O clássico escolhido para abrir a temporada, “Così Fan Tutte: A escola dos Amantes”, de Mozart, fala de infidelidade e amor livre
“Così Fan Tutte (Assim Fazem Todas): A Escola dos Amantes”, obra em dois atos de Wolfgang Amadeus Mozart, é uma ópera que causou polêmica em sua estreia, em 1790, em Viena. Foi descrita na época como “ultrajante, improvável, imoral e indigna para um músico como Mozart”, por trazer temas como sexualidade e amor livre.
Agora será apresentada no Theatro Municipal em sua temporada de estreia (entre os dias 24/03 e 01/04), e se mostra atual e ainda provocadora. O libreto do italiano Lorenzo da Ponte fala de mulheres volúveis e homens postos em um lugar de insegurança. Cheia de humor e ironia, ela só foi compreendida décadas depois de sua estreia.
A obra conta com Roberto Minczuk na direção musical, Julianna Santos na direção cênica, André Cortez na cenografia e Olintho Malaquias no figurino, com a Orquestra Sinfônica Municipal e o Coro Lírico. Com duração de 170 minutos com intervalo, tem ingressos de R$ 12 a R$ 158 (inteira).
Pulsões humanas
Em concordância com a direção musical, pensando na questão de como ler o texto para os dias de hoje, a diretora Julianna Santos afirma que a montagem vai lançar olhar para questões anacrônicas. “O que tem de mais contemporâneo no texto é seu olhar para as pulsões humanas, da impulsividade, ciúme, fidelidade e amor”, explica. “O nome dela (Così Fan Tutte ou Assim Fazem Todas) é uma questão que se discute muito. Mas o que mais me interessa nessa montagem é o subtítulo que é A Escola dos Amantes. Não quero que seja entendida como uma guerra dos sexos”, explica.
Segundo a diretora, a ideia da nova montagem é misturar o realismo e a ambiguidade do texto original ao sonho e o delírio do olhar individual e das incertezas das personagens. “Ela é uma obra que Mozart não deixa ficar banal. Então a música vem para dar uma profundidade quase que filosófica, sobre o que são as relações e a pulsão humana, sem colocar no lugar do vulgar, dando até um lugar da beleza”.
A trama se desenvolve em um jogo de desentendimentos, inseguranças e dúvidas dos personagens, principalmente por parte dos homens. Questiona a instituição do amor romântico, o que fez com que apenas fosse reconhecida como uma obra-prima tardiamente, no século 20. A música de Mozart dá ao libreto de Lorenzo da Ponte uma dimensão de forte realismo e um olhar cuidadoso de investigação da natureza humana.
Sonoridade leve e alegre
De acordo com o maestro Roberto Minczuk, a apresentação trará um Mozart de sonoridade alegre, cômica e satírica, com uma certa leveza para abrir a temporada. “A cidade de São Paulo tem um público enorme e ávido por óperas e para as produções do Theatro Municipal. A expectativa é grande. Vamos abrir com uma ópera leve e bem-humorada, que os solistas adoram tocar e o público adora ouvir”, diz o regente.
Nos dias 24, 26, 29 e 01, o elenco será composto por: Laura Pisani (Fiordiligi), Josy Santos (Dorabella), Anibal Mancini (Ferrando), Michel De Souza (Guglielmo), Saulo Javan (Don Alfonso) e Chiara Santoro (Despina). Já nos dias 25, 28 e 31, a ópera será encenada por Gabriella Pace (Fiordiligi), Juliana Taino (Dorabella), Luciano Botelho (Ferrando), Fellipe Oliveira (Guglielmo), Daniel Germano (Don Alfonso) e Carla Domingues (Despina).
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