Dança, lirismo e forró ocupam Theatro Municipal de São Paulo

Dança, lirismo e forró ocupam Theatro Municipal de São Paulo

Em outubro, o Theatro Municipal mescla ritmos e tendências para atrair mais público para esse espaço histórico que acaba de completar 112 anos

Em seu primeiro espetáculo sob o comando do diretor artístico Alejandro Ahmed, o Balé da Cidade de São Paulo apresenta, entre os dias 19 e 27 de outubro, “Sixty Eight em Axys Atlas” e estreia uma coreografia nova de Davi Pontes, que está entre os artistas presentes na 35ª Bienal de São Paulo, no Parque do Ibirapuera.

 

foto Rafael Salvador

 

O coreógrafo carioca Davi Pontes, de 33 anos, explora interseções entre coreografia, racialidade e autodefesa. Com uma abordagem inovadora, Pontes busca envolver o público de forma política e crítica, estimulando a reflexão sobre a produção da história. Outubro é também o mês de aniversário do compositor italiano Giuseppe Verdi, um dos nomes mais importantes da música, considerado uma das figuras mais influentes do século 19.  Para interpretar sua “Missa de Réquiem”, o Coro Lírico se une à Orquestra Sinfônica Municipal.

A Orquestra é regida por Alessandro Sangiorgi e conta com quatro solistas: a soprano Tatiana Carlos, a mezzo-soprano Isabel de Paoli, o tenor Paulo Mandarino e o baixo Luiz-Ottavio Faria. As apresentações são nos dias 6, sexta-feira, às 20h, e 7, sábado, às 17h, na Sala de Espetáculos.

 

foto Rafael Salvador

 

Já o Saguão do Theatro Municipal recebe o Bando de Régia, que apresenta uma série de concertos didáticos sobre a história do forró associada à diáspora dos nordestinos no Sudeste, com o intuito de valorizar as matrizes tradicionais deste bem cultural. Nos dias 10, 17, 24 e 31 de outubro, sempre às 14h, nas terças-feiras, o evento é gratuito, com a distribuição de ingressos feita por ordem de chegada.

Começa a temporada de óperas do Theatro Municipal

Começa a temporada de óperas do Theatro Municipal

O clássico escolhido para abrir a temporada, “Così Fan Tutte: A escola dos Amantes”, de Mozart, fala de infidelidade e amor livre

“Così Fan Tutte (Assim Fazem Todas): A Escola dos Amantes”, obra em dois atos de Wolfgang Amadeus Mozart, é uma ópera que causou polêmica em sua estreia, em 1790, em Viena. Foi descrita na época como “ultrajante, improvável, imoral e indigna para um músico como Mozart”, por trazer temas como sexualidade e amor livre.

Agora será apresentada no Theatro Municipal em sua temporada de estreia (entre os dias 24/03 e 01/04), e se mostra atual e ainda provocadora. O libreto do italiano Lorenzo da Ponte fala de mulheres volúveis e homens postos em um lugar de insegurança. Cheia de humor e ironia, ela só foi compreendida décadas depois de sua estreia.

A obra conta com Roberto Minczuk na direção musical, Julianna Santos na direção cênica, André Cortez na cenografia e Olintho Malaquias no figurino, com a Orquestra Sinfônica Municipal e o Coro Lírico. Com duração de 170 minutos com intervalo, tem ingressos de R$ 12 a R$ 158 (inteira).

 

Pulsões humanas
Em concordância com a direção musical, pensando na questão de como ler o texto para os dias de hoje, a diretora Julianna Santos afirma que a montagem vai lançar olhar para questões anacrônicas. “O que tem de mais contemporâneo no texto é seu olhar para as pulsões humanas, da impulsividade, ciúme, fidelidade e amor”, explica. “O nome dela (Così Fan Tutte ou Assim Fazem Todas) é uma questão que se discute muito. Mas o que mais me interessa nessa montagem é o subtítulo que é A Escola dos Amantes. Não quero que seja entendida como uma guerra dos sexos”, explica.

Segundo a diretora, a ideia da nova montagem é misturar o realismo e a ambiguidade do texto original ao sonho e o delírio do olhar individual e das incertezas das personagens. “Ela é uma obra que Mozart não deixa ficar banal. Então a música vem para dar uma profundidade quase que filosófica, sobre o que são as relações e a pulsão humana, sem colocar no lugar do vulgar, dando até um lugar da beleza”.

