foram mantidos os volumes arquitetônicos dos dois edifícios já existentes no terreno. Um mais antigo, atribuído ao escritório de Ramos de Azevedo, e outro mais moderno, da década de 1950, de autoria do arquiteto Hélio Duarte. Conectando esses dois blocos, há uma grande praça pública coberta, com 1.339 m², e um pavilhão onde está localizada a Galeria Praça, com 200 m², dois ateliês para atividades educativas e a loja do museu. Com mil metros quadrados, a Grande Galeria, no subsolo, e um mezanino com vista para o parque, onde está localizada a cafeteria, complementam o projeto.

 

Pinacoteca Contemporânea | Foto Divulgação

Pinacoteca Contemporânea | Foto Divulgação

 

A Pinacoteca Contemporânea conta com certificação ambiental Leed Silver, que atesta a eficiência do método construtivo, o uso de materiais sustentáveis, o aproveitamento de energia limpa e a captação de água de chuva, entre outros itens. “A estrutura de madeira é de fonte renovável e de origem certificada, e é a que melhor compensa as emissões de carbono”, conta a arquiteta Paula Zasnicoff, que faz parte do grupo de conceituados profissionais que assina o projeto.

Neste período de abertura, a Pina Contemporânea recebe duas grandes exposições: uma coleção de obras do acervo da Pinacoteca ocupa a Grande Galeria, e a artista coreana Haegue Yang ocupa a Galeria Praça com suas instalações que desafiam os sentidos.

 

Pinacoteca Contemporânea
Avenida Tiradentes, 273, Luz, tel. 3224-1000.
De quarta a segunda, das 10h às 18h. Ingressos a R$ 20.