Melhor padeiro do Brasil, Ramiro Murillo serve delícias no seu El Panadero

Melhor padeiro do Brasil, Ramiro Murillo serve delícias no seu El Panadero

Premiado como o melhor padeiro do Brasil em 2023, Ramiro Murillo mostra sua arte no El Panadero, pequena boulangerie do bairro de Pinheiros

Formado em Física pela Universidade de São Paulo, em 2005, Ramiro Murillo encontrou nos pães de fermentação natural a sua essência, redirecionando sua trajetória para o mágico e artesanal processo da panificação. “Isso foi em 2016, quando experimentei o pão de fermentação natural. Foi a primeira vez que senti, de verdade, a textura, a crocância, o sabor e a acidez do pão! Comecei a pesquisar, a colocar a mão na massa e vi que era isso que eu queria fazer na vida.”

Multitalentoso – ele também é músico, produtor musical e já atuou como bailarino e ator –, Ramiro leva ao forno valores e inspirações que o guiam desde menino. “Sou muito corporal e tenho esse lado artístico, e acho que fazer o pão envolve tudo isso; é uma alegria observar e respeitar o tempo da transformação da massa com as próprias mãos.”

 

foto Nanda Ferreira

 

Filho de pai boliviano e mãe brasileira, Ramiro nasceu em São Paulo, mas passou muitos verões na Argentina, onde vive grande parte da sua família paterna. Por isso, o seu El Panadero garante ao freguês incríveis medialunas e alfajores, além de outras delícias. Para se aperfeiçoar ele estudou com a argentina Sandra Cuello, em Buenos Aires; com o francês Jean Jacob, especialista em croissants; e na San Francisco Bakery, na Califórnia.

Seu trabalho foi reconhecido neste ano no Campeonato Nacional de Panificação da Fipan (Feira Internacional de Panificação). Entre 120 concorrentes de várias partes do Brasil, ele levou o primeiro lugar com seu pão multigrãos feito com sementes de abóbora e de girassol, e segue rumo à IBA, em Munique, a maior feira de panificação do mundo.

Fiel à sua vocação multidisciplinar, Ramiro também promove cursos presenciais e o “Café com Chorinho” sempre no primeiro sábado do mês – com o padeiro-artista ao violão.

El Panadero
Rua Amália de Noronha, 251, Sumarezinho.
Tel. 98396-9530.

Dança, lirismo e forró ocupam Theatro Municipal de São Paulo

Dança, lirismo e forró ocupam Theatro Municipal de São Paulo

Em outubro, o Theatro Municipal mescla ritmos e tendências para atrair mais público para esse espaço histórico que acaba de completar 112 anos

Em seu primeiro espetáculo sob o comando do diretor artístico Alejandro Ahmed, o Balé da Cidade de São Paulo apresenta, entre os dias 19 e 27 de outubro, “Sixty Eight em Axys Atlas” e estreia uma coreografia nova de Davi Pontes, que está entre os artistas presentes na 35ª Bienal de São Paulo, no Parque do Ibirapuera.

 

foto Rafael Salvador

 

O coreógrafo carioca Davi Pontes, de 33 anos, explora interseções entre coreografia, racialidade e autodefesa. Com uma abordagem inovadora, Pontes busca envolver o público de forma política e crítica, estimulando a reflexão sobre a produção da história. Outubro é também o mês de aniversário do compositor italiano Giuseppe Verdi, um dos nomes mais importantes da música, considerado uma das figuras mais influentes do século 19.  Para interpretar sua “Missa de Réquiem”, o Coro Lírico se une à Orquestra Sinfônica Municipal.

A Orquestra é regida por Alessandro Sangiorgi e conta com quatro solistas: a soprano Tatiana Carlos, a mezzo-soprano Isabel de Paoli, o tenor Paulo Mandarino e o baixo Luiz-Ottavio Faria. As apresentações são nos dias 6, sexta-feira, às 20h, e 7, sábado, às 17h, na Sala de Espetáculos.

 

foto Rafael Salvador

 

Já o Saguão do Theatro Municipal recebe o Bando de Régia, que apresenta uma série de concertos didáticos sobre a história do forró associada à diáspora dos nordestinos no Sudeste, com o intuito de valorizar as matrizes tradicionais deste bem cultural. Nos dias 10, 17, 24 e 31 de outubro, sempre às 14h, nas terças-feiras, o evento é gratuito, com a distribuição de ingressos feita por ordem de chegada.