A trama se desenvolve em um jogo de desentendimentos, inseguranças e dúvidas dos personagens, principalmente por parte dos homens. Questiona a instituição do amor romântico, o que fez com que apenas fosse reconhecida como uma obra-prima tardiamente, no século 20. A música de Mozart dá ao libreto de Lorenzo da Ponte uma dimensão de forte realismo e um olhar cuidadoso de investigação da natureza humana.

 

Sonoridade leve e alegre
De acordo com o maestro Roberto Minczuk, a apresentação trará um Mozart de sonoridade alegre, cômica e satírica, com uma certa leveza para abrir a temporada. “A cidade de São Paulo tem um público enorme e ávido por óperas e para as produções do Theatro Municipal. A expectativa é grande. Vamos abrir com uma ópera leve e bem-humorada, que os solistas adoram tocar e o público adora ouvir”, diz o regente.

Nos dias 24, 26, 29 e 01, o elenco será composto por: Laura Pisani (Fiordiligi), Josy Santos (Dorabella), Anibal Mancini (Ferrando), Michel De Souza (Guglielmo), Saulo Javan (Don Alfonso) e Chiara Santoro (Despina). Já nos dias 25, 28 e 31, a ópera será encenada por Gabriella Pace (Fiordiligi), Juliana Taino (Dorabella), Luciano Botelho (Ferrando), Fellipe Oliveira (Guglielmo), Daniel Germano (Don Alfonso) e Carla Domingues (Despina).

 

Foto divulgação

O Reserva Royal, em Santa Catarina, contará com 1 milhão de metros quadrados de Mata Atlântica preservada

O Reserva Royal, em Santa Catarina, contará com 1 milhão de metros quadrados de Mata Atlântica preservada

Localizado em Tijucas,  o projeto, que será entregue em até vinte meses, engloba a criação do Parque das Orquídeas o terceiro maior parque urbano do Brasil

O estresse faz parte do dia a dia, mas quando a dose é excessiva mente e corpo se prejudicam, surgindo problemas como depressão, aumento de ansiedade e até dores crônicas. Uma forma simples de gerenciar o estresse é passar um tempo em contato com a natureza. Ou, como dizem os japoneses, “tomar um banho de floresta”.

Foi no Japão, em 1982, que esse conceito foi criado. O objetivo era duplo: oferecer um antídoto para o esgotamento do boom tecnológico e inspirar a população a se reconectar e proteger as florestas do país. O termo “shinrin-yoku” pode ser traduzido como “absorção da atmosfera da floresta”, o que, na prática, significa vivenciar a natureza de forma sensorial. E isso pode acontecer em um parque, numa praça ou simplesmente em um jardim.

Simulação do que serão o boulevard verde e a quadra de esportes do Reserva Royal, em Tijucas | Foto Divulgação

Simulação do que serão o boulevard verde e a quadra de esportes do Reserva Royal, em Tijucas | Foto Divulgação

 

A pandemia pautou mudanças de estilos de vida, especialmente com o advento do home office, o que fez muita gente procurar lugares com natureza e sossego. Assim, novos empreendimentos surgiram com essa proposta, como é o caso do Reserva Royal, da Verde & Azul Urbanismo.

 

Simulação do que serão o boulevard verde e a quadra de esportes do Reserva Royal, em Tijucas | Foto Divulgação

Simulação do que serão o boulevard verde e a quadra de esportes do Reserva Royal, em Tijucas | Foto Divulgação

 

Localizado em Tijucas, entre Florianópolis e o Balneário Camboriú, em Santa Catarina, o projeto, que será entregue em até vinte meses, engloba a criação do Parque das Orquídeas o terceiro maior parque urbano do Brasil, com 1 milhão de metros quadrados de área verde. Está atrás apenas do Parque da Cidade Sarah Kubitschek, no Distrito Federal, com 4,2 milhões de metros quadrados.

“Hoje as crianças sofrem de transtorno de déficit de natureza, com a vida cada vez mais emparedada nas cidades; por isso é tão importante viver perto do verde”, diz Luiz Carlos Gallotti Bayer, CEO da Verde & Azul. “Decidimos não apenas manter o maciço florestal, que será aberto ao público com o Parque das Orquídeas, mas também recuperar a mata ciliar de todo o entorno, melhorando a saúde do ecossistema local, o que trará de volta espécies de aves, répteis e pequenos mamíferos que rarearam com o aumento da urbanização na região.”

