A atriz e diretora Bete Coelho coloca em cena os desejos femininos em sua nova peça “Molly-Bloom”, em cartaz no Teatro Unimed até o final do mês
Com mais de 40 espetáculos na carreira, Bete Coelho é sinônimo de teatro. Um roteiro cativa a atriz e diretora quando se revela, em suas palavras, “necessário e urgente para nos ajudar na reflexão das transformações da nossa existência”. Sua nova peça, “Molly-Blom”, em cartaz no Teatro Unimed até o final do mês, carrega justamente uma narrativa repleta de contemporaneidade – apesar de pertencer a uma obra de 100 anos (“Ulysses”, de James Joyce). Bete também coassina a direção, ao lado de Daniela Thomas.
“Quis levar à cena uma das personagens femininas mais icônicas da literatura moderna. A adaptação para o teatro contou com a valiosa colaboração e os conselhos do último tradutor brasileiro de ‘Ulysses’, Caetano Galindo”, conta. O ponto de partida do espetáculo é o retorno de Leopold Bloom, interpretado por Roberto Audio, a sua casa após vagar por Dublin. Sua esposa, Molly Bloom (papel de Bete Coelho), já está dormindo, ou finge estar. Ele, exausto, entra na cama com cautela para não a despertar, e dorme. Nesse momento, ela começa a refletir sobre seu casamento, seu corpo, seus desejos – muitas vezes frustrados e proibidos para uma mulher do século 20 – seu passado e a infância, passando por memórias marcantes e pelas incertezas ou certezas deprimentes do futuro.
100 anos depois, essas angústias se mantêm atuais e persistem em dialogar com o público. “Impressiona o fato de que alguns temas abordados pela personagem ainda sejam motivo de espanto e tabu, ao mesmo tempo em que certos pontos são eternos, como o amor, as contradições, o desejo e a maternidade. O que se mantém muito moderna é a maneira como tudo isso é pensado, escrito e agora falado”, analisa.
Após o fim desta temporada, o desejo é levar a peça para outras cidades. “Eu, particularmente, adoraria entrar em cartaz na minha cidade natal, Belo Horizonte, e levar a Molly para a cidade onde ela mora, Dublin, ou onde nasceu, a península de Gibraltar”, compartilha. E o leque de outros projetos para o ano é amplo: “Estamos envolvidos com textos clássicos, contemporâneos, inéditos e até um bíblico!”
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