Começa a temporada de óperas do Theatro Municipal

Começa a temporada de óperas do Theatro Municipal

O clássico escolhido para abrir a temporada, “Così Fan Tutte: A escola dos Amantes”, de Mozart, fala de infidelidade e amor livre

“Così Fan Tutte (Assim Fazem Todas): A Escola dos Amantes”, obra em dois atos de Wolfgang Amadeus Mozart, é uma ópera que causou polêmica em sua estreia, em 1790, em Viena. Foi descrita na época como “ultrajante, improvável, imoral e indigna para um músico como Mozart”, por trazer temas como sexualidade e amor livre.

Agora será apresentada no Theatro Municipal em sua temporada de estreia (entre os dias 24/03 e 01/04), e se mostra atual e ainda provocadora. O libreto do italiano Lorenzo da Ponte fala de mulheres volúveis e homens postos em um lugar de insegurança. Cheia de humor e ironia, ela só foi compreendida décadas depois de sua estreia.

A obra conta com Roberto Minczuk na direção musical, Julianna Santos na direção cênica, André Cortez na cenografia e Olintho Malaquias no figurino, com a Orquestra Sinfônica Municipal e o Coro Lírico. Com duração de 170 minutos com intervalo, tem ingressos de R$ 12 a R$ 158 (inteira).

 

Pulsões humanas
Em concordância com a direção musical, pensando na questão de como ler o texto para os dias de hoje, a diretora Julianna Santos afirma que a montagem vai lançar olhar para questões anacrônicas. “O que tem de mais contemporâneo no texto é seu olhar para as pulsões humanas, da impulsividade, ciúme, fidelidade e amor”, explica. “O nome dela (Così Fan Tutte ou Assim Fazem Todas) é uma questão que se discute muito. Mas o que mais me interessa nessa montagem é o subtítulo que é A Escola dos Amantes. Não quero que seja entendida como uma guerra dos sexos”, explica.

Segundo a diretora, a ideia da nova montagem é misturar o realismo e a ambiguidade do texto original ao sonho e o delírio do olhar individual e das incertezas das personagens. “Ela é uma obra que Mozart não deixa ficar banal. Então a música vem para dar uma profundidade quase que filosófica, sobre o que são as relações e a pulsão humana, sem colocar no lugar do vulgar, dando até um lugar da beleza”.

A trama se desenvolve em um jogo de desentendimentos, inseguranças e dúvidas dos personagens, principalmente por parte dos homens. Questiona a instituição do amor romântico, o que fez com que apenas fosse reconhecida como uma obra-prima tardiamente, no século 20. A música de Mozart dá ao libreto de Lorenzo da Ponte uma dimensão de forte realismo e um olhar cuidadoso de investigação da natureza humana.

 

Sonoridade leve e alegre
De acordo com o maestro Roberto Minczuk, a apresentação trará um Mozart de sonoridade alegre, cômica e satírica, com uma certa leveza para abrir a temporada. “A cidade de São Paulo tem um público enorme e ávido por óperas e para as produções do Theatro Municipal. A expectativa é grande. Vamos abrir com uma ópera leve e bem-humorada, que os solistas adoram tocar e o público adora ouvir”, diz o regente.

Nos dias 24, 26, 29 e 01, o elenco será composto por: Laura Pisani (Fiordiligi), Josy Santos (Dorabella), Anibal Mancini (Ferrando), Michel De Souza (Guglielmo), Saulo Javan (Don Alfonso) e Chiara Santoro (Despina). Já nos dias 25, 28 e 31, a ópera será encenada por Gabriella Pace (Fiordiligi), Juliana Taino (Dorabella), Luciano Botelho (Ferrando), Fellipe Oliveira (Guglielmo), Daniel Germano (Don Alfonso) e Carla Domingues (Despina).

 

Foto divulgação

O Reserva Royal, em Santa Catarina, contará com 1 milhão de metros quadrados de Mata Atlântica preservada

O Reserva Royal, em Santa Catarina, contará com 1 milhão de metros quadrados de Mata Atlântica preservada

Localizado em Tijucas,  o projeto, que será entregue em até vinte meses, engloba a criação do Parque das Orquídeas o terceiro maior parque urbano do Brasil

O estresse faz parte do dia a dia, mas quando a dose é excessiva mente e corpo se prejudicam, surgindo problemas como depressão, aumento de ansiedade e até dores crônicas. Uma forma simples de gerenciar o estresse é passar um tempo em contato com a natureza. Ou, como dizem os japoneses, “tomar um banho de floresta”.

Foi no Japão, em 1982, que esse conceito foi criado. O objetivo era duplo: oferecer um antídoto para o esgotamento do boom tecnológico e inspirar a população a se reconectar e proteger as florestas do país. O termo “shinrin-yoku” pode ser traduzido como “absorção da atmosfera da floresta”, o que, na prática, significa vivenciar a natureza de forma sensorial. E isso pode acontecer em um parque, numa praça ou simplesmente em um jardim.