 

Foto Divulgação

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Conhecida por romper os estereótipos da música clássica, a aclamada pianista Khatia Buniatishvili faz três recitais no Brasil

Conhecida por romper os estereótipos da música clássica, a aclamada pianista Khatia Buniatishvili faz três recitais no Brasil

A agenda de Khatia segue intensa em agosto, como é praxe na sua rotina. Ela toca em Buenos Aires no dia 5; voa para o Rio de Janeiro para um concerto no dia 7 no Theatro Municipal; dois dias depois mostra seu talento na Sala São Paulo, em duas noites; no dia 17 está em La Roque d’Anthéron, na Provence, na França; e depois brilha na Dinamarca e na Áustria.

Considerada uma das maiores celebridades do universo do piano, Khatia Buniatishvili, nascida há 35 anos na Geórgia – um pequeno país situado no Cáucaso –, cresceu em uma família focada na música e na cultura. Seus primeiros acordes foram aos três anos. Nos anos 1990, durante a guerra civil na Geórgia, ela e a irmã Gvantsa estudaram piano com a mãe, que se esforçou para proteger as filhas da violência e do caos nas ruas. “Nossas únicas saídas eram ir de casa para a escola ou de casa para o conservatório”, ela lembra.

Aos seis anos, Khatia tocou com a Orquestra de Câmara de Tbilisi, capital da Geórgia, e aos dez fez sua estreia internacional. Aos 19, ganhou uma bolsa para estudar em Viena e, aos 21, debutou no Carnegie Hall.

Ela faz mais de cem espetáculos por ano, nas principais salas de concerto do mundo, e já lançou oito álbuns. O mais recente é “Labyrinth”, de 2020, pela Sony Classical.

 

Foto divulgação

 

Em São Paulo, no concerto promovido pela Cultura Artística, e no Rio, Khatia apresenta obras de Erik Satie, Frédéric Chopin, Johann Sebastian Bach, Franz Schubert, François Couperin e Franz Liszt. Peças do grande repertório pianístico que ela toca com sensibilidade e paixão.

Na interpretação, ela defende o direito de “reapropriar cada obra e realizá-la sem necessariamente respeitar a tradição”. Suas performances são únicas e intrigantes, e a perfeição, tão valorizada nesse universo, não é uma questão. “Mais importante é fazer arte. Você pode tocar o público quando dá tudo o que tem, tudo o que você é, como se fosse a última vez. É assim que eu vivo no palco.”

Embaixadora da Plan International, ONG focada na infância, Khatia Buniatishvili também é comprometida com a causa dos refugiados sírios e se apresenta em shows solidários à Ucrânia, como aconteceu recentemente em Paris, onde a pianista mora há dez anos.

Com o hit “Envolver”, Anitta se torna a primeira artista brasileira a conquistar o topo do Spotify Global

Com o hit “Envolver”, Anitta se torna a primeira artista brasileira a conquistar o topo do Spotify Global

A cantora Anitta alcança o topo da parada Global do Spotify, com mais de 6,3 milhões de reproduções na plataforma

Quando se fala em Anitta, os números são superlativos. A única brasileira na lista dos 15 artistas mais influentes do mundo, segundo a Billboard, ela tem 61 milhões de seguidores no Instagram e 16,1 milhões no Youtube. Só um de seus clipes, “Bang”, tem 418 milhões de views. Em apenas 24 horas, “Paradinha”, sua primeira música gravada em espanhol e focada no mercado latino, teve mais de 6 milhões de visualizações. Já o clipe “Vai Malandra” ultrapassou a marca de 500 mil visualizações no Youtube em apenas 20 minutos, convertendo-se na melhor estreia brasileira da história, com 8 milhões em menos de oito horas. Em 2017, Anitta foi o nome brasileiro mais procurado nos sites de busca. Agora, a cantora carioca alcança o topo da parada Global do Spotify com a música “Envolver”. Com mais de 6,3 milhões de reproduções, essa é a primeira vez que uma artista brasileira alcança o topo da parada de mais ouvidas mundialmente no Spotify.

 

Anitta no clipe "Vai Malandra" - Foto Eduardo Bravin

Anitta no clipe “Vai Malandra” – Foto Eduardo Bravin

 

Anitta também já foi capa da revista 29HORAS em abril de 2018, relembre a entrevista a seguir.