Simulação do que serão o boulevard verde e a quadra de esportes do Reserva Royal, em Tijucas | Foto Divulgação

Simulação do que serão o boulevard verde e a quadra de esportes do Reserva Royal, em Tijucas | Foto Divulgação

 

A pandemia pautou mudanças de estilos de vida, especialmente com o advento do home office, o que fez muita gente procurar lugares com natureza e sossego. Assim, novos empreendimentos surgiram com essa proposta, como é o caso do Reserva Royal, da Verde & Azul Urbanismo.

 

Simulação do que serão o boulevard verde e a quadra de esportes do Reserva Royal, em Tijucas | Foto Divulgação

Simulação do que serão o boulevard verde e a quadra de esportes do Reserva Royal, em Tijucas | Foto Divulgação

 

Localizado em Tijucas, entre Florianópolis e o Balneário Camboriú, em Santa Catarina, o projeto, que será entregue em até vinte meses, engloba a criação do Parque das Orquídeas o terceiro maior parque urbano do Brasil, com 1 milhão de metros quadrados de área verde. Está atrás apenas do Parque da Cidade Sarah Kubitschek, no Distrito Federal, com 4,2 milhões de metros quadrados.

“Hoje as crianças sofrem de transtorno de déficit de natureza, com a vida cada vez mais emparedada nas cidades; por isso é tão importante viver perto do verde”, diz Luiz Carlos Gallotti Bayer, CEO da Verde & Azul. “Decidimos não apenas manter o maciço florestal, que será aberto ao público com o Parque das Orquídeas, mas também recuperar a mata ciliar de todo o entorno, melhorando a saúde do ecossistema local, o que trará de volta espécies de aves, répteis e pequenos mamíferos que rarearam com o aumento da urbanização na região.”

 

Foto Divulgação

Foto Divulgação

Conhecida por romper os estereótipos da música clássica, a aclamada pianista Khatia Buniatishvili faz três recitais no Brasil

Conhecida por romper os estereótipos da música clássica, a aclamada pianista Khatia Buniatishvili faz três recitais no Brasil

A agenda de Khatia segue intensa em agosto, como é praxe na sua rotina. Ela toca em Buenos Aires no dia 5; voa para o Rio de Janeiro para um concerto no dia 7 no Theatro Municipal; dois dias depois mostra seu talento na Sala São Paulo, em duas noites; no dia 17 está em La Roque d’Anthéron, na Provence, na França; e depois brilha na Dinamarca e na Áustria.

Considerada uma das maiores celebridades do universo do piano, Khatia Buniatishvili, nascida há 35 anos na Geórgia – um pequeno país situado no Cáucaso –, cresceu em uma família focada na música e na cultura. Seus primeiros acordes foram aos três anos. Nos anos 1990, durante a guerra civil na Geórgia, ela e a irmã Gvantsa estudaram piano com a mãe, que se esforçou para proteger as filhas da violência e do caos nas ruas. “Nossas únicas saídas eram ir de casa para a escola ou de casa para o conservatório”, ela lembra.

Aos seis anos, Khatia tocou com a Orquestra de Câmara de Tbilisi, capital da Geórgia, e aos dez fez sua estreia internacional. Aos 19, ganhou uma bolsa para estudar em Viena e, aos 21, debutou no Carnegie Hall.

Ela faz mais de cem espetáculos por ano, nas principais salas de concerto do mundo, e já lançou oito álbuns. O mais recente é “Labyrinth”, de 2020, pela Sony Classical.

 

Foto divulgação

 

Em São Paulo, no concerto promovido pela Cultura Artística, e no Rio, Khatia apresenta obras de Erik Satie, Frédéric Chopin, Johann Sebastian Bach, Franz Schubert, François Couperin e Franz Liszt. Peças do grande repertório pianístico que ela toca com sensibilidade e paixão.

Na interpretação, ela defende o direito de “reapropriar cada obra e realizá-la sem necessariamente respeitar a tradição”. Suas performances são únicas e intrigantes, e a perfeição, tão valorizada nesse universo, não é uma questão. “Mais importante é fazer arte. Você pode tocar o público quando dá tudo o que tem, tudo o que você é, como se fosse a última vez. É assim que eu vivo no palco.”

Embaixadora da Plan International, ONG focada na infância, Khatia Buniatishvili também é comprometida com a causa dos refugiados sírios e se apresenta em shows solidários à Ucrânia, como aconteceu recentemente em Paris, onde a pianista mora há dez anos.