 

Por trás disso tudo, uma jovem carioca de 28 anos, nascida Larissa de Macedo Machado, edifica uma carreira que, na visão de especialistas de marketing, é um case muitíssimo bem-sucedido. “Sempre pensei e planejei muito. Sou focada e só dou um passo quando tenho certeza de que está tudo do jeito que eu quero”, ela diz, em uma conversa também planejada com antecipação. Com uma média de vinte shows por mês e uma carreira internacional em pleno crescimento, Anitta não sabe o que é tempo de folga. “Quando tenho, gosto de ficar em casa com a família, meu maior bem”. Recém-casada com Thiago Magalhães, de 25 anos, ela mora em uma mansão na Barra da Tijuca com o marido e sua mãe, Miriam. “Ele ama tanto a sogra que a convidou para morar junto”, ri a cantora. “Mas nós acabamos ficando a maior parte do tempo fora de casa”.

A carreira internacional, alavancada em 2017, tem feito a cantora ficar ao menos uma semana por mês nos Estados Unidos e em países da América Latina. Mas nada aconteceu por acaso em sua história. A garota que decidiu mudar seu nome aos 16 anos, por causa da minissérie global “Presença de Anita” – ela se inspirou na personagem vivida pela atriz Mel Lisboa – também focou na carreira lá fora como uma experiente estrategista. Esmiuçou a fundo o mercado antes de colocar seus pezinhos nesse terreno. “Cara, eu pesquisei muito a história de outras pessoas que fizeram carreira no exterior, analisei os erros e acertos, e vi o que deveria fazer para dar certo, sem deixar o público brasileiro. É um modelo novo, algo que ainda não foi criado, e tenho encontrado pessoas que estão me ajudando a fazer isso de uma forma incrível”.

Segundo Anitta, o processo não foi fácil. “Foram muitas viagens até que a coisa começasse a funcionar. Parecia um jogo de tabuleiro, sabe, aquele em que você volta para o início do jogo quando algo dá errado?” Se ela pensou em desistir? “Sim, mas a minha vontade era maior, sempre sonhei com uma carreira que envolvesse o Brasil e o exterior”.

Suas gravações em diferentes estilos – do pop ao sertanejo, passando pelo funk e reggaeton – com artistas de vocações diversas se somam às ações conjuntas nas redes sociais e nas parcerias comerciais (hoje são treze marcas).

 

Foto Eduardo Bravin

Foto Eduardo Bravin

 

Apenas em 2016 e 2017 Anitta lançou quinze singles, entre eles clipes com a rapper australiana Iggy Azalea (“Switch”), os cantores colombianos Maluma e J Balvin, o DJ sueco Alesso (“Is That For Me”) e os norte-americanos Major Lazer (o grupo fez “Sua Cara”, com participação de Pablo Vittar), Poo Bear (“Will I See You”), e o produtor Maejor (“Vai Malandra”). Lances meticulosamente estudados, especialmente no que tange à divulgação. Em dezembro último, o lançamento em Nova York do single “Vai Malandra”, com clipe gravado no morro do Vidigal, incluiu uma ação do Spotify, com dois enormes telões na fachada de um edifício na esquina da Sétima Avenida. Em novembro, ela já havia ganho destaque na Times Square, um dos pontos mais movimentados de Nova York, em um outdoor de lançamento do single “Downtown”, com J. Balvin.

 

Anitta e Alesso na gravação do clipe "Is That for Me" | Foto Eduardo Bravin

Anitta e Alesso na gravação do clipe “Is That for Me” | Foto Eduardo Bravin

 

 

Entrevistada em programas de rádio e televisão nos Estados Unidos e em países da América do Sul, a cantora, fluente em inglês e espanhol, conta que às vezes se confunde com os três idiomas. “É uma fase muito feliz, uma experiência incrível com o mercado espanhol e americano. É uma loucura, mas é muito bom”.

Com uma agência internacional para cuidar de suas ações lá fora, mais o time brasileiro – que envolve desde consultores e produtores a personal chef e “life coach” –, Anitta já perdeu a conta do número de pessoas que a assessora. “Há quatro anos abri uma empresa com o Renan, meu irmão, e agora tenho um CEO, que nos ajuda nessa gestão geral”. Entre as marcas que as procuram, ela diz que escolhe “as que têm a ver” com ela. “Algumas propostas grandes surgiram, mas eu recusei. Não vou porque paga mais, vou pelo que eu acredito”. Outro novo nicho de negócio é gerenciar a carreira de artistas. Como empresária musical ela tem como clientes os jovens cantores Micael e Clau. Há ainda um programa de TV pela Multishow, que começa neste mês de abril: “Anitta Entrou no Grupo”, uma espécie de competição musical com convidados.

Dinheiro, segundo ela, só é prioridade no campo profissional. “Aí sou muito planejada e controladora, fico superligada. Presto muita atenção para fazer o melhor para a carreira. Já na vida pessoal não tô nem aí”, solta. “Sou desprendida, não tô nem aí… Quer um carro, eu dou, quer uma casa, eu dou”. Na festa de final de ano da sua empresa, em dezembro, ela fez um churrasco na sua casa e sorteou um carro e uma viagem para os funcionários.

Foto Eduardo Bravin

Foto Eduardo Bravin

 

“Cara, sou muito realista, verdadeira, obstinada”, ela se autodefine. “Quando olho para trás eu tenho uma sensação de dever cumprido, e também fico orgulhosa da minha família. Minha mãe parou de trabalhar para cuidar de mim e do meu irmão. Eu não estaria aqui se ela não tivesse se dedicado tanto”.

Filha da artesã Miriam Macedo e do vendedor Mauro Machado, que se divorciou de Miriam quando Anitta tinha um ano e meio, a cantora nasceu e cresceu numa casa simples de Honório Gurgel, no subúrbio carioca. Desde pequena, queria ser cantora e famosa. Participava do coral da igreja do bairro e, em casa, vivia com microfones improvisados – frascos de shampoo e perfumes – na mão. Aos 16 anos, formada em um curso técnico de administração, foi aprovada como estagiária da Vale do Rio Doce. No mesmo período, descobriu o funk e começou a postar vídeos no Youtube. Um deles despertou a atenção da gravadora independente Furacão 2000. A partir daí, e com o sucesso do hit “Show das Poderosas”, em 2013, Anitta começou a se transformar na marca que é hoje.

Para a cantora, momentos marcantes da sua carreira foram a apresentação na abertura das Olimpíadas, em agosto de 2016, ao lado de Caetano e Gil, e o show com o tenor italiano Andrea Bocelli, em São Paulo, em outubro do mesmo ano. “As pessoas tinham dúvidas e preconceitos em relação a mim, recebi muitas críticas, mas eu me preparei e quebrei mais uma barreira, mostrei do que sou capaz”. Com Bocelli, ela foi vaiada assim que subiu ao palco do Allianz Park. Depois da apresentação, foi aplaudida de pé e, quando deixou o espaço, desabou no choro.

Mas Anitta espremeu bem o seu limão e dali fez uma superlimonada. Desde cedo ela sabe como aprender com as experiências. “Isso acontece com as pessoas de classe baixa, que estudam em escolas públicas do Brasil, onde a televisão é a maior ferramenta: você aprende a escolher coisas boas na tevê, aprende com o que tem à mão. Não existe uma forma certa de adquirir conhecimento”, pondera a cantora, lembrando que assiste muito documentário. “De todos os tipos: de guerra, de história, de animais, das coisas mais variadas. É o que eu mais vejo na tevê”.

O tempo – quase cronometrado – com Anitta está acabando e ela faz uma pausa, pensativa, quando pergunto sobre o que realmente importa na sua vida. “O principal é o amor. Não adianta nada ter o maior sucesso e dinheiro se a gente não amar e ser amado. Imagina se agora vem um terremoto e cai tudo… O que vai sobrar é a nossa família. É lá que você vai encontrar carinho, verdade. É a família que me faz ficar com os pés no chão.”

 

“Vai Malandra” marca volta da cantora ao funk

O batidão de “Vai Malandra” é um retorno às origens. “O funk é a minha porta de entrada e sou muito grata por todas as oportunidades que ele trouxe, não só para mim, mas para muita gente que nasceu nas favelas do Brasil. As pessoas não têm ideia de como o funk ajuda uma parcela que é carente de todo tipo de oportunidade”. Gravado no Morro do Vidigal, o clipe mostra Anitta de biquíni de fita isolante fazendo “quadradinho” e tomando sol na laje. A cantora foi elogiada por mostrar um close de seu bumbum com celulite na primeira cena. Em sua luta contra os padrões de beleza, ela também emprega garotas plus size como dançarinas. “Sou contra a padronização. A mulher real tem celulite. Fico feliz em saber do impacto positivo que a minha celulite teve nas mulheres. Nós devemos nos unir e parar de julgar os corpos e as escolhas umas das outras”.

 

Anitta no clipe "Vai Malandra" - Foto Eduardo Bravin

Anitta no clipe “Vai Malandra” – Foto Eduardo Bravin